Lembranças De Sangue escrita por Sammy Martell


Capítulo 3
O Distrito 12


Notas iniciais do capítulo

Bem, demorei, mas ficou enorme!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/339877/chapter/3

Tara e Finnick entraram no trem e encontraram uma emburrada Willa e uma divertida Faye sentadas na mesa. Os dois se sentaram junto com elas na mesa, Tara pegou uma torrada e passou manteiga na tal, logo comendo a chocante torradinha. 

Willa parecia mais interessada em seu IPod do que em Tara, quando finalmente percebeu a garota deixou escapar um suspiro.

— Pelo amor de Deus! Quanto tempo eu fiquei fora do ar? - brincou, mas não deu tempo para responderem, pois se aproximou de Tara e sussurrou em seu ouvido - Depois tenho que falar com você. 

Finnick riu. 

— Desde que a gente entrou aqui. - respondeu. 

Tara não pode deixar de sorrir. 

Após algumas horas de conversa na mesa, a vitoriosa do 4 se levantou dizendo que iria dormir e foi até sua cabine que não havia mudado nada desde a última vez em que estivera naquele trem. Willa chegou alguns minutos depois e se sentou na poltrona próxima a cama. 

— É possível que eu não vá te acompanhar como representante do distrito 4 ano que vem. - suspirou. 

— Por que não? - perguntou a garota, estava começando a ficar pior, Willa não a acompanharia, Finnick também não. 

— Vamos apenas dizer que depois dessa turnê a Capital vai querer minha cabeça fora do pescoço. - respondeu Willa ainda mexendo em seu IPod. - Vou te contar uma história. Eu venho de uma família em que todos foram representantes, eu queria ser pacificadora, mas minha mãe ficou tipo: "Que sonho tolo, deixe disso Willieny". Enfim, eu acabei como representante mesmo, mas eu passei ahn...dos limites. Disse e fiz coisas que não podia como representante. Obviamente eu não queria ser mais uma marionete da Capital, eu acho isso ridículo, por isso fiz meu estilo próprio como pode ver. - apontou para as roupas - Mas parece que a Capital não gosta de ser contestada. Eu só queria pedir desculpas por não conseguir te acompanhar. 

— Quem é a nova representante? - perguntou Tara engolindo o choro. 

— Dália Waterfield. - respondeu Willa. 

As duas ficaram em um silêncio constrangedor. 

— Foi bom estar o quanto pude com você. 

Malditas palavras, novamente a sensação de descontrole.

***

Ela estava ajudando sua melhor amiga, Esperanza a seguir até a praça, parecia difícil para muitos, mas já era acostumada a conduzir sua amiga. 

Elas só se separaram na fila para a "picada" como Tara gostava de apelidar, o pacificador guiou Esperanza e mostrou seu dedo para a mulher, Tara veio logo depois dando seu dedo de má vontade para a mulher que lhe espetou uma agulha e colocou brutalmente seu dedo sobre o quadrado dispensando-a logo depois. 

Tara saiu com a cabeça baixa caminhando até a fileira mais distante do palco onde as garotas de doze anos estavam conversando nervosamente. Tara procurou por Esperanza na multidão, mas não foi possível ver a garota. 

Esperanza Van Lauder é uma garotinha baixa, mais baixa que Tara, magra como um palito e pálida como um vampiro. Tinha sardas nas bochechas e olhos azuis. Os cabelos loiros estavam trançados em duas maria-chiquinhas. Usava um vestido branco florido que a deixava mais alegre que as outras meninas. 

A morena virou-se para o palco onde uma mulher que usava vestes pretas e um guarda-chuva igualmente negro, e olhava com desgosto para a platéia. A tal pegou o microfone e começou:

— Bom dia, tarde, noite, tanto faz, um de vocês irá morrer mesmo. - resmungou ela - Meu nome é Willa Thank e eu estou pouco me lixando para vocês, o nome que sair daquela bola é um azarado. Primeiro as garotas.

Ela caminhou até a bola das garotas e colocou sua mão lá sem nenhuma delicadeza, pegou um punhado de papéis e depois escolheu um, que estava acima de todos. Tara sentiu o frio na espinha que sempre sentia quando via essa cena, perder alguém era algo tão lamentável.

