Pequenos Infinitos escrita por Uriba


Capítulo 5
CAPITULO 5


Notas iniciais do capítulo

O último deste dia. Verei os resultados! MUAHAHAHA



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Saímos conforme minha mãe sugeriu. Fomos a um parque próximo. Grace seguiu pelo lado oposto. Eu, Lili e Luke. A garota era agradável, um pouco animada e extrovertida de mais. Andamos os três pelo parque e no final da tarde Luke sabia até o endereço da garota. Cara, eles não haviam parado de falar desde a hora que tínhamos saído de casa! Eu não estava aguentando mais. Até que sugeri que Luke poderia ir comprar um sorvete para nós. Tinha uma sorveteria do outro lado da rua e eu lhe dei o dinheiro e o empurrei para que e fosse logo. Ele atravessou a rua mais correndo do que andando e entrou na sorveteria. Parecia feliz. Eu me virei e avistei um banco. Até o momento não tinha dado muita atenção a Lili, nem ao menos tinha tentado. Só tinha estado lá. Fazia comentários de vez em quando. Às vezes tentado ajudar Luke, outras vezes menosprezando ele. Tínhamos seguido aquela rotina até ali. Então eu só queria me sentar naquele banco de madeira do parque sozinho e ficar quieto. Mas parece que até isso seria impossível. Eu me sentei e coloquei um novo cigarro na boca, já que o ultimo tinha voado pela janela e a garota se sentou ao meu lado.

Dei uma olhada na sorveteria a minha frente, estava cheia. A fila estava enorme, e o pobre Luke iria demorar uma eternidade. Lili olhou para lá também e depois disse:

– Ele vai demorar, então...

– Posso te perguntar uma coisa? – Interrompi antes que ela começasse mais uma de suas infinitas e intermináveis histórias.

Ela assentiu um pouco surpresa e eu continuei:

– Tem algum problema com a Grace?

– Você quer dizer, a saúde dela? Ou a pessoa?

– Ambos?

– Bem, Grace é uma pessoa um pouco fechada e você acabou de conhecê-la, então cara, dá um tempo. Eu não acho que ela ficaria muito feliz se eu dissesse. A única coisa que eu posso dizer é que ela esta com um problema e que acho que ela gostaria de manter distancia das pessoas, por um tempo – não entendi tudo que aquilo poderia implicar, mas fiquei um pouco preocupado, o que ela dizia significava, na pior das hipóteses, que eu simplesmente não teria a chance de conhecer melhor a Grace – Ela é uma boa pessoa ao todo. Acho que na verdade ela não gosta muito de mim, mas não quer dizer, tipo, acho que ela só esta querendo ficar longe das pessoas que ela gosta de verdade. Ela diz que não são muitas, e nisso eu acredito, mas... Ela deveria ir pra casa, sério.

– Ir para casa?

– Ela esta morando na minha casa, se recusa terminantemente a ir para própria casa. Não quer ver a mãe, nem qualquer outro membro da família.

Achei aquilo tudo um pouco dramático. Mesmo que ela estivesse com problemas de verdade, não deveria fazer isso. Era um tanto exagerado. Mas acho que no fundo eu compreendia o que Lili estava me dizendo. E entendia porque Grace estava fazendo aquilo. Só não achei que era a atitude mais altruísta.

– Isso tudo me parece meio dramático. – comentei.

– Você não vai entender. Às vezes nem eu mesmo entendo o que ela sente, se é que sente alguma coisa.

– Como assim?

– É só que... Eu me importo com ela. Mas na maior parte do tempo ela parece não se importar com ninguém. Ninguém mesmo. Isso... Sei lá, ela vai acabar perdendo todo mundo, sabe?

– Não se ninguém se afastar dela.

– E você acha que isso é possível? Uma pessoa que não se importa com ninguém? Por que alguém se importaria com ela?

– Por quê não?

– Não vale a pena.

– Temos que aprender a dar sem receber, em minha opinião, entende? Não estou dizendo que você precisa ficar com ela e se importar. Estou dizendo que você pode escolher fazer isso ou não, independente de ela se importar com você. Talvez se ela sentisse que você se importa, ela se importasse também.

– Eu já tentei a fazer entender que eu me importo.

– Palavras não são tão poderosas assim, sabe? Argumentos não deixam de ser argumentos, a menos que a pessoa sinta que o esta usando da maneira certa.

– Então palavras não valem nada, só sentimentos?

– Não. Palavras que são sentidas valem, porém palavras faladas por serem palavras só são palavras, sem qualquer outra coisa maior sendo transmitidas através delas.

– Entendi, acho.

Mordi o cigarro. O que Grace tinha afinal? Ela parecia uma pessoa diferente. Eu tinha certeza que era na verdade. Podia sentir. Mas, tinha algo mais. Coisas que não seriam reveladas, porque ela simplesmente não revelaria. Era uma pessoa simplesmente reservada. O que diversas pessoas poderiam considerar estranho, ou desaprovar. Mas porque todas as pessoas tinham que se abrir umas para as outras? Por que tinha que haver confiança em pessoas que não a mereciam? Por algum motivo, a partir daquele momento eu pensei em algo ao soltar o cigarro. Certo, provavelmente Grace não era o tipo de pessoa falante, nem o tipo de pessoa que confiaria em todo mundo cegamente, por isso talvez, uma vontade de ganhar a confiança dela me invadiu.

Luke voltou da sorveteria e eu me levantei. Peguei o meu potinho e deixei os dois sozinhos. Corri com o pote de sorvete na mão, o cigarro na boca. Pensando, minha cabeça não parava de pensar. Ela já deveria ter saído do médico. Apressei-me mais e cheguei à frente de casa arfando, completamente sem fôlego e com a garganta seca. Peguei a colher e comi um pouco de sorvete. Joguei o resto numa lata de lixo próxima e entrei em casa. Minha mãe fez algumas perguntas, mas eu não respondi. Ela gritou, mas eu não dei atenção.

Subi a escada aos pulos e me joguei quarto adentro me deixando cair na cama de qualquer jeito e peguei o celular. Escrevi o mais rápido que consegui enquanto enxugava a testa e tentava recuperar o fôlego.


Como foi no médico?


Enviei. Alguns minutos se passaram, enquanto eu lavava o rosto e trocava a camiseta. E me sentei na cama, ouvi minha mãe subir as escadas. E olhei o aparelho. Ela tinha respondido.


Bem. : ) Por que?

Nada. Hum, fale comigo, se precisar de QUALQUER COISA, ok? Confie em mim.


Tá, eu não sei por que executei esse ato aparentemente “desesperado”, mas quando me dei conta de como aquilo parecia idiota eu já tinha enviado. Ela respondeu com um simples:


O.k.


Não soube exatamente mais o que pensar. A maçaneta fez um barulho conhecido, minha mãe devia estar brava... Ela entrou sem bater, mas eu não reclamei.

– O que foi que te deu? Onde estão seus amigos? E tira esse sorriso bobo cara! Estou falando sério.

Eu percebi que estava sorrindo de leve, que nem um idiota por causa da resposta de Grace a minha mensagem.


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Notas finais do capítulo

Acho que os caps dessa ficaram todos meio curtos, e não são tantos assim. Mas como me disseram uma vez:
"Não importa o tamanho ou a quantidade, mas sim a história."
Eu acho que concordo : B Comentem!



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