Viver fugindo não estava nos meus planos aos vinte anos.
Na verdade, olhando para trás, eu pensava que nessa idade eu já estaria no meu penúltimo ano de faculdade, quase terminando o curso de direito na Universidade de Chicago. Teria um trabalho e moraria, provavelmente, em um apartamento minúsculo e alugado.
Bom, pelo menos uma das coisas eu tinha conseguido.
Os lugares que eu ficava a cada poucos meses eram pequenos e pitorescos. O que ocupava naquela época talvez fosse um dos melhores que já tinha ficado, ao menos tinha uma sala e bichos asquerosos não se arrastavam para dentro do imóvel toda noite. Era uma região relativamente tranquila também, não costumava ouvir gritos pedindo ajuda durante a noite como em outros bairros que conheci, mas aquilo provavelmente se devia ao tamanho da cidade. Eu não me importava, não conseguia chamar nenhum daqueles lugares de casa. Porque não importava para onde fosse, eu não estaria indo a lugar nenhum... Estaria apenas fugindo.
Nada da minha realidade na época se comparava à vida que tinha perdido. No passado eu vivia em uma casa de dois andares em um bairro de classe média de Chicago. Não era rica, mas vivia uma vida bem confortável com uma vizinhança tranquila.
Mas não era o quarto decorado, a casa com climatizador de ar embutido na ventilação ou até mesmo a cidade grande que mais sentia falta. Era de um dos moradores da casa ao lado da minha.
Eu era amiga de Edward Cullen desde que me entendo por gente. Minhas primeiras vezes tinham sido acompanhadas por ele, sendo Edward parte daquilo ou não, mas sempre estava lá.
Edward era filho de Esme e Carlisle Cullen, meus vizinhos e tios. Esme e minha mãe, Renée, eram melhores amigas e se conheciam desde crianças, por isso, faziam quase tudo juntas, e, assim, minha convivência com Edward era frequente.
Minha mãe e minha tia costumavam dizer que, eventualmente, iriamos nos apaixonar e algum dia meu pai me levaria até o altar. Pra mim, aos dez anos, aquilo não fazia nenhum sentido. Até então meu único interesse em meninos era puramente para brincadeiras, mas é claro que aquilo foi mudando lentamente.