– Perdão. – Ninguém esperava por isso. Todos me fitaram surpresos. No mínimo suspeitavam que eu diria um “eu te amo de volta”, mas não, eu pedi perdão, perdão por não poder falar isso.

Corri até a escada e todos fitaram-me com seus olhos surpresos.

O que eu fiz?

Me apoiei na parede e sentei devagar sobre um degrau afundando meu rosto nas minhas mãos.

Quando se tornou tão fácil arrancarem lágrimas de mim?

Senti um braço sobre meu ombro e o forte perfume de Usui. Ele me puxou para perto e me abraçou, eu afundei meu rosto em seu peitoral e ficamos ali por um tempo que, sinceramente, eu não contei. Levantei um pouco meu rosto para poder tentar advinhar o que ele estava sentindo. Tinha alguma coisa semelhante a pena em seu rosto, mas também a consolo. O Usui é um mistério, então logo desisti e abaixei minha cabeça de novo.

– “Perdão” – Ele murmurrou, o que me fez levantar o olhar. – Não conseguiu dizer “eu te amo” não é? – Balancei a cabeça de leve e nossos rostos já estavam próximos a ponto de eu conseguir sentir sua respiração batendo quente contra meus lábios. – Se eu tivesse no lugar dele, o que você diria?

– Usui...

– Por que para mim você não diria perdão? Não acha que tem o que se desculpar? – Ele acariciou minha bochecha e já estávamos com os lábios tocando um no outro. – Ou você retribui meu sentimento? – Eu estava fitando aqueles maravilhosos olhos verdes e de repente aquele sorriso Usui surgiu nos seus lábios. – Não quer responder? Tudo bem, então vamos jogar um pouco. – Ele sorriu e me puxou pela nuca para um beijo um tanto quanto... Caliente.

Quando ele pediu passagem com a lingua eu rapidamente cedi, ele segurou em minha cintura e acabei sentada em cima do seu colo, não sei como.

Se alguém me pegar aqui com o Usui eu estou ferrada! Para falar a verdade, não sei como ele me achou, eu corri para muito longe de verdade, na verdade eu descobri essa escada quando eu queria ficar sozinha e tinha muita gente me seguindo pelo colégio.

Todos precisam pensar de vez em quando.

Quando sua mão estava descendo um pouco da minha cintura eu senti meu sangue se esvaindo do meu rosto só pelo nervosismo, imaginando as milhões de possibilidades que viriam a seguir. E com ódio por ter adorado todas.

Mas não.

Ele simplesmente parou e continuou sorrindo pervertidamente, eu lhe dei um soco no braço e ele continuou com aquele sorriso nos lábios.

– Então Misaki, eu não brinquei quando disse que ia jogar... – ARGH! Ele sabe me provocar, me provoca e depois disso simplesmente me solta! ME SOLTA!

– Alien! – Reclamei com ele e ele voltou a me abraçar.

– Minha alien pervertida. – Eu devo estar que nem um pimentão agora. Mas eu que nem um pimentão e ele rindo de mim não é algo é agradável... – Não precisa me bater Misaki!

– Foi sem querer. – Sorri para ele enquanto Usui esfregava o braço. – Eu preciso pensar!

– E eu te impeço de pensar?

– Sim.

– Então eu desvio seus pensamentos?

– Não.

– Mas eu te impeço de pensar...

– Sim.

– Mesmo você conseguindo ter foco comigo por perto.

– Não.

– Então eu desvio seus pensamentos.

– Não.

– Misaki...

– O que?

– Você não tem lógica. – Eu parei para refletir. Isso não tem nenhuma lógica. Mas dane-se.

– Usui, eu preciso ir para o Maid Latte, insistiram que querem provar o vestido da princesa hoje. – Reclamei. – Deve ser aqueles cheios de pano rosa com purpurina e salto. Bem barbie mesmo. – Ele começou a rir de mim o que me fez ter mais raiva ainda.

– Então você não vai mesmo ceder ao meu joguinho? – Pôs a mão na minha nuca novamente me puxando para perto.

Odeio quando ele faz isso!

– Usui... Eu... Te...

– Amo?

– Odeio! – Falei e dei um tapa naquele peitoral que, se me permito dizer, é bem... Duro e definido.

Misaki para com os pensamentos pervertidos!

Eu estou andando muito com o Usui...

– Claro, deve odiar sim.

