A Clarividente escrita por Yuka


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é importante! Um pouco menor, mas importante porque liga A Clarividente à minha próxima história: A Invocadora!
Sim, quero fazer uma ligação, uma continuação dessa história em outra e o fato de certa descoberta nesse capítulo faz ponte para o meu mais novo projeto.
Espero que gostem, desculpem pelo capítulo curtinho...

Muito obrigada a todos os leitores! ♥



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            Riana acordou e ficou deitada na cama, olhando para o teto, pensando no que poderia fazer para ajudar Ian e Hazael na luta contra Rezon. Mas ela mesma pensava “Se vão se juntar Ian, Hazael, Nirina, Zahra, Arthus e Aileen ainda por cima, por que eles precisariam de minha ajuda? Ian tem razão, tenho pouca habilidade, só iria fazer se preocuparem comigo e até mesmo atrapalhar. E não há porque me achar inútil pensando nisso. Serei bem melhor daqui a alguns dias”.

            Rapidamente, pensou em Nirina. Reparou como ela estava diferente, mas sabia que isso aconteceria. A vida dela havia se transformado drasticamente desde que ela se mudara para a Corte e a própria Nirina se sentia meio relutante quando soube que precisaria se mudar.

            De repente, pensou “Tenho pouca habilidade...” e suspirou. Num salto, jogou as cobertas para longe e levantou, espreguiçando-se.

            “Eu posso muito bem ir à floresta treinar por conta”.

            Foi até o guarda-roupa e abriu a sua última gaveta. Fuçando até o fundo, pegou uma faca que Ian havia lhe dado e escondeu sob a roupa, sorrindo. Estava com um pouco de medo, pois nunca havia tentado invocar um espectro sozinha, mas uma hora precisaria fazer isso.

            Pegou a túnica preta que usava para viagens e colocou em uma bolsa para que sua mãe não a perguntasse nada. Desceu as escadas com pressa e comeu algo, bem rápido. Quando sua mãe perguntou aonde iria, apenas respondeu com um “Até a cidade, só quero andar. Posso ir?” A mãe respondeu positivamente e Riana deixou sua casa.

            Sabia para onde iria: próximo à casa na clareira da floresta. Ali poderia treinar em paz. Perguntou-se algumas vezes se não era melhor avisar Ian e chamá-lo para ir junto, mas logo desistiu da ideia.

            Seguiu seu caminho tranquila, já que o clima estava agradável. Não muito frio, nem muito quente, e a brisa passava suave por suas roupas, balançando a longa túnica preta. Ela realmente parecia uma maga negra.

            Quando chegou, observou a casa de fora. Tudo parecia normal e ela se perguntou se devia entrar, mas e se estivesse invadindo o território de alguém? Perguntas enchiam a cabeça de Riana o tempo todo e ela se questionava sobre tudo, até mesmo pequenos detalhes.

            “Eu já sei! Tenho algumas habilidades, vou invocar um espectro para me defender”. Sorrindo, feliz por ter tido a ideia, mesmo achando que não precisaria ou não conseguiria fazer muita coisa com ele caso precisasse, ela pegou a faca e abriu um corte na mão. Juntando-as, sem dúvida alguma, desejou que um espectro atendesse a seu chamado. Logo a criatura surgiu do meio de suas mãos, de seu sangue, e ela se aproximou da porta da casa, ordenando que seu espectro a seguisse.

            Não era difícil ordená-lo para andar e andar junto com ele. Mas caso precisasse de movimentos mais fortes e mais precisos, a dificuldade aumentaria.

            Riana abriu a porta devagar, esperando que tudo estivesse normal dentro da casa. No entanto, não estava.

            Quando abriu, a casa estava cheia de papéis colados pela parede e um imenso desenho no chão, que parecia ser de rituais de magia negra. Ela não conseguiu sentir nenhuma energia estranha ali, nem de outro mago negro, nem de um clarividente. Mas entrou mais no cômodo, ordenando que seu espectro não saísse de seu lado.

            Ela se aproximou das folhas. Uma delas continha uma lista, com muitos nomes, anos e lugares de nascimento. Ela não conseguia entender direito, até que viu três nomes familiares na lista: Zahra, Nirina e Rezon.

            Andando e lendo mais, ela conseguiu perceber que um grupo de pessoas estava pesquisando sobre magos clarividentes. Como os clarividentes eram raros, não era difícil saber seus nomes e de onde vinham. Muitas pessoas que estivessem com maior interesse poderiam obter facilmente maiores informações.

            Riana olhou a lista de nomes, organizada em ordem alfabética, com cuidado, lendo cada um dos nomes.

            Arden (68 anos, Nali)

            Dragomir (90 anos, Verena)

            Elenna (20 anos, Earine)

            Lia (37 anos, Earine)

            Nirina (15 anos, Sira)

            Rezon (45 anos, Nali)

            Sarosh (49 anos, Sira)

            Zahra (29 anos, Sira)

            Ela torceu os lábios. Não tinha certeza se todos os listados eram clarividentes, mas ela não pensava em outra possibilidade para isso. Continuou andando, mas não conseguiu entender as palavras que lia na maioria das folhas, pela letra desajeitada ou pelas palavras que não sabia o significado.

