A Clarividente escrita por Yuka


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Aqui as coisas começam a mudar um pouco. Estou me surpreendendo bastante com as ideias e gostando bastante dos resultados. Espero que apreciem! =)



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Quando Zahra chegou ao quarto da aprendiz, bateu algumas vezes na porta, suavemente. Como Nirina não respondeu após duas tentativas, a mestra abriu a porta por conta própria e entrou no quarto. Encontrou sua aluna ainda dormindo em sua túnica roxa. Ela havia ficado sabendo, por Reno, que Nirina havia acordado cedo e ido ver Aiko enquanto os soldados inspecionavam o lugar. Zahra sorriu com compaixão, imaginando o quanto sua discípula deveria estar sofrendo.

"Ajude-a, Zahra" dissera Reno. Foi a única coisa que o soldado disse, sem mencionar a crise de choro que a garota havia tido. "Sabe que Nirina ainda é muito jovem para passar sozinha por todas as coisas que vem acontecendo com ela e ela precisa de sua ajuda. Ela parece confiar em mim, mas eu não posso ajudá-la, não tanto quanto você pode. Faça o seu melhor para que ela se sinta bem." Reno estava certo. Zahra sabia o quanto Nirina era forte, mas sabia também que todas as pessoas tinham um limite. E isso era ainda mais preocupante quando a mestra pensava no quanto sua aprendiz tinha o hábito de se importar com as outras pessoas e seus sentimentos.

Suavemente, a clarividente mais experiente de Sira se aproximou da garota adormecida. Tocou-a com cuidado no ombro, sem a intenção de assustá-la, mas quando a chamou pelo nome tentando acordá-la de modo calmo, Nirina abriu os olhos e levantou a cabeça, rápido.

— Sinto muito — disse Zahra, com um sorriso compreensivo como se pedisse desculpas. — Não foi minha intenção lhe assustar.

— Não, está tudo bem — respondeu. — Eu nem devia mais estar dormindo... — de repente, parou, como se lembrasse de algo. — Por falar nisso, que horas são?!

— Calma, Nirina — a mestra sorriu novamente. — Está em tempo de partir, já preparei nossa carruagem para o encontro na casa de Arthus. Levante-se e lave seu rosto enquanto eu peço a Ailina que traga uma nova túnica. Tudo bem?

— Claro — a aprendiz sorriu, sentando-se na cama. — Muito obrigada, mestra.

Zahra sorriu uma última vez e saiu, procurando por Ailina. Nirina a observou se distanciar e pensou em como a admirava. Como ela conseguia ser amável e compreensiva, mas forte ao mesmo tempo, e ainda assim simpática e energética. O elemento terra com certeza combinava com a mestra, em todos os aspectos.

A aprendiz de clarividência fez como sua mestra havia pedido. Ao jogar a água em seu rosto, olhou-se no espelho e lembrou de Reno, de como havia chorado enquanto o soldado apenas a olhava. Ele havia sido tão gentil... Nirina se perguntava se isso era realmente uma máscara ou ele era o que aparentava ser, de fato. Apesar de simpático e receptivo, Reno era extremamente reservado no que dizia respeito a sua vida pessoal, e ela não queria se intrometer. De repente, lembrou da visão que teve e lembrou que não havia comentado sobre isso com Zahra.

Terminou de se arrumar e esperou que a mestra voltasse. Ela não demorou muito, trazendo uma túnica roxa perfeitamente dobrada e um copo de suco de laranja. Nirina tomou o suco antes de trocar sua túnica e, quando saiu do banheiro, encarou sua professora.

— Algo aconteceu esses dias — ela começou, fazendo Zahra erguer uma sobrancelha. — Algo que esqueci de comentar.

— Pois não? Algo preocupante?

— Um pouco. Teve a ver com meus poderes e com Sven.

Zahra manteve-se em silêncio esperando que a aprendiz continuasse.

