Era como se alguém falasse comigo pelo sonho, alguém familiar, mas que eu ainda não sei da onde. Desda noite anterior a minha primeira vinda para Hogwarts eu tenho tido esses sonhos.

PDV. Harry Potter

Flashback On

Depois de um dia bem puxado, admito que precisava descansar, por isso resolvi tomar um sorvete, Hagrid disse que era para eu ir pedindo que ele já voltaria. Pedi meu sorvete e vi que eles tinham vários sabores diferentes, alguns até estranhos, então fiquei com o meu de chocolate com nozes mesmo, o peguei e fui sentar em uma mesa lá fora para esperar Hagrid. Enquanto ele não chegava, fiquei olhando as pessoas, o número de famílias aqui era grande em função das compras de última hora, já que o embarque para Hogwarts era amanhã. Lembrando desse fato, fiquei imaginando como seria essa tal escola. Via vários adolescentes e crianças saindo das lojas com seus novos materiais, o movimento era grande em todos os cantos, porém algo atraiu a minha atenção, um olhar.

Uma garota me olhava de dentro da loja de ingredientes para poções e ela sorria pra mim. Eu acho que a conhecia, não sabia de onde, mas ela me era familiar. Ela desviou o seu olhar de mim e voltou a observar uns frascos, enquanto eu ainda tentava lembrar de onde conhecia aquele rosto. Hagrid voltou um pouco depois enquanto eu ainda estava imerso em meus pensamentos tentando achar a resposta da familiaridade que eu jurava ter com a garota da loja de poções.

- Desculpa a demora, fui comprar o seu presente Harry. - Dito isso olhei para ele e notei uma gaiola com uma coruja branca como a neve em seu interior, simplesmente sorri. Havia visto a coruja quando passamos pelo aviário mais cedo e tinha gostado dela por ser diferente das outras.

- Feliz aniversário atrasado Harry! -Ele disse sorrindo largamente para mim. Com essa correria, acabei até esquecendo do meu aniversário que fora ontem.

Após terminarmos nossos sorvetes, nós três fomos até o Caldeirão Furado, que era uma espécie de bar com hospedaria, onde ficaríamos até nossa partida para Hogwarts na manhã seguinte.

Comecei a ler o livro que comprei sobre História da Magia com minha nova coruja empoleirada ao meu lado, quando bati os olhos em um nome que me chamou atenção, Edwiges. Olhei para ela e perguntei.

- O que você acha de ser chamada de Edwiges de agora em diante?

Ela soltou um pio como quem concorda e parecia que ela realmente havia gostado bem mais do que a sugestão anterior de nome que a tinha dado, Bola de Neve. Não que ela fosse gorda nem nada, mas ela era branca como neve.

- Então vai ser Edwiges. - Disse convicto.

Fechei meu livro me preparando para dormir, com a gaiola do meu lado olhei para minha nova amiga e disse.

- Boa noite Edwiges - sorri e apaguei a luz do quarto. Amanhã embarcarei no trem para Hogwarts e finalmente voltarei de onde não era para ter saído. “Feitiços e bruxarias lá vou eu!”  Pensando assim me deixei leva pela inconsciência.

Eu estava em uma casa, bem não uma casa, mas ruínas de uma, que deveria ter dois andares porque havia uma escada ali que agora levava a um nada. Em meio aos destroços estavam molduras, fotos, móveis semidestruídos então foi fácil reconhecer algumas coisas, como um berço que havia ali.

- Triste não é ? - Uma voz feminina falou. Fiquei afastado, porém podia vê-los e ouvi-los também. Duas pessoas, um homem e uma mulher.

- Realmente é muito triste. - Disse o homem olhando os destroços da casa.

– Tem certeza que eles não sobreviveram Alvo? - O homem levantou a mão em um pedido mudo para que sua companhia parasse de falar.

- Não tenha esperanças Minerva, não há mais ninguém em meio aos destroços, você sabe que já reviramos isso e eles não tiveram chance nem de aparatar. - O tal Alvo falou.

