DLP - Here We Go Again escrita por Loreline Potter, Milady Black


Capítulo 9
Um café por favor


Notas iniciais do capítulo

Gente o site em que as imagens ficam hospedadas não quis colaborar, então nada de capa por enquanto. Espero que gostem do capítulo!
Ninguém adivinhou quem veio visitar Lily...



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"Abraçar Lílian foi o mais perto de casa que estive em meses."

Lílian POV

Mais leve, era como eu me sentia, como se o peso do mundo me tivesse sido tirado das costas pelo simples fato de eu ter enviado aquela carta pra Sara. Eu sabia que a resposta dela não seria a mais amigável e tranquila, mas ainda assim seria a opinião de minha melhor amiga, que às vezes era tudo que eu precisava. Era incrível como Sara tinha o poder de fazer com que eu me sentisse melhor, mesmo quando tudo que ela fazia era me dar um chocolate e me mandar encarar o mundo como ele realmente era nem mais, nem menos.

Acordei bem cedo naquela manhã de domingo, eu tinha ido dormir cedo de modo que antes que o sol despontasse lá estava eu me esgueirando para fora da academia. Aquele não era o acordo exato que eu fizera com a Madame Delacour porém não achei que ela fosse realmente se importar. E mesmo que ela se importasse o mais importante era que, no momento, era eu quem não me importava com regras.

O ar estava gelado e eu usava um dos enormes moletons que roubara de James ao longo dos anos, caminhei algumas quadras, e sem perceber fui aumentando a velocidade, quando dei por mim já corria livremente pelas ruas praticamente desertas de Paris. O vento batia em meu rosto me trazendo uma sensação de paz que remetia a anos passados, quando eu podia acordar com a perspectiva de fazer o que mais gostava, percorrer os ares em alta velocidade, exigindo sempre mais da vassoura e de mim mesma, com um céu de possibilidades e apenas minha força de vontade como limite.

Mas as coisas mudam e eu estava tentando me acostumar com as coisas como elas são. Correr nunca será tão bom quanto voar, mas a sensação de liberdade gerada é a mesma. Todos os dias eu percorria novos caminhos e descobria novas facetas de Paris. Os meus passos não tinham destino certo, cada esquina me levaria a um novo lugar e novamente apenas a minha força de vontade em seguir em frente era o limite.

Passei por praças e parques e quanto mais cansada ficava, mais feliz me sentia. Era como se eu e apenas eu fosse a dona do meu futuro, e naquele momento eu era, eu decidia o meu caminho, pra que lado correr e nada mais importava.

Já voltava para academia, caminhava sorrindo para o nada quando uma movimentação me chamou a atenção, o café em que eu estivera no dia anterior com David já estava aberto, o jovem garçom limpava as cadeiras do lado de dentro. Sem pensar muito me dirigi até lá.

–Um café por favor. – Pedi apoiada no balcão, o atendente não me encarou, porém assentiu e foi repassar meu pedido, eu não sabia exatamente o motivo de estar ali dentro, mas sabia que tinha uma missão. Me desculpar pelo que David havia feito no outro dia, a verdade é que entre tantas ações dele que não me agradaram, aquela talvez tenha sido a que mais me incomodara.

–Aqui está. Mais alguma coisa? – Me pediu o jovem trouxa de modo gentil, a caneta estava em sua orelha e um genuíno sorriso estampava em seu rosto.

–Sim, eu gostaria de me desculpar por ontem. – Falei antes que ele pudesse se afastar.

–Não tem problema de verdade. – Respondeu o moço em seu francês mil vezes melhor que o meu.

–Tem sim, ele foi um idiota com você, então me desculpe. – Murmurei dando um gole no café, que como da ultima vez estava maravilhoso, ele retirou a caneta de onde estava e passou os dedos pelos cabelos claros antes de me dizer com um sorriso.

–Eu sou um atendente em um café na França, pode apostar que já ouvi insultos piores de outros ingleses. – Assim que disse isso, ele saiu do balcão para atender uma mesa na calçada, não pude evitar um sorriso frouxo de satisfação.

