Saint Seiya Memórias: História Oculta Do Santuário escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 8
Interlúdio :: Van Quine


Notas iniciais do capítulo

A cada novo ciclo será iniciado com um Interlúdio - podendo haver alguns 'capítulos perdidos' meio a este segundo ciclo que acredito ser pouco maior que o primeiro que foi mais uma introdução de tudo. Precisava fazer o encontro, desencontro e reencontro desses três personagens que protagonizam Memórias.



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Os seus olhos observavam o horizonte. Estava sentado no alto de uma pilastra que, um dia, foi parte do que seria o portal do anfiteatro. Não era uma escalada fácil. Para ser sincero era impossível com as mãos limpas por não oferecer nada que servisse de apoio às mãos e aos pés. Somente seria possível com teleporte, uma habilidade que Qüine aprendeu desde muito pequeno em Jamir, terra onde nasceu e cresceu, onde treinou nos últimos anos com Kiki.

Aquilo se tornou sua principal diversão — e também de suas 'artes' que geravam muitos castigos. Lembrar disso era nostálgico, principalmente porque diziam ter puxado sua mãe naquela habilidade em que ela se caracterizou por ser tão experiente. Ele sorriu ao pensar nela, tocando no livro em seu colo, o diário deixado por ela. Mais uma vez ele a abriu e leu sua dedicatória.

"Como está a paisagem aí em cima, Qüine?", indagou alguém, fazendo ele fechar o livro e piscar aturdido. Estava sentado com uma perna para fora e outra cruzada, o que deu apoio para curvar o corpo para frente e ver Kiki mais abaixo olhando-o. O garoto sorriu de canto, colocando-se de pé e desaparecendo, surgindo instantaneamente ao lado do amigo.

Kiki havia se tornado o dourado de Áries, trajando a armadura naquele momento. Apesar de estar apenas alguns dias no Santuário, conhecia bem a rotina e certamente estava fazendo a patrulha nas proximidades.

— Depende de que ângulo vê as coisas. Por um lado, vejo apenas ruínas, aí me viro e vejo as montanhas rochosas com a deusa Athena frente a estes zelando pelas doze Casas Zodiacais. Aos pés do monte um monte de soldados e aspirantes treinando com chutes, socos, golpes... pff! Nada de interessante. — disse ele com certo desinteresse, gesticulando com uma das mãos enquanto a outra um dedo marcava uma página do diário.

— Sei... — reagiu Kiki com ceticismo. — Por isso olhava para o norte, para o campo das amazonas? — perguntou Kiki com os braços cruzados e olhar de cinismo para o garoto.

— Er... Campo das Amazonas...? — disse com um sorriso congelado nos lábios, paralisados por alguns instantes por aquilo.

De fato, ele estava realmente sentado olhando em direção ao norte do Santuário, onde seria o campo de treinamento das mulheres, motivo que o levou subir até o alto da pilastra para melhor visualizar o caminho. Temendo que fosse erroneamente interpretado, balançou as mãos frente ao corpo para Kiki para que ele não pensasse qualquer algo negativo dele quanto aquilo.

— NÃO PENSE BESTEIRAS! E-eu... Eu só... Eu só estava querendo saber onde era, nada mais que isso!

— Eu imagino o porquê. Era onde certamente ela treinava e onde instruiu suas aspirantes. — comentou Kiki fechando momentaneamente os olhos e sorrindo com o jeito envergonhado de Qüine. Sabia o quanto ele era sacana, mas pegá-lo daquele jeito era o que ele não esperava e isso que tornava a cena cômica. — Relaxa! Eu imaginei que o encontraria aqui... e com o diário.

Qüine piscou, baixando os braços e tornando a ficar sério, mas ainda com um sorriso no rosto. Levantou a mão que segurava o diário marcado com o dedo e soltou um suspiro.