Não sou fofoqueiro e nem sabia o que estava fazendo ou como fora parar ali, mas sentia que precisava prestar muita atenção em que ambos falavam, que de algum modo seria útil mais tarde.

- Eu entendo, mas não deixo de pensar em como ficara a criança. - Disse a mulher já com lágrimas nos olhos.

- Ele será criado pela irmã de sua mãe no mundo dos trouxas. - Ele disse enquanto colocava o braço entorno de seus ombros tentando de certo modo consolá-la, no entanto esta arregalou os olhos ao término da frase.

- Como assim? Ele não pode viver com trouxas! O garoto provavelmente será o próximo alvo do Lorde das Trevas..

 - Exatamente por isso ele deve ficar longe de nosso mundo, ele deve crescer em um mundo o qual não sabe da sua importância. - Disse o homem a cortando de imediato.

- Acho que já chega por hoje. - Disse alguém perto de mim.

Quando olhei para o lado vi uma garota um pouco menor que eu, de olhos em tom de mogno e cabelo castanho claro escorrido passando dos ombros. Percebi que era a mesma garota da loja de poções de hoje cedo, mas o que ela estaria fazendo aqui?

- Hora de acordar Harry. - Ela disse enquanto tudo ficava branco. Quando me dei conta estava sentado em minha cama com Edwiges piando loucamente ao meu lado, vi a hora, eram 7:30 da manhã. O que será que significava aquilo?

Flashback Off

Aquele foi o primeiro sonho que tive com aquela garota. Sim, o primeiro, porque mais tarde houve outros. Como o que tive em minha primeira noite aqui em Hogwarts.

Flashback On

Estávamos tão casados que quando achamos nosso quarto apenas trocamos de roupa e nos jogamos na cama. Assim que toquei no colchão fechei os olhos e dormi.

Sonhei que estava voando na moto com Hagrid, até que passamos por uma nuvem e quando olhei, ele não estava mais ao meu lado. Estava sem ele e sem a moto, de pé em algum lugar totalmente branco. De repente uma imagem começou a se formar em minha frente. A mesma casa destruída que sonhei antes de embarcar no trem. Desta vez estava tentando achar algo de conhecido, não poderia sonhar com um lugar que nunca nem ouvira falar, poderia?

Olhei as duas figuras novamente, o homem e a mulher, mas agora eu os reconhecia. O homem era Dumbledore só que com a barba mais curta e a mulher era a Professora McGonagall! Estava saindo de meu “esconderijo” e indo em direção a eles perguntar o que era isso, só que quando eu coloquei a mão no ombro da professora os dois desapareceram como se fossem fumaça. Resolvi investigar os destroços da casa, ainda deveria ter algo importante por ali. Isso me fez lembrar aquela garota do Beco Diagonal, eu sonhei isso no dia que eu a vi e ela apareceu no sonho também na mesma noite.

Comecei a olhar para os lados a procurando. “Quem sabe ela só tenha aparecido da outra vez porque eu a havia visto no dia.” Pensei enquanto “entrava” na casa. Ela estava como da outra vez, não mudara em nada. Fui em direção ao berço, alguns detalhes da roupa de cama eram visíveis, poucos, mas haviam. Eles indicavam que eram de cor azul, provavelmente o tal bebê era um menino. Senti uma rajada de vento repentina, protegi meus olhos para que nada entrasse neles. O vento foi embora tão rápido quanto começou. Tirei os braços do rosto e observei algo caindo lentamente, acho que era uma folha de papel, estava meio queimada também. Me adiantei e a peguei antes que caísse no chão, desvirei a folha e senti meus olhos arregalarem e meu coração perder uma batida.

Em minhas mãos estava uma foto queimada nas bordas, a mesma foto que eu tenho em meu baú. Então a minha ficha caiu, o bebê que eles estavam falando era eu e aqui era a casa que eu morava com meus pais. Tentei conter uma lágrima em meu olho, porém a gravidade foi mais forte, forçando-a a cair.

- O que está acontecendo aqui!? Como eu posso estar vendo isso!? - Explodi, sentindo o vento em meus ouvidos, mas nenhuma resposta.

