Pequenos Infinitos escrita por Uriba


Capítulo 1
CAPITULO 1


Notas iniciais do capítulo

Leiam e falem se gostarem, por favor.



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A vida é composta de coincidências. Uma pode levar você a conhecer alguém ou alguma coisa, que levara você a conhecer outro alguém ou alguma coisa relacionada a primeira e assim você segue, sempre. Pelo menos eu penso assim, não acredito no destino imutável do qual algumas pessoas falam. Um destino o qual você tem de seguir pelo simples fato de ele ser o seu Destino.

Minha mãe é escritora, ela escreve romances. Vendem bem, eu já li todos eles, não são meus preferidos, mas eu leio mesmo assim. Eu odeio terminantemente romances, porém minha mãe os escreve e eu me sinto meio na obrigação de ler. E eles geralmente falam constantemente sobre encontros do destino, pessoas que se encontram, se conhecem e se apaixonam simplesmente por que estavam destinados a se encontrar e tal. Isso pra mim é completamente errado, mas eu prefiro ler e ficar quieto. Escritores geralmente escrevem o que eles querem, é uma invenção. Fictício. Não tem por que discutir. Porem tem aquelas que são baseadas em histórias reais, mas eu nunca li e nem quero.

Sou totalmente contra essa coisa de paixão e tal. Não quero me apaixonar. Não do jeito que as pessoas se apaixonam hoje em dia. Elas dizem que estão apaixonadas e dias depois largam da pessoa, como se a paixão pudesse ser um sentimento passageiro, mas ela não deveria acontecer assim. Não se apaixona por uma pessoa logo após conhecê-la, se apaixonar é possível, raro acontecer ultimamente, mas possível. Porém na minha cabeça tudo isso esta acontecendo completamente errado. O.k, talvez não seja o caso de eu não querer me apaixonar, só acho que se isso acontecer teria que ser algo verdadeiro, com alguém que eu sentisse que também é verdadeiro. Infelizmente eu sou um garoto de quinze anos, sem um histórico de relacionamentos e com uma leve atração por garotas que ou me rejeitaram ou simplesmente nunca ficaram sabendo que eu estava a fim delas.

Ouvi minha mãe gritar meu nome e me levantei fechando o livro que estava lendo. Era um dos dela, talvez o único que eu estava gostando de ler. Chamava-se Pequenos infinitos. Falava dos momentos da vida que parecem ser infinitos, porém não era meloso como os outros. Pequenos infinitos era o que eu queria para mim. Contava a história de um cara que se apaixonava por uma garota incrivelmente linda e tentava conquista-la, mas eles só ficavam juntos no fim e em uma viagem os dois sofriam um acidente de carro e ele ficava paraplégico e o livro acabava quando ele perguntava a sua mãe onde estava a garota e a mãe balançava a cabeça negativamente.

Era uma bela história. Minha mãe gritou de novo, mais alto e percebi que tinha ficado contemplando o livro em vez de ir ver o que ela queria(e fazer ela parar de berrar o meu nome, claro). Desci as escadas e fui até o escritório dela, onde ela escrevia suas historias. Entrei sem bater e ela começou a falar assim que eu passei pela soleira da porta.

– Preciso que você vá até a livraria e compre um livro para mim, aqui esta o nome. - Ela se pós a explicar sobre o que era o livro, o nome, me deu um papel e comentou que seria útil se eu fosse rápido - Apesar de que eu sei que você sempre demora quando vai à livraria. - Completou.

E ela estava a ponto de começar a falar para que eu tomasse cuidado, mas eu avancei com passos largos e sai da sala fechando a porta atrás de mim sem olhar para ela. Que eu tinha certeza, mesmo sem ver, balançava a cabeça em desaprovação ao meu “Ato de Desrespeito”. Vesti um casaco porque parecia estar extremamente frio lá fora, peguei as chaves e sai. A livraria ficava a algumas ruas de casa e no caminho eu fiquei observando o que tinha para se ver na rua naquela manhã. Alguns mendigos, carros normais, alguns postes de luz que começavam se apagar deixando a rua um pouco mais escura e notei também que tinha pouca gente na rua.