            Imaginou se não estaria sendo observada por alguém que não fosse mago. Diante disso, deixou seu espectro ir à frente e ordenou que ele abrisse a porta. Deixou que ele saísse, ficando escondida, e concentrou-se, enxergando através da visão do espectro. Como não viu nada, ordenou que seu espectro sumisse, saiu e se lembrou de fechar a porta, correndo em seguida. Correu o mais rápido que pode para a cidade e então tomou caminho direto à casa de Selene para entrar em contato com Ian e Hazael.

~

            Nirina bufou. Manter a concentração nas aulas era cada vez mais difícil em vez de ser cada vez mais fácil. A clarividência exigia alto nível de concentração e meditação e não era nada simples.

            — Nirina, concentre-se — disse Zahra, sorrindo. — Tente entrar em sua própria mente, esqueça o mundo exterior. A fonte de seu poder é a sua mente,  tente não pensar em mais nada.

            — Não consigo — respondeu, depois de um tempo em silêncio. — Tem estado cada vez pior, a cada dia que o confronto com Rezon se aproxima eu tenho estado cada vez pior!

            — Tudo bem — disse Zahra, tocando a mão de Nirina com a mão. — Eu entendo como é. Mas você se lembra dos meus ensinos do início, não?

            — Lembro...

            — Veja. Tudo o que você tem que fazer é acreditar que é capaz. Basta acreditar, com a toda a força da sua mente, que algo é realidade, que isso se tornará realidade. Sabe, estou falando de magia, não da vida como um todo. Mas veja bem... Veja tudo o que você já conseguiu até agora, sim? Se você tiver um controle ainda maior e um grande poder, você pode fazer com que pare de sentir dor ou até mesmo desenvolva habilidades de cura. É possível, mas difícil. Apenas um clarividente é conhecido por fazer isso até hoje.

            — Quem era?

            — Uma das pessoas que foi meu mestre.

            — Ele conseguia? — disse Nirina, maravilhada. — Ele não te ensinou?!

            — Não é exatamente algo que se ensine, Nirina. Deve-se ter grande poder, muito estudo, meditação. É como um dom maior de clarividência, um grande poder da mente...

            — Como ele se chamava?

            — Sarosh, era seu nome.

            — Vocês não se falam mais?

            — Ninguém sabe onde ele está. Ele saiu para viajar, nunca explicou direito o porquê e sumiu. Todos desconfiam de que ele esteja morto, pois em todos os reinos, ninguém o viu ou teve notícias. Eu gosto de acreditar que ele esteja vivo.

            — Eu também — sorriu Nirina. Queria conhecê-lo!

            — Queria que você o conhecesse. Agora vamos focar nas meditações, quero te falar mais sobre os ataques mentais.

            — Tudo bem — respondeu a aluna.

            — É feito se projetando para dentro da mente adversária. Você entra brevemente em sua mente, lê seus piores medos e cria visões usando-os. Todos têm medos, independente do que seja. Ataques mentais nunca falham, a não ser que a pessoa tenha maior habilidade com eles ou mais poder que você. Como você é clarividente, poucos terão.

            — Eu acho que entendi. Acho — riu.

            — Tudo bem, o melhor jeito é praticar. Posso mostrar em sua mente? Vai ser algo um pouco cruel.

            — Não tem problema.

            Rapidamente, Zahra se projetou para a mente de Nirina e viu que um de seus piores medos era a morte de Arthus. Depois, criou uma visão para Nirina, que esteva inerte com os olhos parados e desfocados, na qual Arthus era atingido por uma espada no peito e caía de joelhos no chão, sangrando enquanto gritava de dor. Quando Zahra viu escorrer uma lágrima pelo rosto de Nirina, imediatamente aliviou a mente da aprendiz.

            — É tão... — começou Nirina, devagar, como se ainda tentasse voltar à realidade. — Tão horrível. Nunca havia sentido antes. É tão real... Parece que está acontecendo. Parecia que ele estava na minha frente morrendo, eu...

            — Shh — Zahra abraçou Nirina, com força. — Isso é pra você ver o impacto tremendo que o ataque mental tem no alvo. Já sofri vários, meu professor mesmo me mostrou e eu queria que você cuidasse para não ser atingida por um. Sabe o que pode acontecer. Agora, Arthus está bem, não deve se preocupar. Podemos continuar?

            — Sim.

            — É a sua vez de tentar entrar em minha mente, rápido, e ver quais são meus maiores medos. O maior medo de todos, o que você mais sofreria se acontecesse, é o mais fácil de encontrar. O seu, por exemplo, foi a morte de Arthus. Vamos tentar?

            — Claro — disse Nirina, reunindo toda sua concentração, sem conseguir parar de pensar que faltavam 3 dias para o encontro com Rezon.


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