Pequenos Infinitos escrita por Uriba


Capítulo 10
CAPITULO 10


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo emocionante : ) (Mentira, nem lembro o que tem no capitulo direito, perdão qualquer falsa expectativa)



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Na manhã seguinte eu acordei tarde. Nem me lembrava de quando tinha ido dormi, e me engasguei com um cigarro que tinha tentado me matar enquanto eu dormia tentando entrar pela minha garganta e ser digerido. Eu o cuspi e comecei a tossir loucamente até meus olhos começarem a lacrimejar. Quando o surto cessou eu enxuguei os olhos e comecei a examinar o quarto, me lembrando do que tinha acontecido no dia anterior. Pensei que aquela seria a última vez que eu o veria por algum tempo e resolvi ficar por mais uns minutos deitado. Até que eu acabei pegando no sono de novo e um trovão me assustou e eu abri os olhos, na verdade, provavelmente eu arregalei os olhos e vi minha mãe com o rosto extremamente próximo ao meu. O que meu assustou mais ainda e eu me levantei e gritei:

- O que você esta fazendo?! – e ao ir para trás bati a cabeça na parede - Ai!

- Só estava olhando para você uma última vez – Ela falou aquilo como se eu que estivesse com uma doença mortal – Eu vou viajar.

   Olhei para ela acariciando minha cabeça dolorida.

- Para onde?

- Londres. Vou ficar o resto do mês lá.

- Hum, boa viajem? – ela bateu na minha cabeça (O QUE NÃO AJUDOU EM NADA EM MELHORAR A DOR!) – Certo, só tente não me olhar como se fosse uma cobra pronta para dar um bote ok? É assustador!

  Ela balançou a cabeça e se levantou. Mas parou no meio do caminho e pegou meu cigarro (o homicida) e o estendeu para mim. Mas eu fiz uma cara desaprovadora, ou pelo menos tentei.

- Ele tentou me matar essa noite. Não é o tipo de coisa que eu quero devolver na minha a minha boca.

  Ela não deve ter entendido, porque ergueu uma das sobrancelhas interrogativamente, mas eu fiz um gesto com a mão indicando que ela esquecesse e ela saiu do quarto. Me levantei e pisei em algo. Era uma mochila deitada no chão. Minha mochila. 

  Abri-a para vasculhar o que tinha dentro, porque ela parecia incrivelmente cheia quando eu pisei nela. E estava mesmo. Tinha roupas, acessórios de higiene, um sapato preto lustroso, tênis, chinelos, e tudo mais que eu provavelmente iria usar. Fechei o compartimento maior e abri os bolsos menores nas laterais. Tinha algum dinheiro, o suficiente para passar por um mês pelo menos, e isso era muito mais do que minha mãe já havia me dado até o momento. Do outro lado tinha um colar, eu nunca tinha visto ele na minha vida. Tá, na verdade eu tinha sim, mas eu não esperava que ele fosse estar ali.  Tinha um corão preto daqueles que parecem frágeis, mas que dura bastante tempo intactos, a menos que você realmente quisesse destruir ele. (Não era o caso, com certeza!). Pendurado nele tinha um pingente, uma águia de metal, muito bem colorida e detalhada, estava com as asas abertas e as patas de um jeito que dava a entender que ela iria pousar, mas ela segurava um revolver prateado entre as garras mortais. Comparei-a com um pôster do jogo do qual ela vinha. Perfeito! Cada detalhe.

  Não era difícil saber de onde ela tinha vindo, ou melhor, quem a tinha colocado ali. Corri como um raio pelo corredor. Pulei dez dos vinte degraus da escada e pulei por cima do sofá (o que foi um exagero... E eu quase caí) até que cambaleando por causa da “quase queda” cheguei à cozinha mal conseguindo respirar. Minha mãe estava comendo e começou a abrir a boca com um pedaço de pão ainda sem mastigar para gritar comigo. Mas eu falei antes:

- Isso!

  Balancei o pingente.

- Um presente. Já que eu não vou te ver por um tempo. Eu me lembrava de que você tinha me pedido isso há um tempo.

   Fiquei surpreso. Sem palavras. Constrangido. 

