Reprise Sa Chanson... escrita por Very Happy


Capítulo 22
Cap. 21: "Compreenda..."


Notas iniciais do capítulo

Oie!!! Desculpas pela demora >< Provas malditas!!!!
Então, nesse cap acontece uma reviravolta. Tipo, eu adorei escreve-lo e espero que vocês gostem de lê-lo.
Dedico-o as minhas leitoras divas que comentam sempre e que acabam me motivando com isso ^^ Obrigada "suas lindas"! (ignorem essa expressão -.- )



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Acordei com um leve solavanco no carro. O sol que atravessava a janela batia em meu rosto, que, devido a brancura de minha pele, já deveria estar avermelhada.

– Foi mal... - ouvi Jon falar, no banco da frente.

Espreguicei-me rapidamente e reparei que estava deitada sobre o casaco de Jon. Um cheiro forte, marcante e amadeirado emanava do mesmo. Sentei-me no banco, balançando a cabeça, a fim de esquecer aquele pensamento banal.

– Onde estamos? - Perguntei, esfregando o pulso em meu olho.

– Alexania.

– Ainda? - Bufei e passei os dedos por meus cabelos.

Pulei para o banco da frente, finalmente reparando que estava tocando Tempo Perdido do Legião Urbana (http://www.youtube.com/watch?v=5OJ25tcmXC4). Abri a janela do carro, deixando meus cabelos esvoaçaram.

– Dormiu bem? - Jon perguntou, abrindo um sorriso.

– Sim. Os melhores 30 minutos da minha vida. - Disse, arrancando uma risada dele.

– Se quiser mudar a música... - Falou de repente.

– Não, tudo bem. Está no modo aleatório? - Me referia ao celular que estava conectado ao CD player do carro.

– Sim. Mas, arrisco que a próxima seja... - Pensou, então disse - "Feel So Close".

Fitei-o por um momento.

– Eu juro!

– Veremos. - Arqueei as sobrancelhas.

Fiquei batucando em minha perna enquanto esperava a música acabar. Logo, a famosa música do Calvin Harris (http://www.youtube.com/watch?v=dGghkjpNCQ8) começou a tocar. Jon arqueou as sobrancelhas, como quem diz "Não disse?!"

– Idiota... - falei.

Logo, a música preencheu o carro, combinando bastante com o momento. Ok, parecia coisa de clipe. Mas qualquer dia desses você também terá um momento assim, se já não teve...

E, sério, eu merecia esse momento... Bom, reconfortante... mas curto.


~*~

– Uma cor? - Falei.

– Preto.

Não me contive e comecei a rir. Já estávamos naquilo a bastante tempo, e era incrível ver como Jon era misterioso. Ele já havia me feito algumas perguntas também, e percebi que tínhamos até alguns pontos em comum.

– Porque você ri tanto? - Jon perguntou, sorrindo também.

– Nada.... Ai, enfim. Ahn... Um dia da semana?

– Sexta.

– Hm, também. - fiz uma pausa, enquanto ele sorria. - Um carro?

– Qualquer um. Desde que eu dirija.

– Nossa... - eu disse, mas logo uma pergunta brotou em minha cabeça. - Jon, quantos anos você tem?

–17.

– E já dirige?

– Eu sou emancipado. Além disso, tirei minha carteira fora do país.

– Quando você morou em Nova York?

– Não, em Londres.

Franzi a testa, voltando-me para ele.

– Você já deu a volta ao mundo por um acaso?

– Não. Eu só me mudei bastante quando era mais novo.

– Porque? - perguntei, tomando um gole de meu refrigerante recém comprado em um de nossas paradas.

– Por nada...

–Ah nem! Eu já contei metade da minha vida e... Ah, eu não sei nada da sua! Isso é injusto! Pode contar.

– Mas o que você quer saber? - Perguntou, evidentemente contendo um riso.

– Até diria tudo, mas não contei tudo nem da minha então...

– O que ainda aconteceu com você?! - Me interrompeu, curioso.

– Nada demais. Resumi para você meus problemas e lamentações... Mas, vamos, conta.

Jon encarou a pista e riu levemente, enquanto eu me acomodava no banco do carro.

– Tá, eu nasci em Londres, onde eu morei com meu pai, minha irmã e meu irmão - Disse - Bom, eles ainda moram lá na verdade...

– Porque você veio para cá?

– Problemas.

Fiquei interessada com o rumo que a conversa tomava, ainda mais depois do sorriso de Jon ter desaparecido.

– Que problemas?

– Você não...

– Quero sim.

Jon suspirou longamente, parecendo incomodado. Eu não me importei. E isso não é crueldade da minha parte. Se você estivesse em meu lugar, vendo como ele estava reagindo, também faria o mesmo.

– Bom... Eu me envolvi com coisas erradas aos meus 14 anos...

– Drogas? Bebidas? - Perguntei de pronto.

Jon fez uma pausa, fitando a pista. Endireitei-me no banco, mais uma vez, nervosa.

– Eu ajudei meu pai no serviço que ele faz.

Pisquei rapidamente e depois suspirei. Jon voltou-se para mim, confuso.

– O que?

– Não, é que eu pensei que você tivesse se envolvido com coisas muito erradas.

– E me envolvi, Melanie.

Ergui a cabeça e o encarei, chocada.

