Saint Seiya Memórias: História Oculta Do Santuário escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 72
Livro 2 :: Dualidade - Ato 26


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente quero me desculpar pelo capítulo ausente do mês passado. Dezembro é um mês complicado em muitos aspectos. Retomando ele e seguindo para sua reta final. Espero que gostem. :)



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Os fogos iluminavam o céu de Rodório. Após um longo dia de batalhas na arena do anfiteatro e alguns alcançando sua sagração para as hostes de Athena, uma noite de festas com músicas e danças tradicionais. Das músicas cantadas havia desde declamações à deusa e sua origem, como narrativa de suas batalhas e de seus Cavaleiros, conseguindo atrair grande atenção, sobretudo das crianças.

Dentre as maiores apresentações eram de jovens sacerdotisas executando as danças de ovações. Trajando longos vestidos brancos e com a coroa de folhas de oliveira brancas servindo de tiara, executavam dança com uso do véu. Aparentemente não tinham mais que quinze anos e seus movimentos acompanhavam ao som dos aulos, instrumento de sopro, e de lira, instrumento de cordas por outras jovens sacerdotisas.

Elas rodeavam uma criança que estava a jogar pétalas de flores de oliveira e a saudavam com seu véu até que esta, num dado momento, também acompanhou as jovens com a dança. A apresentação foi fechada com elas repousando o véu nas costas enquanto se agacham voltando-se para a criança, a única com as folhas de oliveira dourada.

— É fantástico! — dizia Aelia ao lado de Selene, ambas assistindo aquilo maravilhadas. — Não importa quantas vezes assista. Sempre acho linda a maneira como elas dançam com o véu. É tão... divino!

— Sabia que essa dança foi ensinada pela própria deusa Athena quando pisou pela primeira vez nesse vilarejo? — comentou Selene para a surpresa da Bronze. — Ouvi isso do velho aedo, o contador de histórias daqui do vilarejo. Ele conta que Athena estava tão encantada com a festa que faziam em seu nome que dançou livremente com o véu que tinham lhe dado... o que é algo representado pela criança. — e apontou para a garotinha. — Meninas que carregavam os cestos de flores tomaram seus véus e acompanharam a deusa. Desde então, essa dança é para lembrar da primeira presença de Athena entre os humanos.

— Não sabia. Ouvi dizer que a deusa esteve aqui em Rodório, motivo para que este vilarejo seja protegido pelo Santuário a pedido dela. — respondeu a outra encantada.

— Então sabe que ‘Rodório’ foi o nome dado ao primeiro Pegasus na sua forma humana, não é? — pontuou a Prata fitando a amiga que assentiu. — Quando as floristas souberam que aquela era Athena, passaram a saudá-la com essa mesma dança que acompanhou a deusa e se tornando uma adoração para ela.

 — Sempre que assistia tentava imitá-las, mas jamais consegui essa sutileza delas. — lamentou a Bronze se voltando para as jovens dançando.

— Sim. Inclusive a razão das Amazonas sempre carregarem um véu remete também a esse momento. — Selene explicava, alternando entre as jovens que dançavam e à amiga ao seu lado. — As sacerdotisas sempre carregam um véu com elas, e nós somos parte desta casta. No entanto, escolhemos acompanhar a deusa até o campo de batalha, desde que usássemos máscara para que pudéssemos estar em pé de igualdade com os homens que relutavam aceitar nossa presença. Caso a máscara se quebrasse numa luta...

— O véu seria usado para cobrir nossos rostos já que aceitamos abandonar nossa condição como simples mulheres para acompanhar a deusa, a únicas a xzquem respeitavam no campo de batalha. — e Aelia suspirou. — E mesmo hoje há quem ainda não nos aceitem e nos chamando de “mulher-cavaleiro”... — e faz uma careta.

— Isso não impediu que continuássemos a sermos presentes nas fileiras de Athena. — a Prata sorriu por baixo da máscara, deixando isso evidente ao levantar a cabeça denotando orgulho. — E hoje mostramos mais presentes como nunca.

