A Caçadora - O Despertar escrita por Ketlenps


Capítulo 4
Capítulo 3 - Treinamento Voraz


Notas iniciais do capítulo

Oii! ^^
Como vocês leitores vão?
Aqui está mais um capítulo, eu espero que vocês gostem dele. Ah, e eu quero fazer uma pergunta para vocês: em alguns capítulos, vocês querem que eu mostre a foto de um certo personagem que aparecer ou que já apareceu? Para começar, no final deste cap, tem uma foto da Katrina.
Boa leitura para vocês, me desculpem qualquer erro bobo.
P.S: Savana obrigada pela recomendação flor!



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Era como um apocalipse zumbi.

Definitivamente o deserto naquela rua tão familiar, de vez em quando, fazia-me ter pensamentos fugazes.

Porque estou pensando deste modo tão fútil e como um "nerd viciado em video games de mortos-vivos"? Simples, porque a rua que vivo desde que me conheço como Caçadora é sempre vazia e as casas sempre parecem abandonadas, e num apocalipse, pelo que consta nas estórias, tudo é deserto e morto. Muitos podem imaginar que eu seja uma "nerd viciada em jogos de mortos-vivos" por estar comparando uma pacata rua de um bairro nobre de Las Vegas com um apocalipse zumbi, pois bem, não sou viciada em jogos, apenas gosto de zumbis. A anos estou esperando o dia em que mortos ressuscitarão - retire as Criaturas da Noite, eles não contam - e comerão pessoas - retire as Criaturas, novamente. Estamos em 2018 e nenhum sinal deles, passei uma parte de minha adolescência viciada nesses mortos, acho que porque eu assistia demais uma série chamada The Walking Dead e via muitos filmes que mexem com a imaginação e pensamentos dos aborrecentes. Jack nunca entendeu porque uma pessoa, em sã consciência, achava graça num bando de mortos correndo tão lerdos, como comparando o coiote ao papa-léguas. Eu sempre o respondia toda vez que ele dizia algo contra meus adoráveis zumbis:

– Se mata, Jack. - Era minha resposta.

Como ele podia dizer isto? Como tinha coragem de questionar dizendo que zumbis não tinham graça? Contudo, eu nunca me importei, às vezes achava graça - claro que não nos momentos em que minha insana mente estava concentrada nas partes em que Daryl Dixon entrava em cena com sua amada besta - não gostava quando ele me interrompia nas melhores cenas. Hoje acho tanta graça.

Por lembrar-me disto, um sorriso escapou de meus lábios que encontravam-se secos por causa do calor. Passei a língua no mesmo o umedecendo, o que piora a situação, nossa saliva faz com que nossos lábios fiquem ainda mais secos, ignorei simplesmente.

Meus cabelos estavam me incomodando grudando-se em meu pescoço, eu não tinha nada para amarra-los e isto me irritou num certo ponto, porém tentei ignorar e apenas os joguei para trás de meus ombros. O sol forte as vezes me irritava não só pelo fato do cabelo grudando-se ao pescoço, mas por outras rasões também. Como Dan dizia:

– Você parece uma vampira. Prefere noite do que dia.

Possivelmente, ele possa estar certo em dizer que sou uma vampira. Gosto da noite ao invés do dia, gosto do frio ao invés de calor, mas isto não significa que sou uma vampira. Significa que tenho bom gosto.

O sol deixava-me tão cansada que ao invés de andar, eu arrastava meus pés. Meus chinelos não ajudavam em nada, era a mesma coisa que eu estar pisando sobre o concreto da calçada. Definitivamente, eu necessitava de um novo chinelo.

Eu já havia chegado em meu destino. Uma cerca branca separava calçada de jardim, a casa era pequena e simples, uma cor vermelha era a tinturaria da mesma. Passei pelo portão da cerca e entrei na propriedade da casa, a grama, eu arrisco dizer, era tão verde quanto a do Central Park na primavera, em Nova York. Caminhei sobre a mesma descalça, meus chinelos que outrora estavam em meus pés, agora se encontravam em uma de minhas mãos. A grama roçava debaixo de meus dedos, causando-me leves cócegas, meus olhos apenas enxergavam um chão verde, verde e verde. Por incrível que possa parecer, eu sempre gostei da natureza.

Ao erguer minha cabeça para o lado, meus lábios se abriram num singelo sorriso, meus olhos cerrados viam as rosas de Mandy. Ela sempre gostou desta planta que representa tantas coisas, para ela são: amor, sofrimento e tragédia. Ela é tão...! William Shakespeare.

