Pequenos Infinitos escrita por Uriba


Capítulo 12
CAPITULO 12


Notas iniciais do capítulo

Quase no fiiiiiiiim : ]



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 Não consegui dormir naquela noite. O cigarro na boca, rolando para todos os cantos (do sofá, aliais). Grace estava ocupando o único quarto de hospedes, e havia outros dois para Lili e os pais. Sendo assim, eu acabei no sofá. Mas não conseguia dormir. Estava pensando sobre Grace. Ela me amava? Talvez aquilo que ela sentia, ou não, fosse causado pelo fato de ela estar morrendo. Ou será que não, será que se nós tivéssemos nos conhecido em outras condições teríamos terminado do mesmo jeito. E se seu amor fosse um efeito colateral de ela estar morrendo? Talvez tudo, desde o começo fosse porque ela estava morrendo.

  Me sentei e olhei para o corredor. Levantei e andei com passos largos até a porta do quarto de Grace e bati na porta de leve, hesitante. Ela respondeu baixo de á de dentro e me permitiu entrar. 

  Mesmo no escuro eu conseguia ver alguns detalhes do quarto. Parecia meio vazio. Um guarda roupa de madeira aparentemente lustrosa, a cama e um tapete circular. Grace estava coberta com um edredom que parecia de longe mais quente que o que eu estava usando na sala. Me deitei com ela sem falar nada. A abracei por trás e ela perguntou:

- O que foi?

  Fiquei quieto olhando para as silhuetas no escuro, tudo parecia mais obscurecido agora. Lancei um olhar nervoso para o teto e Grace se mexeu, se virando na cama para me olhar. Eu mal conseguia vê-la, era mais um vulto no escuro. Mas posso dizer, um belo vulto. 

  Olhei no que supus ser seus olhos e falei:

- Estou apaixonado por você.

  Ela não respondeu. E depois de cinco minutos sem nenhum som, achei que ela tivesse dormido. Mas então ela falou finalmente:

- Você não deveria.

- Por que não?

- Não é aconselhável se apaixonar por alguém que esta morrendo. Eu... Não queria que você sofresse sabe? Quando eu morresse, preferia que ninguém sofresse. Principalmente você. Seria melhor se você não estivesse.

- Mas estou.

- Sim. E agora?

  Pensei.

- Agora é a parte que o mocinho beija a mocinha e eles vivem felizes para sempre?

  Ela riu bateu no meu peito indignada.

- Nada disso Mocinho. Não há um felizes para sempre no nosso caso, você sabe disso. Principalmente a parte do “Para Sempre”?

- Pelo menos quando você morrer eu vou poder falar que tentei. – eu ri – Na verdade, poderei falar bem mais que isso. E uma das coisas que eu poderia dizer é que estou apaixonado por você.

- “Estou”. Não se chega a um funeral e diz: “Eu estou apaixonado por esse cadáver”, sabia? 

- Tudo tem uma primeira vez, eu vou ser o cara que vai pegar sua mão de cadáver e deixar só você saber. Vou chegar perto do seu ouvido que não vai ouvir, e dizer, eu estou apaixonado por você. Porque morta ou viva, essa será sempre a verdade. Eu estou, e sempre vou estar apaixonado por você, senhorita Grace. 

- Isso pode se mostrar um tanto doloroso.

- Isso vai ser um tanto doloroso.

  Ficamos em silencio.

- Mas a dor tem a alegre, ao menos para ela é alegre, ela tem a alegre necessidade de ser sentida. Então, já que ela tem e deve ser sentida, porque não senti-la em sem auge? Se é o que ela quer, que seja, vou sentir a dor por perder a garota pela qual eu me apaixonei então. 

- Eu não queria que fosse assim, mas sei que vai ser.

- Sim. Assim será. Um dia a morte batera na sua porta. Eu dificilmente estarei presente. Ela vai te levar, para um lugar que ninguém no mundo dos vivos conhece. Vai te levar embora sem a permissão de ninguém. E isso vai ser difícil. Mas não há meios, plausíveis para mim, que façam com que eu não sofra. Porque independente do que acontecer. Eu te amo. E estou apaixonado por você. E nem a morte vai mudar isso. Porque o que eu sinto vai alem dos poderes dela ou de qualquer outro. 

  Ela me abraçou e eu devolvi o gesto. E adormeci. Com uma lagrima se formando no quanto dos olhos enquanto ela sussurrava em meu ouvido:

- Eu te amo.

                                                                  ***

  Acordei sobressaltado. Me localizei, estava no quarto de Grace. Mais precisamente na cama dela. Olhei em volta, ele era bem similar ao que eu tinha imaginado de noite. Só não tinha avistada a janela por onde entrava os raios de sol mais fortes que eu não havia visto em toda minha vida. Sentei na cama tirando os pés de debaixo do edredom e percebia que havia algo entre meus dedos fechados. Abri a mão e encontrei uma folha de caderno dobrada.

  Desdobrei-a e vi que era um tipo de carta. Escrito a mão com uma caneta azul, numa letra bonita. Bem... Feminina. A data escrita no canto direito da pagina.

  No começo do ano eu jamais iria imaginar que fosse ficar próxima de você e, quando isso aconteceu, eu percebi que nós temos muito em comum. Tem muitas coisas que nós dois gostamos e, não sei se você reparou, mas, você é tão bobo quanto eu!

  Você disse que sempre vai estar apaixonado por mim, e eu resolvi escrever essa carta que você além de sempre se lembrar de mim, pudesse leva-la para qualquer lugar que você vá. E, aonde quer que você esteja, preciso que você saiba que eu não tenho como te agradecer por estar sempre comigo, por ter feito parte de mim.

   Se você me prometer que vai se lembrar sempre de tudo que passamos juntos. Não só o que aconteceu até o presente momento. Mas também o que ainda esta por acontecer. Eu prometo me lembrar também, aliais, se não fosse por você. Talvez eu não estivesse fazendo promessas. Provavelmente sem você eu não estaria nem mais me obrigando a levantar e andar todos esses dias. Preferiria não acordar, porque um mundo sem você, para mim. É um mundo quase sem luz. Sem um bom motivo para se estar nele. Aprendi a ver beleza em tudo que há neste mundo, junto com você, e em você.

                                                      Gosto muito de você, Set.

                                                                    Da sua,

                                                                             Grace


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Notas finais do capítulo

E aí, como tá?



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