Bonito e educado, quem diria? Eu provavelmente não. O jovem estava logo cedo trabalhando, enquanto tomava meu café me perguntei o que o teria levado a tal situação, o sol nem havia nascido e lá estava ele, ao entardecer lá estava o jovem garçom servindo mesas com a mesma disposição.

Terminei meu café e voltei para a mansão, onde encontrei Lana já arrumada lendo em sua cama.

–Ah Merlin, onde você estava? - Questionou ela assim que abri a porta, largou o livro e ficou me encarando com aquele olhar típico de Lana quando estava preocupada com algo. O que normalmente não significava que vinham notícias boas por aí.

–Correndo. – Respondi com simplicidade escolhendo uma roupa no armário pra ir tomar meu banho. Após algum tempo me observando ela voltou a falar.

–Hiroko veio falar comigo, disse que viram você chegar na academia chorando ontem. O que ele fez Lílian? – Pediu ela com firmeza.

–Seu irmão é um grande idiota. – Falei com um pouco de raiva.

–Sim ele é às vezes. Todo mundo é idiota às vezes. – Me disse ela se levantando da cama e vindo em minha direção, quase pensei que ela fosse me abraçar. Quase. Mas ela é Lana Prescott e é obvio que levantar tão cedo de manha estava afetando a minha percepção das coisas. Na verdade Lana me empurrou para o lado e pegou algumas sacolas de papel que estavam ao lado do armário e então as deu pra mim.

–O que é isso?

–São roupas, as suas estão péssimas Potter, o inverno está chegando e achei que não iria fazer mal. Além disso, eu precisava de uma terapia de compras. – Explicou ela dando ombros.

–Então foi pra isso que você saiu ontem à tarde? – Pedi enquanto examinava as peças de roupas com cuidado para não sujá-las, afinal eu ainda estava meio suada de tanto correr.

–Foi, na verdade não foi só o meu irmão que apareceu por aqui ontem. – A encarei com curiosidade, o que ela quis dizer?

–Alvo apareceu? – Em resposta a minha pergunta Lana apenas fez sinal negativo com a cabeça. Bem, não me culpe por ter esperanças, Alvo continuava desaparecido do mapa. Segundo a carta de meu pai minha mãe já estava quase formando uma equipe de busca. Desnecessário dizer que enquanto ela provavelmente andava de um lado para o outro preocupada meu pai deveria estar sentando tranquilo tomando seu chá e lendo o jornal.

–Mas James nem me disse nada! Ah Merlin é possível que James e David tenham ambos vindo pra cá um sem saber do outro? – Perguntei começando a me preocupar seriamente com a situação.

Novamente eu estava encrencada.

–Ao que tudo indica sim, parece coincidência de mais pra ser verdade, ainda mais agora que são companheiros de apartamento. – Comentou Lana, concordei meio que automaticamente, até que parei para pensar no que ela havia dito.

–Como diabos você sabe que eles estão morando juntos?

–James me contou. – Respondeu ela me olhando como se eu fosse à louca ali. Enquanto isso eu tinha a distinta sensação que começaria a sair fumaça de meus ouvidos a qualquer momento.

–O que? – Foi tudo que consegui expressar.

–James Potter, seu irmão mais velho, te falei que ele esteve aqui, passou a tarde comigo e entre uma conversa e outra ele me disse que meu irmão morava com ele.- Disse ela como se fosse a coisa mais normal do mundo.

–Inacreditável Prescott! – Exclamei deixando a sacola cair no chão de propósito, coloquei uma toalha nas costas e rumei para o banheiro.

–O que é inacreditável? – Perguntou Lana vindo atrás de mim.

–Você atacando o meu irmão. – Falei tentando fechar a porta o que era difícil com ela fazendo força para mantê-la aberta.

–Credo Potter, eu não ataquei seu irmão coisa alguma, eu fui fazer compras e ele carregou as sacolas! Na verdade você deveria é me agradecer!

–Não sei o por que disso! – Gritei de volta.