Saudade. – Uma voz feminina e familiar retirou-me do devaneio de encarar suas rosas enquanto eu passava por elas. Meus olhos captaram uma Mandy sentada no chão de madeira na varanda da casa, ela sorria no canto dos lábios. - Saudade é a solidão acompanhada, é quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já... Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida... Saudade é sentir que existe o que não existe mais... Saudade é o inferno dos que perderam, é a dor dos que ficaram para trás, é o gosto de morte na boca dos que continuam... Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade: aquela que nunca amou. Esse é o maior dos sofrimentos: não ter por quem sentir saudades, passar pela vida e não viver. O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

O tipíco poema de Mandy, o seu favorito. Para ela rosas eram isto, rosas eram inspiradoras e expressivas. Aproximei-me da varanda, subi os três degraus da escada e sorri para Mandy que estava com as costas encostadas na parede. Ela vestia shorts jeans e regata rosa, típico dela em dias calorosos de verão como este.

– Gosto desse poema. - Disse, direcionei-me para o lado oposto dela e sentei na cadeira de balanço que havia ali. A única coisa que restou da Sra. Bethany.

Sim, Mandy fora a pessoa que se mudou para lá em 2014 depois da morte da velha senhora coroca que não gostava de mim e de Dan. Mandy sabia o que eu era e que a mansão metros dali era cheia de Caçadores. Fora até engraçado o modo como ela descobriu isto, um pouco fora da normalidade, eu primeiramente assustei-me com Mandy.

Ainda era 2014, eu e Dan apenas havíamos saído aquela noite para matar algum vampiro, pois estávamos com muito tédio. Não era uma noite para eu ou ele caçar, mas nós queríamos matar. Horrendo talvez? Você possa imaginar, alguém está com tédio e vai matar para sair dele. Bem-vindo ao meu mundo. Eu havia ficado como vitima num beco - tão clichê -, meu pulso estava com um pequeno corte, o suficiente para um novato sentir o cheiro de meu sangue e vir correndo. Ele veio, porém perdeu a cabeça. Eu e Daniel rimos muito daquela vampira tola, nós sempre gargalhamos dos vampiros novos, porém, dificilmente, gargalhamos dos mais velhos. Eles são espertos e são poucos o que estão vivos. Sabemos que existe algum clã por aí, aonde o líder provavelmente contém mais de mil anos, mas se ele existe nenhum Caçador sabe, por enquanto.

Dan deu fim ao corpo da vampira o queimando com um produto especial, que ao invés de fazer fogo e fumaça ele "derrete" e faz com que vire cinzas. Eu nunca me interessei por ele, e é por isso que agora eu estou com Katrina como minha responsável nas noites de Caçada.

Entretanto, Dan não deu fim a cabeça da vampira, mas porque? Porque eramos dois adolescentes que não pensavam nas consequências. Nós estávamos andando na rua da casa da Mandy (a mesma que a nossa), lembrando-se de quando estávamos no mesmo local e jogamos a bola que acertou a janela da casa da Sra. Bethany. Foi então que Mandy surgiu vindo na direção oposta. Ela nos viu e sorriu, mas seu sorriso sumiu ao ver a cabeça que Dan segurava. Eu e Dan não esbossamos reação.

– Vocês não são serial killers não, são? - Ela perguntara, ajeitando a mochila no ombro.

Pela forma que ela falou que fora engraçado. Suas palavras e feição não saíram assustada, surpresa, chocada. Ela estava normal. Dan fora o primeiro que respondeu:

– Você acreditaria se fossemos Caçadores de Vampiro? - Simplesmente disse.

Eu lhe dei uma cotovelada nas costelas, ele resmungou. Mandy não se importou e apenas respondeu que sim. Depois daquela noite contamos tudo para ela, Mandy aceitou tudo muito bem, o que me assustou. Perguntou se não era perigoso nossas vidas, mas respondemos que quando se é um Caçador, nada é perigoso.

– Problemas? - Mandy perguntou, provavelmente pela careta que estava estampada em meu rosto.

Virei minha cabeça e olhei para ela. Mandy estava com o longo cabelo castanho amarrado num rabo-de-cavalo, em seu colo ela tinha um livro aberto em alguma página. Ao lado de sua coxa bronzeada estava um prato branco com um cacho de uvas verdes.

– François. - Eu respondi ela. - Terei de Caçar com uma responsável, e esta se chama Katrina.

Mandy sorriu, divertida pela situação em que eu me encontrava. Ela já sabia como era François e Katrina, pois eu já contei tudo sobre os dois para ela.