— Esses dias, estive preocupada com Aiko. Resolvi ir até o quarto dele ver como ele estava, já que ele só ficava no quarto e Sven havia mandado que levassem as refeições dele até lá. Ele não saía mais pra comer junto com os outros aprendizes, e quando os outros alunos se reuniam para conversar ou jogar na biblioteca, ele também não ia. Ísis não me aceita, Laina nunca fez questão de falar comigo apesar de não me tratar mal e Adrien nem sequer fala comigo, apesar de que às vezes percebo que ele me olha grande parte do tempo enquanto ele acha que eu não percebo. Eu nunca gostei de me juntar a eles, mas percebi que Aiko estava se isolando mais que o normal.

— Prossiga — disse Zahra, sentando-se no colchão. Nirina fez o mesmo.

— Quando entrei em seu quarto, senti minha cabeça pesar um pouco. De repente, vi seu corpo ensanguentado, e uma espada ao lado. A espada tinha um cabo especialmente trabalhado, detalhado. Por conta disso, fiz questão de me lembrar desse detalhe. Se isso foi uma visão...

— Seus poderes ainda estão um pouco fora de seu controle — completou Zahra, sem precisar ser questionada. — E suas visões geralmente acontecem com pessoas com quem você tem forte laço sentimental. Lembra-se disso?

— Lembro, sim — disse Nirina, ouvindo com atenção.

— Continue — ela sorriu. — Quero ouvir tudo antes de falar com certeza.

— Foi só isso. Apoiei uma de minhas mãos na parede enquanto recobrava completamete meu equilíbrio e entrei. Vi Aiko sentado na cama, com o olhar desfocado, abraçando os próprios joelhos perto do corpo. Quando chamei pelo nome, ele não me respondeu. Tentei conversar com ele algumas vezes, mas ele continuava do mesmo jeito, parado; parecia que nem mesmo me ouvia. Foi então que eu...

Zahra ergueu novamente a sobrancelha diante da hesitação de Nirina.

— Eu resolvi que tentaria ler sua mente.

— Nirina!

— Eu sei — a aprendiz manteve-se séria, então abaixou o olhar. — Sei que desobedeci ordens e que isso é arriscado, sinto muito, mestra. Isso não acontecerá de novo.

— Tudo bem — a mestra sorriu. — O único motivo pelo qual te pedi para não tentar ler mentes é que o que há na mente do alvo pode te afetar se você não tiver controle total da técnica. Você leu a mente de Aiko?

— Sim... E eu entendi perfeitamente como posso ser afetada.

Zahra cruzou os braços e esperou pela continuação.

— A mente de Aiko estava uma bagunça. Eu busquei apenas pelos pensamentos superficiais, mas ele parecia pensar em tudo ao mesmo tempo. E seus pensamentos não eram nada bons. Na maior parte do tempo, ele imaginava Sven o matando em um ritual de magia negra enquanto ele pedia desesperadamente para que seu mestre não fizesse isso. O sofrimento em sua alma era tanto que eu comecei a sentir em mim. Meu peito começou a doer e minha respiração ficou pesada. Foi como se os sentimentos de Aiko me invadissem, e eu consegui sentir o desespero que ele sentia frente à morte e à magia negra.

— Viu — disse Zahra, ainda com os braços cruzados. — Disso que eu falava. Você entrou em uma mente extremamente conturbada e os conflitos dessa mente passaram para a sua. Você fez bem em se concentrar apenas nos sentimentos superficiais, pois aí o dano é bem menor. Não sei dizer ao certo o que teria acontecido se você tivesse tentado explorar mais. Varia muito, pois depende do que se passa na mente do alvo da leitura.

— Sim — Nirina conseguiu abrir um sorriso. — Quando percebi isso, afastei-me de sua mente. Quando fiz isso, no entanto... Ouvi alguém abrir a porta. Era Sven. Eu sabia que ele ficaria bravo comigo, então tentei me esconder no banheiro. E aí vem a parte estranha: o que ele disse a Aiko.

— Você ouviu a conversa? — perguntou a mestra, ao mesmo tempo em tom repreendedor e curioso.

