Reprise Sa Chanson... escrita por Very Happy


Capítulo 28
Cap. 29: Vocal Cords


Notas iniciais do capítulo

Oie! Desculpe pela demora. Mas é porque eu estava fazendo as últimas provas, ai já viu né >
E, eu estou curiosa: quem vocês acham que é o personagem misterioso, o garoto da lavanderia? Me mandem a resposta nos coments, ok?
Espero que gostem =D



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Senti a porta bater em minhas costas quando fechei a mesma. Encostei-me nela e fitei o teto, nostálgica.

Espero vê-la novamente. Formamos uma boa dupla.

Passei a mão por meus cabelos, e mordi o lábio inferior. Acho que a carência que estava sentindo por parte do Jon foi preenchida pelo rapaz sem nome para mim.

Mas que me pareceu tão familiar. Uma espécie de Déjà vu. Algo no estilo.

De qualquer forma, foi algo bom para mim. Algo repentino, mas certamente planejado pelo destino.

Um encontro às cegas.

Sem troca de nomes.

Uma válvula de escape para minha droga de vida.

– Você está bem?

Ergui a cabeça, sobressaltada, e percebi que só faltava eu estar babando ali mesmo. Jon me encarava, com as mãos nos bolsos, e uma expressão confusa. Balancei a cabeça, ajeitei-me e disse por fim:

– Nenhum. Trouxe as roupas lavadas e secas. Aonde ponho?

Até eu me surpreendi com a rapidez com a qual as palavras saltaram de minha boca. Acho que já estava me acostumando com o tratamento rude por parte dele. E obviamente, como uma pessoa que não gosta de somente levar na cara, acho que eu já estava começando a revidar...

Jon deu de ombros, parecendo não se importar com o tratamento. "Eu já o tratei assim ...", lembrei.

– Pode deixar na área de serviço.

Assenti e segui para a mesma. Larguei o cesto em um canto qualquer e me dirigi a cozinha, onde tomei um copo de água.

Repentinamente, senti meu celular vibrar em meu bolso. Pesquei-o e me deparei com um número desconhecido por mim. Atendi mesmo assim.

– Alô?

– Boa tarde. Este celular é da Srta. Carel? - Ouvi uma voz do outro lado da linha, com um sotaque carregado.

– Sim. De onde fala?

– É do Hospital Esperança...

("Mas que diabos de nome é esse?!")

–..., onde a Sra. Helena foi recentemente internada.

– Ah sim. - sobressaltei-me. - Certo. É... Ela está bem? A instalação foi tranquila?

– Sim, sim. Estou ligando para comunica-la que o quarto dela é o 313, e que ela será constantemente monitorada.

– Certo. Pretendo ir visita-la logo.

– Tudo bem então. Aguardo a senhorita.

– Obrigada.

– Eu quem agradeço.

Desliguei o celular e suspirei, aliviada.

– Menos um problema.

– Mel!

Virei-me bruscamente e me deparei com o Sr. Blacked, trajando um terno escuro e com uma pasta em mãos.

– Olá, querida! Não a vi hoje de manhã.

– A-Ah, olá, Sr. Blacked. Eu sai cedo...

– Por favor, me chame de Lúcio...

– Certo... Lúcio.

– Bem melhor. - ele sorrio. - Onde está meu filho?

– Jon? Acho que ele está na sala...

– Certo. Preciso falar com ele da festa deste fim de semana. A propósito, Mel, será muito abuso se eu pedir sua ajuda na organização desta comemoração?

– Não, senhor.

– Certo, certo. Então, deixa eu ir guardar isto... JOANA! O ALMOÇO JÁ ESTÁ PRONTO?

Soltei uma risada baixa quando ele saiu da cozinha. Essa família era realmente agitada.

~*~

–... e ainda falta escolher as bebidas! Eu vou ficar louca assim!

– E aonde está seu noivo? - Provocou Jon.

– Calado. - Sophie apontou a faca para ele.

Sentada a mesa na hora do almoço, me sentia um pouco desconfortável. Jon estava ao meu lado, indiferente, Sophie a frente dele e o Lúcio na ponta. Todos comíamos um delicioso prato tipicamente britânico, de um gosto um tanto diferente para mim.

– Eu tenho ótimos contatos, querida. - o Lúcio procurou acalma-la. - Não se preocupe. Seu casamento ainda está... relativamente longe.

– É, pai, mas ainda tem o noivado.

– Eu sei, eu sei. Mas não adianta você fazer nada se não estiver calma.