–Acorda Lílian! Eu te dei cobertura a tarde toda, seu irmão queria te ver mas você estava com o idiota do meu irmão de modo que tive que distrair o gostoso do seu irmão, ou então a essa hora toda a sua família saberia do seu envolvimento com um professor... – Lana falou tantas vezes a palavra irmão que em um dado momento eu simplesmente parei de prestar atenção, mas eu pegara o principal. Lana me ajudara, não contara nada pra James e ainda tinha me dado cobertura. - ...você já pensou a loucura que ia ser se seu super-protetor irmão mais velho descobrisse? Ainda mais agora que eles moram juntos, seria uma tremenda de uma confusão que com certeza terminaria com o meu irmão sendo um sem teto e a culpa seria toda sua afinal...

–Obrigada Lana. – Falei interrompendo o falatório.

– ...a princesinha do papai Potter e... o que foi que você disse? – Pediu me olhando surpresa.

–Eu falei obrigada Lana. – Repeti sorrindo com leveza.

–Uau! E eu que pensei que esse dia nunca chegaria. – Falou ela sorrindo bobamente.

–Agora será que dá pra me deixar tomar banho? – Lana se afastou da porta de modo que pude fechá-la e assim ir para o chuveiro, correr era ótimo, mas o banho no final fazia parte do ritual.

Lana tinha me ajudado nessa, por outro lado em nada me agradava o fato dela se aproximar de James. Parecia errado ainda mais Sara estando tão longe, por outro lado se eles quisessem começar a sair o que eu poderia fazer? Quer dizer, Lana apesar de tudo nem era tão ruim assim e James estava precisando de uma companhia divertida.

Talvez ela pudesse fazer bem pra ele.

Ou então eu estivesse ficando louca de considerar a hipótese, Sara com certeza jamais me perdoaria por não ter dado um jeito de afastar os dois.

Pensar nisso fazia com eu me lembrasse de outro problema, eu contara muita coisa pra Sara na carta, porém não falei nada do acidente e o fato de eu saber muito bem quem tinha enfeitiçado aquele balaço. Mas às vezes eu mesma me esquecia que tinha sido Lana, não me fazia bem ficar lembrando do acidente e com certeza não ia ajudar em nada ficar remoendo o assunto. Pensar nisso pioraria minha convivência com Lana Prescott, afinal a vida estava se ajeitando, mas ainda assim eu sabia que se não fosse por aquela queda eu estaria bem longe daqui treinando e jogando o quadribol profissionalmente.

Me policiei para sair dessa linha de pensamento, não adiantava nada lamentar agora, as coisas eram diferentes, a vida seria diferente. Eu daria meu jeito, afinal eu era capaz disso, tinha que saber a me adaptar as circunstancias.

Aos poucos a vida foi virando rotina na academia francesa, Sara não respondeu minha carta o que me deixou preocupada, talvez a coruja tivesse se perdido, talvez a castanha não soubera o que responder ou talvez ela não pudera me responder por conta do treinamento. Hugo e Heloíse mandaram mais duas cartas, na primeira eles contavam que estavam se despedindo de Portugal e pretendiam ir para a Espanha, na segunda apenas Hugo escreveu e segundo ele decidiram de última hora deixar a Espanha para conhecer no verão de modo que preferiram ir para Itália. Ainda segundo meu primo, as noites e os dias se confundiam e Heloíse estava trabalhando como garçonete por pura diversão, já ele gostava de sair durante a noite e conhecer gente nos bares.

Nas duas vezes em que a carta deles chegou Lana insistiu para ler também, eu sabia que ela queria saber o que se passava com Hugo, mesmo que ela negasse de pés juntos, James me visitou outras vezes e agora Lana nos acompanhava por Paris. Era estranho como eles se davam bem, viviam a se provocar e ambos riam facilmente de qualquer coisa. David não mandou notícia ,mas James disse que ele estava trabalhando muito pois estava desenvolvendo uma poção inovadora.

