Acordei preguiçosamente na manhã seguinte. O sol banhava o quarto, na verdade, todo ele. A manhã de fato estava linda.

Me virei na cama e subitamente joguei meu corpo para trás. Cai no chão duro e bati minha cabeça na mesinha ao lado da cama.

- Ai... - Resmunguei, passando a mão pelo galo que sabia que se formaria logo logo. Ergui a cabeça e me deparei novamente com ele.

Jon.

O motivo de minha queda.

Dormindo tranquilamente do outro lado da cama.

-Vou ter de me acostumar com isso...

Levantei-me, silenciosa, e segui para o banheiro. Tranquei a porta e fitei-me no espelho. Pequenas olheiras se formavam por baixo de meus olhos. Joguei uma água no rosto, e peguei-me pensando na noite anterior.

Depois de jantar e procurando não dar maiores informações sobre o paradeiro de Jon (o qual eu também não sabia), segui para o nosso quarto e detei-me na cama. Fitei o teto por um momento, pensando na burrada que eu havia cometido.

Creio que foi meio que uma libertação para ele.

Troquei de roupa e segui para cama. Coloquei meus fones e voltei a fitar o teto, enquanto ouvia músicas melancólicas.

Acabei adormecendo e não vi a hora em que ele chegou. Entretanto, quando acordei sobressaltada no meio da noite devido a música que ainda tocava em meus ouvidos, ele já se encontrava lá.

Enxuguei meu rosto em uma toalha e escovei meus dentes. Penteei meus cabelos e logo percebi que precisava fazer algo em relação a eles, visto que estes estavam rebeldes. Entretanto, eu sabia que possuía assuntos mais urgentes a serem tratados.

Sai do banheiro e o rapaz ainda dormia. "Deve ter sido uma noite e tanto.", pensava eu, levemente irritada. Ok, eu cometi a burrada de liberta-lo e ainda não perdoa-lo. A culpa é minha, sei disso. Alias, tal como eu, Jon era um garoto livre e desimpedido. Quem era eu para julgar suas atitudes?

Segui para o closet e peguei uma roupa qualquer. Coloquei meus shorts jeans e minha blusa de mangas compridas brancas ali mesmo. Voltei-me para o quarto e sai do mesmo, procurando fazer o mínimo de barulho possível.

Desci as escadas sorrateiramente. Não sabia qual era o horário que as pessoas que ali moravam levantavam. Cheguei na cozinha e, surpreendentemente, encontrei Sophie na cozinha, tomando uma xícara de café. Estava com um short e um casaco de moletom, além de um coque mal feito no alto da cabeça. Parecia cansada.

- Oi. - falei, aproximando-me da mesa.

- Ah, oi, Mel. Bom dia. - Respondeu, sorrindo meio desanimada.

- Está tudo bem?

- Sim. - Bocejou. - É só que... eu fiquei até tarde arrumando os convites do noivado.

- Parece cansativo...

- Se é. Pedi para o Teo me ajudar mas ele já estava ocupado tentando convencer a mãe dele a vir na festa.

- Ela é... complicada?

- Bom, - Levantou-se e colocou a mão no meu ombro. - digamos que eu não exatamente aonde eu fui amarrar meu cavalo de corridas, mas... espero que tenha sido num lugar no mínimo seguro.

Ri do comentário dela, enquanto esta seguia para a pia.

- Ai, ai... E o pior é que hoje é dia de ir na lavanderia.

- Lavanderia?

- É. Preferimos levar as roupas na lavanderia do centro. É mais fácil.

- Hum. Se quiser... eu posso leva-las.

Sophie voltou-se para mim, piscando.

- Jura?

- Sim. Acho que eu iria ficar por aqui mesmo... Bom que eu conheço um pouco mais a cidade.

- Ah, que maravilha! Assim eu posso dormir um pouco antes de ir experimentar os aperitivos da festa. - Correu para mim, abraçando-me. - Obrigada, Mel!

- De nada, Soph.

- Bem, eu vou pelo menos pegar as roupas para você, ok?

- Bom... Tá.

- Já voltooo! - Cantarolou, antes de sair correndo pela porta dos fundos.

Encostei-me na mesa e cruzei os braços.

- É... Vai ser bom arejar a cabeça.

~*~

- Obrigada. - Agradeci ao chofer, quando este deixou-me em frente a lavanderia.

- Quando quiser que eu volte, ligue. - Disse, entregando um cartãozinho a mim. Peguei-o e li o que estava escrito.

- Certo. E obrigada novamente...Rich.

- De nada, Srt. Blacked.

Procurei sorrir com aquele comentário, mas por dentro queria simplesmente chorar. Fechei a porta, e vi o carro partir. Voltei-me para a lavanderia, e segui para a mesma, puxando um carrinho que continha as roupas sujas.

