A Caçadora - O Despertar escrita por Ketlenps


Capítulo 8
Capítulo 7 - Vestígios


Notas iniciais do capítulo

Olá, suas leitores lindjas ^^
Aqui está mais um capítulo e eu espero que vocês gostem.
Ah, e obrigada pela recomendação Stark =)
Cap betado pela Anne.
Boa leitura!



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– Vampiro? – Victor indagou, me encarava como se eu fosse uma retardada, a testa franzida e a feição zombeteira.

– Sim!

Henry continuava a sorrir com cinismo, sua face queria dizer “acho que você está enganada”. Dan ao meu lado, estalou os dedos em meu rosto, porém meu olhar continuava em Henry.

– Camille, ele não é vampiro. – Dan disse. – Se ele fosse não estaria aqui e ainda mais de dia.

– O céu está nublado...

Tentei dizer, mas Victor me interrompeu revirando os olhos.

– Garota, não importa se ‘tá nublado ou não, as Criaturas não podem sair de dia, entendeu? – ele arqueou a sobrancelha negra. – Não podem.

Não, aquilo não podia ser verdade. Eu não era louca. Henry era um vampiro, mas se ele é como pode andar de dia? Minha mente questionou. Talvez ele seja como Edward Cullen, brilha ao se expor ao sol. ‘Tá, estou exagerando.

– Como pode estar vivo? – questionei, eu queria respostas. – Eu enfiei uma estaca em seu peito, se fosse humano teria sangrado até a morte.

– Você está blefando... Camille, seu nome, não é? – Henry disse, de um jeito tão descarado.

A raiva e a indignação me subiram a cabeça.

– Blefando?

Quando dei por mim, eu avançava na direção de Henry, mesmo sem estar com alguma estaca para enfiar em seu peito novamente. Henry deu um passo para trás, erguendo as sobrancelhas, os olhos verdes estavam duvidosos e me analisaram de cima a baixo. Como se dissesse: Você vai mesmo fazer isso? Quando eu estava próxima o suficiente de passar minhas unhas no rosto dele, fui puxada para trás tão rapidamente, que por um segundo perdi o ar e eu me vi distanciando de Henry.

Os braços me soltaram e eu vi Jack. Ele me encarou com olhar de reprovação.

– O que está fazendo? – ele brigou comigo. – Agora deu pra ficar batendo em outros caçadores?

Eu não respondi, virei meu rosto e olhei para Henry. Ele se encontrava sério, sem o sorriso cínico de segundos atrás. Ele se aproximou com os passos cuidadosos, como se estivesse incerto. Foi neste momento que eu guardei uma coisa sobre Henry: ele escondia algo por trás daquele rosto amigável e jovem.

Jack se virou e viu Henry se aproximar.

– Eu acho que minha presença aqui não agradou algumas pessoas. – Henry me lançou um olhar.

– Não se preocupe, sua presença não desagradou ninguém. - Jack me olhou de esguelha. - É que algumas pessoas acordaram de mau humor.

– Sou Henry Connelly, prazer. - ele se apresentou e estendeu a mão para Jack.

– Me chame de Jack. - ele apertou a mão de Henry.

Eu não gostei daquele aperto de mãos, aquilo parecia extremamente errado. Eu não via Jack apertar a mão de um simples homem, eu o vi apertando a mão de um demônio num corpo de anjo.

Jack cerrou os olhos e fitou o rosto de Henry atentamente.

–Você me é familiar Henry... - disse Jack.

Henry sorriu.

Alguma coisa naquele sorriso me deixou incomodada.

– Algumas pessoas já me disseram isto também. - respondeu Henry.

Jack balançou a cabeça.

– Deixe para lá. - ele disse, soltando a mão de Henry. - Você é novo por aqui, não?

– Sim, eu me mudei de Nova York, tive alguns problemas lá. Além do mais, Las Vegas é um ótimo lugar para ser Caçador. As Criaturas adoram essa cidade.

– É, eu percebi. – eu disse. Henry me lançou um olhar rápido.

– Bem, seja bem-vindo a Casa dos Caçadores de Las Vegas. - disse Jack, sorridente.

– Vamos, Henry? - Victor o chamou, no pé da escada que subia para o segundo andar.

– Com licença. - Henry pediu, Jack assentiu e ele virou as costas, seguindo Victor pela escada.

Pelo visto, Victor fora o encarregado de mostrar a mansão e os demais lugares para Henry.

Minha cabeça girou.

A ideia de morar no mesmo teto que a pessoa que tentou me matar - mesmo que ainda fosse impossível provar que fora ele - era ruim. Henry só podia estar mentindo sobre ter vindo de Nova York. E eu estava duvidando se ele sequer era um Caçador. Todavia, havia um problema: como eu iria provar para Jack ou François que aquele homem tentara me matar?

– E você? - chamou-me Jack, retirando-me do devaneio. Eu virei meu rosto para vê-lo com uma expressão questionadora. - Posso saber por que quase pulou em cima de Henry?

Quem deveria lhe estar fazendo perguntas era eu, pensei enquanto retribuía o olhar sério. Era como se de uma hora para outra eu começasse a desconfiar de Jack. Sua conversa com François e Maria me deixou mais do que incomodada e confusa, me fez, mesmo que por alguns segundos, pensar se que deveria acreditar nas palavras de Jack.

–Nada. - eu respondi e lhe dei as costas enquanto subia as escadas para o meu quarto, deixando Jack sozinho com Dan.

