Um Mês Na Vida Mundana escrita por Dorian Gray
Notas iniciais do capítulo
Bom, no primeiro capitulo é o que aconteceu quando os caçadores de sombras descobriram que terão que ir à uma escola mundana. Espero que gostem :DD
Clary achava que era um pouco estranho voltar a ir à escola. Não era algo necessário para os caçadores de sombras. A educação que recebem era dada no Instituto.
Talvez fosse para fazem companhia a Simon, seu melhor amigo desde sempre. Clary gostaria de aceitar o fato que era essa a razão pela qual estava fazendo isso, mas com tudo que havia acontecido no Instituto e em Idris ultimamente, o Conselho decidiu que era melhor os que tinham aula no Instituto de Manhattan serem mandados para um escola pública por um mês.
Embora os Lightwood eram contra a ideia, não havia nada que pudesse ser feito. Agora lá estavam Clary, Izzy, Jace e Alec, sendo levados de carro até o colégio.
Quem dirigia era Maryse Lightwood, mãe de Alec e Isabelle, que foram os primeiros a armar um barraco quando descobriram que teriam que ir à escola.
Não foi uma discussão muito agradável que tiveram na noite anterior:
-Mas porra, mãe! Eles não podem fazer isso conosco!- gritou Isabelle, se levantando do sofá.- A gente nunca foi pra uma escola normal!
-Eu não vejo qual o problema!- disse Maryse, levantando os braços- Não é o fim do mundo, Isabelle! O Conselho está preocupado com coisas muito mais importantes no momento!
-Se você tivesse minha idade, entenderia!- gritou Isabelle.
-Se eu tivesse sua idade, agiria de forma mais educada com sua mãe!
-Agh! Eu te ODEIO!- ela berrou, cobrindo o rosto com as mãos.
-O que está acontecendo?!- perguntou Alec, ofegando. Ele provavelmente tinha ouvido os gritos do andar de baixo.
-Ela vai nos por em uma escola pública!- disse Isabelle, olhando para a mãe com olhar acusador.
-Espere, querido... Não é bem assim...- Maryse começou, mas os olhos de Alec arregalaram e ficaram vermelhos.
As mãos do menino começaram a tremer.
-É verdade...?- ele perguntou, com dificuldade.
-É.- respondeu Maryse, apertando os lábios –Mas espere, querido. Deixe eu te explicar melhor...
Alec respirou fundo e não disse nada, se virou e foi embora, batendo a porta com tanta força que fez a parede tremer.
Maryse deu um passo para frente e hesitou, então olhou para Isabelle.
-Está feliz?- ela perguntou.
-Mãe! Deixa o Alec! Eu sei que é pro nosso bem, mas não tem nada que possa ser feito?! Não podem nos mandar prum internato ou algo assim?
-Não. Eu já lhe expliquei, Maryse! Não adianta ficar brava comigo! É uma decisão do Conselho! Estou fazendo tudo que eu posso!- disse Maryse, sua voz ficando cada vez mais aguda.
Isabelle olhou para a mãe e viu que ela estava quase explodindo, então ficou quieta.
-Se precisar de mim, estarei conversando com seu irmão.- murmurou Maryse. Quando ela estava prestes a sair, se virou e completou:- A proposito... Eu fiz questão de que ficasse na mesma escola de Simon Lewis.
Os olhos de Isabelle brilharam, ela pensou em responder, mas sua mãe já havia ido embora.
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Alec se deitou na cama e cobriu o rosto, “Isso não está acontecendo”, ele pensou.
-Quanto tempo?- ele perguntou, ao ouvir sua mãe entrar no quarto.
-Bem... Um mês.
-Não. Quanto tempo até o primeiro dia?
-É nesta segunda-feira.
-Quer dizer que eu tenho menos de dois dias?- ele pergunta, baixinho.
-Sim.
Alec sente uma lagrima escorrer de seu rosto.