— Ela é forte. — assumiu a Bronze relembrando a batalha daquela tarde e olhando as escoriações no braço. — Shaina num campo de batalha será letal! O inimigo nem vai saber o que o atingiu. Jisty deve estar orgulhosa de que uma de suas meninas tenha alcançado uma posição como a dela logo de primeira.

— Sim, ela está e não a censuro por isso. Ainda que tenhamos nós duas, Jisty, Illyria, Shaina sagrada hoje... há poucas mulheres nas fileiras de Athena... — dizia a amiga que respirou fundo. — ... mas muitas ainda estão buscando o seu lugar, inclusive algumas estão disputando nesse torneio.

— Marin está ansiosa, mas também muito nervosa. — confidenciou a Bronze voltando-se para a amiga. — Ela tem treinado bastante em sua ausência dizendo que não vai te decepcionar.

— E eu quero que Marin faça isso por ela e exclusivamente por seu mérito. — pontuou Selene com tom incisivo. — Independente de qual for o resultado, sei que ela dará o seu melhor.

Aelia assentiu em concordância. Ela muito ajudou a aspirante em seus treinos e se impressionou com os resultados e com o aprimoramento de suas habilidades. Quem quer que fosse sua adversária teria grande surpresa.

O assunto se deu por encerrado quando a apresentação chegou ao fim com sonora salva de palmas e a dissipação das pessoas, momento este que a Bronze também precisava fazer mais uma ronda de patrulha pelo vilarejo de modo a garantir a segurança de todos.

Selene ficou ali, apenas observando de longe as jovens sacerdotisas acompanhando a mais velha juntamente com aquelas que tocaram a música, além da garotinha que apenas as acompanhava brincando com um ramo de oliveira.

Outros assumiram a música e moradores ensaiavam uma dança típica em círculo, criando um clima bem descontraído. “Todos tão felizes, alheios de todo mal...”, pensava Selene enquanto fitava a todos, respirando fundo, olhando o céu e a lua brilhante.

“Nem imaginam que uma Guerra Santa se aproxima e toda essa paz está ameaçada...”, e suspirou profundamente quando ouviu um chirriar, o que causou certa surpresa à Prata.

Virou-se na direção do som e encontrando uma coruja branca — que sob as luzes daquela noite brilhava como prata — sobre o galho de uma árvore, com seus olhos dourados e reluzentes a fitando.

“Uma coruja... aqui? Como...?”, perguntava-se surpresa. Embora o Campo das Amazonas fosse bem arborizado, criaturas como aquela eram raramente vistas, mas aquela tinha algo diferente além de sua plumagem. Além do mais, criaturas como aquela não se aproximariam de um ambiente tão barulhento e movimentado como o vilarejo naquela noite de festa.

No entanto, não era apenas a presença da coruja ali que a surpreendia, mas compreender dela ali. “Coruja... Elas são emissárias de...”

— Pyxis? — alguém a chamou, fazendo-a despertar do momentâneo transe e encontrar Saga parado ao seu lado. — Tudo bem?

— Ah... — reagiu ela, alternando dele para a árvore e vendo o galho vazio. — Sim, apenas estava... distraída. — respondeu com certa hesitação.

Ele deixou o olhar fazer o mesmo percurso que o dela momentaneamente, antes de voltar a fitá-la, se perguntando o que ela tinha visto ali.

— Há algo a incomodando, Pyxis? — o Cavaleiro questionou apenas para ter certeza, mas outra vez a Amazona negou, então ele deu de ombros. — Entendo... — respondeu ainda desconfiado. — Então posso considerar que esteja tudo em ordem.

— Está tranquilo, Gêmeos. — afirmou ela se voltando para ele. — Enquanto os guardas patrulham dentro do vilarejo, os Cavaleiros e Amazonas patrulham as proximidades. Não há qualquer relato de ameaças ou desordem. — respondeu ela mantendo a formalidade, ainda que hesitante. — “E cuidado porque há muitas pessoas, então seria melhor mantermos a discrição”, respondeu ela em telepatia para ele.