– Para de me seguir! – Falei enquanto descia as escadas as pressas. Ele estava descendo tranquilamente atrás de mim, como se eu correndo fosse seu passo normal.

Que garoto irritante!

– Oeh, Misaki! – Ele falou e eu virei para trás para abrir a boca e perguntar o que houve.

Mas ele me pegou pela cintura e me levantou me deixando contra a parede, me beijou e se aproveitou de que eu estava tentando falar para aprimorar o beijo, depois sussurrou com uma voz rouca em meu ouvido: - Você vai se atrasar para o trabalho hoje, tudo bem?

– Eu te odeio! – Falei corada.

– E eu te amo! – E fui surpreendida.

Suas unhas passeavam por minhas costas enquanto as minhas tratavam de puxar levemente seu cabelo enquanto nos beijávamos em uma batalha interminável para provar quem iria ganhar.

Ganhar o que?

Ele segurou minha cintura com mais força e me preensou contra parede, eu prendi minhas pernas na sua cintura e ficamos ali...

Espero que a Satsuki me desculpe pelo meu atraso.

(...)

– Misaki! Você está atrasada! O que houve? Você está bem! Você nunca se atrasa! Misaki quem te assaltou? Misakiiiiiiiiiiiiii! – Satsuki veio até mim a saltinhos e começou a me fazer diversas perguntas e eu confesso que eu estava avoada. O que eu não quero estar, mas estou, tentando entender o que aconteceu agora pouco. Ela pareceu se acalmar e começou a sorrir feito boba quando viu Usui entrando depois de mim. – Tá tudo bem! Acho que já entendi!
– Satsuki! Eu prometo que vou compensar e... – Bufei quando notei que ela já estava na cozinha, provavelmente com os pensamentos mais pervertidos existentes entre mim e o Usui.

E o pior é que ela estava certa.

– Você não se cansa de me seguir? – Bufei enquanto ia para o provador trocar de roupa.

– Kaichou vai ficar linda de princesa sabia? – Ele se apoiou em um armário e eu o fitei aguardando quando ele iria sair para me deixar eu me vestir. – O que está esperando?

– Você é um idiota.

– Um idiota que acabou de te ver só de roupa intima, então essa troca aqui não vai mudar muita coisa. – Agora sim eu estou COMPLETAMENTE corada. Pulei na boca dele e a tampei por medo de alguém ouvir.

Sim, eu e o Usui estávamos de roupa intima naquela escada.

Sim, eu conferi se não tinha camera lá.

– USUI! Você tá doido?

– Calma Misaki... Vamos, você pode se trocar.

– VAI-PARA-COZINHA-AGORA!

– Misaki fica tão linda estressada.

– FICO LINDA TE SOCANDO TAMBÉM! VAI! – Ele caminhou sorrindo pervertidamente até a cozinha e... Eu sou uma idiota.

Pelo menos sou uma idiota que ainda é virgem.

Uma idiota que quase perdeu a virgindade.

Mas uma idiota virgem.

– Misaki! – A voz doce de Satsuki me acordou dos meus pensamentos – Você está muito destraída hoje... Aconteceu algo entre você e o Usui?

– Cla-claro que não.

– Hum... – Ela pareceu pensativa e meu rosto continuava ficando mais e mais corado – Tudo bem então! Mas é melhor você experimentar logo o vestido... Eu adiantei a data por uns motivos ai e já te entrego o roteiro. Decidimos que o Usui será o príncipe. – Por que não estou surpresa? – E aquele Hinata... - ... – Ele também terá um papel muito importante. Você conhece alguém que possa fazer par com ele? – Me senti na obrigação de dizer que conheço, estou devendo isso a minha gerente, e acho que a única que entraria nessar loucuras comigo seria a...

– Sakura!

– Ótimo! Entregue, por favor, esses dois roteiros a eles, amanhã começaremos os ensaios! Moe, moe! Vocês estarão tãããão lindos! – Ai... Eu não mereço ouvir isso. Já estou confusa o suficiente. – Aqui seu vestido Misaki! Moe! – Ela me entregou uma caixa roxa e eu enguli a seco o fato de que deve ser um daqueles vestidos todo rosa brilhante e... E... – Abra! Quero ver sua reação! Escolhemos especialmente para você!

Como posso descrever minha reação?

Minha boca ainda está em formato “o” e já se passaram cerca de 2 minutos.

