Cap. 19     Hora da verdade

POV Bella

Finalmente chegou a hora de saber a verdade. Não aguento mais essa angustia, acabando comigo, me consumindo por dentro, finalmente eu vou saber se essa menininha é realmente filha do meu Edward. Esme parou o carro em frente à casa que deveria ser a casa da avó da Jéssica, pelo menos esse era o endereço que estava no papel. A casa era muito simples, na verdade a casa estava praticamente caindo aos pedaços, de madeira e a grama envolta da casa estava alta, bem pequenininha e fica em um bairro muito perigoso de Chicago.

 Na frente da casa tinham alguns jovens fumando e bebendo, fiquei surpresa quando no meio deles vi uma menina com uma aparência muito acabada, mas ainda assim pelo rosto dava para perceber que não havia nem ultrapassado os 16 anos e já estava com uma barriga enorme de grávida, deveria estar no 8° mês. Quando saí do carro, alguns rapazes começaram a mexer comigo e falavam coisas que eu não repetiria nem mesmo em pensamento. Esme também estava assustada com o lugar, paramos em frente á porta e tocamos a campainha.

 Uma senhora que devia ter no mínimo uns 60 anos veio atender com uma cara de poucos amigos. Ao perceber quem estava na porta, deu espaço para que pudéssemos entrar e perguntou se queríamos café, negamos. Ela pediu para que sentássemos e começou a falar.

- Quando Jéssica ligou, falou que você viria sozinha.

- Essa é a minha sogra Esme. Desculpe incomoda-la, mas queríamos saber se toda essa história é verdade, se essa menina é mesmo filha do meu marido.

- Você é idiota?

- Desculpe...

- É claro que essa menina não é filha do seu marido. Desde que essa menina nasceu Jéssica tenta encontrar uma pessoa idiota o suficiente para comprar essa criança.

- Você tem certeza que ela não é do meu marido?

- É claro que não! Jéssica engravidou de um ex-namorado pobre que não conseguia bancar os luxos dela. A partir do momento em que ela soube dessa gravidez, tentou tirar o bebê uma vez, mas depois de um tempo, antes da segunda tentativa, uma amiga falou para ela os benefícios financeiros que essa criança traria e saiu transando com todos os homens ricos que conseguia, para ver se conseguiria dar um golpe do baú em algum deles, e quase conseguiu dar em vocês.

- Jéssica falou que a menininha é doente, isso é verdade?- Perguntei curiosa.

- Sim! Parece que quando a Jéssica tentou tirar o bebê, acabou prejudicando o bebê que nasceu prematuro, ela também não escuta muito bem. Uma vez levei-a em um médico que disse que ela precisa de exames detalhados. Eu não posso pagar esses tais exames detalhados. Eu arco com todas as despesas dessa casa com metade da minha aposentadoria, que não é grandes coisas, a outra metade sempre acaba indo para as mãos da Jéssica. Essa criança sofre muito, nem para a escola ela pode ir.

- Porque ela não pode ir para a escola?

- A única escola pública desse bairro é praticamente um ponto de drogas.

- Nós podemos conhecê-la dona ...? – Perguntou Esme.

- Nancy. Claro ela está lá atrás! Bom, eu vou ir passar um café, se precisarem de mim é só gritar.

- Tudo bem.

 Seguimos pelo caminho que ela indicou e saímos em uma varanda. Encontramos uma linda garotinha, sentada em uma escadinha com três bonecas de pano. Aproximamo-nos e só depois de bastante tempo ela nos viu, me aproximei e falei:

- Oi lindinha! Meu nome é Bella e o seu?

- Coralina- Falou bem baixinho, parecia assustada.

- Então Coralina... Qual nome das suas bonecas?

- Duda, Marie e éta é a Frances- Disse apontando para cada uma das bonequinhas de pano, pelo que percebi a Coralina parece ser uma menina muito caprichosa, pois as bonecas não tinham uma manchinha de sujeira. Quando eu era pequena minhas bonecas viviam rabiscadas.

- Elas são muito bonitas! Você gosta de brincar de boneca?

- Góto! Que blinca conmigo?

- Quero!

