Não sabia se ficava feliz ou indiferente pelo fato de que todos os alunos iriam para Hogsmeade enquanto eu estava ali, na torre de astronomia simplesmente admirando a paisagem. Balancei os pés e o vento forte os fez cortar uma rajada de forma hilária. Fiquei observando aqueles insetinhos da beira em qual permaneci sentada, todos tão patéticos. Quando iriam perceber que não importa o quanto me neguem, o quanto tentem fingir que não me veem, eu vou continuar aqui.

Sim, é um dia de amargura. Passei o dia inteiro longe de Draco, isso estava acabando com meu humor. Mesmo assim ainda teria que ser venenosa o suficiente para encantar Harry um pouco mais. Apenas o suficiente para que ele me contasse exatamente tudo o que se passava em sua cabeça, na cabeça de quem os cercava e a forma mais rápida de fazê-los parar. Não é um ponto meu querer matar todos que estão com ele, mas se vier a acontecer, não vai ser por outro motivo que não minha própria defesa.

Um barulho, um arfar e um sopro, saltei para trás dando impulso com um feitiço e cai em pé em cima da borda do local em que estava sentada. Harry me olhava atônito. Sorri um pouco.

– Não se apavore, não foi o maior lugar em que fiz isso. - digo voltando a sentar

Ele veio para perto ainda meio assustado, mas tentando não demonstrar.

– Porque não vai a Hogsmeade?

– Porque não tenho pais, nem tutores legais, nem um professor que assine por mim quando eu não puder ir. - o olhei como uma leve dica

Seu sorriso de pego em flagrante foi uma doçura de ver... digo, interessante. Ele sentou ao meu lado e ficou mexendo em um galho que havia ali.

– Quer ir comigo até a casa dos gritos e depois ir beber?

O olhei com as sobrancelhas arqueadas e um sorriso de descrença. Está investindo mesmo, não é Potter?– pensei para mim mesma.

– Claro, porque não?! Não vai ter um batalhão querendo me matar mesmo, não é? - pergunto jogando um pouco da verdade em sua cara na forma de pura brincadeira.

Ele ignorou este fato e simplesmente levantou, esticando a mão. O olhei nos olhos por um segundo e então segurei sua mão, virando para ele e descendo da beira.

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Sabia que ele ia fazer questão de passar em frente ao local em que Draco estava, mas já havia explicado muito bem ao Draco que se alguma confusão rolasse teríamos que reavaliar todo o plano e nunca mais daria certo. Seus olhos cinzas nos encararam por meros segundos antes de ele virar e voltar a falar com a Dafne e a irmã corvina nojentinha dela. Isso tão foi um tipo de tapa para mim, mas com todo o orgulho literalmente Sonserino que corre em minhas veias, virei o rosto para frente, segurei a mão do Harry e segui com ele para o mais distante possível daquele lugar.

Paramos bem em frente a casa dos gritos e eu logo sorri. Olhei Harry.

– Não foi aqui que você reencontrou seu padrinho? - pergunto deixando bem claro que eu sempre saberia muito mais dele do que ele saberia de mim

Seus olhos demonstraram a confusão e eu simplesmente continuei sorrindo venenosa e segui o caminho de neve todo para dentro da casa.