– Acha mesmo que François fez isto de propósito com você? - Mandy questionou jogando uma uva do cacho, que estava no prato, na boca.

– Com certeza. - Eu respondi. Olhei para o livro em seu colo, e minha curiosidade se atiçou. - O que está lendo?

– Lolita. - Ela respondeu levantando a capa para que eu pudesse ver a garota de oculos e pirulito na boca.

– Já li. - Disse. - Você não?

– Já, mas gosto deste livro, é meu preferido. - Ela folheu Lolita, mudando de página.

– Gosta de Cinquenta tons de Cinza também?

Ela pareceu chocada, ficando boquiaberta.

– Não compare Lolita com Cinquenta tons de Vergonha. - Ela me repreendeu. - Lolita tem conteúdo, bem diferente de Anastasia, uma hora ruboriza morrendo de vergonha quando Christian olha para ela, mas na outra está gemendo feito louca sem nenhuma vergonha na cama do Rei Grey. Sem sentido.

Gargalhei alto.

Passos corridos surgiram vindo de dentro da casa, onde anos atrás fora da Sra. Bethany. Kimberly apareceu na porta, sorridente. Os cabelos lisos e castanhos, como os de Mandy, estavam num trança embutida, ela usava um vestido de flores coloridas. A pequena garotinha segurava um laptop roxo com adesivos na tela.

– Olha, mãe, eu deixei a Barbie careca. - Ela riu agachando-se ao lado de Mandy e lhe dando o laptop para que olhasse.

Eu franzi o cenho.

– A Barbie ainda existe?

– E porque não existiria? - Kimberly perguntou girando o rosto pequeno para me encarar confusa.

Mandy reu risada.

– Não liga, não Kim.

A garotinha deu de ombros e passou voando pela porta, de volta para dentro de casa.

– Ela está crescendo. - Observei atentamente.

– Nem me diga. - Mandy suspirou. - Porque se ela cresce, eu fico velha.

Kimberly era filha de Mandy, uma garotinha de apenas quatro anos de idade. Kimberly não foi uma filha planejada, Mandy tem dezoito anos e teve Kim aos quartoze, foi mãe cedo demais. Quando nos conhecemos ela explicou sua história, ela namorava um garoto, dois anos mais velho que ela, há aproximadamente três meses, na noite do baile da escola, depois da festa, rolou o clima quente. E dois meses depois ela descobriu a gravidez. Ela mesma disse que nunca pensou em abortar, jamais tiraria a vida de alguém, ela não tinha coragem nem de matar uma formiga, quanto mais uma pessoa. Seus pais ficaram furiosos, Mandy não agüentava tanta pressão e acabou por viver com sua tia em Los Angeles e depois que Kim nasceu ela se mudou com sua tia para cá, em Las Vegas na ex-casa da Sra. Bethany.

O pai da criança, o ex-namorado de Mandy que ao descobrir sua gravidez sumiu do mapa, nunca conheceu a filha.

– Você vai conseguir. - Mandy disse subitamente, em relação a eu ter de Caçar com Katrina.

Mandy sempre fora e com certeza sempre será, muito otimista. Algo que eu não consigo ser.

– Como consegue ser tão confiante com as coisas que diz?

Mandy deu de ombros comendo duas uvas de uma vez.

– Apenas acredite em você mesma. - Ela piscou para mim.

***

Os corredores da mansão encontravam-se praticamente vazios, com escessão de alguns Caçadores. Meus passos ecoavam-se, causando-me uma estranha sensação de completa solidão. Aquela mansão era enorme, por fora sua arquitetura era moderna e rústica, já por dentro era como uma verdadeira mansão vitoriana do século retrasado. Cheguei no elevador apertando o pequeno botão, a porta de aço inoxidável abriu-se silenciosamente, adentrei e apertei o botão para descer ao subsolo. O subsolo era o local onde nós Caçadores treinávamos, contudo era um andar para cada coisa. O primeiro era a sala de treinamento, o segundo a sala de armas e o terceiro - o mais fundo - eram as prisões onde vampiros ficavam, quando precisavamos deles para alguma coisa.

Olhei-me no espelho do elevador procurando nada de mais em meu rosto. Ajeitei o rebo-de-cavalo que usava - Mandy, antes de ir embora de sua casa, deu-me uma xuxinha - retirei alguns fios que insistiam em ficar em meu rosto.

Jack gosta de dizer que eu já estava velha com os cabelos grisalhos, por causa da cor deles. Meu cabelo é de um loiro platinado, quase branco como neve, por isso ele diz que já estou velha. Não me importo, já perguntei para Jack de quem eu havia puxado os cabelos, ele pareceu não gostar do assunto, mas respondeu brevemente.