Eu diria que não tinha nada de inovador em me evitar, mas novamente, não podia falar nada a ninguém. Lana sabia que David era um idiota e até mesmo falava isso, mas ai de quem dissesse isso a ela, James não poderia nem sonhar que eu tive algo com David ou que ele havia sido um idiota comigo. Assim pensava sozinha que se ele queria se enterrar em poções por mim tudo bem, eu não me importaria nem um pouco se ele levasse a palavra enterrar a um sentido literal e afundasse sua cabeça em um caldeirão com uma poção fervente. Nem. Um. Pouco.

Passei a correr todas as manhãs, cada vez com mais intensidade, eu me sentia mais forte e me preocupava o fato de estar esfriando, logo eu não aguentaria o frio e teria que dar uma pausa em meu exercício diário. Outra coisa que também se tornou rotina foi passar naquela charmosa cafeteria praticamente todas as manhãs. O que começou a render conversas interessantes, na verdade momentos interessantes, e assim um dia após o outro ficou mais fácil não pensar em David.

Flashback On

–Vai tornar um habito passar aqui para um café após sua corrida? – Me perguntou o rapaz assim que me viu entrar pela porta de vidro. Ele sorria enquanto vinha em minha direção. Seu sorriso fácil parecia tirar um peso dos meus ombros a cada manhã.

– Algum problema se fizer?- perguntei respondendo ao seu sorriso fácil fazendo-o sorrir mais ainda. E não era a toa que o café vivia cheio de jovenzinhas murmurando e dando risinhos quando ele passava.

– Nenhum, eu até que gosto da companhia – Ao ver o meu olhar ele ficou um pouco vermelho e se apressou em limpar o balcão já limpo. Sorri constatando o que provavelmente as cinco moças da mesa no canto do café já tinham descoberto, ele era totalmente fofo. Acho que caras que ficam constrangidos por pouca coisa tem se tornado cada vez mais raros.

–Em minha defesa esse é o melhor café que já provei. – Respondi me sentando em um banco alto encostado no balcão.- E a companhia também é boa- Acrescentei apenas para vê-lo ficar mais vermelho ainda. Era legal por uma vez não ser eu a ficar semelhante a um tomate graças aos meus genes de ruiva

–É porque minha mãe é a melhor cozinheira que você irá encontrar na vida. – Disse com um sorriso e sem jeito resolvendo ignorar a última parte da conversa, continuando a lustrar o mesmo canto já brilhante do balcão.

–Você diz isso porque nunca comeu a comida da minha vó. – Falei sem me conter, a resposta dele foi apenas um sorriso antes de voltar a limpar as mesas.

Tomei meu café em silêncio assim como já vinha fazendo há quase uma semana, porém antes de deixar o local não pude me conter.

–Meu nome é Lílian. – Falei parada na porta, não esperei para ouvir sua resposta me afastei na direção da escola sem olhar pra trás. Tinha um sorriso no rosto e o passo mais leve.

Sara tinha razão quando dizia que um bom café pode mudar o seu dia.

Lise tinha razão quando dizia que caras fofos são, bem, realmente um gracinha.

Lana tinha razão quando dizia que os franceses davam um novo sentido a palavra charme.

Dias depois

–Bom dia Lílian como foi sua corrida hoje? – Abri um sorriso ao ouvir aquela bela voz em seu perfeito francês.

–Cansativa. – Respondi me sentando no banco do canto esquerdo que eu já adotara como meu.

–O de sempre?

–Sim, o de sempre. – Falei sem deixar de sorrir.

–Jared, esse é o meu nome. – Foi sua resposta ao ir buscar meu café. Então eu tinha um nome agora, não sabia bem o que estava fazendo, mas tinha me esquecido o quão delicioso era flertar com um quase desconhecido.

Jared voltou com a bebida fumegante e eu olhei seus olhos, castanhos e espetaculares. Simplesmente bondosos, era olhar para aqueles olhos e você sabia que nada de ruim poderia sair dali.

–Mamãe mandou um oi. – Falou ele.

–Manda um oi pra ela também. – Disse rindo enquanto tomava meu café.

