Doppelgänger: Primeiro Dia escrita por Rauker


Capítulo 15
Capítulo 14 - Chiado




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Shshshshshshshshshs…

 Engulo em seco. Estou mais paralisada que quando brinco de estátua com meus colegas. Minha cabeça volta mais uma vez para aquela cena do pesadelo, ao sentimento de tensão provocado por aquele estranho chiado de uma tevê sem sinal. Chego a pensar se ainda não estou sonhando. Será que ainda estou dormindo?

— Está chamando? — pergunta tia Cecília. Posso ver através do seu rosto que ela está percebendo minha cara apreensiva, e só consigo respondê-la balançando a cabeça numa afirmação.

O chiado começa a oscilar rapidamente e, assim como no pesadelo, escuto uma voz em seguida. É um… “alô?” O chiado diminui de intensidade e percebo claramente de quem é a voz do outro lado da linha.

— Léo?

— Oi, Marcela. — Coisas piores passaram pela minha cabeça antes de ouvi-lo, mas agora me sinto bem aliviada. — O que foi? — Ele pergunta depois de um silêncio da linha.

— Hã? Nada não. Só liguei pra saber se você tava bem. — É óbvio que o Léo irá perguntar por que eu estaria preocupada com ele. Eu nunca o liguei por uma razão dessas. Eu teria que falar sobre o pesadelo. Mas, por incrível que pareça, o Léo me responde com um simples:

— Estou bem. Estou bem, sim, Marcela… Era só isso?

Posso ser criança, mas não sou tão desatenta quantos os adultos acham. Há algo de estranho na voz do Léo, como se ele estivesse escondendo alguma coisa.

— Tá tudo bem mesmo? — pergunto, querendo confirmar essa suspeita. Se ele afirmar num tom um pouquinho mais forte é porque ele está me escondendo algo. Conheço o meu irmão.

— Sim, tá tudo bem por aqui. — Ele está mesmo escondendo alguma coisa, sem dúvida. — Olha, eu vou ter que desligar agora. Depois eu ligo pra você, tá? — diz ele com urgência. Só consigo dizer um:

— Tá bem.

Devolvo o celular para minha tia e ela me diz um “Satisfeita?” Mas não, não estou. O Léo parecia muito estranho pelo telefone, meio nervoso, talvez. Será que ele está mesmo bem?

Nem mesmo o próprio Léo sabia a resposta para essa pergunta. Na verdade, sua condição pouco importava quando o ambiente onde estava lhe tomava toda a atenção.

Um chão gelado, desconfortável. Paredes de tijolos de barros. Lâmpadas acesas. Estou num corredor… Sim, lembrei! É o local do meu sonho.

Avisto a parte escura do corredor onde as luzes não parecem ter efeito. Foi dali que vinha... Começo a escutar os passos. Está acontecendo de novo!

Quem é?

Desejo me levantar, mas não tenho energia suficiente para isso. E essa impotência me faz temer o que se aproxima.

Quem é?

O som dos passos aumenta. Alguém está se aproximando. Mas…

Quem é?

Meus olhos continuam abertos, fissurados, tragados pela curiosidade e a tensão do momento. Não irei adormecer desta vez.

Quem é?

Mais alguns passos, só mais alguns passos para eu saber…

QUEM É?

Continua….


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: 23 de Junho



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