– De sua mãe... - E sua voz falhava, então mudava de assunto.

Eu não conheço meus pais, apenas sei que que minha mãe ficara gravida de um Caçador que não quis assumir o filho (como o ex de Mandy) e desapareceu. Jack disse que minha mãe morreu em meu parto. Nunca insisti em saber mais dessa história, às vezes é melhor deixar do jeito que está, pois você pode encontrar coisa bem pior do que imaginava.

O elevador parou e a porta pesada abriu, sai do mesmo pisando no chão de concreto como era no subsolo, a paredes eram do mesmo tipo, luzes fluorescente brancas ficavam no teto, o elevador parava direto na sala de treinamentos. Ela era grande e ampla. Não havia nenhum Caçador lá, a maioria gostava de treinar ao ar livre nos fundos da mansão. Eu diria que o subsolo é mais para os jovens.

Numa parede do lado oposto, ficavam as armas para os treinamentos. Lâminas, facas, espadas, revólveres, chicotes de aço, estacas de madeiras, e por aí vai. Uma parte da sala, no chão, era forrado por tatames de judô azul.

– Olha quem está aqui!

Bufei. Se eu estivesse com uma lâmina já teria jogado nela. Virei-me para trás e vi Katrina, ela segurava um chicote de aço. Era um chicote leve mesmo sendo feito do que era, ele era uma lâmina perigosa. Uma vez, quando mais nova, tentei usar ela e acabei por ficar um mês com a mão enfaixada. Katrina usava legging preta com regata branca, uma regata com um decote tão profundo que seria capaz de seus seios tomarem vida própria e sairem voando. Ela chicotiou o chão e levou o chicote até um boneco que estava a sua frente, um boneco de silicone. O chicote enrolou na cabeça dele e a mesma voou, caindo no chão onde quicou até meus pés.

Arqueei as sobrancelhas. Abaixei-me e peguei o boneco.

– Acho que é sua. - Eu caminhei até ela e entreguei.

Katrina sorriu cínicamente pegando a cabeça de minhas mãos. Ela voltou para o corpo do boneco e encaixou a cabeça no mesmo.

– François me disse ontem que eu seria sua responsável por um tempo indeterminado.- Ela falou, debochada, colocando uma mecha de seus cachos ruivos atrás da orelha, andou até a parede das armas e guardou o chicote num gancho. - As vezes é melhor mesmo ter um adulto cuidando de uma criança.

– Vai ser sempre assim? - Eu questionei, aproximando-me dela com os olhos semicerrados. - Vai ficar debochando de mim toda hora?

– Não tenho culpa se você acha que eu estou te debochando, toda vez que direciono minha palavra para você. - Ela ergueu as sobrancelhas ruivas, olhando-me como se eu fosse uma retardada. Ela tinha o rosto, pescoço e peito cheio de sardas, mas que eu achava um charme.

Está era Katrina. A Caçadora mais metida que eu já havia conhecido, talvez está raiva que ela tenha de mim tenha ficado mais forte depois que eu fiquei com seu namorado. Claro que há cinco anos ela não namorava Victor, mas talvez isso a tenha feito nutrir mais desgosto sobre mim. Até hoje não consigo acreditar como tive coragem de ficar com Victor, Jack que não gostou, até porque Victor tinha vinte anos na época e eu quinze. Por isso eu prefiro não relembrar meu passado "obscuro".

– Amanhã é o seu aniversário, não é mesmo? - Katrina perguntou, por curiosidade descarada.

– É, algum problema? - Questionei com indiferença.

Ela sorriu com os lábios fechados. Katrina pegou uma lâmina na parede de armas e jogou para mim, eu a peguei rapidamente segurando em seu cabo de cobre, estava gelado o que me causou arrepios, considerando que minhas mãos estavam quentes.

– Não, nenhum problema. - Ela respondeu pegando uma lâmina para sí, a dela era maior que a minha uns cinco centimetros. Ela passou os dedos brancos pela faca da lâmina, numa análise precisa. Ela ergueu os olhos azuis-acizentados por sob a lâmina perto de seu rosto, e sorriu. - É porque é vergonhoso alguém com vinte anos ter de ficar com um responsável.