-Sinto muito, querido... Eu sei, Isabelle estava certa. Eu não tenho como entender o que vocês estão sentindo.
-Tudo bem, mãe.
-Olha, não se preocupe. Eu dei um jeito de tornar a situação um pouco menos assustadora pra vocês. Vão ser acompanhados por um protetor.
-Um protetor?- perguntou Alec, se sentando.
-É... Alguem que, bem, confiamos. Ele se infiltrará como aluno na escola de vocês.
-Quem é?
-Acho que não fará diferença, você provavelmente não o conhece.
-Quem é?- ele insistiu, começando a ficar nervoso.
-É o feiticeiro Magnus Bane.- ela disse, dando de ombros. Alec arregalou os olhos e começou a tremer.
-O QUE?!
-Você conhece Magnus Bane?
-MÃE VOCÊ NÃO PODE ME DEIXAR IR NESSA PORRA PELO AMOR DE DEUS MÃE VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO!
-Alec qual o problema?! Agora ha pouco você estava bem neutro quanto a situação!
-MÃE POR FAVOR NÃO ME FAÇA IR PRA LÁ!
-Alexander Lightwood! Se acalme! O que aconteceu?! Qual o seu problema?!
-MÃE!- ele suplicou, -POR FAVOR, MÃE! EU NÃO POSSO IR!
-Quieto, Alec! Que surto foi esse?! Meu filho, você está bem?!- ela perguntou, assustada.
-ME DEIXA EM PAZ, MÃE! ME DEIXA AQUI! VOCÊ QUER ME MATAR NÃO QUER? POR QUE NÃO ME MATA DE UMA VEZ?- ele gritou.
Maryse recuou rapidamente.
-Filho, se você não me disser o que está acontecendo, eu vou chamar um médico!- ela disse.
Alec percebeu que estava ofegando e tentou se acalmar, deitou novamente e fechou os olhos.
Maryse pegou um copo d’agua que estava em cima da mesa e deu a Alec.
-Tome,- ela disse – Se acalme.
Alec pegou o copo e tomou pequenos goles, esperando seu coração parar de bater tão rápido.
Sua mãe colocou o copo na cabeceira e segurou a mão dele.
-Está melhor?- ela perguntou.
Alec fez que sim com a cabeça.
-Vai me contar o que ha de errado?
-Não. Não ha nada de errado.
-Você acabou de gritar na minha cara, Alec. Me recuso a acreditar que você está bem.
-Eu sei, eu só fiquei nervoso.
-É sobre Magnus Bane? Se tiver alguma coisa, você tem que me contar agora mesmo.
-Não tem nada a ver com ele. –Alec mentiu, então pensou no quão burro tinha sido. Essa era a sua única oportunidade de afastar o feiticeiro dele. Se é que ele queria afastar Magnus Bane.
-Tem certeza?
-Tenho.
-Alec... Eu vou ter que perguntar à Isabelle.
-O que?!- ele perguntou, se levantando. –Acho que não vai precisar...
-Desculpe, filho, mas se você se recusa a me falar, acho que vou ter que conversar com ela.
Alec apertou os lábios, ele confiava em Isabelle.
-Pode falar, mas ela vai dizer que não ha nada de errado comigo.- ele disse.
Maryse ainda estava assustada e preocupada com Alec, ela saiu de seu quarto lentamente.
Isabelle estava na sala de estar, espreguiçada sobre o sofá, lendo.
-Izzy? Eu conversei com Alec...
-Ih... Eu te disse pra não fazer isso, não disse?- perguntou Isabelle, virando a página de seu livro.
-Pois é... Isabelle, o que você sabe sobre Magnus Bane?
Isabelle quase pulou do sofá e se virou rapidamente.
-Então quer dizer que...?
-É. Eu sei de tudo.
Izzy respirou fundo e encarou a mãe.
-Sabe de tudo...?