- Agora chega! - Disse, sabia que isso era um sonho, que eu deveria estar em minha cama na escola neste momento, porém era tão real que começava a achar que o sonho era a escola e eu acordei agora.

- É.. já chega. Já cumpriu seu propósito aqui. - A mesma voz que havia terminado meu outro sonho disse.

Quando olhei para trás ela estava ali, a mesma garota de cabelos e olhos castanhos, mas agora com uma roupa diferente.

- Quem é você? - Disse confuso me virando em sua direção.

Ela apenas sorriu e se virou para ir embora. Não! Eu não podia deixa-la ir, não dessa vez! Ela tinha que me explicar.

- Espera! - Gritei enquanto corria em sua direção.

E para a minha surpresa ela parou e virou a cabeça para trás me encarando enquanto eu terminava a minha pequena corrida.

- Como é Hogwarts? - Ela me perguntou de repente.

- O que? - Foi só o que consegui responder.

- Eu perguntei o que achou de Hogwarts. - A morena repetiu.

- Ah, é legal, até já fiz alguns amigos. - Consegui responder.

- E como é o castelo? - Me perguntava com certo brilho nos olhos.

- É legal também. Tem um salão gigante onde são servidas as refeições que o teto é enfeitiçado para parecer o céu. Tem torres, corredores, fantasmas, escadas que se movem, quadros que falam, acho que é normal para um castelo mágico. - Disse meio irônico, o que fez a garota rir. - E agora será que dar para parar de ladainha e me responder? Quem é você? - Perguntei novamente.

Ela sorriu e disse.

- Isso não é importante agora, apenas vim lhe avisar, para tomar cuidado.

Hãa? Como assim? Tomar cuidado com o que?

- Desculpe, mas não entendi. E porque me mostrou isso? - Disse apontando para minha antiga casa.

Ela deu de ombros.

- Apenas achei que deveria saber um pouco do seu passado, já que agora voltou ao mundo bruxo. E tomar cuidado, porque você pode estar em Hogwarts, mas isso não significa que está longe do perigo. Não vá a floresta proibida, preste atenção nas aulas porque mais tarde elas viram a calhar, nunca esqueça quem você é e o mais importante, nem tudo é o que parece. - Ela falou séria olhando em meus olhos. - Não que as outras coisas que eu disse sejam menos importantes, mas você me entendeu. - Disse divertida com um sorriso no rosto. - Agora.. Bom dia Harry. - E a imagem dela desapareceu em meio a nevoa extremamente clara que me envolvia.

Quando pisquei, vi que estava sentado em minha cama enquanto alguns raios de sol ofuscavam a minha visão e alguém em minha frente falava “Bom dia Harry.” Não obtendo resposta continuou.

- Harry? Cara.. você está bem? - Percebi então que era o Rony.

Balancei um pouco a cabeça para tirar dela algumas perguntas que se formavam e peguei meus óculos.

- Que horas são? - perguntei com a voz meio rouca.

- São 7:30. - Disse Simas olhando no relógio.

- Acho melhor começarmos a nos arrumar. Nem acredito que esse é o nosso primeiro dia de aula! - Disse Neville animado.

- É eu também não. - Disse Rony se jogando de cara na cama.

Flashback Off

Eu não sabia quem era ela, mas ela me disse para tomar cuidado antes das aulas começarem. Antes de eu saber de Pedra Filosofal e o escambau. Ela aparecia de vez enquanto, me dando uma dica sobre o que eu tentava descobrir e não estava conseguindo. Quando isso acontecia eu dizia a Hermione que havia tido um “pressentimento”. No fim, todas as “minhas suposições” acabaram sendo certas. Quase fiquei louco quando me perdi e um fantasma me guiou até o Salão Principal. Eu jurava que a fantasma era parecida com ela! Não contei a ninguém sobre o baú que tenho lá em cima, assim como não contei a ninguém sobre os sonhos que tive. São coisas pessoais, até de mais eu acho. Um dia quem sabe eu conte para Rony e Hermione, mas por enquanto não.