“Eu estou sendo discreto. Apenas pensei que havia algo estranho, então...”, o Geminiano pensou, erguendo uma sobrancelha, imaginando que a jovem leria sua mente.

— Nenhum sinal de confusão ou ameaça significativa...? — e Saga questionou mais uma vez para ter certeza, mas ela negando qualquer importunação. — Ótimo... — ele ponderou, desviando o olhar para outro ponto. — ... mas ainda temos bastante tempo pela frente, então não se descuide.

“Ela não parece tão atenta quanto deveria...”, o pensamento lhe veio sem saber se era realmente seu ou daquela voz que o perturbava há dias. Ao voltar-se para ela, notou que, mais uma vez, buscava entre os arbustos.

— Aliás... — ele disse, parando seus passos e voltando-se para ela com um semblante sério. — Venha comigo. Imagino que você seja a pessoa mais adequada para esse assunto.

Uma resposta automática, alternando sua atenção de volta ao Cavaleiro de Gêmeos ainda que a Prata se mostrava incomodada com algo invisível, mas a considerar de suas habilidades que vão além do Cosmo, aquilo preocupava o Geminiano.

Seguiram para longe do centro das festividades. A atenção de todos com os fogos e as diversas apresentações ajudaram ambos a se distanciarem sem que fossem notados pelos cidadãos comuns. Cavaleiros e guardas se mostravam atentos a qualquer sinal de ameaça, algo não se notava qualquer indício.

Chegaram até o centro comercial, vazio naquela noite já que suas barracas foram provisoriamente para o centro da vila por conta da festividade. Apenas um guarda ou um Cavaleiro transitavam a cada hora para suas rondas, embora marcassem os corredores de acesso.

Ambos pararam junto à pequena fonte de água de uma parede, acolhida na sombra de uma grande árvore que oferecia uma boa sombra nos dias quentes. O barulho da água caindo sobre uma bacia de mármore que fez Selene atentar-se onde estavam uma vez que sua mente fervilhava sobre a aparição de uma coruja numa noite como aquela.

— Consegue perceber alguma presença aqui? — Saga perguntou com a voz, ainda mantendo o semblante sério, olhando para os lados, como que procurando por qualquer sinal de vida.

— N... Não, nenhuma. Só estamos nós dois. — embora ele não pudesse ver, tinha certeza de que ela piscava aturdida por baixo daquela máscara pela pergunta e recolheu-se. — Não estou entendendo. Está acontecendo alguma coisa?

— Isso que estou querendo entender. — respondeu o Dourado com ar preocupado. — Você tem me parecido muito cansada nesses dias, distraída... Algo que não é do seu feitio e isso tem me deixado preocupado. ­— além da sua vontade de tomá-la em seus braços para acolhê-la, restando apenas contemplá-la por alguns instantes, instigado a arrancar aquela máscara para mergulhar naqueles olhos violetas que tanto o encantava. “Que desejo lascivo é esse?” Aconteceu alguma coisa?

— Ah... — ela sorriu por baixo da máscara, deixando evidente isso ao relaxar os ombros e manter uma postura mais leve depois disso. — Somente cansada. — e suspirou. — O trabalho no templo, depois a procissão, o cuidado com a Alta-sacerdotisa... Tudo isso exigiu bastante de mim nesses últimos dias. Hoje foi mais tranquilo. Estava apenas tensa por conta de Aelia ser chamada para testar uma das meninas. Fora isso...

— Aquela menina teve um ótimo desempenho. Fico curioso em saber quem será o Cavaleiro que será seu superior. — comentou Saga por alto, antes de voltar os olhos verdes para ela.

— Acredito que ela estaria sob as ordens do Leão Dourado... — teorizou a Prata por um breve momento. — ... mas como ainda existe um Cavaleiro de Ouro de Leão...