— Ah, sim. Estive compenetrado lendo de quando ela chegou aqui e como foi seu primeiro ano no Santuário, sobre o campo das amazonas, a máscara, os treinamentos... Sabia que ela comentava cada dia? — disse olhando para Kiki, sentindo-se um bobo e coçando a nuca. — Ao menos nos primeiros meses, depois por semana... Ela passava um tempo escrevendo um pouco de tudo, se é que me entende. Como se quisesse deixar algo... pra mim.

Aquelas últimas palavras foram um tanto embargadas, mas Qüine respirou fundo engolindo algum vestígio de lágrima enquanto olhava ao seu redor. Cerrou os olhos, levando a mão à altura da fronte para bloquear o pouco do sol da tarde — uma vez que estava quase que de frente para posição que estava a se pôr e vendo alguém de cabelos compridos escuros parado mais adiante, trazendo uma urna nas costas.

Por alguns instantes teve a impressão de que aquela pessoa os observava, voltando a caminhar em direção às Casas Zodiacais. Perguntou a Kiki quem ele era. O Carneiro dourado, que até então mantinha os braços cruzados, se virou e viu quem era. Descruzou os braços, deixando pendido para o lado.

— Merikh, o Cavaleiro de Ouro de Câncer. Ele é o tipo 'lobo solitário', não se envolve com ninguém. Estava fora em missão, chegou hoje e estava falando com ele quando o vi aqui. Olhando-o, lembrei que preciso voltar pra Casa de Áries. — Qüine ficou a olhá-lo por alguns instantes antes de se voltar para Kiki, alternando entre o amigo e ao Campo das Amazonas. Era como se Kiki estivesse lendo seus pensamentos, algo que ele realmente poderia, mas não era invasivo. — Não preciso lembrar que àquela área é de acesso restrito às amazonas. Embora esteja há poucos dias aqui, já conhece as regras. — disse apontando para o diário. — Mas se bem lembro, o treinamento começa antes do amanhecer, levando a concluir que ela se retiram cedo para descansar e pode acontecer dos novatos... se perderem?

Apenas os olhos de Qüine giraram naquele momento fitando o amigo de soslaio — uma mão segurando o diário e a outra na altura da nuca. Um sorriso nasceu em seu rosto ao ouvir aquilo. Não era preciso dizer mais nada. Uma troca de olhares era o suficiente para que o recado fosse transmitido e Kiki seguiu caminhando até às Casas Zodiacais.

Qüine brincou com um pedaço de pedra junto ao chão antes de chutá-lo longe, observando o horizonte, em direção ao Campo das Amazonas. Tão logo o sol daria lugar a noite e o Santuário mergulharia no silêncio.

Alguns poucos treinavam de fato, restando apenas os soldados fazendo patrulhas, o que não seria nenhum problema para ele. Dentro do rapaz havia um misto de ansiedade e curiosidade. Abriu novamente o diário e viu as exatas coordenadas, algo da qual ele assimilava com perfeição. Não havia como errar o caminho. Esperava apenas que ainda existisse, que se encontrasse no local marcado.

Fechou os olhos e desapareceu, ressurgindo no copo da pilastra onde estava antes, mantendo-se de pé e olhando o campo das amazonas, depois para o céu e se sentou. Esperaria, aguardaria o tempo que precisasse. Sorriu, tocando na capa do diário. A cada página ele conhecia sua mãe que o deixara ainda muito cedo, mas que parecia ter deixado um guia para toda a vida.


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Notas finais do capítulo

NOTA ESPECIAL
Ressalva para alguns personagens que surgirão ao longo deste novo ciclo, mesclando os oficiais de Saint Seiya cânon da série com uma suposta nova geração inspirada em amigos do mundo Fake Saint Seiya com quem interajo no Facebook, não deixando de ser uma homenagem a cada um que me inspira, incentiva. Claro, que também, críticas de todos são bem vindas. Leiam, favoritem, indiquem, compartilhem, comentem! Agradeço a todos que acompanham essa fic.
OBRIGADA!!!



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