A garota bufou, enquanto enfiava uma garfada na boca. Cutuquei um elemento estranho em meu prato, e por fim bebi um pouco de suco.

– Mel?

– Sim. - Respondi, virando-me para Lúcio.

– Estou me lembrando agora: você e você - ele apontou com o garfo para Jon. - não deveriam estar na escola?

Um suco desceu tão rapidamente pela minha garganta que quase me engasguei. É incrível como a gente se esquece desses tipos de lugares tão rapidamente...

Procurei não olhar para Jon, para não levantar suspeitas. Mas não consegui tirar os olhos das sobrancelhas arqueadas de Lúcio.

– Estamos em um mês de gincana na escola. Nada obrigatório. E levando em consideração que estamos quase chegando nas férias de meio do ano, acho que eles não vai nem se importar.

Agora sim me senti na liberdade de virar para Jon, e parabeniza-lo mentalmente por ter pensado naquilo tão rápido.

– Hum... Sendo assim, sim. Então, vamos a festa. Mel, quero sua ajuda.

– S-Sim, senhor. - disse, ainda me recuperando do susto.

– Ótimo. - ele sorrio, e eu logo retribui. - Hey, o que acham de irem no Vocal Cords? Você - ele apontou para Sophie. - precisa relaxar.

– Hum... - ela suspirou. - Tá, vamos. Ah, Mel, você vai adorar lá! Soube que você canta muito bem.

Olhei para Jon pelo canto do olho, e ele ainda me parecia indiferente. Mas ainda sorri por ele ter falado bem de mim...

– Um pouco... - falei.

– Isso vai ser divertido. - pude ouvi-lo falar.

Senti vontade de repreende-lo, mas achei melhor não. Já estava com problemas suficientes com relação a Jon.

– Bom, então, está combinado: todos vocês vão para o Vocal Cords. Sophie, você podia convidar o seu noivo, para a Mel poder conhece-lo.

– Por mim, tudo bem. Ligo para ele depois. - a garota sorrio.

– A que horas nos vamos sair? - Jon perguntou, enquanto limpava a boca.

– Não sei ao certo... Umas 21:00 acho que está bom.

– Certo. - ele se ergueu da cadeira. - Eu tenho umas coisas a resolver, e mais tarde estou de volta.

– Jon, isso é indelicado. Vai deixar a Mel sozinha? - Sophie o repreendeu.

– Bom, acho que ela não tem problemas com isso. Sempre foi tão segura de si, não é querida? Até mais!

Jon saiu pela porta da frente e eu ainda pude ouvi-la bater. Estava violentamente corada, e sentia uma forte vontade de mata-lo. Lúcio franziu o cenho e logo virou-se para mim:

– Desculpe perguntar, Mel, mas você e Jon estão brigados?

"Bem direto.", pensei.

– A-Ahn... Podemos dizer que um pouco. Mas não é nada demais... - falei, procurando parecer indiferente.

– É, isso é namoro jovem, pai. -Sophie disse, dando um tapinha no braço dele. - Não é Mel?

– É.

Procurei concluir logo aquela conversa e encerrar o assunto de vez. Jon estava agindo feito uma criança mimada! E aquilo estava me deixando com muita raiva dele. No fundo eu sabia que eu tinha uma parcela de culpa naquilo. Mas isso não justificava as atitudes dele. Pelo menos, não em minha opinião...

Depois do almoço, segui para o quarto e liguei o ar condicionado. Fechei as cortinas, e coloquei meu pijama. Quando já estava frio o suficiente, procurei me deitar e ver se conseguia dormir um pouco. Liguei a televisão e deixei em um canal qualquer. Sentia meu corpo cansado, talvez pelo fato de ter ficado acordada até tarde esperando Jon.

Assim, não demorou muito e eu adormeci.

~*~

– Você vai amar! - Sophie disse, bastante animada.

Torci meus lábios e formei um sorriso pequeno e constrangido.

Sinceramente, preferia ter ficado em casa... Na casa que não era minha, mas enfim.

Eram quase 22:00, e lá estava eu, trajando um vestido considerado curto por mim (no meio da coxa), que era basicamente preto, com detalhes em renda e uma saia rodada. Só o vesti por causa que a Sophie havia insistido.

A propósito, o namorado dela, Teo, era bem simpático até. Tinha cabelos escuros e olhos caramelados. Estava bem vestido, e logo conclui que ele havia acabado de sair do trabalho. Falava pouco, tal como eu, talvez desconfortável pela presença do irmão da garota.