— Fala isso por conta dos seu golpe envolvendo um ataque que lembra trovão? — indagou o Geminiano curioso com aquele palpite.

— Também. Shaina sempre foi bem agressiva em suas investidas, sendo as meninas dos olhos de Jisty, sua preferida. — comentou ela olhando para a fonte.

Ainda a sentia quente após um longo dia de calor, levando-a a remover por alguns instantes para molhá-la e até servir de água para banhar a face corada.

Saga, por outro lado, não ficaria surpreso em vê-la com rosto despido daquela máscara que, agora compreendia, o quão odioso era vê-la cobrir seu rosto com aquilo. Em sua presença removeu sem qualquer hesitação, sendo compreensível o calor e a sede, mas...

— No entanto... — continuou ela após servir-se da água fresca. — ... a minha preocupação está com Marin, outra a ser desafiada no torneio e temo quem possa ser escolhida para enfrentá-la.

O Cavaleiro suspirou com algum pesar, rolando os olhos. “Hesitantes nos jogos, mortos nos campos de batalha”.

— Tem certeza de que ela está pronta para esse teste? — ele perguntou, com um tom de aparente desinteresse, voltando-se a focar no assunto. — Tenho notado que muitos dos aspirantes parecem inseguros de suas próprias capacidades.

Aquelas palavras fizeram a Prata franzir o cenho de estranhamento para o Geminiano diante dela, sobretudo pelo tom descrente que falou aquilo. Aquilo a fez rir contidamente pelo ceticismo daquilo que ouvia.

— Impressão minha ou percebo uma descrença no seu tom? — indagou ela fitando-o.  — Aiolos teve esse mesmo comportamento mais cedo... A impressão que tenho é que não possuem qualquer fé nos aspirantes.

— Confesso que estou com minhas ressalvas. — o Geminiano assentiu. — Tenho visto os últimos treinos dos que estão competindo esse ano e estão muito aquém dos resultados anteriores. Um ou outro, como aquela garota de hoje, parecem aptos, mas a maioria...? — continuou, balançando a cabeça negativamente.

— Tudo bem... — ela cruza os braços, deixando a máscara pendurada em sua cintura. — Explique seu ponto.

— Muitos deles parecem hesitantes quando se deparam com determinadas situações, principalmente quando falamos abertamente dos acontecimentos passíveis em uma guerra. — Saga explicou, se sentindo um pouco desconfortável em vê-la sem máscara em um local onde poderiam ser surpreendidos a qualquer momento. — Quando falamos diretamente de tirar vidas em combate, vejo-os estremecerem e alguns deles questionarem a necessidade disso, por mais que explique a eles que não terão tempo e nem condições de sequer abrir a boca para perguntar o nome de seu oponente. — e franziu a testa. — Parecem viver num mundo fantástico e colorido, onde meia dúzia de palavras sobre “amor” e “justiça” fariam um Espectro mudar de ideia e abandonar sua missão de nos destruir.

Selene ouviu tudo aquilo calada, baixando olhar algumas vezes nas pontuações ditas pelo Geminiano. Não havia como discordar dele. O próprio Arles inúmeras vezes chamou sua atenção quanto suas hesitações nos treinos — que mesmo para um mero exercício era preciso ter confiança em suas ações, pois um milionésimo de segundos poderia mudar o curso de uma batalha ou mesmo de toda uma guerra.

“Viver num mundo fantástico...” e ela observou o Monte Zodiacal mais adiante, com uma pouca iluminação ao longo da subida propiciado pelas Casas Zodiacais. “Bom, não deixa de ter uma fantasia em tudo isso”, ela pensou, mas sem as metáforas narradas pela velha mulher que contava história para ela e tantas outras crianças no orfanato.