- Valeu – falei quase sussurrando.

- Melhor você se apressar. Eu não te acordei mais cedo porque Lili ligou aqui e falou que Grace tinha alguns exames para fazer na parte da manhã, então eu resolvi deixar você dormir, para ter energias para paparicar a garota mais tarde. Mas agora elas já devem estar voltando.

  Eu poderia ter respondido alguma coisa aquele comentário sobre “paparicar a garota”, mas nada inteligente me veio à mente. Então eu só girei nos calcanhares e fiz o mesmo trajeto de volta, correndo (sem passar pelo sofá dessa vez). 

                                                                ***

  Uma hora depois estávamos saindo. Minha mãe estava indo numa velocidade normal, o que era inaceitável para mim. Porque eu queria chegar logo, mas me contive ao impulso de falar para ela ir mais rápido, porque sabia que ela não iria.

  Quando estávamos na metade do caminho meu celular começou a se mexer no meu bolso. Era Lili. Meu estomago se revirou. Por dois motivos. Aquilo poderia significar uma noticia ruim, ou poderia significar que eu precisaria ouvir uma historia interminável de Lili Isobel. O que acabaria com o meu “Processador de Pensamentos Internos” e me daria uma grande dor de cabeça.  Atendi e antes de eu conseguir pronunciar alguma coisa ela começou a falar.

- Não sei se hoje vai ser um bom dia para você vir até aqui. Aconteceram umas... Coisas complicadas.

- O que aconteceu?!

- Quando você chegar eu explico melhor, mas... Grace esta trancada no quarto desde quando chegamos, então não espere que muitas coisas emocionantes aconteçam hoje.

  Ela desligou. E eu murmurei.

- Qual o problema dessa garota?

  Minha mãe olhou para trás e me viu olhando incrédulo para o celular.

- O que foi?

- Parece que aconteceu algo com a Grace, ponha essa lata velha para funcionar Capitã!

  O carro provavelmente não gostou do apelido que eu dei para ele, porque alguns quilômetros à frente o motor soltou um estalo enorme e eu achei que alguma coisa tinha quebrado, mas ele continuou andando até a casa de Lili. 

  Eu bati na porta feito um louco, o que minha mãe reprovou totalmente e mandou eu me acalmar, e eu admito que tentei. Mas algo parecia muito ruim, o que não ajudava em nada.

  Depois de eu boxear a porta a mãe de Lili abriu. 

- Olá... – disse ele, visivelmente incomodada com meus problemas com a porta da casa dela – Entrem.

- Ah, eu só vim deixar ele aqui. Não vou ficar. Boa sorte filho!

  Eu não sabia exatamente o que ela queria dizer com aquilo, mas de certo modo foi um alivio ela não ter ficado. Murmurei um “oi” para a mãe de Lili e entrei com passos apressados na casa. 

  Vi a garota em um corredor que partia da sala, ela estava em frente a uma porta. Batia nela, (não como eu) mas parecia bem preocupada. 

- O que aconteceu? – perguntei enquanto apressava mais o passo para chegar perto dela.

- Más noticias. 

  Ela me puxou até o sofá na sala e me fez sentar, sentou no outro sofá de frente para mim e começou a falar.

- Fomos ao médico. Bom, Grace já te contou sobre a doença dela?

- Não muito.

- É uma doença que ninguém conhece. Nenhum médico tinha visto até o momento. Ele está... “Comendo” o coração dela. Deteriorando. Ninguém sabe explicar direito. Mas é certeza de que não há cura conhecida. E isso já era um grande problema. Mas hoje nós ficamos sabendo que a coisa toda esta pior. Não sabíamos por quanto tempo ela ia sobreviver, mas sabíamos que seria pouco. Aparentemente agora é bem menos. 

  Eu escutei tudo aquilo com extrema atenção. Cara, uma doença completamente desconhecida. Isso era totalmente irreal, tipo, coisa de filmes ou livros. Mas Lili com certeza não estava brincando. Eu sabia que não. Mas o que eu poderia fazer? 