Este, inclusive, continuava a me ignorar.

Logo, senti o solavanco do carro, quando este parou. Sai do mesmo e procurei arrumar meu vestido. Estava me sentindo extremamente desconfortável com ele.

– Está ótimo.

Virei-me e encarei Jon, que estava com um sorriso quase imperceptível nos lábios. A princípio, me assustei com a atitude dele. E mais ainda quando ele passou o braço por cima de meus ombros e me guiou para a frente do local.

Era uma espécie de casa noturna. A diferença era quando se entrava nela. Por fora, um ambiente fechado. Por dentro, um local com várias varandas distribuídas, dando para uma espécie de jardim ao fundo. Havia um palco no centro e mesas rodeando o mesmo. No segundo andar, haviam poltronas e sofás, para as pessoas se sentirem mais à vontade. A decoração era basicamente escura, mas dava um belo contraste as luzes coloridas das lâmpadas e dos neons. Havia dois bares nas extremidades do local, e garçons zanzando pelo local.

No momento em que chegamos, um garoto estava se apresentando no palco. Não consegui identificar qual música ele cantava, mas a voz dele era incrível.

– Vem. - Sophie nos chamou, apontando para um mesa vazia.

Para uma segunda-feira, o local estava até cheio. Sentei-me ao lado de Jon e de frente para o palco. Sophie estava de mãos dadas para Teo e estava radiante. O Lúcio estava certo em manda-la ali.

Logo, o rapaz que estava no palco terminou sua apresentação. Ele recebeu até uma pontuação boa, e aplausos das pessoas que ali estavam.

– Ele canta muito bem. - comentou Teo, quando as palmas cessaram.

– De fato. - Sophie disse. - Hey, Mel, quer ir cantar?

– Não. - respondi, de imediato.

Seria estranho para mim cantar ali no meio. Haviam muitas pessoas em volta, e eu provavelmente travaria lá em cima.

Logo, um homem jovem, trajando um smoking, subiu no palco e revelou um belo sorriso. Dirigiu-se a um dos microfones e começou a falar.

– É, para uma segunda-feira, a noite está bastante agitada, não acham? Então, quem será o próximo a vir aqui em cima?

Acho que eu estava tão vidrada no palco que mal percebi quando Sophie ergueu minha mão.

– Ótimo: duas voluntárias. Subam no palco, meninas!

– Sophie! - eu a repreendi.

– Ah, vamos Mel. Vai ser divertido!

Ela me puxou da cadeira e eu quase caí na escadinha que dava acesso ao palco. Paramos em frente a pequena multidão, e eu senti meu estômago revirar.

– Qual são os seus nomes, gracinhas? - o rapaz perguntou.

– Sophie e Mel. - ela disse, animada.

– Certo. Então que música vão querer?

Eu estava estática, e nem sabia se de fato havia ouvido o que ele havia falado. Sophie pareceu perceber isso, e logo tomou a vez:

– Love Will Tell Us Where To Go, por favor.

– Certo. - ele disse, selecionando a música. - Hey, você está bem?

A pergunta estava sendo dirigida a mim, mas eu não sabia o que dizer. Abri minha boca, e nada saiu.

– Claro que está. - Sophie se apressou, enquanto me posicionava em frente a um pedestal.

– Certo, então, vamos lá: UMA SALVA DE PALMAS PARA SOPHIE E MEL, CANTANDO LOVE WILL TELL US WHERE TO GO!

Uma série de aplausos pode ser ouvido, e eu logo acordei de meu transe. Virei-me para Sophie que sorria para o público.

– Hey, Soph, sério, me tira dessa. - implorei.

– Relaxa, Mel. Eu canto a introdução e você segue, certo?

– Mas...

Logo, o instrumental da música se fez ouvir. Encarei a plateia e corei violentamente. "Mas que droga eu estou fazendo aqui?", pensava eu.

–I know exactly how you feel

It doesn't matter what you say
I see the sun begin to set
And we've gotta gotta get away

I've got a patch of open road
I already miss you with all of my soul
So before we both get old
I think we've gotta gotta get away.

Ela sinalizou com a cabeça para mim, e num ato repentino, eu continue a letra:

I kept wishing bought the tickets stuck them on my wall
Let's rip them down and leave the town before the cops can call
And bring us back cover our tracks
In the dust
I think we must.

