Constatação

Vê-lo partir depois de uma noite como aquela doeu. Doía sempre. Só que naquela noite dou mais.

Mas tinha que ser assim. Ele é Draco Malfoy, e ela... Bem. Apenas Hermione. Uma garota trouxa de classe média, de um bairro trouxa, de um mundo trouxa, com sangue trouxa correndo nas veias. Já ele...  Sangue puro, rico e com uma estirpe insuperável.

Ela era como um cachorro vira-lata comparado com um com pedigree. Comparação estúpida, mas a melhor para descrever suas classes, seus mundos, suas diferenças.

Diferenças essas que desapareciam entre os lençóis de cetim. Era gostoso saber que ela exercia certo poder sobre seu corpo, sobre suas vontades.

Era a ela que ele procurava quando se sentia insatisfeito, triste, com raiva, angustiado. Era com ela, na cama dela que ele também dividia suas conquistas e alegrias. Era com a sangue-ruim que ele esquecia os problemas de ser um executivo de sucesso e de ter se casado com uma mulher fútil que só ligava para o status que o nome Malfoy trazia. Era com ela que ele se sentia melhor e mais feliz. Ela era como um porto seguro que ele sempre procurava quando se sentia naufragando.

Viviam uma paixão proibida. Ela não era uma mulher iludida como os amigos que sabiam de sua relação com ele achavam. Sabia perfeitamente que não ocupava 100% do coração do sonserino, mas sabia que tinha um lugar todo especial que era ocupado só por ela e mais ninguém.

Naquele dia comprovara isso. Fizera a constatação. Ele deixara bem claro quando pronunciara a frase.

Não fora um simples ‘eu te amo’. Havia um sentimento verdadeiro na afirmação.

Ele dissera com aquela pequena parte que era ocupado por ela. Sabia disso.

Era como cair num redemoinho de sensações inexplicáveis.

Agora esperava ansiosa que ele voltasse e a tomasse em seus braços e lhe dissesse que a amava novamente.

Só iria constatar o que já sabia.