  Parei para pensar um pouco, coloquei um cigarro na boca e encarei Lili por alguns segundos. Ela parecia não ter a mínima ideia do que fazer também. Na verdade parecia pior que eu diante daquela situação “delicada”.

- Como ela está?

  Lili pareceu estar divagando por um tempo, mas depois voltou percebendo que eu tinha falado com ela.

- Não sei, ela não falou nada desde que saímos do Hospital. Não chorou nem nada. Só entrou no quarto e trancou a porta, dizendo que só queria ficar sozinha. Tentei conversar com ela, mas...

  Assenti com um movimento de cabeça e me levantei. Fui até a porta onde Lili estava quando eu cheguei e bati devagar. 

- Eu já disse que não quero falar Lili! – Grace falou, sem alterar a voz, sem qualquer anomalia.

- Não é a Lili – falei de volta.

  Ela ficou quieta por um bom tempo. Lili que estava junto comigo rompeu o silencio:

- Desista. Ela não vai falar nada hoje.

  Mas eu não queria sair dali. Ela foi de volta para a sala e se sentou.

- Me deixa entrar? – pedi.

- Não.

  Ótimo! Sério. Muito bom mesmo, estava piorando cada vez mais. Eu não iria arrancar nada dela se ficasse ali fora, falando, basicamente, com a porta. Então resolvi fazer uma coisa que, bem, eu não acho que uma pessoa normal faria. Me encostei na porta e escorreguei até o chão até me sentar. Ela deve ter ouvido o barulho do meu corpo se encontrando com a madeira e perguntou:

- O que você esta fazendo?

- Não estou arrombando a porta, se é isso que você acha – tentei parecer bem humorado. Quer dizer, ela estava morrendo, mas ainda não estava morta.

- Obviamente você não conseguiria fazer isso, mesmo se tentasse. O que está fazendo?

- Isso foi algum tipo de insulto?

- Talvez.

  Bom, eu não tinha esperanças de que ela abrisse a porta, mas pelo menos a situação parecia um pouco melhor.

- Estou me sentando.

- Na frente da minha porta? Por que você faria isso?

- Porque eu não pretendo sair de perto de você. Nem hoje e nem Nunca. Então, se você não vai abrir a porta, acho que vou ter que ficar do lado de fora mesmo.

  Depois disso ela ficou quieta pelo resto do dia. Pedi para Lili me trazer comido ali, se possível. Porque eu não sairia dali até Grace sair, e Lili devolveu meu pedido com um olhar que dizia algo como: “Fala sério?” e eu assentia como quem diz: “Estou falando”. E acabou que ela realmente levou coisas para eu comer durante o dia. O que me impressionou de leve.

  E no final do dia, quando todas as luzes estavam apagadas. E todo mundo na casa já estava dormindo. Eu já estava completamente dolorido por ficar encostado numa porta, com as costas arqueadas numa posição ao extremo do errado, alem do sono que estava simplesmente forçando meus olhos a se fecharem. Coloquei um cigarro na boca e comecei a brincar com ele, jogando ele de um lado ao outro entre os dentes. 

  Parei quase que imediatamente quando uma voz veio de dentro do quarto de Grace.

- Você ainda está aí?

  Esperei um pouco para ter certeza de que ela tinha realmente falado. E quando tive certeza respondi:

- Claro. O que foi que eu disse?

- Vai ficar mesmo aí até eu sair?

- Sim.

- Promete? – o.k, essa foi a parte em que eu tive vontade de arrombar a porta e abraçar aquela garota.

- Prometo.

  E foi assim que passei minha noite. Num corredor escuro, frio, ouvindo barulhos dos outros quartos, até adormecer sentado abraçado aos joelhos.

                                                                      ***

  Sinceramente, espero que ninguém, nunca experimente a sensação de estar dormindo encostado em uma porta e de repente alguém dentro do cômodo puxar ela e te derruba. PORQUE FOI ASSIM QUE EU ACORDEI!

  Já era de manhã. Dava para perceber claramente isso. Cedo, provavelmente. E eu me encontrava caído no chão feito uma barata tonta, olhando para Grace de um ângulo... Incomodo.

- Estava começando a ficar com fome – disse ela, sorrindo.


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Notas finais do capítulo

e então?



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