Eu e Esme ficamos algum tempo brincando com a menininha e simplesmente nos apaixonamos, uma garotinha indefesa e totalmente delicada. Foi impossível não me lembrar da Nessie, será que ela está bem? Depois de um tempo, a avó da Jéssica falou para entrarmos, pois estava terminando de passar o café. Antes de tomarmos ela se sobressaltou e falou.

- Desculpem-me acabei me esquecendo, eu vou à padaria, rapidinho comprar o pão e já volto, podem esperar com a Cora enquanto eu não volto?

- Claro!- Ela entrou em uma porta e depois saiu às pressas com um vestido melhor. Ficamos um tempo brincando com a Coralina, de repente Esme me puxou para o canto da sala.

- Bella, você não me disse que o Edward quer ter um filho?

- Sim!

- Então porque você não adota essa menininha?    

- O que? Não... De jeito nenhum! Eu não conseguiria ficar com ela... E também a avó nunca iria querer entregar ela assim para a gente...

- Bella, eu duvido muito que ela não entregaria sabendo que as oportunidades dessa menina seriam bem melhores na nossa família. Ela poderia receber todo o tratamento necessário e até mesmo teria uma qualidade de vida bem melhor.

- Esme... Ultimamente eu estive pensando em adotar uma menininha, aluna da Rose... Eu sei que parece loucura, mas assim que eu a vi... Se eu tivesse uma filha, eu queria que ela fosse exatamente daquele jeito.

- Bella, meu amor. E os pais dessa criança?

- É exatamente aí que está. Rose me disse que tem certeza que ela sofre maus tratos. Ela me disse que viu essa menina machucada várias vezes e disse também que seria melhor se eu pegasse a guarda dela...

- Bella, a Rosalie é uma cabeça de vento... Como assim pegar a guarda dos pais dela? Isso é loucura, é uma causa perdida! E quanto aos maus tratos, ela só deve ter pais que passam dos limites, quanto a isso a Rosalie tem que ir à delegacia prestar queixa.

- Mas  Esme, eu gostei tanto da Nessie, ela é uma menina tão amável!

- Uma menina amável que tem pai e mãe. Querida não seria bem melhor você tentar ter outro filho ou até mesmo adotar uma criança, do que tentar tirar essa menina dos pais dela? Bella desista disso é loucura, você não conseguiria pegar a guarda de uma criança dessa forma, ela deve ser muito amada pelos pais, só que eles devem exagerar no castigo, isso é uma coisa fácil de resolver, pede para a Rosalie fazer uma queixa, uma assistente social vai a casa dela, conversa com os pais e pronto assunto resolvido! Esqueça isso!

- Eu vou tentar, mas é muito difícil.

- O que você achou da Coralina?

- Uma menininha adorável!

- Porque não adota ela? Tenho certeza que ela precisa de pai e mãe que possam dar uma boa oportunidade de vida.

- Quando eu olho para ela não vejo a menina certa para mim, mesmo ela sendo uma criança maravilhosa, eu não conseguiria vê-la como filha, pelo menos é o que o meu coração diz.

- É uma pena!

- Mas porque você não a adota?

- Bella eu já passei da idade...

- Esme você só tem 45 anos! Essa seria a chance para você não ficar sozinha e voltar para Nova York. E também poderia ajudar essa menininha.

- Você acha mesmo?

- Claro! Seria uma companhia perfeita para você!

- Você tem razão vou conversar com a Nancy assim que ela chegar.

Na mesma hora, Nancy apareceu na porta com a sacola de pão e foi para a cozinha, Esme foi atrás dela e eu fiquei na sala brincando de boneca com a Coralina, ela com certeza é uma menina maravilhosa, seria uma ótima filha, mas o meu coração diz que ela não é a certa para mim e eu sempre escuto o meu coração. O telefone começou a tocar, achei melhor ir falar com Nancy. Fui até a cozinha e encontrei Esme sentada em uma cadeira e a senhora estava encostada no fogão. Elas pareciam pensativas, até que a Dona Nancy falou.

- Tudo bem, eu aceito a sua oferta.

POV Esme

 Já há algum tempo eu vivo sozinha na minha casa. Rosalie se casou com o Royce e foi embora, mesmo depois do divórcio ela não voltou, depois o Edward se casou com a Bella e foi embora e há dois anos minha pequena Alice foi para a faculdade deixando-me sozinha com o pai dela, Erick, um ótimo marido, pena que faleceu alguns meses depois. Desde então eu comecei a viajar para diminuir a angustia no coração, mas isso só vem me afastando dos meus filhos.