— Esperanza Van Lauder. - disse no microfone.

Tara ficou paralisada, não! Esperanza! Ela só tinha um papel naquela bola, por que logo ela? Não! Tara não podia permitir. 

— Eu me voluntário! - gritou em plenos pulmões para quem quisesse ouvir. 

Pode ouvir os suspiros da Capital quando disse isso, uma garotinha de 12 anos havia sido voluntária. 

Sentiu um braço tocando meu ombro e depois a doce voz de Esperanza.

— Obrigada, Tara. - sussurrou. 

Tara sorriu, mas logo o tal se desfez e a garota apressou-se até o palco. 

Após alguns minutos...

— NÃO! TARA! EU ME VOLUNTÁRIO! - gritava a irmã desesperada, porém Tara não permitiria. 

— Fique, Abby, eu volto, prometo. - pediu. 

Sua irmã caiu de joelhos no chão chorando. 

Tara não conseguia ouvir mais nada além de suas próprias palavras. Ela realmente voltaria? Era uma garota de 12 anos contra sabe Deus quem! 

— Peter Vaumberck! - disse Willa. .

O garoto subiu no palco olhando, ameaçador, para Tara, que apenas se encolheu. 

Eles apertaram as mãos, ambos receosos e cada um partiu para uma sala dentro do Edifício, as visitas começariam. 

***

— Tara! - exclamou Finnick balançando seu ombro.

A garota acordou sobressaltada, rolando da cama e ficando em pé, alerta. 

—  Está tudo bem, eu vim te chamar, Faye quer que você se arrume para o Distrito 12.

Tara assentiu rapidamente e caminhou para fora de seu compartimento, ainda com a dor de cabeça da lembrança latejando. Todos os seus membros doíam, mas ela saberia que ficaria pior, pior quando visse o Distrito 12.

Faye apareceu, como sempre, do além e levou Tara para uma sala especial, onde arrumou seu cabelo, unhas e maquiagem, dando-lhe uma roupa logo depois. 

— O 12 é muito pobre, mas lembre-se eles não tem nada contra você, você não matou ninguém do doze. - disse ela.

Mas poderia ter impedido, pensou a garota. 

Quando Faye acabou levou-a até um espelho de corpo inteiro na parede e mostrou seu visual. Seu traje era preto e sombrio características que, segundo Faye, lembravam o Distrito 12.

Saiu do trem e se surpreendeu com a grande multidão que a seguiu até o Edifício da Justiça, os flashs cegavam novamente a sua visão e isso a deixava transtornada.

Finalmente chegou ao palco e subiu em tal com a ajuda de Willa, Tara sabia que deveria ter preparado um discurso, mas havia esquecido completamente. Vendo todos aqueles olhos, pessoas maltrapilhas e sujas, Tara não sabia o que dizer, por isso as únicas palavras que saíram de sua boca foram:

— Eu sinto muito. 

Ela suspirou e continuou. 

— Sinto muito, por todos os que perderam seus filhos, desde que essa tirania começou, sinto muito por terem sido alvos do Presidente Snow, por serem apenas marionetes dele. Sinto muito por seus filhos que não tinham nem a condição de lutar pelo posto de vitoriosos, mas sinto que tirei isso deles. Se eu tivesse pulado da árvore e impedido que matassem Vicki ou, no caso de Nico, se eu ao menos tivesse feito uma aliança com ele, poderia ter impedido tantas mortes, sinto muito por sermos todos peões da Capital. Eu sinto muito... - suspirou - Por ter sido tão egoísta. 

Sentia os olhos fulminantes de Snow nela, não devia ter dito aquilo, mas agora não poderia apagar tudo o que falou ou tinha feito. 

Respirou fundo e desceu do palco, fugindo das câmeras. No caminho esbarrou com uma garota de, no mínimo uns 15 anos. Morena, alta, dos olhos cinzentos e vestia uma jaqueta de caça.

— Desculpe, eu estava distraída. - pediu tentando esconder as lágrimas que já borravam sua maquiagem. 

