Doppelgänger: Primeiro Dia escrita por Rauker


Capítulo 21
Capítulo 20 - Luz e escuridão


Notas iniciais do capítulo

Infelizmente, a história passará a ser atualizada a cada 15 dias. Em breve, a terceira e última parte.



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O passado e o futuro se enfrentam pelo presente.


A Nicole de sete anos encontra-se recortada no cenário de luz atrás dela, sua boca exibe uma meia lua contente. Quase me esqueci daquele sorriso outrora corriqueiro. Sinto como se voltasse a ser criança, mesmo notando que minha altura em relação ao chão não tenha mudado.

Chamo por Nicole. E ela me chama de volta. Nós dois estamos nos fitando afetuosamente. Fascinado, avanço alguns passos em sua direção. Quanto mais próximo de sua imagem, mais força circula dentro de mim. Não sinto mais nenhuma dor no peito, e o sangramento parece ter estancado.

— Nicole, eu… — Quero me desculpar pelo o que aconteceu com ela. Foi tudo culpa minha! Ela morreu porque não conseguiu suportar nossa despedida. Talvez se eu tivesse dito alguma coisa para amenizar o nosso sofrimento naquela ocasião, ela teria voltado para casa menos deprimida e aquele acidente nunca teria acontecido. Foi culpa minha! — Me perdoe. — O que está acontecendo? Não consigo elevar a minha voz, que sai ao nível de um sussurro. Nicole não poderá me ouvir a essa distância. Preciso me aproximar dela.

— Aonde pensa que vai? — Aquele outro indivíduo na escuridão rompe o deslumbre e interrompe meus passos. — Não se deixe enganar, Léo. Aquele não é o espírito da Nicole. É apenas sua mente querendo enganar a si próprio. Você nunca conseguirá o perdão dela. Esqueça esse passado!

Nicole está bem ali na frente, sorrindo. Recomeço meus passos, mais lentos desta vez, por cautela, mas determinados.

— Já disse que ela não é a Nicole, Léo! Você não entende? — ele continua a me adular. — Vire-se e caminhe até mim. Esqueça o passado, você não achará nada lá.

— Nicole… — murmuro. Passos sem hesitação em direção àquele sorriso.

— LÉO! Eu tenho o poder que você precisa! O poder para mudar completamente a sua vida! Vai querer renegar isso e voltar a ser uma existência impotente?

Continuo caminhando. Vejo-a estender a mão como se quisesse segurar a minha.

— Seu Patinho! Vai continuar eternamente como um se não aceitar minha oferta!

Passo mais ou menos do ponto do corredor onde acordei. Minhas pernas movem-se mais rápido conforme a distância entre mim e Nicole diminui.

— LÉÉÉOOO! VOCÊ NÃO VAI ESCAPAR!

Viro meu rosto para olhar atrás e percebo a escuridão avançando. Droga! Ela quer mesmo me devorar! Mas não permitirei que ela engula minha vida, minhas lembranças, meu passado, Nicole. Nada! Volto meus olhos para a garota que amei e corro em sua direção. Será que a alcançarei a tempo?

— VOCÊ É MEU! — Tenho a impressão de que a escuridão encontra-se a dois palmos atrás de mim.

— Promete que não vai se esquecer de mim? — Ouço a voz de Nicole. Foi o que ela me perguntou antes de me beijar. Aquele beijo… sinto a sensação mesmo agora. Sim, eu nunca vou esquecer! Meu passado… Nicole… a morte dela… A PROMESSA DELA!

Minhas pernas se tornam ainda mais velozes. Corro na velocidade da vida cuja energia irradia da luz que almejo alcançar. Eu a sinto. Bem próximo da luz, escuto o furioso urro das trevas e ergo meu braço até Nicole. Nossas mãos se tocam, nossos dedos se entrelaçam. A escuridão morre e a luz explode. Eu e Nicole somos tragados pelo fulgor. Sinto seus dedos sumirem e vejo seu rosto se desmanchar. Por quê? Por que você está partindo novamente?

A claridade abranda-se aos poucos e consigo discernir um teto azulado. Sinto a lufada contínua do ventilador de teto sobre meu corpo suado. É uma péssima sensação a de acordar numa cama todo molhado por causa de um pesadelo. Pesadelo? Cama? O que aconteceu? Aquilo tudo foi real ou apenas um sonho estranho? Onde estou agora?

Logo à frente, vejo uma porta e armários abarrotados de remédios e utensílios de primeiros socorros. Será que esse lugar é uma enfermaria?

— Você rejeitou o meu poder. — A voz veio da direita. Me virei rapidamente para identificar de quem era o dono daquele tom idoso. À primeira vista, as rugas e os demais aspectos da idade senil me impedem de reconhecê-lo. Mas essa expressão severa é similar a da estátua que jaz na entrada da escola. Eu tenho quase certeza que esse senhor é o fundador desse lugar. Ele é Dionísio Ventura. — Fez uma escolha interessante, filho.


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