Flashback Off

Não, eu não estava apaixonada por Jared, era apenas divertido jogar aquele jogo, e ele era bem bonito, alto e forte, cabelos cor de areia e os olhos castanhos perfeitos. O difícil seria não flertar com ele, o fato de eu passar pra tomar café lá, rendia altas risadas de Lana, a mesma também se divertia me usando como boneca, ela palpitava sobre absolutamente tudo que eu usava. Por mais que eu odeie admitir Lana entendia da coisa, de algum modo ela sabia melhor do que eu o que ficaria bem em mim.

O clube de poções ia bem, eu não tinha explodido nenhum caldeirão ainda e meu maior desafio era tirar David da cabeça, como eu já disse conhecer Jared estava se tornando uma terapia eficaz, porém a regra não se aplicava ao ambiente de uma aula de poções onde tudo me lembrava meu antigo professor. Quanto às outras aulas os professores estavam começando a nos forçar a pensar em que área pretendíamos trabalhar.

–Madame Hideko quer que eu passe lá agora a noite. – Me contou Lana enquanto subíamos as escadas para os dormitórios, iríamos tomar banho antes do jantar e então depois eu teria que enfrentar a dura realidade de escolher entre as opções de carreira sugeridas pela escola. Era como viver o quinto ano de Hogwarts novamente, com a diferença que não teríamos NOM’S e a opção apanhadora da Harpyas não estava mais disponível.

O futuro já não parecia ser uma palavra que remetesse a algo muito distante, mas ao amanhã. E as decisões pareciam ser necessárias para ontem. Você sabe que esta se tornando um adulto quando tem que tomar as suas próprias decisões, e os outros podem até opinar, mas a escolha, e as consequências destas serão totalmente suas.

Em momentos como esse me sinto a pessoa mais contraditória do mundo, luto tanto por uma liberdade e ao conquista-la percebo o quão perigosa ela pode ser, as consequências serão apenas minhas, e isso é levemente assustador. Certo, levemente é apelido, eu estava apavorada com a perspectiva de começar a trabalhar, principalmente quando nenhum cargo me era atrativo.

–Você acha que ela pode te ajudar? – Perguntei pra loira que mordia os lábios em aflição.

–Sei lá, as vezes eu acho a mulher um gênio, em outros momentos tenho certeza que ela completamente pirada. – Respondeu Lana tomando a frente e entrando no quarto. Logo percebi que havia algo errado pois Lana estancou na soleira da porta de modo que tive que empurrá-la de lado pra poder passar. Foi aí que tive a melhor surpresa que poderia esperar naquele fim de ano.

Ao lado de minha cama estava parada uma pessoa e a minha surpresa ao vê-la não poderia ter sido maior. Quando entrei no quarto ela se voltava do mural na parede para a porta. Trajava apenas um leve casaco que parecia ofertar pouca proteção para o clima lá fora. Seus cabelos agora passavam do meio das costas e em suas mãos segurava a varinha.

Mas foi seu rosto que delatou a maior mudança, eu o conhecia tão bem, ele era o mesmo rosto que já tinha visto tantas vezes antes e ao mesmo tempo tinha mudado completamente. O rosto que me fitava era mais magro, mais branco e muito mais sério do que eu me recordava de tê-lo visto algum dia.

Sara Hale. Demorei alguns segundos para acreditar que a cena era real. De algum modo completamente insano minha melhor amiga viera me fazer uma visita.

Surpreendentemente ela parecia ainda mais alta desde a última vez que a vira, o modo como ela me analisava era brutal, pela primeira vez senti o que as pessoas sentiam ao receber o famoso olhar de Sara Hale. Era brutal porque ela jamais tinha me encarado de tal modo, como se estivesse enxergando minha alma, e o que visse em nada a agradasse.

Sara POV

Viajar da Rússia para a França não havia sido fácil, assim como conseguir autorização para me afastar por alguns dias da Academia. Mas eu não tinha outra opção, não depois de receber a última carta de Lily. Ela era uma das poucas pessoas com quem decidi manter contato. Certo, fora da minha família ela era a única pessoa com quem eu tentava manter contato. E isso já estava se provando imensamente difícil.

