DLP - Here We Go Again escrita por Loreline Potter, Milady Black


Capítulo 2
Uma Wicca


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, mesmo que eu mesma não tenha curtido muito esse capítulo. Comentem!!



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Segundo a crença Wicca o mundo todo se originou através de um gigante, que após passar éons¹ congelado derreteu, através do suor dele o mar foi criado e dele nasceram outros deuses que povoaram a imaginação dos primeiros bruxos do norte.

Ou pelo menos é isso que minha nova professora de História da Magia Wicca está falando. A senhorita Hideko está contando a lenda da criação, nunca pensei que iria ficar tão interessada na matéria, mas a velha bruxa japonesa sabe como nos manter interessadas. História da magia costumava ser a aula do soninho em Hogwarts então nunca esperei realmente prestar atenção na matéria. A professora estava usando essa nossa primeira aula para nos dar alguma noção do universo Wicca, logo eu perceberia que a escola estava mais interligada com a magia antiga do que eu imaginara.

 - Eca. – Disse uma garota que eu sabia vir de Beauxbatons, ela enrolava os cabelos cacheados e castanhos nos dedos e eu já percebera que não iria gostar dela, e bom ainda estava pra completar 24 horas desde que eu pusera os pés ali. Mas essa garota em especial sabia como não passar em branco e não era no bom sentido.

-Disse alguma coisa Viviane? – Perguntou a professora, outra coisa a que teria que me acostumar, nada de sobrenomes aqui na academia.

Parece que tínhamos que aprender a nos respeitar independentemente de que famílias tínhamos vindo. O que em minha opinião era uma baita de uma demagogia, afinal não tínhamos todas sido selecionadas e analisadas como animais na feira para conseguir a tal carta de admissão?

Quase nos dissecaram até os ossos para descobrir a nossa linhagem, crenças, filosofias de vida e se duvidar até mesmo nossas gavetas de roupa íntima para nos admitir, mas é claro que devemos deixar tudo para trás. A ideia da inspeção de roupas íntimas realmente não me parece algo que essas francesas considerariam excessivo. Já consigo até imaginar Gabriele Delacour... “Conjuntos de cetim excellent! Peças de renda magnifique! Peças de algodão... Oui, Calçolas com desenhos de vaquinhas?! Out Out!”.

-S'il vous plaît enseignant2... – Começou ela em seu francês natural, o que me fez revirar os olhos, franceses e seu orgulho besta.

-Em inglês por favor Viviane, ou então vou começar a falar minha língua materna e ninguém mais irá se entender. – Pediu madame Hideko com as mãos sob o vestido caramelo de renda que lhe recobria o corpo magro e reto. Me pergunto se alguma vez já existiu algum oriental gordo...Tirando os lutadores de sumô é claro.

 -Me desculpe, mas fala sério! O mar é o suor de um gigante? Isso é nojento. – Falou ela e as duas seguidoras também francesas concordaram com a garota morena. Me perguntei momentaneamente de onde surgiam essas garotas que seguiam as outras sem formar nenhum tipo de opinião própria. Será que talvez esses Gigantes também não as teriam criado, todas surgidas da mesma fornalha intitulada “ Peitudas sem cérebro”? Olhando para Viviane imaginei de que parte de um gigante ela viria? Ranho de nariz, talvez?

Sem me conter soltei um risinho fazendo com que atenção da professora viesse em minha direção. Mas que beleza Lílian Potter, não dá mesmo pra sobreviver a uma aula sem maiores constrangimentos, né?

-Algo a acrescentar Lily? – Antes que pudesse segurar minha língua disse o que realmente pensava sobre aquela coisera de deuses e gigantes.