Ah, ela era boa para me fazer começar uma briga ali apenas por causa de suas palavras. Katrina voou para cima de mim, rodando em minha frente, o que a fez ir para trás de mim. Porém, eu virei juntamente com ela, nossas lâminas se chocaram com um baque, o som estrépido delas preencheu a sala por um segundo. Katrina segurou em meu braço, o puxando para perto dela. Aquele golpe era antigo. Girei-me soltando-me dela e minha lâmina passou perto de sua bochecha com intenção de lhe cortar a fuça, porém Katrina desviou se abaixando, eu apenas tive tempo de vê-la derrubando-me no chão e pondo sua lâmina em minha garganta enquanto inclinava-se sobre mim.

Ela sorriu vitoriosa, os cachos cor fogo caiam sobre seu rosto.

– Tenho quase certeza que você pensou que era um golpe antigo, não é mesmo?

Droga, ela estava certa. Eu não respondi. Segurei firme em sua canela e a puxei com força para o chão, Katrina caiu batendo as costas no acolchoado por tatames de judô. Sentei em cima dela e virei minha lâmina contra sua garganta.

– E eu tenho quase certeza que você pensou que eu não sabia um golpe antigo para sair das suas garras, não é mesmo?

Katrina sorriu de canto.

– É só isso que sabe fazer? - Ela novamente debochou.

Levantei-me e Katrina veio logo atrás. É, estávamos definitivamente lutando como se fossemos rivais numa guerra. Contudo, este era um treinamento normal de um Caçador, claro que eu e Katrina estávamos treinando com certo ódio uma da outra, o que era bom, pois desferiamos golpes mais bruscos uma na outra.

Katrina chutou-me, seu pé acertou meu peito, mas eu segurei sua perna diminuindo o impacto do chute e a impedindo de se mover.

– Porque aceitou ser minha responsável nas noites de caça? - Perguntei, com os lábios contraídos por causa da força que ela fazia com o pé contra meu peito.

Ela soltou-se de mim, voltando com a perna no chão. Com rapidez, Katrina lançou sua lâmina em minha direção. Ela era esperta. Dei um salto para trás - cortesia que Maria me ensinou - eu vi a lâmina passar por baixo de mim, e por fim, terminar sua trajetória na parede de armas, afundando ali. Quando pousei de volta no chão, com as pernas firmes, levei minha mão direita para trás de mim, tateei o concreto duro até achar o que eu queria. Eu estava atrás da parede de armas. Segurei firme no cabo de couro, olhei para Katrina com os olhos cerrados e um sorriso malicioso no canto dos lábios, ela logo entendeu e seus olhos se arregalaram. Não de medo ou pavor, mas de surpresa.

Sem preâmbulos, revelei o chicote que segurava por trás de mim, Katrina não conseguiu tempo para poder se desviar, dar um giro de 360° graus, um salto para trás, qualquer coisa clichê de filmes sobre Caçadores de Vampiros. Isto que eu gostava em mim, eu tinha uma incrivel rapidez com meus movimentos, sempre me dei bem nos treinamentos sobre isto. Qualquer coisa relacionada sobre armas eu era incrivelmente boa, era algo que às vezes parecia surreal, de vez em quando eu me assustava. Armas eram as minhas especialidades.

Lancei o chicote na direção de Katrina, o aço enrolou-se com imensa facilidade no pescoço dela. Katrina paralisou-se. Óbvio que iria fazer isto, o chicote num mísero movimento que ela fizesse arrancaria - lhe sua cabeça. Ah, uma coisa que eu adoraria fazer.

– Bem, - Katrina disse pensativa, eu me aproximei dela, mas com o chicote ainda firme em seu pescoço. - eu aceitei ser sua responsável por pura vontade e curiosidade.

Ergui a sobrancelha, duvidosa.

– Vai retirar minha cabeça do meu corpo? - Katrina indicou com os olhos o chicote.

Eu a encarei dos pés a cabeça, Katrina ergueu as sobrancelhas impaciente. O chicote deslizou do pescoço pálido dela, e caiu no chão onde o puxei de volta para mim. Katrina respirou fundo, massageando a garganta - com certeza dolorida - e me olhou ajeitando-se.

– Foi um ótimo aquecimento. - Ela disse. - Acho que nos vemos à noite. Mas caso queira treinar mais...

– Nos vemos à noite. - Interrompi enquanto virava as costas, deixando o chicote na parede de armas e me dirigindo para o elevador. - Já estou muito bem treinada.


Katrina FitzGerald

 

 

 






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Notas finais do capítulo

Gostaram do capítulo? Alguém imaginou a Katrina como na foto? Desde sempre eu imaginei ela assim ^^
Próximo capítulo: a criatura de asas e olhos de fogo da sinopse, irá aparecer! Uuhh, suspense...
Comentem!
Beijos =*
P.S: o poema que a Mandy disse é de Pablo Neruda.