Quando dobrei a esquina da rua da livraria eu vi um casal com roupas meio que combinando, eles seguravam na mão de uma criança, provavelmente sua filha. A mulher era bonita, cabelos pretos na altura do ombro levemente ondulados e olhos castanhos contrastando. E tinha um rosto bonito. A garotinha tinha o rosto um pouco arredondado e os cabelos pretos estavam presos em duas tranças, uma de cada lado, jogadas para trás e usava luvas, o que eu achei uma ótima ideia, minhas mãos estavam congelando. Ela usava uma blusa que parecia bem pesada e fazia-a ficar parecida com uma bolinha. O pai dela era alto, uns 30 centímetros maior que a mãe, tipo, quase dois metros de altura, ombros largos e mesmo não estando com os braços descobertos eu percebi que ele era bem musculoso porque a garotinha começou a gritar de novo de novo e os pais a ergueram no ar por alguns segundos segurando em sua mão enquanto ela dizia mais alto. E eu me perguntei se um dia eu faria aquilo com minha mulher e filha. Ou filho, apesar de eu, ao contrario do normal dos homens, preferir que fosse uma menina. Tirei o pensamento da cabeça enquanto eles passavam por mim e levantavam a filha de novo, dessa vez um pouco mais alto.

Empurrei a porta dupla de vidro da livraria e tirei o papel que minha mãe havia me dado. Ela queria um livro chamado Tudo sobre cobras e serpentes, bom, nem preciso dizer sobre o que ele falava.

Foi fácil achar porque ele tinha uma capa decorada com varias fotos de serpentes como se fosse um álbum, com legendas em baixo de cada uma delas. Olhei para o outro lado da livraria, onde eu sabia que ficava a maioria dos livros da minha mãe e vi uma garota. Bonita, muito bonita, cabelos pretos e longos, que percorria suas costas e adquiria um leve tom castanho quando a luz batia nele. Era baixa, mais que eu e parecia estar procurando um livro na prateleira onde ficavam os da minha mãe. Decidi ir até lá para (1) olhar ela de perto e (2) descobrir o que ela estava procurando.

A livraria toda era organizada com estantes de livros não muito altas, eu ocupei um lugar atrás de uma delas fingindo olhar alguma coisa enquanto olhava por cima para a garota. Não conseguia ver o que ela estava lendo. O livro estava aberto nas mãos dela. Mas logo ela o fechou e devolveu a prateleira. Eu fiz o mesmo com o que estava segurando e quase sem tirar os olhos dela peguei um livro, um dos mais odiosos dos que minha mãe tinha escrito (em minha opinião) e fui parar do lado dela, abri o livro e comecei a fingir que estava lendo enquanto lançava olhares para ela torcendo para que ela não percebesse. Meu livro se chamava Destinados ao amor, sério, era horrível. Um dos que menos tinham vendido e que só atraia gente que gostava de poesia e filosofia. Contava a história de um casal, obvio, mas se passava em uma época antiga, em Londres. Cara, era muito chato. Eu quase não tinha conseguido terminar de ler.

A garota ao meu lado pegou mais alguns livros, mas parecia não estar achando o que estava procurando e chamou uma das moças que trabalhavam na livraria. Betty, li em seu crachá. A Garota Bonita perguntou a Betty:

–Por favor, eu não estou achando um livro. Ele se chama Destinados ao amor.

Sério cara, aquilo de repente estragou completamente toda a aparência dela e eu tive vontade de jogar o livro na cabeça dela. Mas simplesmente me virei e cutuquei o ombro dela.

–Aqui - eu disse.

Ela se virou meio surpresa. A voz soando muito bem. Calma. Aquilo me deu quase uma vontade de me apoiar nela de dormir.

–Ah, obrigada. -disse simplesmente e achei que a conversa iria acabar por ali, mas eu me senti na obrigação de avisar.

