A Caçadora - O Despertar escrita por Ketlenps


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Como sempre, o prólogo é confuso. Só ele será escrito em 3° pessoa, o resto é em 1°. Espero que curtam e comentem.
Aproveitem!



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Paris - Abril de 1999

A noite caia sobre a cidade da luz como uma onda gigante, uma forte chuva pairava sobra a metade da cidade. Raios brilhavam no céu a todo instante, trovões eram-se ouvidos a cada minuto, causando o choro da pequena criança que se encontrava no colo de sua mãe. A jovem loura o balançava carinhosamente mesmo aflita, olhava toda hora para a porta à frente. Estava frio, mas ela suava como se estivesse com calor, seus braços tremiam, mas mesmo assim ela conseguia segurar a criança em seu colo firmemente. Seu peito subia e descia irregular; ela se encontrava ofegante.

Ela estava com medo.

A maçaneta da porta rodou, ela abriu-se revelando a figura de um garoto alto. A jovem soltou o ar que segurava, num suspiro aliviado. O garoto entrou rapidamente, retirando a capa de chuva que usava, ele viu a jovem com a criança na frente e foi ao seu encontro passando as mãos pelos cabelos escuros.

– Você demorou Jack. - A loura disse, encarando o garoto a sua frente.

– Desculpe Lyssa. - Ele olhou para o bebê no colo de Lyssa, que ainda chorava fracamente. Os braços pequenos mexendo-se no ar, os olhos pequeninos fechados com força, os cabelos eram platinados, um loiro branco quase impossível de se ver. Jack sorriu segurando uma das mãos da criança; era tão pequena, tão indefesa. Ela abriu os olhos, cessando o choro, e olhou para ele. O sorriso na face de Jack desapareceu, dando-lhe nenhuma expressão. - Os olhos dela, Lyssa, estão completamente pretos.

Ele ergueu os olhos para a amiga, que apenas balançou a cabeça lentamente. Seus olhos verdes como esmeraldas apenas encararam a filha tristemente.

– Não, Jack. - Ela o olhou, e sorriu forçadamente. - É apenas porque ela é um bebê com olhinhos pequenos, por isso ainda não da pra ver a parte branca. É por isso...

Ele não lhe disse nada. Não tinha o que falar. Ela tinha de acreditar que eram apenas os olhinhos pequenos.

Desconfortável, Jack praguejou ajeitando-se.

– Maria conseguiu. - revelou ele, os olhos caramelados brilhando.

– E? - Lyssa inquiriu esperançosa com um grande sorriso na face jovem e inocente.

– Michele a ajudou. - Jack explicou. - Elas apagaram nossos dados na Casa, não deixaram nenhum documento sobre nós. Elas falsificaram a autorização pra que nós pudéssemos nos transferir sem nenhum problema. Eles não irão nos encontrar.

Lyssa pode sentir um imenso alívio subindo por sua coluna, o que ela mais queria era proteger sua filha, escondendo-a do perverso mundo do qual infelizmente ela participava.

Um forte trovão soou no céu, estrondando cada canto da pequena casa em que estavam. Lyssa apertou a criança em seu colo no momento em que as luzes se apagaram e um completo reino de sombras e escuridão, se fixou ali. Jack correu para porta, pegando um guarda-chuva no chão, ele o abriu e gesticulou com as mãos para que Lyssa se aproximasse.

– Temos que ir logo. - disse ele, Lyssa afirmou positivamente com a cabeça.

Mesmo sob os vários relâmpagos e trovões, o temporal não parecia mais forte como horas atrás, percebeu Lyssa. Ela cobriu inteiramente o bebê em seu colo com a fofa coberta clara de lã e Jack segurou o guarda-chuva para ela.

– Vem.

Ele abraçou Lyssa pelos ombros enquanto juntos passavam pelas poças d'águas que se formavam nas deformidades do asfalto velho e desgastados pelos anos. Um vento frio soprava no rosto de Lyssa, mas ela não se importava, estava precisando daquilo. Precisava de um ar gelado para se esfriar.

Ambos atravessaram a rua, porém eles foram interrompidos. Uma pessoa obrigou Jack à soltar-se de Lyssa, quando ele fora empurrado para longe, o guarda-chuva caiu numa poça espirrando água para os pés de Lyssa. Ela protegeu a filha da chuva escondendo o máximo que podia em seu peito. Lyssa teve apenas tempo de ver Jack afundando uma lâmina no peito do outro Caçador, mas aquele era um traidor.

– Eles nos encontraram temos de ir agora! - Jack correu ensopado ao encontro de Lyssa, as mãos e o casaco estavam sujos de sangue, mas que logo foram se dissipando enquanto a chuva o lavava. - Vamos, Lyssa, eu sei que eles estão atrás de nós.

– Você não pode fugir, Lyssandra! - Uma voz gritou ao longe, uma voz grossa e debochada. - Irei te pegar!

Jack olhou para ela sob os imensos cílios molhados, ele estava desesperado, a respiração ofegante.

– Droga! - Lyssa xingou, mas não teve tempo de dizer mais nada.