Andentrei o local, e notei que não havia ninguém ali. De fato, estava muito cedo para se ir numa lavanderia. Um música calma envolvia o local, e máquinas e secadoras preenchiam o ambiente. Aproximei-me de uma máquina de lavar e logo a preenchi com roupas brancas. Aproveitando que o local estava vazio, apossei-me de outra, colocando as roupas coloridas ali. "Sorte que eles lavam as roupas intimas em casa.", pensei.

Logo, enquanto a mesma fazia seu serviço, aproximei-me de um banquinho e sentei-me no mesmo. Suspirei e repentinamente percebi que a música que tocava era Walk Though Walls, do Emin.Logo, não pude deixar de começar a cantarolar.

-You're missing the ghost of all the things you have

Just getting close when you fold your hand
Your eyes made you fall
But your eyes make me...

Estava tão entretida com a música, que nem notei que alguém havia entrado no local, colocado suas roupas para lavar, sentado na cadeira atrás da minha e surpreendentemente parado para me ouvir. Eu só fui nota-lo quando ele brotou na minha frente, com os olhos brilhando.

- Você conhece essa música?

- Ahn... - Comecei, recuperando-me do susto. - S-Sim.

- Não é comum achar pessoas que gostem dela. Ela não é nada famosa.

- É, eu sei.

- Você canta bem. Muito bem, diga-se de passagem. - Sorrio. Um sorriso um tanto familiar... - Desculpe te atrapalhar. Continue.

Ele se sentou na cadeira ao meu lado. Fitei-o confusa.

- Quer que eu... cante?

- É. Você já estava fazendo isso antes de eu chegar mesmo.

- Porque você não canta?

- Bom, se você quer, por mim, tudo bem.

O moreno limpou a garganta e logo se fez ouvir.

-It’s stuck in your mind, inside your corridors

Today I’m gonna show you how to walk through walls
You got everything you need
And the world is at your feet
It’s right there, it’s right there

Fiquei surpresa com o rapaz. Seus olhos azuis brilhavam enquanto ele cantava. E,... tinha algo muito familiar nele... Eu só não sabia o que.

- Agora você. - Disse, tirando-me de meus devaneios.

Depois de sua performance, eu me senti mais segura em cantar na frente dele.Logo, comecei.

-Tonight believe in your calling

I couldn’t leave you stuck inside this feeling so be brave
I cannot leave you I won’t let you fade away
I see you falling but I’ll show you
How to climb again, again...

Comecei a balançar meus pés, enquanto via pelo canto do olho que ele me observava. Logo, ele sorrio ( aonde eu já vi isso?!) e começou junto a mim.

-Forget all the things you couldn't do before

Today I’m gonna show you how to walk through walls
You got everything you need
And the world is at your feet
It’s right there, it’s right there
It’s stuck in your mind, inside your corridors
Today I’m gonna show you how to walk through walls
You got anything you need
And the world is at your feet
It’s right there, it’s right there

I couldn’t leave you stuck inside this feeling so be brave
I cannot leave you I won’t let you fade away
I see you falling but I’ll show you
How to climb again, again

Forget all the things you couldn't do before
Today I’m gonna show you how to walk through walls
You got everything you need
And the world is at your feet
It’s right there, it’s right there
It’s stuck in your mind, inside your corridors
Today I’m gonna show you how to walk through walls
You got everything you need
And the world is at your feet
It’s right there, it’s right there
Forget all the things you couldn't do before
Today I’m gonna show you how to walk through walls

- Wow! - ele exclamou, ao final da música. - Você canta muito bem, garota.

Corei minimamente.

- Obrigada.

- É nova na cidade?

- Sim.

- Sabia. Não é comum uma voz linda como a sua não aparecer no Vocal Cords.

- Aonde?

- É um karaoke famoso por aqui. Qualquer dia, apareça lá. Vai se dar bem e vai agradar o público. - ele sorrio, novamente.

Logo, minha máquina anunciou que minhas roupas estavam lavadas e secas (uma magia tecnológica). Logo, ergui-me do banco e juntei as roupas no carrinho.

-Vai ficar por quanto tempo? - Perguntou.

- Não sei ao certo...

- Hum... Espero vê-la novamente. Formamos uma boa dupla.

Ri.

- Só cantamos um vez juntos.

- É, mas fomos muito bons.

- Certo, Sr. Modéstia. - Brinquei, erguendo-me. - Foi bom cantar com você.

Ele deu uma piscadela.

- Eu sei... Er... ?

- Melanie.

-Mel é melhor, não acha?

- Tanto faz. - falei, enquanto pegava meu celular e mandava uma mensagem para Rich, avisando-o que eu já estava pronta.

- Já vai?

- O dever me chama.

- Bom, ainda tenho que esperar minhas roupas. Então, - Sentou-se. - até mais, Mel.

Um carro parou na frente no local. Minha carona, para ser exata.

- Até mais.