— Você é a vitoriosa. - disse a garota prendendo o ar. 

— Parece que sou...

Então, tudo apagou.

***

Ela estava correndo, o mundo sempre era maior na Arena, mas conforme os tributos morriam tudo ficava muito maior, agora haviam apenas quatro deles ali, a Arena parecia mais interminável do que realmente era. Tara estava nervosa, enquanto corria listava as mortes e os nomes de todos os tributos. 

Distrito 12, Vicki Scamander e Nico Lysander, Vicki fora morta por Lavínnya na frente de Tara e Nico morreu de inanição; Distrito 11 Lys Bertons e 

Finn Mertons, Lys morta no banho de sangue por Peter e Finn morto na floresta, pelo garoto do um, Lich; Distrito 10 Bonnibel Candyns e Jake Cronwell, Bonnibel morta por Kayla no banho de sangue e Jake, como Finn, por Lich; Distrito 9 Valentine Morgan e Thomas Flynn, Valentine morta por Lavínnya em sua aliança com Vicki e Thomas por Jared no banho de sangue; Distrito 8 Violett Asher e Mason Thorn, ambos mortos por Peter no banho de sangue; Distrito 7 Marceline Petrikov e Lee Stark, Marceline continuava viva, Lee morto no banho de sangue por Peter; Distrito 6 Matthew Cooper e Amy Salvattor, Matt no banho de sangue por Lich e Amy antes do começo da noite, por Lich também; Distrito 5 Zachary Hupple e Claire Bell, Claire ainda viva e Zachary morto no primeiro dia por Lich e Kayla; Distrito 4 ela mesma e Peter Valemont, morto por Tara; Distrito 3 Louise Russeau e Simon Doelly, ambos mortos nos primeiros dias, Simon por Kayla e Louise por Lich, em uma aliança com Vicki; Distrito 2 Lavínnya Bergman e Jared Collins, Lav ainda viva e Jared morto por inanição graças a Tara que roubara seus suprimentos; Distrito 1 Lich Burton e Kayla Pierce, Lich matara muito, mas foi morto por Finn enquanto Kayla foi morta no primeiro dia por Marceline, que procurava provocar Lich.

Era assustador, uma Arena com quatro garotas, só uma sairia vitoriosa. E com toda a certeza Tara não sairia. 

De repente ela chegou à beira de um abismo cheio de lava, olhou para trás e vou as outras três sobreviventes, elas queriam matar a jovem para que pudessem disputar o posto de vitoriosa entre si. 

Marceline tinha seus cabelos negros desgrenhados, a pele cheia de arranhões e o machado cheio de sangue. Para Lavínnya a situação também não era das melhores, sua blusa estava rasgada, de modo que a garota usava um top e suas calças já eram um short. Mas Claire parecia ter ficado em um hotel de luxo, os cabelos negros perfeitamente penteados, a pele branca limpa e lisa como leite e o arco em um estado ótimo.

Claire olhou nos olhos de Tara o que a fez entender que sua velha aliança ainda estava de pé. A boca da garota se moveu e A garotinha do quatro entendeu a mensagem. "Vou provocar as duas, pegue a faca no bolso de Marceline"

– Ei, Lav. – começou Claire.

– Que intimidade lhe dei para me chamar de Lav? – perguntou a morena com desprezo na voz. 

– Desculpe, prefere o que? Vaca? – provocou ela. 

Tara foi se aproximando discretamente, mas Marceline percebeu seu movimento. 

– Se concentre Lavínnya. – sibilou. 

– Não, Marcy, ela é muito orgulhosa para deixar alguém ferir seu ego. Mas e você? Como vai a esquina? Devem ter sentido sua falta agora que você veio para a Arena, mas acho que os homens da Capital devem te satisfazer. – sorriu Claire aproveitando o momento. 

A morena desviou o olhar de Tara para responder à Claire, um erro fatal. A garota correu o mais rápido que podia até a tributo do 7 e arrancou a adaga de seu bolso tão rápido quanto imaginava. 

– Sua desgraçada! – gritou Marceline quando percebeu.