— Eu posso entender sua perspectiva, mas também compreendo a posição deles. — e descruzou os braços, baixando a cabeça. — Lembro enquanto treinava e falar com mestre Arles sobre isso e sempre recriminar minhas hesitações. Você e Kanon me diziam isso. — e então respirou fundo. Levou a língua ao céu da boca como se isso fosse ajudá-la a encontrar as palavras. — Mas, Saga... — e voltou a fitá-lo. — Como foi a sua experiência nisso? Não creio que tenha simplesmente aceitado isso assim, tão facilmente... — e parou para fitá-lo. — Não até ficar diante da situação. Penso que mesmo numa guerra tantas vezes travadas por pessoas comuns, em suas trincheiras, não pensavam que aquilo poderia ser... diferente. Acha que uma guerra pode mudar tanto as pessoas a ponto de...

— Meu mestre, Solon, sempre me avisou que isso seria necessário um dia. — ele suspirou, pensando naquilo que diria a ela. Claro que havia uma diferença enorme entre ficarem martelando em sua cabeça a respeito de matar pessoas e realmente fazê-lo. — Eu estaria mentindo se dissesse que foi fácil para eu fazer isso pela primeira vez, mas eu o fiz, sem hesitar na hora. Eu passei dias me sentindo mal, e eu fui preparado para isso. Podemos dizer que esses novos Cavaleiros e Amazonas irão conseguir cumprir seu intento ou irão fraquejar quando suas vidas dependerem disso? Como mesmo disse, uma guerra nos faz pensar e repensar em nossas ações. Às vezes sua hesitação pode custar a vida de outros.

— Em outras palavras, ou matamos ou morremos. — e o viu assentir. Aquilo a fez estremecer por alguns instantes. — Não acho que tenha que ser única e exclusivamente assim.

— Selene... — ele tentou uma aproximação, mas recuou. Temia que fossem surpreendidos ali e mal interpretados além dela estar sem sua máscara que já era o bastante para deixá-lo alerta. — Estamos próximos de uma guerra que se estende desde a Era Mitológica. Não será com compaixão que a humanidade vai se preservar, mas lutando por ela.

— Mas não devemos sacrificar nossa humanidade, Saga. — ela disse em seguida às palavras dele. — Posso concordar que os aprendizes não estejam preparados para uma guerra e para a queda de seus companheiros acreditando que será a arena que enfrentaram hoje, mas também não devemos esquecer que eles devem ter compaixão sim pelo seu inimigo. Caso contrário, não seremos tão diferentes deles, não é?

Aquelas palavras deixaram Saga sem ação, sem uma resposta preparada.

— Talvez devêssemos conversar com os mentores e rever os conceitos e uma preparação mais adequada que balanceie isso. — continuou ela quebrando aquele silêncio e tomando novamente a máscara em mãos. — Se os aprendizes não estão devidamente preparados e sendo jogados naquela arena, de quem realmente é a responsabilidade de entregar aspirantes assim?

— De seus mestres, Cavaleiros já sagrados. — Ele respondeu rapidamente, retomando o assunto de maneira formal. — O que se torna um quadro ainda mais preocupante. A menos que sejam ainda mais cobrados depois das cerimônias finais, teremos grandes dificuldades...

— Vou reunir as mentoras e conversarei a respeito disso com elas e cobrar um treinamento... mais agressivo. — pontuou a Prata recolocando sua máscara, já fria. — No entanto, buscarei balancear isso de modo que não esqueçamos, jamais, que também somos humanos, aqueles que Athena confiou na preservação da humanidade, não é mesmo?

— Farei o mesmo e conversarei com Aiolos a respeito disso. — sorriu ele de maneira otimista, além de orgulhoso de ouvir aquelas palavras dela. — Bom, eu sei que devemos estar prontos o mais rápido possível, mas acho que podemos ir aumentando a dificuldade gradualmente.

— É um começo. — e ela ousou uma aproximação mais audaciosa que ele não o fez anteriormente. Tocou levemente a mão em seu rosto, com o indicador pairando sobre seus lábios. — Sabia que entenderia meu ponto.

Saga passou a língua pelos lábios, onde há pouco ela o tocou e não deixou de sorrir.