-Sei que vocês o conhecem.
-Sim, algo mais?- perguntou Izzy, mordendo o lábio inferior.
-Como assim “algo mais”? Hein, mocinha?
-Nada, esquece. –disse Isabelle, finalmente entendendo a situação.
Maryse levantou uma sobrancelha, desconfiada, mas seu rosto relaxou e ela respirou fundo.
-Desculpe... Vocês já estão muito nervosos quanto a tudo isso... Izzy, será que poderia conversar com seu irmão? Ele pareceu muito nervoso e irritado.
-Não é a toa...- murmurou Isabelle.
-Como?
-Nada... Deixa, eu falo com ele.
-Fico feliz... Bem, eu tenho que conversar com seu pai. Espero que vocês possam resolver esse “conflito”. Mais tarde podem chamar a Clary. Ela já foi pra escola antes e sabe como é.
-Tá, valeu.- disse Isabelle, cruzando os braços.
O fato de Izzy estar indo para a mesma escola de Simon mudava muito a situação. Infelizmente, não poderia dizer o mesmo sobre Alec. Ele e Magnus estavam passando por um período muito complicado e ela imaginou que essa foi a causa dos muitos gritos vindos do andar de cima.
-Alec?- ela chamou, antes de entrar no quarto.
-Pode entrar.- ele disse.
Isabelle abriu a porta lentamente e se deparou com Alec deitado na cama com o rosto vermelho e olhos inchados.
-O que aconteceu com você e a mamãe?
-Nós tivemos uma discussão... Izzy, eu estou preocupado, sério.
-O que você fez?
-Eu praticamente surtei quando ela mencionou o Magnus.- ele olhou para a irmã com lagrimas voltando a formar – Izzy, e se eu tiver entregue os pontos? E se a mamãe começar a suspeitar de alguma coisa?
-Calma, calma... Eu falei com ela agora ha pouco e disse que não havia nada entre nenhum de nós e o Magnus.
-É, mas mesmo assim... Eu gritei quando ela disse que ele ia com a gente. Eu acho que a mamãe suspeita de algo.- as mãos dele tremiam e lagrimas escorriam sem parar.
-Calma, Alec.- ela disse, preocupada, -Eu lhe garanto que tudo ficará bem... Shh... Calma.
-Não tem como eu me acalmar, Izzy, não tem!- ele murmurou, apoiando a cabeça no ombro da irmã.
-Tudo vai ficar bem, Alec. Não se preocupe. Eu não vou deixar o Magnus chegar perto de você e...
-É esse o problema, Izzy.- ele fez uma pausa –Eu quero ficar perto do Magnus.
-Oh... Bem, então qual é o problema?
-O problema é a mamãe descobrir isso.
Isabelle apertou os lábios e entendeu a dor do irmão, assegurou-o de que tudo ficaria bem.
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Clary entrou na casa dos Lightwood com Simon ao seu lado.
-Cara... Que casão...- murmurou Simon.
-Simon!- sussurrou Clary.
-O que foi?! Ninguem ouviu.
-Não é educado...!
Simon revirou os olhos e puxou a amiga pelo braço.
-Ah, que bom que chegaram.- disse Isabelle, sorrindo.
-Pois é... Cadê o Alec?
-O Alec... Não está muito bem agora, mas daqui a pouco ele melhora. Não se preocupe.
-Ah...- disse Clary, com uma pontada de decepção. Ela queria saber o quão chocado o menino estava após receber a noticia que iriam para escola pública.
-Querem um chá? Eu fiz pra mim, mas sobrou um pouco.
-Claro.- disse Simon. Clary fez que sim com a cabeça.
Os três se sentaram na sala de estar, observando as chamas da lareira no canto direito.
-Me desculpem pelo Alec... Ele realmente não esta muito bem. Foi uma surpresa muito grande para ele.
-Imagino.- comentou Clary, tomando um gole do chá.