-São apenas histórias, quem liga se alguém um dia disse que o mar é o suor de um gigante? É só uma lenda.  – Comentei deixando minha incredulidade transparecer em minha voz. Achava meio inútil perder tempo estudando algo que certamente é mais do que fictício e com doses excessivas de fantasia. Se até eu começara a perceber que a vida realmente não é nenhum conto de fadas, então porque perder tempo com algo que é certamente ainda mais absurdo do que histórias infantis? Pelo menos estas pareciam mais verossímeis.

Eu, pelo menos, acreditava mais na ideia de que um cara que supostamente “te ama” apenas consegue te reconhecer através de um sapatinho de cristal, e será que o dito príncipe não tinha um fetiche meio estranho aí, do que me dispor a refletir sobre gigantes que eram picolés salgados. Era interessante, como eu já disse, mas ainda assim meio inútil.

-Histórias nem sempre são apenas histórias. – Falou a mestre oriental sorrindo de modo enigmático ao me encarar.

-Sim elas são! Histórias são histórias e fatos são fatos. Como preto no branco. – Disse Lana que até então estivera calada no fundo da sala, e eu que pensei que a oxigenada estivesse dormindo.

-Me diga então senhorita Lana, é sempre fácil diferenciar as coisas? É fácil saber o que é ruim? O que é bom? O que é mentira? O que é verdade? – Indagou a professora com uma sequencia rápida de questionamentos.

A Prescott foi poupada dessa resposta pois a sineta que nos liberava para o intervalo do meio da manhã soou e logo as vinte garotas que compunham minha turma se levantaram rapidamente.

-Ela é pirada. – Falou Viviane para as duas sombras antes de se levantar e deixar a sala com sua bolsa de marca no ombro. Me deixei ficar em minha cadeira confortável sem realmente ter vontade de ir para o pátio, ainda não me sentia em casa naquela escola. E aquela sala de aula era tão envolvente, tão diferente de qualquer outra que já tivesse frequentado que me distraí observando o ambiente.

As paredes eram de um tom claríssimo de amarelo, porém era quase como se houvesse mais janelas que paredes, no teto uma claraboia circular cheia de desenhos da lua em diferentes fases. Das janelas pelo lado de fora cresciam várias flores e trepadeiras quase como se estivéssemos em um santuário no meio de um imenso jardim.

-Algum problema? – Me perguntou a senhorita Hideko ao ver que eu ainda estava ali.

-Não professora, apenas estava observando sua sala. – Respondi me levantando rapidamente batendo o joelho em minha própria mesa no ato impensado, droga nem as mesas dali eram boas como as de Hogwarts.

-Sim, sim eu gosto dela. Por vezes é difícil ser uma Wicca sendo como sou. –Comentou a professora passando as mãos nos cabelo negros e brilhantes.

-Sendo como é? – Pedi curiosa mesmo com medo de que estivesse sendo indelicada.

-Eu sou uma filha do sol Lílian, meu próprio nome é uma pista disso. As Wicca se fortaleciam durante o luar, já eu, estou em meu auge ao nascer do sol. – Tentando não demonstrar meu espanto diante daquela afirmação, acenei com a cabeça e tratei de deixar a sala iluminada.

Não que eu quisesse concordar com a tal Viviane mas acho que a tal Hideko era realmente um pouquinho pirada.  Que loucura é essa de filha do sol? E sobre ser uma Wicca? Todos esses símbolos e referências aos celtas me assustavam, não era comum. Nós somos todos bruxos, não há segredo algum nisso, é isso que aprendo desde meus sete anos quando manifestei magia pela primeira vez. É nisso que acredito, é nisso que sempre vou acreditar. Como para me confortar toquei minha varinha no bolso de trás de meu jeans, pelo menos isso continuava normal.

Afastando esses pensamentos incômodos, me deixei ser levada pelo corredor até os jardins da escola. Todos os corredores da academia eram pintados de branco e ostentavam quadros, retratos e símbolos que ainda me eram estranhos, todas as molduras eram douradas, temia que fosse ouro. A escola em si não era muito grande, não passava de uma grande mansão, com seus quartos, salões e banheiros. Tudo muito claro e reluzente, a casa passava por constantes reformas o que batia de frente com a antiga Hogwarts de pedra. Até onde sei uma das únicas reformas feitas em Hogwarts foi após a guerra, que foi mais uma reconstrução por conta dos estragos.