— Se não estiver muito cansada depois de sua ronda, podemos “acertar os detalhes” disso mais tarde. — falou e piscou um olho para ela.

— Quem sabe? — Selene sorriu de volta, exibindo um olhar travesso.

— Quem terminar primeiro, espera o outro... em Gêmeos? — ele sugeriu, olhando ao redor mais uma vez, de modo discreto.

Enquanto a via sair, Saga fechou o punho com força e suspirou pesadamente, enquanto abaixava a cabeça. Precisou de muito controle para não a abraçar ali e beijar aquela boca carnuda da qual mal conseguia tirar os olhos. Precisava de um balde gelado na cabeça ou não iria conseguir terminar sua ronda naquela noite.

“Como disse antes...”, a Voz novamente se fazia presente e com um tom lascivo como de alguém tão excitado quanto o Geminiano parecia naquele momento. No entanto, não parecia ser de mesmo desejo que o Dourado. “Os Cavaleiros estão longe de serem os guerreiros que foram um dia e lavarão o campo de batalha com seu sangue sem antes mesmo de levantarem seu punho”.  

Odiava aquela voz, mas ele estava certo quanto aquilo.

— Talvez seja preciso que alguém tome as rédeas dessa situação... — e olhou em direção ao Monte Zodiacal, com seu olhar se demorando no topo. — ... e se alguém não o fizer, alguém fará e será eu.


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“Há mudança no vento”, pensou Berenike se voltando para direção do vilarejo quando mais alguns fogos iluminavam o céu daquela noite. Cobriu-se com seu véu e aproximou-se da mureta em mármore branco e vislumbrando o céu da noite.

— A lua. — comentou uma jovem parando ao lado da Alta-sacerdotisa com suas vestes brancas e bordados dourado. — Ela tem um brilho dourado incomum esta noite.

— É uma lua única que não se vê em muitos anos, Mai. — comentou a mulher mais velha sem tirar os olhos do céu. — A sua luz é como seu brilho que há muito se encontra apagado. — e puxou mais uma vez o véu sobre si.

— Está esfriando, minha senhora. Não seria melhor entrar? — recomendou a Guardiã.

— Não vou me demorar. Farei apenas minha última oração e então... — dizia quando se calou e seus olhos se mantinham fixos num único ponto

A jovem estranhou aquela brusca mudança de expressão e comportamento da Alta-sacerdotisa que até mesmo deixou cair o véu com qual se cobria, tomando em mãos e acompanhando-a até compreender a razão daquilo.

Ambas assistiam, junto da estátua da grande estátua da deusa Athena uma coruja de plumagem que reluzia um belo prateado sob a luz do luar, abrindo suas longas asas e posando sobre o escudo da deusa. Seus olhos dourados reluziam enquanto observavam as duas mulheres que se aproximavam com um misto de encanto e curiosidade.

— Uma coruja...? — a jovem sorriu. — Não são elas as emissárias de...

— “E sua coruja abre suas asas somente com o início do crepúsculo”. — recitou Berenike. — Sim, é uma emissária da deusa. Esta é a Anunciação de Athena. Athena vai renascer nesse tempo.


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Notas finais do capítulo

Uma nota importante.

Mulher-Cavaleiro foi a menção de Milo à Shaina de ‘Cobra’ (hoje, de Ofúco), tornando-se, assim, título das mulheres que lutam ao lado dos Cavaleiros de Athena. A explicação das máscaras aconteceram através de animações, sobretudo Omega. Portanto, tivemos a liberdade de, baseando no conceito já criado, trabalhar mais em cima dessa ideia. Inclusive, tomamos o termo ‘Mulher-cavaleiro’ como uma forma pejorativa de se chamar as Amazonas, termo este que seria o mais correto às mulheres que servem Athena.
As Saintias seriam uma classe à parte e que não precisariam de máscaras porque servem única e exclusivamente à deusa em seu templo, ou mesmo protegendo a Alta-sacerdotisa, aquela quem deveria cuidar de Athena quando bebê até estar apta assumir o Santuário.



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