As sete Detetives Dimensionais ouvem com atenção as palavras dos Demônios Dimensionais, cada uma tentando assimilar as palavras daquelas criaturas das trevas. E, das quatro, Saori é quem mais parece chegar a algum tipo de conclusão, pois, por um momento, seu rosto perde a cor ante o que ela acaba de ouvir.

― O que foi, Saori? – questiona Kari, notando a mudança na expressão facial da companheira.

― Nada. – Saori responde, falando baixo para a sua voz não ser notada pelos inimigos – Só algo que me veio à mente e que, no momento, é irrelevante. Só acho que agora devemos voltar ao Centro das Dimensões do Tempo e Espaço e relatar ao Shiro o que acabamos de ouvir.

Sem dizerem uma única palavra, as outas Detetives Dimensionais concordam e, em silêncio, deixam o local, sem nem ao menos serem notadas pelas criaturas das trevas, que continuam a conversar, desta vez, falando em um idioma completamente incompreensível a humanos, ao mesmo tempo em que olham com atenção para a bola de cristal, onde, a imagem de outro Demônio Dimensional começa a se formar e, a transmitir ordens para os outros. Em seguida, a imagem do Demônio começa a sumir, ao mesmo tempo em que outra começa a se formar...!

*****

Fogo...!

Muito fogo...!

De repente, ela começa a sentir o poder das chamas consumindo suas veias, de uma forma que, para ela, fica difícil tentar controlar. Desde que descobrira que ela e o fogo são um só, seus poderes só se manifestaram quando está transformada.

Só que agora...!

Agora, está sentindo o fogo crescendo cada vez mais, fervilhando por suas veias...! Começa a suar, ao mesmo tempo em que o poder do fogo aumenta cada vez mais...!

Sente também algo se aproximando...! Algo que ela não sabe o que é...! Somente que é escuro...! Perverso...! E, toda esta perversidade tenta, de alguma forma, apagar suas chamas...! Sente que tem de fugir desta presença maligna, mas, presa, ela nada pode fazer...! Fecha os seus olhos e tenta se concentrar...! Quer, de alguma forma, manter esta presença perversa longe de si...! E, seu esforço é tão grande que sente o fogo a consumindo, de dentro para fora...!

O fogo é tão intenso que faz com que ela não tenha controle sobre ele e, acabe por perder a consciência. Ao mesmo tempo, chamas envolvem seu corpo, fazendo com que as cordas que prendem seus pulsos e tornozelos queimem e, em seguida, as chamas desaparecem...!

*****

No Centro das Dimensões do Tempo e Espaço, Saori e as outras Detetives Dimensionais acabam de relatar a Shiro tudo o que ouviram durante a pequena investigação que fizeram. O líder das Detetives Dimensionais escuta com atenção o relato das jovens, prestando atenção em cada pequeno detalhe narrado pelas jovens e, em seguida, ele se queda pensativo.

Seu olhar se torna distante, enquanto uma hipótese passa por sua mente e, isto faz com que uma expressão de preocupação tome o seu rosto, o que não passa despercebido por Saori, que, não perde tempo em perguntar:

― Os Demônios estavam falando dela, não é?

Ante a pergunta de Saori, Shiro volta a sua a sua atenção para a jovem Detetive da Água, para então a sua voz se fazer ouvir:

― Minha jovem criança da água, como sempre, sua perspicácia é grande, mas, no momento, eu não tenho condições de responder a sua pergunta, pois há nuances envolvidas que precisam de mais investigações, antes que eu possa ter uma resposta concreta para lhe dar.

― Compreendo. – é a resposta da Detetives das Águas.

― Por enquanto, vocês estão dispensadas. Agora vão.

*****

Não sabe por quanto tempo dormiu, mas, ao acordar, não deixa de notar que seus pulsos e tornozelos estão libertos, e, a confusão a toma por completo. Com dificuldade, consegue ficar de pé e caminha até a porta, colocando seus ouvidos na mesma a fim de tentar escutar algum barulho, qualquer que seja, do lado de fora, e com isso tentar entender o que aconteceu para que ela esteja desamarrada, mas, não escuta barulho nenhum do outro lado.

Seu coração bate descontrolado contra o seu peito, o medo novamente tomando conta de si.

Com as mãos trêmulas, leva uma delas a maçaneta da porta, e, as batidas de seu coração aumentam ainda mais o seu ritmo quando a percebe destrancada.

O medo toma conta de si, ao mesmo tempo em que se pergunta o que deve fazer. Tem medo de abrir esta porta e se tratar de uma armadilha e, com isso, a machucarem ainda mais...! Porém, por outro lado, sabe que tem de arriscar, pois, esta pode ser a única chance que venha a ter de fugir deste lugar e reaver a sua família, pois ela nem imagina o que estes homens podem fazer com ela...!

E, reunindo toda a sua coragem, a jovem abre a porta bem devagar. Ela olha para os lados e vê o lugar completamente vazio, o que só faz com que seu coração bata ainda mais depressa contra o seu peito.

Seu corpo inteiro está trêmulo e, ela tem de se esforçar para conseguir dar um passo, e depois outro...! Lágrimas caem por sua face enquanto ela dá mais um passo, e depois outro e mais outro...! E, a cada passo que dá, reza no mais íntimo de seu ser para que não a encontrem e que, ela verdadeiramente consiga fugir deste lugar.

Passo após passo, ela continua a caminhar, seu coração continuando a bater cada vez mais depressa, enquanto tenta escapar. Sabe que esta é sua única chance e, por isso mesmo, ela luta contra o medo, na esperança de tentar escapar.

E, é com esta esperança em seu coração que ela chega a porta que dá acesso a saída, e, ainda com as mãos trêmulas, ela abre a porta e deixa a casa.

Assim que ela coloca os pés para fora daquele lugar, fecha os olhos, pois o tempo que passou na escuridão foi muito, embora ela não saiba precisar o quanto, mas, ele fora suficiente para a luz do sol ferir seus olhos.

E, tão logo seus olhos se acostumam com a luz ela observa ao redor, percebendo que está em um vale. Sem perder tempo começa a correr, o mais rápido que suas pernas lhe permite.