— Não foi minha intenção, mas Sven falava sobre como Aiko havia atrapalhado seus planos e que agora ele teria que ir até a biblioteca durante a noite, se encontrar com certo alguém. Ele não disse quem era. Ouvi Sven dizer também para que Aiko ficasse longe de mim, que eu não podia saber de nada. Agora tudo faz sentido. Naquela noite que encontrei Aiko no jardim, apertando o banco com as mãos e o olhar desfocado, provavelmente Sven já estava tramando algo. E Sven mandou que Aiko parasse de falar comigo para que eu não pudesse, de forma alguma, compreender o que se passava entre os dois. Depois disso, Sven me encontrou atrás da porta.

— E?! O que aconteceu?

Nirina pode sentir a preocupação na voz de Zahra, e também a vontade que ela tinha de saber.

— Ele ficou muito bravo. Estava com muita raiva, e me pegou pelo pescoço, apertando. Mas ele se deixou ser dominado pelos sentimentos e uma simples técnica de gelo que aprendi com Selene me salvou. Fiquei admirada com o jeito que ele reagiu, ainda mais por ser um mago de ar, supostamente mais calmo e equilibrado. Acredito que ele já esteja perto de sua natureza destruidora.

— Pensou bem — disse Zahra. — Sven sempre foi sério e tão sério que sempre parecia estar escondendo algo, nem que fossem os próprios sentimentos. Ultimamente ele tinha agido diferente, isolando-se ainda mais dos outros mestres, mas jamais imaginei que tivesse algo a ver com isso. Senti-me, muitas vezes, tentada a ler sua mente, só os pensamentos superficiais, só pra ver se descobria algo. Mas não o fiz. Algo mais estranho? Você fugiu bem de Sven? Alguém viu isso?

— Reno. Quando saí correndo do quarto, esbarrei em Reno, pois estava distraída e não o vi chegar perto. Ele me perguntou o que estava acontecendo, que tinha me visto sair correndo do quarto de Aiko. Resolvi não mentir e disse que Sven estava envolvido em algo suspeito. Mas foi só isso que eu disse. Não falei sobre a biblioteca, nem sobre o estado de Aiko. Quando nos separamos, eu vi... Que o cabo da espada de Reno era o mesmo da espada que eu havia visto da minha visão.

Zahra arregalou os olhos, com espanto. Havia um tempo que ela não conversava com um aprendiz ou clarividente que encontrasse evidências em detalhes da própria visão, ou observasse fatos subliminares através de objetos.

— Você acha, Zahra — perguntou Nirina, juntando as mãos, próximas ao peito — Acha que por isso Reno possa ter algo a ver com a morte de Aiko?

— Acho — respondeu a mestra, sem rodeios. — Não posso afirmar que ele tenha sido o assassino, mas para você ter visto sua espada em meio ao sangue de Aiko, então com certeza algo que Reno fez interferiu. Nem que tenha sido de modo não proposital. Talvez o próprio Reno não tenha notado. Mas, infelizmente, sim, Nirina.

A aprendiz ficou um tempo em silêncio. Logo depois, Zahra se levantou.

— Aiko está morto. Ainda não podemos questionar Reno de forma direta. Sven ainda não apareceu desde que seu aprendiz morreu, tanto que o estão considerando como o principal suspeito pelo acontecimento. Vamos precisar esperar o reaparecimento de Sven, então nós duas podemos pedir através do Rei para executar um interrogatório. Agora — Zahra estendeu a mão a Nirina, que a segurou carinhosamente. — Devemos ir? Vamos andar pela cidade e ver Arthus, e esquecer um pouco dos problemas desse lugar.

— Sim! — Nirina se levantou e seguiu a mestra para fora do quarto, sorridente.