–C-Com o que seu pai trabalha?

Ele novamente voltou-se para pista.

– Não era um trabalho dele. Era mais o que ele mandava os outros fazerem. Meu pai é dono de uma fábricas de roupas em Londres. Bem famosa até.

– Você trabalhava em que setor?

Jon riu abafado.

– Não era um setor da empresa, Melanie. Era de fora. Até porque se fosse dentro... - ele fez um pausa. - Eu trabalhava na aérea apelidada de Eliminação.

– Do que?

– Eliminação dos Desnecessários. Pelo menos para meu pai eles são desnecessários.

– Quem são os desnecessários? - Era incrível a velocidade que as perguntas brotavam de minha boca.

– Os inimigos da empresa. Ou seja: a concorrência.

Choque. Deixei-me cair no banco, ficando de frente para a pista. Jon não se virou para mim. Ele estava sério. E eu, com medo.

– V-Você matava eles...?

–Geralmente, não. Dávamos corretivos, umas porradas ou coisas do tipo.

– Geralmente?! - perguntei, incrédula.

– É. Bom, eu não era o único nesse ramo... Tinham os mais esquentadinhos.

Depois disso, prensei meus lábios. Outra nova pergunta surgiu, mas só de pensar na resposta, sentia meu medo voltar. Respirei fundo, e perguntei:

– Jon, você já matou alguém?

Fez uma pausa. Sua expressão era rígida.

– Isso mudará alguma coisa?

– Como?!

– Se eu dizer que matei alguém, isso mudará alguma coisa?

Eu topo esse desafio.

"Você topou rápido demais. E, infelizmente, eu não era capaz disso..."

– Pare o carro... - Sussurrei, tremula.

– O que?

– Pare o carro! - Aumentei a voz, e imediatamente senti o tranco do carro ao ser virado bruscamente para o meio fio.

Eu não queria olhar para ele. O medo estava estampado em meus olhos, e não queria que ele o visse. Mas, parece que minha atitude não foi melhor, visto que ele fez o carro cantar pneus.

As mãos de Jon estavam firmes sobre o volante. Soltei meu cinto e desci do carro, andando até um pouco longe do carro.

Eu vou ficar junto com você.

Isso havia soado tão belo para mim. Entretanto, agora, eu não sentia poderia dizer o mesmo. O meu porto seguro possuía falhas. Isso era obvio. Mas algumas mais perigosas que outras... Eu não sabia o que o havia levado a... matar. E se esse mesmo sentimento voltasse?

Covardia. Triste realidade do ser humano. Eu estava com medo dele. Eu temia pela minha vida nas mãos de minha tia. E agora nas mãos dele também...

Ela chegaria ao ponto de... te matar?

E você, Jon? Chegaria a esse ponto?

Ouvi passos no asfalto. A estrada estava deserta. O sol estava a pino. Era possível ouvir minha respiração acelerada.

– Seu pensamento mudou? - O ouvi perguntar nas minhas costas.

Mordi meu lábio inferior. "Sim."

– Acha que eu posso te matar?

"Sim", pensava eu.

– Acha que eu seria capaz disso?

– Não me faça responder...

– Diga logo! - ele gritou, assustando-me. Dava para sentir toda a energia dele pressionando minhas costas.

Virei-me e me deparei com a pior e mais inimaginável cena de minha vida: Jon estava chorando. As lágrimas não rolavam por sua face, mas estavam presas em seus olhos. Aquilo acabou comigo.

Mas porque pensar em mim, quando se via alguém no estado dele?

Eu abaixei a cabeça, culpando-me.

– Eu... não posso mentir para você...

– Droga, Melanie! Diga logo que tem medo de mim! Eu já ouvi isso várias vezes! Até da minha própria família!

– O que você quer que faça?! - agora, quem gritava era eu.

– Compreenda! - Revidou.

Aquilo me atingiu em cheio. Lágrimas silenciosas rolavam por minhas bochechas. E eu estava me odiando por aquilo. Me odiando por não compreender, como ele havia pedido. Poxa, será que seria tão difícil assim? A carne humana é realmente muito fraca e podre. Algumas bem mais do que outras.

– Eu não matei porque eu quiz, Mel - Amenizou a voz, mas ainda era enérgico - Eu tinha 15 anos, era um escravo de meu pai. Quantas vezes eu já me culpei por isso... Eu não sabia nada sobre ele.

– Mas mesmo assim... o matou. - sussurrei. E, infelizmente, ele pareceu me ouvir. Ouvi passadas rápidas vindas em minha direção, e logo senti suas mãos os meus ombros. Ergui a cabeça e me deparei com um Jon de face triste, como nunca havia visto na vida.

– Compreenda... Por favor - Pressionou os lábios, apertando mais meus ombros - Só... compreenda.

Eu abaixei minha cabeça. E aquilo pareceu suficiente. Senti o aperto de suas mãos em meus ombros sumir e Jon se afastou, passando a mão por seu cabelos já bagunçados.

– Mel... - Começou, mas sua frase se perdeu no ar, assim como minha respiração.

Distanciou-se, seguindo para o carro e batendo a porta com força. E eu permaneci lá, parada, enquanto uma gota de suor escorria por minha testa.

Droga

De

Vida....


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Notas finais do capítulo

Entaummm? Cadê, cadê, cadê.... meus coments?????
=D