Reprise Sa Chanson... escrita por Very Happy


Capítulo 31
Capítulo 32 - Resultados inesperados


Notas iniciais do capítulo

Oie amores!
Vocês não tem ideia do quanto eu estou feliz. Sabem porque? Porque o número de visualizações aumentou bruscamente desde a última vez que eu o conferi. E é exatamente por isso que eu estou aqui, postando um cap pra vocês! Ta dam!
Espero que gostem, passei um bom tempo escrevendo-o XD
Inté! =D



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Meus olhos pesavam e eu não me sentia á vontade em acordar.

Mel. Mel...

Eu piscava. Mesmo que de olhos fechados, mas eu piscava.

Melanie...

Sentia algo em meu nariz, que me incomodava e me fazia querer arranca-lo dali.

MEL, ACORDA!

Abri meus olhos e a claridade inundou minha visão. Pisquei várias e várias vezes, procurando me acostumar com aquilo. Quando enfim consegui, assuntei-me com o que vi.

Estava em uma sala, ou num quarto. Não soube identificar ao certo. Talvez pelo fato de minha visão ainda estar meio turva. Cores claras predominavam do local, chegando, no máximo, a um azul bebê. E aquilo só aumentava o incomodo em minha visão.

Meio atordoada, procurei olhar ao meu redor e só então percebi: estava em um quarto de hospital. Sim, porque, onde mais ligam máquinas a você e te fazem ficar com aquela porcaria de tubinho no nariz?!

Alheia a qualquer coisa, tentei puxa-lo de meu nariz. Mas uma mão me impediu.

–Você não pode fazer isso.

Olhei para o lado e quase suspirei em alivio. Jon estava sentando, ao meu lado na cama. Possuía um band-aid no rosto, perto do queixo, e outro na mão que segurava a minha.

Espere...

Vários lustres distribuídos pelo teto, com pedras brilhantes penduradas neles.

As imagens do ocorrido vieram como um turbilhão em minha mente.

Só que eles não estavam mais no teto. E sim, vindo ao chão.

De certa forma, eu me lembrava de tudo. De cada maldito detalhe. E do detalhe principal.

Minha bela... sobrinha...

O ritmo da maldita musiquinha ainda se fazia presente em minha mente. Eu queria esquecer aquilo. Esquecer que minha própria família queria me matar. Fechei meus olhos com força, procurando encontrar ali, em meio a escuridão, uma saída.

–Se sente bem?

Ok, eu havia me esquecido do Jon. Abri novamente meus olhos e fitei-o por um momento. Principalmente os malditos band-aids. Com o olhar desfoque, afirmei:

–Foi minha tia...

–O que?

–Foi ela quem fez isso... – suspirei profundamente, emergindo em uma curta pausa. – Desculpe.

–A culpa não foi sua, Melanie.

–Ah, não. Claro que não. – debochei. – Tem mais alguém internado além de mim?

–Não. Acho que o fato de você ter se jogado da janela só piorou a situação...

–E o que você queria que eu fizesse? Eu já estava em estado de choque por causa de maldita música, ai...

–Que música? – ele me interrompeu, franzindo o cenho.

–Ahn... Você não ouviu? Era uma cantiga de roda. Minha tia costumava cantar para meus primos quando eles eram pequenos.

–E o que ela tem haver com o que aconteceu?

Novamente, inspirei (odiando ainda mais aquele maldito tubinho), e contei a ele o que havia me ocorrido antes de eu me atirar contra a janela. A expressão em seu rosto depois do que contei foi um pouco estranha para mim. Nunca o havia visto com aquele olhar. Jon recostou-se na cadeira, e deu um curto suspiro.

–O que houve? – questionei-o.

–Nada, eu só... estava pensando... – ele começou. – A sua tia é louca mesmo...

Não pude deixar de rir com o comentário.

–É, ela com certeza seria capaz de... – parei de súbito, notando algo relevante.

–O que?

–Jon,... mais alguém saiu ferido?

–Todos saíram, Melanie. Até eu, se não reparou ainda.

–Não, estou falando de... gravemente ferido...

Jon fitou-me por um momento, e depois desviou o olhar. Coçou a nuca, talvez escolhendo as palavras ou sem saber o que fazer.

Aquilo sem dúvidas era um sim.

–Quem? – perguntei, séria.

–Pediram para eu não contar...

–Jon, quem?!

Ele me olhou de relance, e por fim, balançou a cabeça negativamente.

–O filho dos Young. Lucas.

Eu parei de respirar por um momento. Desviei o olhar e fitei o teto.

–Ele... morreu? – eu arrisquei a pergunta, temendo a resposta.

–Infelizmente... – ele disse, depois de muito hesitar.