– Hahaha! Que bom que amou! Vamos, experimente, vai ficar es-plen-di-do!

E pela primeira vez eu acredito quando dizem que vou ficar esplendida.

Essa peça promete.

Não pude evitar de sorrir para meu próprio reflexo no espelho. Eu estou linda. Estou uma verdadeira princesa.

– Gerente...

– Diga Misaki.

– Brigada. – Ela me abraçou e começou a chorar, segundo ela por “emoção” já que eu era assim tão “insensível” (isso me machucou um pouco, mas ok) e agora estava eu ali abraçando ela e sorrindo feito boba para o espelho.

(...)

– Moe, já fechei o Maid Latte! Podemos começar nosso ensaio! Dedicação! Temos só essa chance! – Satsuki nos avisava enquanto saltitava por todo restaurante. Honoka me olhou com ódio porque eu iria ser a princesa e ela a amiga da princesa. Sakura compareceu ao ensaio, eu liguei para ela desesperada e confesso que ela não estava no seu melhor dia.

Flash Back mod on

– Sakura?

– Misaki? Por que tá me ligando?

– Por que você está com a voz assim, fraca, como se tivesse chorado?

– ... Porque eu chorei.

– Por que?...

– Misaki, por que me ligou? – Eu fiquei preocupada com a Sakura depois dessa troca de assunto, mas notei que ela não queria falar sobre o assunto então achei melhor conversar com ela pessoalmente depois. Não é bom falar assuntos delicados pelo telefone.

– Você gosta de teatro?

– Desembucha.

– Eu preciso de alguém para me acompanhar na peça que a minha gerente quer fazer... O nome da peça é “Acima de tudo, amor.” E a única pessoa que eu confiaria para ajudar no meu trabalho é você. Quer?

– Claro! Misaki eu estou emocionada! Você nunca me pediu um favor! Brigada, oooooooobrigada!

– Sakura, calma!

– Que horas vamos ensaiar?

– Vai ter um ensaio antes da peça hoje, as 17 horas no Maid Latte.

– UM?

– Um.

– Deus! Vocês vão fazer no improviso?

– É.

– Vou me arrumar, até logo linda!

– Obrigada Sakura, sério.

– AAAAAAAAH MISAKI SUA FOFA!

– Hahaha beijos Sakura.

– Beijos.

Flash Back mod off

– Misaki, você vai estar linda amanhã! – Usui apareceu atrás de mim o que me fez dar um gritinho de leve.

– Seu alien pervertido! Quer me matar antes da peça?

– Cuidado hein, se você estiver muito linda vai acabar não me fazendo ter outra opção... Além de jogar com você de novo. – Agora ele já estava acariciando minha nuca de novo.

– Usui, controle-se! Vamos ensaiar!

– Se bem que você já é linda natural. Me segurar perto da Misaki é quase impossível. – Eu abri a boca para responder a provocação dele mas a Satsuki interrompeu para começar o ensaio.

Sakura estava encarando Hinata de leve e me toco que eles ficaram sozinhos quando eu e o Usui ... Nos tocamos...

Juntando os pontinhos posso notar que a Sakura gosta do Hinata e...

A SAKURA GOSTA DO HINATA!

– Misaki, fecha a boca, vai babar. – Usui implicou comigo seguindo meu olhar para o novo casalsinho. – O que foi?

– A Sakura... Ela e o Hinata...

– É, ela gosta do Hinata.

– É verdade e... Oe, como você sabe?

– Eles ficaram corados depois que você saiu correndo, e quando o Hinata se declarou para você a Sakura chorou.

– Ela...

– Sim.

– Você sabe o que aconteceu depois que eu saí?

– Não, eu fui atrás de você e nós...

– EU SEI O QUE NÓS FIZEMOS!

– É melhor você conversar com ela. – Acenei com a cabeça e andei até a Sakura. O ensaio estava prestes a começar, mas euprecisava ao menos me desculpar.

(...)

– Desculpa... Sakura eu não sabia que você gostava do... – Tentei falar, mas ela simplesmente me abraçou.

– Está tudo bem, tá bom? Não é culpa de ninguém. Vamos ensaiar. – Ela é fofa. Sempre sorridente. Também era um pouco chorona, mas sempre por motivos bobos.

Só que o choro dessa vez foi silencioso, e é o silencio que mais me preocupa.