Jack a havia puxado pela mão, correndo com ela naquela noite tempestuosa e tenebrosa. Mas Lyssa não podia continuar, ela não podia ir embora para o mesmo local em que sua filha iria, ela não podia ficar no mesmo local que as pessoas que amava. Era arriscado, perigoso.

Ela não podia.

Lyssa parou de correr, no movimento brusco Jack quase caiu, porém ele equilibrou-se nos próprios pés e olhou para ela estarrecido.

– O que diabos está fazendo? - perguntou ele, contudo Lyssa já havia dado a criança para Jack. Por incrível que pareça, a menina continuava seca e confortável na coberta.

Jack franziu o cenho assustado.

– Porque me deu ela? Eu estou ensopado...

– Você tem que ir embora sem mim.

Aquelas palavras foram como socos seguidos no estomago de Jack. Ele arfou estupefato.

– O que? - Ele quase gritou.

– Eu não posso ir, eles irão me encontrar de qualquer jeito, não importa. - As lágrimas que desciam dos olhos de Lyssa, misturaram-se com a água da chuva. - Você tem que ir e levar ela para um lugar longe daqui. Longe de mim.

– Você enlouqueceu Lyssa?! - Jack gritou em meio a um trovão. - Você quer se matar?

– Eu vou despistar eles...

– Se quer despistar, deixa que eu faço isso...

– Não! - Ela o interrompeu ferozmente, os olhos verdes pareciam soltar fogo. - Não importa aonde eu for, eles vão me achar.

– Lyssa, não... - Jack balançou a cabeça, era doloroso.

Lyssa segurou o rosto do amigo com as palmas da mão, estavam geladas e molhadas por lágrimas e chuva. Ela fitou os olhos de Jack, cor âmbares, aqueles olhos que várias vezes a confortara. Aqueles olhos que ela sentiria falta. Ah, era tão difícil dizer adeus...

– Me prometa uma coisa. - Ela mais afirmou do que pediu, Jack continuou ouvindo. - Prometa que irá cuidar de Camille como se ela fosse sua filha?

– Lyssa, o que está fazendo? - Jack murmurou.

– Apenas prometa que irá cuidar dela, que irá ama-la como se ela fosse sua filha, que irá protegê-la como sempre fez comigo quando caçávamos juntos... - Lyssa respirou fundo, era um grande nó que estava em sua garganta que parecia impedir que ela continuasse a falar. Ela apertou o rosto do amigo; as mãos escorregadias. - Prometa Jack?

Eles encararam-se por míseros segundos, míseros e dolorosos segundos que estavam corroendo Lyssa internamente.

– Eu prometo. - Jack sussurrou, a voz parecia forçada para fora.

Lyssa abaixou o rosto, retirando um pouco a coberta que cobria a cabeça de sua filha, ela dormia em meio aquilo tudo. Lyssa sorriu. Uma forte dor dominava seu peito; ela estava deixando um pedaço de sua vida nas mãos de seu melhor amigo. Camille era tudo o que ela tinha. Ela deu um beijo estalado na testa da filha.

– Eu amo você, sempre te amarei.

Ela afastou-se de Jack, os olhos grudados na filha.

– Eu virei atrás de você. - disse Jack, então Lyssa o olhou e seus olhares se encontraram. - Você apenas irá despistar eles para que não achem Camille enquanto eu estiver com ela. - Lyssa soluçou alto. Jack parecia não querer entender que ela jamais poderia ficar perto de sua filha e consequentemente, dele também. - Eu nunca te deixarei, entendeu?

Lyssa sorriu fraca. Ela sempre admirou em Jack o quão persistente ele era, o quão ele nunca desistia das coisas, o quão amigo era. A chuva estava terrível agora, Lyssa deu um passo para trás... Jack apertou Camille nos braços, ele respirava com dificuldade... Lyssa deu mais um passo para trás... Seus olhares não se separavam, Jack apenas estava deixando que seu mundo se arriscasse, pois tinha de cuidar de outro que estava em seu colo...

Mais um passo...

Lyssa virou as costas e correu, as lágrimas escorriam como litros de água sobre seu rosto, a dor era visceral em seu peito. E tudo isto ela estava fazendo para que sua filha não sofresse mais do que precisasse, ela não podia ficar com Camille. Sabia que os Caçadores traidores que queriam matar sua filha iriam encontra-la se ela estivesse junto com Camille. Desde cedo ela sofria em saber que teria de entregar Camille para Jack. Sua filha era uma arma, uma chave para algo do qual os Caçadores traidores tinha medo, uma chave da qual todos os mundos irão querer algum dia.

Uma chave da qual Lyssa esperava que Jack mante-se segura e escondida.

Antes de virar numa esquina, ela teve de olhar para Jack novamente. Um último olhar, triste, feliz, saudoso, sofrido. Foi tudo uma questão de segundos antes dela voltar a correr e deixar tudo o que construiu para trás. Tudo por causa daquele ser. Aquele cujo nome ela não diria. Nem que estivesse morta vivendo no mesmo inferno que ele.

O pai de Camille.


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Notas finais do capítulo

Porfavor, deixem reviews, preciso saber se alguém está lendo, se está interessado e se quer ler mais!
Obrigada e beijos =*