A morena do sete atirou um dos machados contra Tara, que se abaixou e rolou para o lado, a arma atingiu uma árvore atrasando a tributo ainda mais. Lavínnya correu contra Tara também e, com apenas um chute, jogou-a para longe. 

Claire não deixou o truque do martelo passar impune, pulou em Marceline subindo em seus ombros e fincando a faca em seu olho logo tirando-o. A morena do 7 gritou e empurrou Claire no chão virando-se para ela e erguendo o machado. Tara correu de Lavínnya para ajudar sua amiga, porém, quando estava na reta de Marceline, Lavínnya atirou uma de suas facas. Tara se jogou no chão e a faca atingiu as costas de Marceline, matando-a. O canhão soou. O machado foi pego por Claire e atirado debilmente em Lavínnya, a garota desviou, Tara rapidamente se levantou com uma pedra na mão e atirou-a na cabeça da carreirista que caiu no chão atordoada. 

Claire correu até Tara e a abraçou. 

– Você conseguiu! – exclamou – Temos tempo, vamos fugir enquanto ainda temos tempo! 

Tara pensou, Claire queria dizer para que elas saíssem dali e se escondessem de Lavínnya, era uma boa proposta, mas tudo isso foi interrompido quando ela sentiu que Claire apoiava-se nela e finalmente Tara percebeu que da garota saía muito sangue, jogou o corpo para o lado só para ver que a garota do 5 estava morta e que Lavínnya estava de pé rindo. 

– Achou mesmo que poderia me vencer com uma mera pedra? – riu ela. – Não. Eu não vou ser derrotada por uma garotinha de doze anos. Só queria saber, como chegou tão longe? Quero dizer, agora na Arena só há nós duas. E ela. – apontou para Claire que aparentemente ainda estava viva – O que te faz pensar que sairá vitoriosa? 

Tara se aproximou de Claire, sua única proteção, e tentou ouvir o que ela dizia. 

– Seja forte, mate-a, faça o que for preciso, Tara, vença por mim. – ela tentava dizer com dificuldade – Lembre-se Lavínnya é muito orgulhosa. 

Tara se colocou de pé com dificuldade, as lágrimas caindo descontroladamente, era ela e sua adaga contra Lavínnya e suas espadas e facas. 

Lavínnya correu até ela tentando desferir-lhe um golpe com a espada, porém, por ser pequena, Tara era bem ágil e por isso conseguiu desviar do golpe arranhando a perna de Lav com a faca. A garota do dois olhou furiosa para a garotinha e chutou-a para longe, Tara escorregou no chão ficando à beira do abismo. 

Claire continuava viva, mas com muito sangue derramado. 

Lavínnya se aproximou para dar o golpe final em Tara levantando a espada, porém, quando ia enterrá-la o canhão soou e ela tomou um susto escorregando na beirada instável e caindo no abismo, não sem antes de segurar. 

– SUA DESGRAÇA! – gritou furiosa para a menina. 

Tara estendeu-lhe a mão. 

– Vamos, pegue, não vai te matar. – disse. 

Lavínnya negou a ajuda. 

– Não preciso de você. 

Tara entendeu o que Claire queria dizer, Lavínnya jamais se confortaria com o fato de que tinha sido salva por uma garota de doze anos. 

Pegou um grupo de pedras próximas a ela e começa a atirá-las na mão e no rosto de Lavínnya, mas apenas uma dela acertou com força o bastante na mão da tributo do dois que a fez soltar a pedra em que se segurava e cair na lava. 

BOM! 

O canhão finalmente soou e a voz de Claudius soou na Arena

– Senhoras e senhores, apresento-lhes a vitoriosa da Septuagésima Terceira Edição dos Jogos Vorazes, Tara Fringe, distrito 4! 

***

Ela acordou com Faye ao seu lado. 

– Querida você está bem? – perguntou preocupada. 

– Estou, Faye, não se preocupe, sou uma garota forte! – brincou Tara. 

– Sei que é, mas tome muito cuidado com os blecautes, por favor. Bem, quando estiver se sentindo mais forte é só bater na porta ao lado, Finnick vai esperar você para que o jantar comece.

Depois dessas palavras, Tara adormeceu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lembranças De Sangue" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.