–Não é muito bom, sabe...

–O que?- ela se virou confusa.

–O livro. Foi o pior que minha mãe escreveu.

Ela olhou para a capa, tive a impressão de que ela também não estava achando aquele livro o Maximo.

–Sua mãe?!- “Ops”, pensei.

–É, sou filho da Incrível Alyssa Grayson. Set Grayson.

–Olá, filho da Incrível Alyssa, Set. – ela sorriu- Obrigado pela dica, mas uma amiga pediu para que eu lesse isso – Ela levantou o livro – Realmente não parece muito bom, mas eu vou tentar. Obrigada mesmo assim.

Estávamos sozinhos agora, a atendente tinha saído depois de eu dizer quem era, provavelmente ela achava que eu estava mentindo para parecer legal para a Menina Bonita, o que não deixava de ser verdade. Mas a garota pareceu não se importar com aquilo e estava se virando quando eu disse:

– Se eu fosse você eu leria Pequenos Infinitos.

Não que eu estivesse tentando fazer uma propaganda para minha mãe, na verdade eu nem gostava de comentar sobre os livros que eu lia, não gostava de compartilha-los com os outros, mas eu senti um pouco de pena por aquela garota, que teria que desperdiçar horas lendo aquele livro tedioso.

–Hum, posso tentar - disse ela sem dar muita importância.

–Sério, é bem melhor que esse. – apontei para o Destinados ao Amor.

Eu alcancei um exemplar de Pequenos Infinitos e entreguei a ela, que o pegou e juntou ao outro.

Ela olhou de relance para o livro que eu segurava e eu lhe mostrei o livro sobre as cobras.

–Minha mãe que me mandou comprar, eu não gosto de cobras nem nada do tipo, caso você tenha pensado nisso.

–Não pensei nisso. Mas sua mãe não escreve romaces? Para que ela vai usar um livro sobre cobras?

Eu vi minha chance.

–Me de seu numero e quando eu descobrir eu ligo para falar.

Ela olhou desconfiada e eu tirei uma caneta do bolso. Certo, não foi o jeito mais inteligente de pedir aquilo e eu tirar uma caneta do bolso provavelmente a surpreendeu. Mas eu não estava de fato dando em cima dela, eu só estava dando em cima dela. Eu não precisava ser nada excepcional, considerando que ela provavelmente nem iria atender mesmo se passasse o número.

– Bom, talvez ter contato com o filho da Incrível Marry Grayson me traga algo de bom no futuro – Ela pegou a caneta e meu livro sobre cobras e anotou o número.

– Talvez – Eu disse.

Fomos para a fila em silencio até que ela disse.

– Então, você sempre carrega canetas no bolso? Ou você previu que me encontraria?

– Um cara tem que ter sempre sua caneta no bolso, para o caso de encontrar a garota mais gata da vida dele e precisar do telefone dela – Eu disse sorrindo.

– Certo, entendi. - ela disse simplesmente e se voltou para o caixa e deu os livros para ele, os dois, eu notei. Tanto o Destinados ao Amor quanto o Pequenos Infinitos.

Ela se virou e enquanto eu pagava meu livro sobre Cobras mortais e assassinas ela me perguntou:

– Então, quantas meninas gatas você encontrou ultimamente e que precisaram da sua caneta?

– Bom, você pode perceber que eu não sou um cara gato, então faz alguns anos que eu nem uso meu celular. De acordo com as minhas contas, você é a Única gata que eu encontro em dois anos.

– Uau. – ela sorriu, provavelmente porque eu parecia extremamente constrangido e eu estava mesmo. – Que sorte a minha então! – ela brincou balançando a cabeça negativamente e sorrindo enquanto ia embora.

Na boa, eu até agradeci por ela ter ido embora porque mais alguns minutos e não ia sobrar água no meu corpo para que eu pudesse suar de tanto nervosismo.


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Notas finais do capítulo

E ai?



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