Eu deveria? Foi a pergunta que eu me fiz internamente. Eu deveria exigir respostas de Jack em relação a sua conversa de minutos atrás? Talvez eu tenha entendido mal. Não, definitivamente, eu não entendi nada mal. Elas estavam falando de mim, eu tinha a razão de querer saber o assunto que eles estavam tratando. Eles disseram que eu era perigosa; Jack disse que Lyssandra fora morta; como? Ele disse que ela havia falecido em meu parto!

Eu já estava no corredor dos quartos, mas iria voltar para pegar respostas concretas de Jack, contudo, eu parei de me virar para caminhar de volta para o andar de baixo, quando vi Henry. Ele saia de um quarto, estava sozinho, Victor talvez tivesse indo para outro lugar e deixou Henry sozinho por segundos. O quarto que Henry saia era ao lado do meu.

Ele me viu, não esboçou reação. Agora ele estava sem o casaco grosso, vestia apenas uma camiseta azul escura de mangas longas e calça jeans escura.

Henry caminhou até mim com passos divagares.

–Com licença. - disse, erguendo ligeiramente o canto do lábio, num sorriso estranho.

Eu nada fiz além de fuzilá-lo com os olhos. Apenas dei um passo para o lado e ele passou por mim sem dizer mais nada, calmamente.

Uma ideia louca e nada apropriada para uma pessoa da minha idade passou pela minha mente. Olhei para trás, em direção as escadas, mas Henry já havia descido e também ninguém vinha daquela direção.

Corri até a porta de seu quarto e parei em frente da mesma.

Era errado, eu sabia, era uma atitude infantil a que eu iria tomar. Não podia entrar em seu quarto e vasculhar na tentativa de achar algo que provasse quem ele era do "mau". Talvez eu achasse outras coisas bem piores que eu nunca deveria ter visto.

Ignorei completamente. Coloquei a mão na maçaneta e a girei. Para minha sorte a porta estava aberta e eu entrei sorrateiramente.

O quarto de Henry era como o de qualquer outro ainda não habitado por nenhum Caçador. As duas janelas do outro lado estavam fechadas e com cortinas verde-oliva. A cama de madeira escura estava muito bem arrumada com lençóis brancos e travesseiros confortáveis. Todos os quartos da mansão são em estilo vitoriano, com móveis antigos e decoração. Havia uma mala de mão em cima da cama e outra de rodinha no chão.

Primeiramente, apenas para ter certeza, procurei na cômoda ao meu lado e, como eu imaginava, ainda não tinha nada. Então, fui em direção a sua mala de mão. Por um segundo eu hesitei em abri-la, como eu pensei minutos atrás, eu poderia achar algo que eu não gostaria.

–Que se dane. - e puxei o zíper da mala, a abrindo. Porém, para minha surpresa, não continha nada que pudesse incriminar Henry. - Cuecas? Ele carrega cuecas numa mala de mão?

Revirei os olhos e rapidamente fechei a mala, me privando das roupas íntimas de Henry. A última coisa que eu queria ver era suas cuecas. Ergui o meu rosto e uma coisa em cima do criado mudo chamou-me a atenção.

Levantei da cama e peguei o caderno de capa dura e áspera. Parecia um pequeno livro fino.

Eu o abri. Uma folha caiu do mesmo e pousou no chão. Abaixei-me e a peguei. Era um pedaço de folha rasgada, meio amarelada. Percebi que nela havia um desenho feito em tinta preta. Era um símbolo. Imediatamente, aquilo me fez relembrar a marca que eu tinha no ombro. Apenas coincidência? Henry estava lá na noite em que eu senti meu ombro queimar e agora ele tem um desenho.

O mesmo que a minha marca.

–É feio ficar espionando e vasculhando as coisas dos outros, sabia?

O murmuro da voz em meu ouvido atrás de mim, me fez pular. O caderno e a folha caíram aos meus pés. Com o coração a mil, virei-me lentamente. Henry estava tão próximo que eu sentia seu perfume: cítrico, de limão. O mesmo perfume que sentira na noite passada. Ele estava com a cabeça caída para o lado, me fitando em um ângulo diferente, como se quisesse guardar cada traço de meu rosto e minha feição assustada.

–Posso saber o que faz aqui? - ele perguntou, calmamente, os olhos cor verdes estavam bem abertos. Ele lembrava uma cobra pronta para dar o bote a qualquer minuto.

Eu não respondi, não tinha o que responder.

–Eu sabia que você iria entrar em meu quarto e fuçar ele. - ele disse, intercalando seu olhar entre minha boca e meus olhos. - Eu não sei para que, eu não fiz nada.

–Não se faça de cínico. - Minha voz pareceu voltar com tudo. - Foi você que tentou me matar.

–Eu? - ele parecia prestes a cair na gargalhada.

–Não sei o que você esta fazendo aqui, não sei o que você quer, mas eu não acredito e nem confio em você. - Henry apenas me ouvia, então prossegui dizendo. - Mas eu sei de uma coisa: irei provar...

–Provar o que? - ele deu mais um passo, diminuindo ainda mais os centímetros que nos separava.

–Eu vou provar quem você realmente é.

Ele sorriu largamente, mostrando os dentes brancos. Eu estremeci internamente.

–Estarei esperando, Carter. - Seu tom de voz havia esfriado. Como ele sabia que eu era filha de Jack, mesmo que de criação? Ah, claro, Victor deveria ter falado sobre mim, com certeza. - Estarei esperando.


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Notas finais do capítulo

O que vocês me dizem do Henry? Palpites?
Espero que tenham gostado e não esqueçam de comentar!
Beijos queridas :*