No chão, grandes e decorados tapetes nos guiavam para os mais diversos locais, salas de música, jardins internos e um grade ateliê para as práticas artísticas. As salas de aula eram todas de um tamanho médio, devido ao número limitado de bruxas, até mesmo a sala de duelos não era muito grande.

A grande casa branca fora construída voltada para o leste de modo que tão cedo estávamos em pé o sol já entrava pelas janelas dos quartos que também eram nessa parte. Nossas refeições seriam sempre feitas no salão menor, do lado sul da casa, e muitas salas de aula eram também nessa parte, a biblioteca e a direção da escola eram na parte oeste. Na parte norte, tínhamos um esplendoroso salão de bailes, por mais que a escola não fosse tão grande assim, ainda havia muitas salas que eu não descobrira.  Afinal, chegara ali na tarde anterior, tudo que sabia tinha sido me mostrado pelas alunas mais velhas que iam comentando sobre tudo enquanto nos levavam aos nossos quartos.

Sem me importar com o sol forte me deixei descansar em um banco de pedra nos jardins, era um local agradável, se eu fechasse os olhos quase podia me sentir em nos jardins da Toca. A brisa tocava meus cabelos fazendo-os esvoaçar levemente. Eu queria realmente que essa sensação de paz fosse uma realidade e não apenas uma sensação. Eu tinha a vaga impressão de que as coisas não ficariam calmas para o meu lado por muito tempo, e queria desfrutar de uma tranquilidade que há muito não sentia.

Reprimi um grito ao sentir algo pousando em meus ombros, uma ave negra de bico longo me olhava com o que me parecia um olhar astuto, em sua pata um pergaminho estava pendurado e a ave parecia exausta. O pergaminho era de um material mais rústico do que eu estava acostumada e ele estava firmemente amarrado na perna da ave. Mesmo estranhando puxei o pergaminho e um sorriso involuntário surgiu em meu rosto ao reconhecer a letra inclinada de Sara.

Querida Lílian,

As aulas na academia começaram e eu estou me sentindo péssima, o frio é insuportável e como se não bastasse temos que seguir um regime especial para testarem nossa resistência, sabe o que isso significa?

Nada de chocolates!!!

Sim estou falando sério, eu deveria denunciar esses aurores para algum órgão de fiscalização dos direitos humanos! Eles estão me privando do que considero uma das bases da minha alimentação, afinal todos sabem que proteínas, carboidratos e chocolates são essenciais.

Você bem que podia tentar contrabandear unzinho pra mim né? Um desses franceses com licor dentro?  De quebra iria ajudar a me aquecer. Eu estou pior do que aqueles viciados querendo só unzinho!

Ah e quanto à ave, ela é um corvo. Corujas não conseguem chegar aqui, segundo os russos os corvos são bem mais seguros para longas distancias, espero que seja verdade e você possa estar lendo isso. E espero também que meus cálculos estejam certos e você esteja na escola em paris enquanto lê isso.

Afinal, se esse corvo se perdesse eu teria que escrever novamente uma carta para você á uma da manhã, e todos sabem que isso não é legal quando se têm que acordar as quatro da mesma dita manhã para uma longa seção de aquecimentos seguidos de treinamentos ao ar livre. Eu já mencionei o quanto eu tenho pavor de exercício físico, ou que a temperatura lá fora está NEGATIVA ou que o café da manhã é servido só ás oito então são quatro horas em pé sem comer nada?

Vovô Leonid disse que eu vou me acostumar. Ele apenas da risada das minhas reclamações. Isso é porque sou eu que estou com a minha bunda congelando lá fora enquanto que eu suspeito fortemente que ele esteja em algum local de baixo de um grosso cobertor e com uma caneca de CHOCOLATE quente nas mãos.