Alguns soldados ainda rondavam a parte do quarto de Aiko. De longe, ela viu Ísis, Laina e Adrien. Ísis estava conversando séria com um dos soldados enquanto Adrien abraçava Laina, consolando-a. De repente, Nirina afinou os olhos ao ver Martin se aproximar. Do nada, Ísis olhou para o líder dos magos e, abrindo um sorriso, se jogou em seus braços e o abraçou. Martin levantou a garota do chão, sorrindo, e quando a colocou em pé novamente, passou a mão pelos cabelos da aprendiz de fogo. Nirina ergueu uma sobrancelha e olhou para Zahra.

— Ísis e Martin? O que os dois tem a ver?

— Ísis é sobrinha de Martin — respondeu Zahra, enquanto as duas continuavam a andar até os portões, onde a carruagem as esperava. — Martin tem uma irmã, chamada Nieren. Nieren se casou com um mago do exército de Martin, e desde então sua filha vem recebendo educação em magia aqui na Corte.

— Você a conhece? — perguntou a aprendiz, curiosa.

— A Nieren? Sim. Não nos damos muito bem. Ela é uma maga do elemento ar. Temos mais ou menos a mesma idade e estudamos juntas por um tempo, até que tive que viajar para os outros países a mando do Rei Nasser. Separei-me de Nieren e então não a tenho visto mais. Ísis parece muito com a mãe em aparência, mas são bem diferente em personalidade.

— Aconteceu algo entre você e Nieren? — Ambas já estavam próximas à carruagem.

Zahra sorriu.

— Não lembro ao certo. Talvez tenha começado apenas por sermos de elementos opostos, assim como você é com a filha de Nieren. Pensando nisso anos depois, talvez fosse fruto da nossa imaturidade. Há anos não a vejo, não sei como reagiria se conversasse com ela.

— Entendi — disse Nirina. — Obrigada por responder, é bom saber mais sobre você e as pessoas da Corte.

— Por nada, aprendiz — Zahra sorriu mais uma vez, aproximando-se da carruagem. — Devemos seguir?

— Claro!

As duas entraram no veículo, que logo se pôs em movimento a mando de Zahra. Nirina não conseguia parar de pensar no fato de que Ísis era sobrinha de Martin. Parecia que agora tinha mais um motivo para não se dar bem com a garota; mas não devia julgá-la apenas por seus familiares. Assim como nutria antipatia por Martin e Ísis, também não conseguia imaginar Nieren como uma mulher agradável.

Olhando pelas janelas do veículo, Nirina viu a cidade e como as pessoas encaravam com curiosidade a carruagem, que tinha as marcas e a forma de uma carruagem da Corte. Ela sorria para as pessoas que a olhavam diretamente, e as pessoas sorriam de volta, acenando. Algumas viravam o rosto, mas Nirina apreciava as reações de qualquer modo.

A viagem seguiu tranquila e mestra e aprendiz permaneceram em silêncio a maior parte do tempo. De repente, Zahra inclinou-se para perto da janela e observou algo que Nirina não pode ver. Com uma ordem, pediu para o condutor que parasse o veículo e a mestra abriu a porta.

— O que há? — disse Nirina, preocupada.

— Soldados de Reno, logo ali. Próximos àquela rua, com a aglomeração de cidadãos em volta.

As duas clarividentes desceram da carruagem, atraindo os olhares dos inúmeros espectadores e curiosos. Ver as duas andando juntas era especialmente engraçado pois Zahra tinha quase a mesma altura que Nirina; era apenas um pouco mais alta.

A maioria das pessoas cochichava entre si que algo realmente importante e preocupante devia estar acontecendo na cidade com os assassinatos para que magos do Rei e clarividentes fossem enviados ao local para inspecionar. Nirina e Zahra não haviam sido mandadas para a missão, mas Zahra não podia deixar passar sem inspecionar.

Aproximou-se dos soldados do exército de Reno com Nirina enquanto a multidão abria passagem assim que as duas andavam. Algumas reverenciavam. Nirina não sabia exatamente o que fazer quanto a isso, mas observando Zahra, percebeu que ela andava olhando para frente e imparcial às pessoas ao lado. Nirina ergueu a cabeça e fez o mesmo que sua mestra.