Sophie sorrio para mim, satisfeita, e logo se juntou a mim:

–Take on the world

Let's go crazy

Love will tell us where to go
I'll be your girl
Be my baby
Love will tell us where to go

Oh oh oh through a dark night
Oh oh oh without a sunrise
Oh oh oh we will be all right
Love will tell us where to go
Love will tell us where to go
Love will tell us where to go

A música seguiu tranquilamente. E mais tranquilamente foi a divisão de vozes que nós fizemos ao longo da mesma. Sophie tinha uma bela voz, e juntas nos formávamos uma bela dupla.

When things get rough
When we have loved
We've got enough to tell us where to go
When we get lost, when love is all
All that we got, to tell us where to go
Then we're all right, we'll be all right, love will tell us where to go
Then we're all right, we'll be all right, love will tell us where to go

Take on the world
Let's go crazy
Love will tell us where to go
I'll be your girl
Be my baby
Love will tell us where to go

Oh oh oh through a dark night
Oh oh oh without a sunrise
Oh oh oh we will be all right
Love will tell us where to go
Love will tell us where to go
Love will tell us where to go...

Uma série de aplausos se fez ouvir. Eu estava radiante, e me sentia magnífica. Sophie também, e ela logo pulou no meu pescoço.

– Nossa, você canta muiiitooo bem! - ela exclamou, enquanto descíamos do palco.

–Você também. - eu disse, extasiada.

–Vocês foram ótimas! - Teo disse, aproximando-se com Jon em seu encalce.

–E não fomos? O que achou Jon? - ela perguntou, abraçando o noivo.

Jon parecia indiferente e logo passou o braço por cima de meus ombros e sorrio:

–Vocês são incríveis! Poderiam cantar mais vezes.

Me senti um pouco estranha com o elogio. Acho que fazia tempo que não ouvia algo do tipo saindo da boca dele. Tempo suficiente para eu me sentir mais do que feliz ao ouvir aquilo.

–Ah, é bom sair da rotina de vez em quando. - Sophie disse, sentando-se em uma das cadeiras de nossa mesa.

– É... - disse. - Bem, acho que vou ir pegar alguma coisa para beber. Alguém quer algo?

–Eu quero uma água, por favor.

–Certo.

Dirigi-me ao bar mais próximo e sentei em um dos banquinhos. A minha frente, havia uma vidraçaria, com várias garrafas de bebidas diferentes. Fiz uma careta. Odiava o simples toque do álcool em minha boca.

– O que vai querer? - o barman me perguntou, aproximando-se.

– Duas águas, por favor.

– Certo. Um instante.

Apoiei meu queixo sobre a mão, e tamborilei os dedos no balcão. Foi de fato revigorante cantar em um palco. Algo dentro de mim fluía diferente. Um diferente bom, que me agradava.

– Seguiu meu conselho, menina da lavanderia?

Virei-me de lado e me deparei com o mesmo rapaz da lavanderia. O mesmo cabelo, o mesmo olhar e o mesmo sorriso familiar. Sorri para ele, e disse:

– O que faz por aqui?

– Aqui é meio que minha casa... Mas, então, você canta muito bem. Não vi sua apresentação, no caso, só te ouvi. Mas reconheceria sua voz em qualquer lugar. - ele se sentou no banquinho ao lado do meu. - Mas, então, parecia ter uma segunda voz contigo.

– É, tinha sim. Uma amiga minha, Sophie.

– Hum... É um nome muito comum... - ele pareceu pensativo, mas logo voltou a sorrir. - Espero vê-la cantando novamente. O que acha de cantar de novo comigo?

– Eh... Não dá, na verdade...

– Ah, sim, entendo. Seu namorado está com você?

– É...

– Droga, já perdi minha chance! Mas, quando se cansar dele, estarei livre, ok?

Revirei os olhos, enquanto o barman entregava-me as águas.

– Foi bom vê-lo de novo.

– Igualmente. Vem aqui amanhã?

– Talvez, não sei ao certo...

–Esperarei por você. - ele disse, enquanto se levantava e colava os lábios em minha bochecha. Senti um calafrio correr por meu corpo com o beijo depositado ali por ele, e logo minhas bochechas queimaram de prazer.

– C-Certo. - gaguejei, quando ele voltou-se para mim. - Até mais.

Segui para a mesa, ainda sentindo o olhar dele em minhas costas pela metade do caminho. Sentei-me desconfortavelmente e passei a garrafa para Sophie.

– Porque está vermelha? - Jon perguntou, nada sutilmente.

– Nada. - procurei parecer firme na resposta, e ainda sorri ao final. - Vamos ver o próximo show?


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Notas finais do capítulo

Ennntttããão??