Ele também disse que quando eu escrevesse era para te mandar um Priviêt, ou seja um Oi, só que em russo. Complicado mas a pronuncia é linda!

Faz dias que não posso falar com o vovô, como já disse estou surpresa que estão nos deixando enviar cartas, era de se esperar que estivéssemos amarrados aos pés da cama. Ah outra, coisa sou a única garota da minha turma, pode acreditar nisso? Meus colegas são todos do tamanho de armários, não sei por que precisam de uma varinha sendo daquele tamanho!

 A maioria são mais velhos, mas alguns são da minha idade. Se as coisas continuarem do jeito que vão indo eu vou sair daqui super craque na arte de grunhir. É realmente impressionante como eles evitam falar. O máximo de palavras que já consegui arrancar de algum deles foi quando houve a acirrada disputa pelo banheiro.

Só tem banheiros masculinos porque há gerações que não entra uma garota na academia então eu teria de esperar todos eles tomarem banho para chegar a minha vez. Infelizmente para eles houve um acidente no qual uma grande explosão fez com que dez marmanjos de mais de 1.90 de altura saíssem correndo pelados do banheiro em direção ao agradável terreno recoberto de neve. Agora, por comum acordo de todas as partes envolvidas, eu tomo banho por primeiro. Infelizmente não foi descoberto o que causou a grande explosão!

A Rússia é exatamente o que eu esperava, fria empobrecida e velha devido aos anos de regime socialista, nada contra o regime mas teria sido bom dar comida pra toda a população. E eu bem que estou descobrindo o que é passar fome. Ou talvez seja só a abstinência de chocolates mesmo.

Enfim, já estou morrendo de saudade Lily, espero que esteja fazendo tudo que te pedi. Estou curiosa sobre a França, me conte tudo! Já teve alguma aula? Como são as alunas? Lana está por aí? É tão ruim quanto você imaginava?

Me mande a resposta pelo corvo.

Beijos e abraços de sua melhor amiga,

Sara Hale

PS. De comida e água para o corvo, ele fez um voo da Rússia até a França, merece um pedaço de carne crua.O nome dele é Mordaz, ganhei do vovô Leonid. Não tente acariciá-lo. Ele não é uma coruja, não irá apreciar a demonstrações de afeto.

Reprimi uma careta olhando pra ave que emitia um estranho coaxar, e com ela em meus ombros decidi correr até a cozinha antes que o intervalo acabasse, talvez lá encontrasse algo que o corvo gostasse. Tinha que ser a Sara mesmo para me arrumar uma ave tão peculiar. Não tentar acariciá-lo? Não obrigada. Pelo olhar que o corvo me deu ele realmente não apreciaria nenhum carinho. Incrível, arrumaram o bichinho de estimação perfeito para Sara! E ela ainda tinha a coragem de falar do Berlioz...

Enquanto ia, pensava no que tinha pra contar pra Sara, afinal muita coisa já acontecera desde que eu pusera os pés em solo parisiense.

Flashback ON

Logo após descobrir a serventia de chave que o colar possuía me vi ligeiramente perdida, e não era pra menos, a sensação que eu tinha era como se estivesse em uma floresta fechada, sabe aquela coisa de jardim com estátuas? Pode esquecer, era tudo fachada para os trouxas, o jardim na verdade era quase um bosque e uma trilha se estendia até onde eu podia ouvir outras garotas conversando animadamente.

Conforme seguia a trilha quase podia ouvir os passos da menina oriental a minha frente, alguns gnomos de jardim apareciam como se para me dar boas vindas, eram como os da Toca mas de certo modo pareciam mais simpáticos.