 Eu adorei a Coralina, ela é simplesmente uma criança adorável e como a Bella não quis adota-la eu acho que talvez eu consiga dar uma boa vida para essa menina e eu não ficaria mais tão sozinha e também teria a chance de ajuda-la. Fui em direção á cozinha para conversar com a Nancy. Chegando lá ela estava pondo a mesa sentei-me em uma cadeira e comecei a falar.

- Sabe Nancy, já há algum tempo eu estou muito sozinha, todos os meus filhos se mudaram e o meu marido também faleceu, eu nunca pensei em adotar uma criança, mas vendo essa menininha tão fofa...

- O que você me propõe?

- Nancy, eu tenho uma boa condição financeira e eu sei que posso dar uma boa vida para Coralina e também poderia bancar o tratamento que ela precisa, com todos os exames e tudo mais.

- Eu nunca abandonaria a minha neta dessa maneira- Disse ainda sem se virar.

- Eu não falei em abandonar, se você quiser eu posso trazer Coralina para visita-la de vez em quando.

- Já tem algum tempo, que eu estou querendo tirar Coralina daqui, esse lugar é perigoso. Sempre tento juntar dinheiro para ir para outra casa melhor, mas a Jéssica sempre pede dinheiro que eu tenho e que eu não tenho, ela precisa sempre de dinheiro e eu sei que o custo de vida em Washington é elevado.

- Nancy, você sabe que a Jéssica nunca vai fazer nada pela filha dela, só vai continuar tentando vende-la até encontrar alguém que compre e considerando se tratar da Jéssica, duvido que quem compre vá querer cria-la como filha. Se é que me entende- Ela estremeceu e olhou pela janela, e viu aquela turminha de mais cedo.

- Tudo bem, eu aceito a sua oferta- Falou com um sorriso triste, na mesma hora Bella entrou e falou:

- Dona Nancy o telefone está tocando- Nancy saiu correndo para atender, enquanto isso, expliquei a Bella o que tinha acontecido. Alguns minutos depois Nancy voltou com a expressão assustada, o rosto bem pálido e falou:

- Vocês duas tem que ir agora mesmo! Podem levar a Cora com vocês?

- Claro!- respondi assustada.

- O que houve?- Perguntou Bella.

- O pai da Coralina... Ele é usuário de drogas, disse que vem busca-la. Vocês tem que tirar ela daqui antes dele aparecer. Os papéis para adoção já estão assinados pela Jéssica, ela achava que vocês iam compra-la, por isso já arranjou os papéis e os mandou assinados- Dizendo isso ela saiu correndo. Em quanto ela arrumava as coisas de Coralina ficamos esperando na sala com Coralina que parecia assustada. Alguns minutos depois ela voltou com uma sacola bem grande e deu para Bella, ali deveria ter roupas e brinquedos, foi até uma gaveta, pegou uns papéis e entregou para mim. Abaixou-se ao lado de Coralina, deu um beijo na bochecha e falou:

- Meu amor, eu sinto muito, mas você não pode mais ficar aqui na casa da vovó. Eu sinto muito, mas você terá que ir com essas moças, elas são muito legais e vão cuidar muito bem de você, eu te amo meu amor- disse começando a chorar, e abraçou sua neta- Se cuida meu bebê.

 Ela se levantou com Coralina no colo, e nos levou até o carro, chegando lá Nancy colocou Coralina no banco detrás e ajudou Bella a colocar a sacola com roupas e brinquedos da pequena, no porta malas. Na hora que fui entra no carro ela segurou meu braço.

- Eu sei que você é uma pessoa boa então, por favor cuida dela. Faça ela feliz!

- Com toda a minha vida.

Entrei no carro e Bella entrou no passageiro, Coralina estava sentadinha no banco detrás do jeito que a avó havia deixado e tinha um olhar assustado direcionado a mim e a Bella, sorrindo Bella se virou para traz e começou a conversar com a Coralina, tentando distrair ela. Coloquei uma música animada que estava passando na rádio e Coralina começou a se soltar, em poucos minutos ela já estava rindo com a Bella, uma menininha tão linda, merece uma vida linda.