Houve um silencio perturbador, em que Clary teve a impressão de estar “segurando a vela”.
-Clary... Eu posso te perguntar umas coisas sobre ir à escola?- perguntou Isabelle, nervosa.
-Lógico.- disse Clary, sorrindo.
-Bem... O que eu faço na hora do intervalo? Onde ficam os banheiros? O que eu faço se me intimarem? Pode bater nas pessoas?
Clary estava surpresa, Isabelle, que sempre tinha sido bonita, inteligente e legal estava nervosa quanto a escola.
-Eu acho que vocês deveriam tentar meio que me acompanhar, sabe. E não, não deixam bater em pessoas.
-Te acompanhar... Certo.
-Jace já foi pra escola pública?- perguntou Simon.
-Não que eu saiba.
-Onde ele está?- perguntou Clary.
-Não sei, talvez esteja passeando por aí. Ou no treinamento. Acho que provavelmente no treinamento.
-Onde fica o treinamento?
-Terceira porta à esquerda. Por que?
-Vou fazer uma visita à ele.
Isabelle sorriu e disse:
-Vá em frente.
-Você vai ficar ai?- perguntou Clary, se levantando.
-É... Vou.- respondeu Simon, rindo.
Clary deu uma ultima olhada neles antes de fechar a porta. Ela percorreu o longo corredor da casa dos Lightwood até se deparar com uma porta branca alta. Dava pra ouvir gritos e batidas do outro lado.
Ela hesitou e segurou a maçaneta por um bom tempo, então tomou coragem e abriu a porta.
Jace estava em pé atirando facas em um alvo que ficava do outro lado da sala.
-Jace?- ela chamou.
Uma faca longa e fina voou da mão do menino e acertou no meio do alvo. Ele tirou as luvas e se virou.
-Sim?
-Ah... Oi.
-Oi.- ele respondeu, com um olhar que dizia “Você interrompeu meu treinamento importantíssimo pra me dar ‘oi’?”.
-Você está bem?
-Maravilhoso, como sempre.- ele se aproximou e começou a tirar o resto do equipamento de treino.
-Que... bom.
-É.
-Então, você já ficou sabendo que vão pra escola pública, né?
-Fiquei.
-E ai?
-Bom, não vou mentir e dizer que gostei disso, mas não posso fazer nada a respeito.
-Você parece bastante calmo.
-Por que não estaria?
-As pessoas geralmente ficam ansiosas quando vão à um colégio novo.
-Mundanos imbecis... Clary, eu já matei centenas de criaturas demoníacas desde que era criança. Você acha que eu vou ter medo de ir à um colégio novo?
Por algum motivo, as palavras dele não inspiravam confiança, mas Clary ficou quieta.
-Embora...- ele murmurou –Por mais ridículo que isso pareça, eu fico com um pouco de frio na barriga quando penso nisso.
-Tudo bem, - Clary riu –eu sabia que você estava preocupado, nem que fosse um pouco.
-Como pode?! É tão estúpido...
-Como? Eu te respondo: Você ainda é um adolescente, apesar de achar o contrário. Você ainda tem hormônios mexendo com os químicos em seu cérebro.
Ele revirou os olhos e passou a mão no cabelo.
-É difícil? A escola?
-Bom, se você estudar...
-Não, eu digo, é difícil se virar?
-Um pouco... Eu acho. Depende se você for popular ou não.
-O que é ser popular?
-Ser popular é ser conhecido por todos e supostamente ser “amado” por todos, mas na verdade, todos te odeiam ou tem medo de você. Geralmente são burros e andam em bando.
-Ah, então quem é diferente e inteligente se vira mais facilmente?
-Não exatamente... Os inteligentes, diferentes e legais são os que mais sofrem...
-Por que? Que tipo de pessoa quereria ser odiado por todos?
-É uma ótima pergunta, Jace...- respondeu Clary, respirando fundo.
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