Talvez a perfeita academia francesa não se importasse tanto com eles quanto a vovó Molly, assim que cheguei ao final da trilha sinuosa finalmente o estereótipo da academia se fez presente. A bela mansão branca se erguia imponente, a sua volta um jardim bem cuidado e requintado era o que separava a construção da floresta, um som cristalino me fez acreditar que talvez houvesse água corrente por ali.

Porém o grupo de garotas animadas escondia qualquer outro som, todas elas estavam muito bem vestidas, o que me fez lembrar das recomendações de Dominique, tentando sorrir ao mesmo tempo em que torcia para o Berlioz ficar quieto caminhei até elas. O tempo todo xingando mentalmente a bendita sapatilha que com certeza estaria me fazendo colecionar mais de um par de bolhas no dia seguinte.

-Bienvenue. – Disse uma delas, a de cabelos negros que segurava uma prancheta e estava posicionada a frente das outras.

-Obrigada. – Respondi em inglês.

-Uma inglesa! Suponho que seja uma das duas de Hogwarts? – Perguntou ela em um inglês fluido e quase perfeito, sorria sem muita animação agora.

-Certo, sou Lílian Potter. –Me apresentei estendendo a mão, o aperto de mão da garota foi fraco e isso bastou para que eu não confiasse nela, seus olhos verde azulados pareciam frios ao meu ver. E eu me atrevia a dizer que seu sorriso era falso.

-É um prazer conhece-la, sou Marie, a representante das acadêmicas e vou lhes mostrar seus quartos. As garotas vão leva-la até o hall, ali suas futuras colegas já estão aguardando. – Pensei em como ela soava profissional e adulta usando aquele terninho azul e coque nos cabelos, parecia mais velha mas sabia que se era uma aluna não podia ter mais de 20 anos.

Tão logo a prestativa e doce Marie terminou de falar isso, outras duas garotas me agarraram uma em cada braço e me puxaram pelo jardim até onde uma grande porta aberta me esperava, de lá mais vozes de garotas.

Assim que pisei no suntuoso Hall elas se calaram para poderem me encarar, e o faziam como se não se importassem se eu notava ou não. E ainda querem me convencer de que aqui prezam as boas maneiras! Será que ninguém tinha ensinado a essas garotas que encarar ofensivamente foge de todas as regras de etiquetas estipuladas pelos mais frescos dos franceses?

Tão logo chegamos, as duas meninas que me guiaram até ali voltaram para o jardim e me vi sozinha em meio a estas meninas que seriam minhas colegas de turma, devíamos estar em umas 15 e me surpreendi com a quantidade. Para apenas duas garotas de Hogwarts serem aceitas imaginei que estaríamos em ainda menos.

-Bonjour, je suis Viviane Bernard3! – Disse uma garota muito bonita, seus cabelos castanhos cacheados caiam como uma cortina em seu rosto fino e delicado. Os olhos castanhos terra me encaravam com a mais plena curiosidade.

-Bonjour, ravi de vous rencontrer4. – Respondi em meu francês aprendido da melhor forma possível com minha tia.

-Você não precisa respondê-la em francês, a escola é universal e a língua falada aqui é o inglês. –Disse a oriental que minutos antes eu seguira para dentro da escola, a menina de cabelos lisos negros e olhos puxados sorria de modo simpático pra mim.

-Certo, é um prazer conhecer todas vocês, sou Lílian Potter. –Respondi sorrindo para as meninas que me encaravam curiosas.

-Hogwarts?  - Perguntou a tal Viviane erguendo uma sobrancelha exageradamente fina.

Fiz um aceno com a cabeça amedrontada com aquela recepção, sem perceber me aproximei da única pessoa que até então parecia ter sido verdadeiramente simpática comigo.

-Você não leu nada, não é? – Me perguntou a oriental sorrindo.