A minha turma fora inicialmente formada por 60 pessoas, eu e mais 59 homens. As idades eram variadas, entrar na Academia Auror Russa era muito difícil e o sonho de muitos que trabalhavam na área tornando comum encontrar entre os selecionados aurores já experientes que apenas após anos de formados foram aceitos e ingressaram na academia.

Era difícil entrar e mais difícil ainda sair. Não, isso está errado. Era difícil entrar e muito fácil de sair. O número de desistentes era muito grande. E tudo era considerado uma distração. Aqueles que decidiam permanecer deveriam fazer escolhas difíceis como, por exemplo, o que era considerado realmente digno de atenção no mundo exterior.

Mas eu não poderia abandonar a Lily após aquela carta, na carta ela me parecia muito confusa e irritada com a situação, o que não era comum para Lily Potter que era capaz de pegar uma situação difícil, fazer escolhas a seu respeito e seguir em frente com isso. Não estou querendo dizer que ela aceitava as coisas sem sofrer ou se revoltar, mas ela de certa forma era muito mais forte do que eu. Quando Lily sofreu o acidente fiquei desesperada com medo de perdê-la e só em pensar no que ela faria quando descobrisse que todos os seus sonhos tinham sido roubados sentia meu estômago embrulhar. Mas nos meses que se seguiram ao acidente Lily se demonstrou muito mais forte do que eu achei ser possível, ela seguiu em frente em busca de novos sonhos. Ou assim eu pensei que fosse.

Encarava Lílian tentando encontrar os sinais que sempre a identificaram como minha melhor amiga. Ela estava diferente, ambas estávamos, porém nada me prepararia pra vê-la entrando no quarto sorridente ao lado de Lana Prescott. Elas estavam até meio que parecidas, o modo como Lílian estava parada, as roupas que usava a bolsa nova no ombro. Sim, ela usava uma bolsa nova , era estranho como isso me chocava mais que a saia pregueada e as sapatilhas com lacinhos. A questão é que ela nunca abrira mão da velha mochila que roubara de James, eu bem sabia quantas vezes já tinha tentando convencê-la a me dar a puída mochila. E agora ela estava ali todo sorridente com uma bolsa de couro brilhante no ombro. Na Academia de Aurores aprendemos a ler as pessoas e seus maneirismos, cada gesto significa algo, cada pequena impressão importa na hora de identificar um suspeito. Lílian não era de forma alguma a suspeita de nada, mas se tem algo que aprende nesses meses é que se você é um auror você está sempre a trabalho, não há simplesmente um botão onde desligar o “Preste atenção em tudo a sua volta!”. Ao olhar para a bolsa de Lily só conseguia pensar em que as coisas tinham mudado.

Que ninguém me entenda mal, Lílian Potter nunca me parecera tão bonita, até os cabelos pareciam mais ruivos e brilhantes que o normal. Acontece que eu conhecia minha melhor amiga. E eu sabia que por trás daquela fachada de perfeição algo estava muito errado, bastou apenas alguns segundos pra eu perceber o vazio no fundo dos olhos castanhos. Mais do que nunca me preocupei. Eu estava acostumada com uma Lílian meio moleca que conseguiria dar a um simples vestido de flores um ar de princesinha e seus olhos carregariam um ar travesso que deveria ser um traço de família já que com frequência via os mesmos olhos de quem guarda uma piada secreta em Ja... bom de qualquer forma os olhos de Lílian tinham mudados, antes eles costumavam me encarar cheios de vivacidades como se cada dia fosse uma aventura e ela soubesse exatamente o que fazer para chegar onde queria. Mas ao fitar os olhos de minha melhor amiga um frio percorreu a minha espinha de um jeito nada bom.