Mordi violentamente o lábio inferior, tirando sangue dali.

–Foi... culpa... minha... – gaguejei.

–Mel, a culpa não foi sua. Você mesmo disse: sua tia fez tudo isso.

–Para acabar com a minha vida! – exaltei-me. – Com a minha, só a minha vida! Ninguém lá tinha nada a ver com isso! MAS QUE DROGA!

–Melanie, controle-se. – Jon disse, preocupado, ouvindo que o incessante bip da máquina havia acelerado.

–Me controlar? Jon, eu... eu vou enlouquecer com tudo isso. Como está a família dele?

–Como você acha...? – ele começou, mas auto se interrompeu. – Desculpe. Eles estão aceitando a situação, mas... Melanie, não se culpe por algo que não foi você quem fez.

Levei a mão a testa e apertei meus olhos.

Quanto vale o preço de uma vida?

–Quando é o enterro? – perguntei, de olhos ainda fechados.

–Hoje à tarde.

–Ótimo. Chame um médico para mim, por favor. – sentei-me a cama.

–Você não pode sair hoje.

–Quero saber quem vai me impedir.

–Eu vou.

Fitei-o, incrédula.

–Você? Jon, você é o único que sabe... de tudo isso, de tudo o que eu vou... ter que carregar a partir de agora pelo resto da minha vida. Se nem você me ajudar a amenizar isso, quem vai?

Eu havia jogado sujo, e sabia disso. Pressiona-lo contra a parede foi um golpe baixo.

Mas nada do que eu havia dito era mentira.

O moreno passou a mão pelos cabelos e bufou.

–Tá. Espere aqui pelo menos.

O vento bagunçava meus cabelos e esvoaçava a saia de meu vestido. Encolhi-me, tentando aquecer meu solitário corpo em meio aquela multidão.

O jovem garoto deveria conhecer muitas pessoas. Ou a família dele. Porque haviam muitas pessoas ali. Eu estava mais atrás, junto com Jon e seu pai. Sophie havia ido à frente com seu namorado, para falar com os pais do garoto, que choravam compulsivamente.

O corpo já havia sido enterrado. O cemitério onde estávamos era bem bonito até... Árvores altas e esverdeadas cobriam quase todo o espaço. Haviam, claro, túmulos para todo o lado, dando um ar melancólico ao local. Mas nada tirava a beleza que a natureza produzia ali.

Ou, pelo menos, quase nada.

Sophie aproximou-se, aninhada aos braços de Téo. Seus óculos escuros escondiam muito bem o pequeno corte que havia abaixo de seu olho esquerdo. A mãe do garoto passou por nós, junto ao marido e algumas pessoas.

E ver aquilo me matou por dentro.

Ela chorava em silêncio. O corpo parecia não consegui se sustentar sozinho em meio a tudo aquilo. A tudo o que ele vinha suportando. Seu cabelo estava desgrenhado, e sua roupa igualmente bagunçada. Vi-a partir até um salão ali perto, onde a colocariam para sentar provavelmente, tentariam acalma-la.

Algo que seria em vão, obviamente.

Fitei meus próprios pés. Haviam alguns curativos em minhas pernas, que me obrigaram a usar meia calça. Mas eu não estava exatamente me importando com aquilo.

Eu queria ter o bilhete em minhas mãos. O maldito bilhete escrito por aquela maldita mulher. Eu queria poder lê-lo e rele-lo, para quem sabe acumular ódio dela e, quando chegasse a hora, fizesse o que tinha de ser feito... Ela já me havia provocado tanto mal...

–Melanie...

Ergui a cabeça, bem na hora que Jon passou o braço sobre meus ombros. Ele me guiou para o estacionamento, e me ajudou a entrar no carro.

–Vou falar com a família. – o Sr. Blacked anunciou.

Jon sentou-se ao meu lado no carro. Sentia-me entorpecida, dopada. Queria e precisava dormir. Havia saído direto do hospital para ali. Mas eu estava com medo de fechar meus olhos...

Sentia a mão de Jon pousar sobre a minha. Estava quente, e fez meu corpo voltar um pouco ao normal. Sua expressão era acolhedora, e de quem compreendia meu dilema...

Encostei-me em seu ombro, mas não chorei. O carro partiu, chegamos em casa, tomei banho e cai na cama. Mas não chorei. Enterrada em almofadas, com o edredom até o alto de minha cabeça, eu não chorei. Mas eu senti a culpa. O peso sobre meus ombros. Eu vi aquela mulher chorando, e sabia o porque ela chorava.

E, pior, eu entendia. Porque, tal como ela... eu também havia perdido pessoas queridas por mim.

Por fim, eu me permitir chorar. E eu chorei. Muito.


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