-Não, eram tantas recomendações que deixei pra lá. – Respondi com um sorriso amarelado me lembrando da extensa carta com as normas da escola. Talvez eu devesse ter escutado a Sara quando ela dizia que ler tudo que cai em nossas mãos é importante pelo fato de se adquirir conhecimento. Ou a Lise que disse que é importante ler qualquer coisa que possa vir a ter a ver com moda. Ou simplesmente escutado a Dominique que me perguntou mais de treze vezes se eu tinha lido as informações necessárias para a escola.

-Bom iriam te ajudar Lily, lá tem algumas coisas básicas da escola, leia a noite se puder. A propósito sou Hiroko da Escola de Magia Tristein no Japão. É um prazer conhecê-la Lílian. – Falou ela se inclinando levemente ao me cumprimentar.

Sem saber como reagir diante da pequena reverencia da menina fui salva pela chegada dela. Sim, ela estava ali, pelo visto eu teria que passar mais dois anos ao lado de Lana Prescott. A situação estava mesmo indo de mal a pior se eu estava me sentindo aliviada por vê-la. A loira Sonserina, apesar de às vezes me provocar um profundo ataque interno de “Eu realmente não quero ficar perto de você” era um rosto conhecido no meio de todas aquelas garotas desconhecidas.

Preciso dizer que ela estava deslumbrante, Lana sempre seria Lana, afinal. Não importava a onde estivesse, sem dar qualquer indicio de que havia me visto ela adentrou ao Hall sem parecer se importar em ser o centro das atenções. Pelo contrário ela parecia amar toda aquela atenção.

-Querem uma foto também? – Perguntou erguendo os óculos escuros que usava e deixando aqueles olhos tão azuis me encararem. Não contive um sorriso ao ver a expressão superior em seu rosto.

Ah Lana, a mim não, a mim você não engana mais, agora eu sabia que toda essa prepotência não passava de fachada, após sete anos de convivência forçada e cheia de brigas em Hogwarts agora eu apenas tinha pena por ela.

Pena pelo seu passado com o primo Niall, pena por saber que ela ainda estava apaixonada por Hugo e pena também por seus pais que quanto mais eu conhecia menos queria conhecer.

-E quem é você afinal? – Perguntou a tal Viviane encarando Lana com desprezo. Oh Merlin, pelo modo como elas se olhavam, iria começar uma terceira guerra bruxa e eu gostaria de estar bem longe quando as coisas estourassem.

Já tivera Lana Prescott de mais por toda uma vida, iria dar um jeito de me manter longe, sim eu estava em um relacionamento conturbado com o irmão mais velho dela, mas isso não queria dizer que tínhamos que ficar juntas, certo?

-Lana Marrie Prescott, é um prazer. – Disse Lana sem desviar o olhar de Viviane, a francesa estendeu a mão e respondeu em um sorriso maldoso.

-Viviane Bernard e o prazer é todo seu querida.

Antes que eu tivesse que puxar Lana que parecia prestes a voar em cima da garota a tal Marie que estava nos recepcionando do lado de fora chegou.

-Muito bem meninas. Agora que estamos todas aqui vou leva-las até os quartos, já estão divididas em duplas, deverão aprender a conviver juntas pois mudanças não serão toleradas. Exatamente às oito em ponto são esperadas para o jantar no salão sul. Um pequeno mapa estará disponível em todos os quartos, enquanto vamos até lá vou explicando mais sobre nossa academia.

E ela falou, nunca acreditei que fosse possível, mas achei alguém perfeitamente capaz de rivalizar com a minha antiga professora Sullivan no quesito número de palavras por minutos sem pausa para respirar. Tanto falou que em algum momento me peguei pensando em coisas que nada tinham a ver com a academia, como em minhas amigas nesse momento distantes de mim.

Heloíse devia estar em Portugal, isso se tinha mesmo seguido seu plano, já Sara com toda certeza estava na Rússia, e não era alento algum saber onde estavam. Não quando a informação me dava a certeza de que de certo modo eu estava sozinha, nada de um time da Grifinória ou um grupo de conhecidos, tudo era novo e diferente.

Exceto por ela é claro.

