POV.Jess.

Acordei com o sol batendo no meu rosto. Eu estava sem muita vontade de levantar.

Bem, eu sou uma pessoa bastante preguiçosa, e creio que esse vai ser um dos meus maiores problemas na escola. Não estou ansiosa.

Desde que Quíron anunciou...Perdão, quero dizer : Desde que o pônei maldito anunciou a maldita escola, digamos que minha vida ficou um quarto mais maldita.

Já faz cinco dias desde o anuncio da escola, ou seja, faltam dois dias para começar as aulas. Tenho feito uma coisa muito interessante, ela se chama nada.

Não exatamente que eu não faça nada. Eu respiro, eu pisco, e isso é uma ação.

Na real, eu só tenho saído do chalé para tomar o café da manhã, almoçar e jantar.

Durante o dia inteiro, costumo ficar escutando música, ou desenhando, as vezes eu uso a internet contrabandeada dos filhos de Hermes.

Enfim, o que importa é que minha animação está a 0.

Nesses dois dias, eu pretendo sair do chalé em algum momento. Estou determinada a me acostumar a fazer algo que não seja ficar no chalé como uma antisocial. Ou não.

Não, é melhor dormir mesmo.

POV.Bruna.

– Quem quiser fazer um Tour pela escola, por favor, siga por aqui. Os horários vão ser entregues na secretaria - disse uma moça com uns 20 anos quando entrei na escola. Provavelmente era uma semideusa mais velha.

Posso muito bem me virar sozinha sem precisar de Tour nenhum, também não tenho interesse em saber desta escola. Vou até a secretaria e peguei o maldito horário.

A secretária era uma dríade. Quando cheguei lá, ela sorriu para mim e me estendeu um papelzinho, que era horário.

– Aqui está. Tem o número do seu armário e as aulas. Mas não vai precisar hoje. As aulas vão ser mais para os alunos se conhecerem, com gincanas e coisas do tipo. - diz gentilmente.

– Okay. Valeu!

Pelo que entendi olhando o papelzinho, eu ficaria sempre na mesma sala. Não iríamos trocar de sala a cada aula como é normalmente, os professores viriam até nós. Isso até que faz sentido. Afinal, muita gente mataria aula se fosse diferente.

Eu já estive em escolas antes. Sei que tenho que ter medo de gincanas. Provavelmente, vai ser uma brincadeira onde pessoas sorridentes vão pedir para fazermos coisas idiotas.

– Licença, você sabe como chegar na biblioteca? - pergunta um garoto com olhos cor de mel e cabelos castanhos desarrumados. Usava um moletom da GAP e um jeans. Não que eu tenha reparado muito.

– Não - digo. Não costumo ser grosseira, mas enfim.

– Que gentil! - ele exclama. - Me chamo Austin.

– Bruna - respondo apenas. - Olha, eu realmente tenho que ir. Não quero me atrasar, hãn, Austin,

– Não seria legal se fossemos da mesma sala? - ele fala animado.

– Isso não vai acontecer. No seu horário diz sala 420, e no meu, 475 - digo orgulhosa por ter percebido.

– Okay. Tchau, Bruna - diz e saí.

" Viu, é por isso que não tem amigos " penso. Tanto faz. Tenho que procurar a minha sala. Logo o sinal vai tocar. Olho o número da sala logo a minha frente. "460". Atrás de mim, ficava a 459. Bem, terei de caminhar um pouco.

Não tinha muita gente naquele andar, que era o último da escola. Acho que todos já estavam nas salas de aula.

Não demorei muito para chegar na sala 475. Empurrei a porta e visualizei a sala. À minha direita, ficavam as carteiras onde já tinham alguns semideuses sentados conversando. À minha frente, do outro lado da sala, tinha uma mesa para os professores. À minha esquerda, tinha uma grande lousa. A sala tinha um ar condicionado que mantinha a sala em uma boa temperatura.

Sentei numa carteira lá atrás, onde era bem frio. Eu não estava muito afim de papo. Logo, logo, o sinal ia tocar dando início a aula. Acho que todos daquela sala já estavam lá.

A porta abriu e direcionei meu olhar para ela. Uma menina de cabelos pretos entrou carregando uma mochila preta nas costas. Ela usava óculos escuros, uma camiseta nos Beatles, uma calça jeans e tênis all star.

A menina veio em direção ao "fundão" onde eu estava. Ela se sentou ao meu lado e colocou a mochila no chão. Mexeu no cabelo - parecia mais que estava o desarrumando e de virou para mim.

– Anh, cê sabe que horas são? - ela perguntou. Sua voz estava um pouco rouca e ela fala meio arrastado. Provavelmente, deveria estar com sono.

– São sete e cinquenta e seis. Logo a aula começa - respondo.

– Quíron foi um pônei maldito quando teve essa ideia - disse e eu dei uma risada. - Odeio acordar cedo...

– Somos duas - concordei. Ela sorriu.

– Jess - falou como se estivesse se apresentando.

– Bruna - digo. Ela sorri e tira os óculos escuros, revelando olhos verdes mar. O sinal toca e o professor entra.

Ele era um rapaz loiro de olhos cinzentos. Filho de Atena. Usava uma camiseta social verde, uma calça jeans e sapatos sociais.