Lílian Potter não tinha determinação alguma nos olhos, logo ela que sempre estava se auto impondo metas em busca de objetivos que para outros pareceriam impossível. Como ser jogadora do Harpyas, era uma carreira difícil mas quem disse que ela se importava, ela simplesmente continuava seguindo em frente trabalhado duro. Depois do acidente acreditei que ela estava melhor, agora só percebo que talvez estivesse tão enrolada com meus próprios dilemas que não percebera o óbvio. Lílian Potter estava com problemas, e após ler a carta eu tinha certeza que eles eram maiores do que eu podia imaginar.

–Hale? – Disse a Prescott em um odioso tom de pergunta, ela parecia surpresa e ao mesmo tempo pronta pra me chutar dali com suas sapatilhas de lacinho iguais as da Lily. IGUAIS!

Ah Merlin elas estavam combinando roupas, só mudava a cor da dita cuja. Um gosto amargo me subiu e eu percebi outra coisa, eu estava com ciúmes da maldita oxigenada. Me perguntei se não deveria ter ficado na fria Rússia curtindo o inverno que estava se aproximando e vendo se conseguiria chantagear Dimitri a me contrabandear um chocolate. Mas não, olhando para Lily pensei melhor, era obvio que Lana a estava enfeitando como uma boneca, mas era só eu quem conseguia ver o vazio nos olhos de Lily.

–Como vai Prescott? – Perguntei largando minha própria mochila velha na cama mais próxima de mim.

–Radiante como sempre. – Foi tudo que ela respondeu. Então se dirigindo a Lílian continuou. – Lily pensando bem eu vou agora mesmo encontrar a madame Hideko, se a máfia Rússia aparecer atrás dela é só gritar. – Disse a cobra segurando no antebraço da minha melhor amiga e a encarando com cumplicidade. Conte até dez Sara, apenas conte até dez, afinal eu não prometi a dedushka não me meter em confusões e ainda trocar seis monitorias com Dimitri, e o mais absurdo, uma caixa inteira de chocolates apenas para chegar aqui na França e arrancar os cabelos oxigenados da sonserina. Quando seus olhos azuis realçados pela maquiagem perfeita voltaram a me encarar entrecerrei meus olhos encarando-a.

–Cai fora Prescott! – Falei sem me conter, depois que falei percebi que parecia quase um rosnado. Ótimo não é como se elas não tivessem motivos suficientes pra pensar que eu estava pirando. Pelo menos a sonserina deu meia volta e bateu em retirada, ótimo, afinal, se ela ainda não estava sabendo a ‘máfia russa’ não era o seu real problema aqui.

Assim que a porta bateu atrás de Lana, voltei minha atenção para Lily, seus olhos lacrimejavam e um sorriso brincava em seus lábios.

–Eu vou te abraçar agora Sara Hale e nem a máfia russa inteira vai ser capaz de me impedir! – Anunciou ela antes de correr em minha direção.

Sim, ela estava lá, minha melhor amiga, ainda era a mesma e naquele momento até mesmo eu necessitava de um abraço apertado.

Abraçar Lílian foi o mais perto de casa que estive em meses.


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Notas finais do capítulo

NB/ E ai povo, como vcs estão nesse final de férias?
Minha gêmea a essa altura já deve ter entrando em contato com a máfia russa para eles me escalpelarem pelo atraso com a betagem do cap! KKKKKKKKKKKKKKKKK
Gente desculpe mas é que essa semana fiquei sabendo que vou ter que mudar de AP e arrumar um outro lugar para ficar de outro estado não foi tão fácil assim, além de que foi a última semana de férias (POR QUE AS FÉRIAS SEMPRE ACAMBAM TÃO RÁPIDO?!!!!!)
Mas hei, antes tarde do que nunca! Se ainda não desejei ótimo 2014 a todos os leitores!
Que esse ano seja ótimo, que você entre para a academia cofuniversidadecof que vc deseja, que vc encontre a sua versão de James Potter (acho q o meu se perdeu pelo sedex) e que hajam muitos sapos de chocolate pelo caminho!
Bjs da beta,
Milady Black
NA/ Preguiça imperando, aqui e estou cheia de coisas pra estudar. Então espero do fundo do core que os leitores voltem a comentar!
Beijos
Loreline Potter



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