Não que fosse um consolo estar tão próxima de Lana. Eu não tinha mentido quando afirmei que a tinha perdoado pelo acidente, porém nem por isso me sentia a vontade de tê-la ao meu lado. Por mais que soubesse que com certeza a vida dela não era fácil a pena que eu sentia não era suficientemente forte pra me deixar de novo ao lado da Lana. Eu e David não tínhamos conversado sobre sua irmã novamente, e eu não via no fato de estar meramente enrolada com ele um motivo para me aproximar dela.

-Então meninas, aqui estamos. Terceiro andar, lado leste ou frente da casa, como preferirem. Aqui ficam nossos quartos, lembrem-se que as duplas já estão formadas e é crucial que convivam em harmonia. Os elfos fazem a limpeza mas nem por isso a organização deve ser ignorada. – Falou Marie automaticamente.

As portas de um tom bege claro se estendiam pelo extenso corredor, em cada porta estava uma chave dourada presa por uma fita de cetim violeta.

-Última porta lado norte, Lana e Lílian.  – Leu Marie em um pergaminho razoavelmente longo.

Então, quanto ao que ela leu, eu meio que não processei de imediato, fiquei ali parada, encarando uma Marie sorridente com os olhos claros bem delineados e invejáveis.

-Potter vamos logo. – Disse Lana ente os dentes, apenas senti quando ela agarrou meu braço e me puxou para o final do corredor, as unhas compridas da oxigenada me machucavam e isso meio que me acordou.

-Me solta. – Murmurei puxando meu braço com força. – Tem certa disso Marie? – Perguntei apertando com força a cesta onde Berlioz agora dormia exausto de tanto se debater.

-Obviamente, é o que diz aqui na lista. Lílian Potter e Lana Prescott, ambas de Hogwarts quarto número 1. – Disse ela parecendo achar graça em minha expressão.

Mas euzinha aqui não via graça nenhuma nessa situação. Eu sei que já disse isso milhares de vezes. Mas só pra garantir, lá vai.

Alguém lá em cima me odeia, eu devo ser o peão mais desprezível do tabuleiro de Merlin, sou aquela peça maldita que Morgana deixou cair, só pode.

 -Potter está todo mundo te olhando. – Disse Lana segurando meu braço novamente, me sentido irritada pelo contato e por ter que dividir um quarto com ela bronqueei alto de mais.

-Já mandei me soltar! – Assim que puxei o braço com força vi todas as garotas nos encarando, algumas com pena outras com uma certa malícia. Marie parecia se divertir com isso, dei as costas para elas mas pude escutar uma última coisa.

-Quanto tempo acha que elas vão durar Judith? – Ignorei o veneno na voz de Marie e me perguntei onde estariam as outras duas garotas Grifinórias que deveriam estar no segundo ano.

Flashback off

O leve coaxar do corvo satisfeito com os nacos de carne me despertou, em minhas mãos a carta de Sara me lembrava de que teria que pensar em uma boa resposta para minha melhor amiga. Deveria contar sobre Lana, ou seria apenas uma preocupação a mais para Sara? Pelo que ela me disse as coisas estavam bem puxadas para ela lá. Fora que conhecendo ela, que quer sempre dar uma de durona, as coisas deveriam estar ainda mais difíceis do que ela fez parecer.

Decidi que me focaria em reclamar de Marie e Viviane. Tenho certeza que minha melhor amiga me enviaria uma resposta cheia de solidariedade.

-10 minutos para a aula de feitiços Lílian. Nós duas sabemos que você não pode se dar ao luxo de perder essa aula. – A voz de Lana se fez presente me fazendo pular de susto na cadeira da grande cozinha da academia.

- E você veio aqui só pra me dizer isso? – Pedi me levantando.

-Obviamente que não, queria mesmo era um pedaço da torta de floresta negra do café da manhã.  – Me respondeu ela entrando para onde os elfos estavam trabalhando. Diferente de Hogwarts a cozinha ali era aberta e tínhamos sido apresentadas ao local pouco antes do jantar de boas vindas.