– Booooom dia! - diz animado.

– Bom dia... - resmungamos em resposta.

– Só isso? Na boa, quando me falaram que eu ia ter a primeira aula do dia, eu fiquei muito desanimado. Sabem como é, certo? Primeira aula do dia, você acabou de acordar...Bem, ninguém quer vir trabalhar cedo. Pensei em apenas pedir para todos deitarem no chão e dormirem até o final da aula - disse e nós rimos.

– Por que não começamos nos apresentando? Meu nome é Daniel. Sou filho de Atena e seu professor de inglês. E vocês? Quais são seus nomes? Do que gostam? De quem são filhos? Quero que me falem tudo isso! Sem apelidos, hãn? Quero saber seus nomes...Por que as duas aí no fundo não começam?

Jess olhou para mim sugestivamente. Revirei os olhos.

– Meu nome é Bruna Mendes. Sou filha de Hermes. Hãn, eu, gosto de...ouvir música.

– Okay. - murmurou Daniel. - Prazer, Bruna. E a senhorita? - disse olhando para Jess.

– Me chamo Jessie Studart. Mas, me chame apenas de Jess. Sou filha de Hades. - virei para ela tipo "Dafuq, Girl?". Ela parecia filha de Poseidon, cara.

– E eu gosto de...dormir - murmurou. - E eu gostaria de estar dormindo agora.

– Eu também - falou Daniel. - Aliás, bela camiseta. Os Beatles são demais.

Todos se apresentaram. Na sala tinha cerca de 30 pessoas. E ficamos sabendo um pouco de cada uma delas. Vi Jess dormindo durante a apresentação, eu deveria ter feito como ela.

Quando todo mundo já tinha se apresentado, já era quase o final da aula. As apresentações em si não demorarão muito, mas Daniel procurava sempre fazer alguma brincadeira ou comentário sobre os gostos de quem se apresentava.

– Já está quase no final da aula - anunciou o professor. - Agora que todos já falaram seus nomes, eu vou ver se consegui decora-los - apontou para mim. - Essa é a Bruna. Do lado dela está a Jess. Acertei?

– Sim - afirmei.

Daniel ficou falando o nome de todos. Ele tinha boa memória. Faltava apenas cinco minutos para o final da aula. Faltava dizer o nome de apenas um garoto. Seria fácil, o nome do garoto era James, e tinha mais uns dois James na sala.

– Sei que você é xará daquele outro garoto - falou o professor. - Então, seu nome deve ser...Abraão! Acertei, né?

–Nããoo! - gritou o garoto. - Meu nome é James, velho. Não é tão difícil.

– Okay, Abraão, eu sei que acertei. - gabou-se Daniel. - Você só está falando que eu errei porque não quer admitir que eu sou muito fera na memória.

– Certo...Acertou...Meu nome é Abraão - rendeu-se James 3. Ou melhor, Abraão.

– Muito bem, pessoal - começou Daniel. - Espero que tenham gostado da nossa aula! - o sinal trocou, fazendo todos taparem os ouvidos. - Nos vemos outro dia, pessoal. E, Abraão, não minta mais seu nome, garoto! - todos nós rimos e Daniel saiu da sala.

– Esse professor é legal - disse Jess. - Estou ansiosa para a próxima aula dele, ele deve ensinar bem.

– Dafuq, Girl? - indago.

– Nunca pensei que fosse estar ansiosa para uma aula - ela murmurou franzindo o cenho. - Mal cheguei aqui, e essa escola maldita já começou a me mudar - Solto uma risada.

– Queria que o sistema fosse outro. Se nós que mudássemos de sala, daria para matar aula.

– Pera, então quer dizer que não dá pra matar aula? - perguntou, meio lerda.

– Não viu como funciona o sistema aqui? - indago em resposta.

– Nope... - murmura. - Só vi a sala mesmo...

– Bem, acho que preverão que iríamos querer matar aula, porque são os professores que virão até nós. A gente só tem que ficar na sala - resumo.

– Porcaria... - lamenta a filha de Hades.

– E ainda vai ter uma comunicação das regras da escola na aula antes do almoço! - exclamo, meio inconformada.

– Não vou à escola há algum tempo - comenta ela. - Mas sei que esse tipo de coisa não é muito divertida. Pelo menos para adolescentes.

– Exato - concordo.

– Será que essa dá pra matar? - pergunta. - Porque, é depois do almoço...Isso significa que não permanecemos na sala...Então... - ela para de falar, como se pedisse para que eu continuasse.

– Quer dizer que podemos matar as últimas aulas! - concluo sorrindo.

– Exatamente - afirma sorridente.

– E você vai matar aula? - indago.

– Imagina...Eu estou aqui reclamando do sistema e da escola, mostrando que não estou gostando da experiência. É claro que não vou matar aula, não percebeu que estou adorando isso aqui? - diz com irônia.

– Então vai matar? - pergunto.

– Sim?! - declara como se fosse obvio. Tudo bem, acho que era obvio.

– Tanto faz - dei de ombros.

Antes que Jess pudesse falar algo, a professora entrou em sala. Era uma mulher loira de olhos castanhos, um pouco baixinha.

Ela era uma professora interessante.

Continua…