Assim que Zahra chegou, observou Reno. Ele estava com uma expressão neutra e ao mesmo tempo preocupada. Apesar de tudo, estava sereno. As duas se aproximaram enquanto o líder dos soldados olhava para o céu, como se buscasse uma resposta.

— Reno — disse Zahra. — O que está acontecendo aqui?

— Zahra — ele disse, com um sério aceno da cabeça e uma leve reverência. — E Nirina. O Rei as mandou?

— Não, para falar a verdade — disse a clarividente. Nirina manteve-se em silêncio. — Eu e Nirina temos assuntos a resolver fora da Corte e no caminho passamos por aqui.

— Mais um assassinato, e o corpo foi deixado em uma das ruas principais. Não me surpreende que vocês tenham encontrado.

— Quem foi a vítima dessa vez? Outro cidadão? Uma criança?

— Sven — respondeu Reno, sem hesitar. — Sven foi assassinado, provavelmente na noite passada, e seu corpo foi deixado aqui.

— Sven?! — disse Nirina, incrédula. — Sven está... Morto?

— Sim — respondeu Reno, olhando para baixo. — Ainda não sabemos o que aconteceu.

— Reno — disse Zahra, em tom de ordem.

— Pois não?

— Peça a seus soldados que levem o corpo de Sven à Corte como fizeram com o daquela mulher e o preparem na mesma sala. Devo analisá-lo com Nirina, mas pra nós duas já está claro que existe magia negra presente nisso. Podemos sentir — Nirina confirmou com um leve aceno da cabeça. — Isso está ficando grave. Primeiro, o desaparecimento daquele garoto, Rob. Depois aquela mulher, brutalmente assassinada. Agora a morte de um de nossos mestres da Corte. Não podemos afirmar com certeza que a morte de Aiko também está envolvida, mas é uma possibilidade.

— Sim, senhora — disse Reno, chamando alguns soldados com um gesto. — Ah, por falar nisso, vocês duas estão viajando sozinhas?

— Sim — respondeu Zahra.

— Acham melhor assim? Se quiserem, Kevin pode acompanhá-las.

— Acho que não seria preciso. O que pensa, Nirina?

— Eu concordo com a senhora, mestra, mas podemos, se possível? Gostaria de ter a companhia de Kevin, há dias não nos falamos.

— Por mim, não há problema algum — disse Zahra.

— Kevin! — chamou Reno, acenando. Depois, sorriu para o subordinado. — Acompanhe as duas senhoritas até seu destino e fique com elas até quando for necessário. Nirina solicita sua companhia.

— Sim, senhor! — respondeu Kevin, reverenciando as duas magas de forma sutil.

Os três seguiram seu caminho enquanto Reno dava ordens a seus soldados. Mordeu o lábio inferior enquanto pensava em Rezon. "Maldito Rezon", soou por sua mente. "Eu pedi para que não fizesse isso, por que ele dificulta tanto as coisas... Por quê?" Fechou uma de suas mãos e a apertou, rangendo os dentes. Depois, olhou para o céu de novo, enquanto percebia a movimentação dos soldados a seu lado, cuidando para que o corpo fosse devidamente removido. Alguns soldados dispersavam a multidão, que insistia em observar. Reno estava parado em meio a tudo, procurando obter uma resposta do nada, uma resposta que sabia que não viria. Só conseguia pensar em um nome. Só uma coisa: Suriel. Sofrera tanto com os acontecimentos recentes que quase havia se arrependido de ter se envolvido amorosamente com alguém. Se não tivesse se importado, não teria que dividir os sofrimentos. "Mas também não dividiria as alegrias" respondeu uma voz dentro de si mesmo. "Você a ama, Reno. Lute por ela."

Era isso que faria. Mataria outras pessoas, não importava a ele quantas, mas continuaria protegendo Suriel enquanto pudesse. Acreditaria em Rezon. Odiava-se por isso, mas não conseguia enxergar outra saída. De repente, voltou o olhar para seus soldados e voltou a se concentrar no acontecimento, como se ainda não estivesse ciente da causa da morte de Sven.


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