Resignada por ter que fazer o que Lana dissera sai da cozinha, afinal ela tinha mesmo razão não é como se eu estivesse dispensando lições de feitiços.  Já no corredor ouvi os sons de saltos batendo apressados atrás de mim.

 -Será que custava me esperar? – Perguntou a sonserina parecendo chateada.

-Não foi você quem disse que eu não podia me atrasar? – Perguntei tentando não dar muita bola para a proximidade de Lana.

É pelo visto seria ainda mais difícil do que eu previra. Quando foi que Lana me elegeu ao posto de sua grande amiga mesmo?

E quando foi mesmo que eu aceitei?

Olhando pelo lado bom, diferente de Sara eu não teria que dividir o banheiro com vários garotos com o tamanho convencional de um armário de cinco portas.

Não, eu teria de dividi-lo com a loira, glamorosa e aparentemente disposta a estragar todos os meus dias, Lana Prescott.

Eu me pergunto se seria muito tarde para enviar uma carta de recomendação para a Academia de Aurores Russa?

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1 - Éons: maior subdivisão de tempo na escala de tempo geológico;

2 - S'il vous plaît enseignant: me desculpe professora;

3 - Bonjour, je suis Viviane Bernard: olá sou Viviane Bernard;

4 - Bonjour, ravi de vous rencontrer : olá é um prazer te conhecer.


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Notas finais do capítulo

NB/ Oi leitores do meu coração. A beta esta morta de cansada após um dia inteiro de cursinho então vou ser rápida, prometo!
Obrigada a todos que continuaram acompanhando e comentando! E Aqueles que desapareceram ONDE ESTÃO VOCÊS? Vocês passaram pelo véu e sumiram? (Eu sei que tem muitas leitoras que acham que podem encontrar o Sirius do outro lado, mas NÃO VÃO! Voltem! NÃO VÁ PARA LUZ!) ... eu dissse que estava cansada...
E a nossa ruiva esta sendo posta a prova dos altos níveis de perfeccionismo exigidos pela academia fracesa! Claro que tudo isso com a cerejinha do bolo, a presença daquele ser amavel, que não poderia faltar, Lana Prescott.
E agora o que irá acontecer com os nossos personagens (note o plural, a Lore não consegue se concentrar em um, mas assim é mais legal mesmo...) só comentando para saber!
Agora, que definitivamente já começou, já passou do prólogo então eu já posso pedir, QUEM VAI RECOMENDAR AÍ?
KKKKKKKKKKKKKKK, é bom começar desde cedo...
Bjs molhado (não de baba, por favor né gente, é de chuva. Eu tava numa cidade que parecia chover toda semana e reclamava. Agora me mudei para uma que parece chover todo dia!
Milady Black
NA/ Eu estou morta! Sim meus amores só não caí ainda. Não aguento mais estudar, não sou nem um centésimo de médica ainda e já me sinto exausta de tanto estudo! Mas chega de lamentação e vamos ao que importa.
Eu odiei esse capítulo, não ficou como eu queria mas claro que a minha beta inda conseguiu deixa-lo apresentável. Vida da Lílian mudando pra caramba prometo que não vou exagerar nos novos personagens, porque já temos histórias demais pra resolver.
Próximo capítulo narração da Lana!! Quem quer??
Prometo que as coisas vão melhorar, mas é que tenho que dar um jeito de apresentar a academia pra vocês e como ela é em minha cabecinha!!!
Ah comentem muito, ok? Alguém aí gostaria de uma imagem com o perfil da Viviane? Ou então da doce oriental Hiroko?? Se quiserem só responder nos reviews, falando em comentários vou responder todos, ok? Juro de dedinho mesmo que eu tenha prova semana que vem!!!
Beijos da autora
Loreline Potter



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