Saint Seiya Memórias: História Oculta Do Santuário escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 68
Livro 2 :: Dualidade - Ato 23


Notas iniciais do capítulo

A Dualidade de Saga ganha cada vez mais força e controle sobre o Cavaleiro de Gêmeos.
Quem ou quem é a Voz?



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Kanon caiu ajoelhado, perdido. Não tinha ideia de quanto tempo estava naquele plano apesar de não sentir cansaço ou mesmo fome. Estava tomado apenas pela ansiedade, pela angústia...

Estava tomado pelo ódio!

— Mal... Maldito... Maldito seja, Saga! — praguejava o gêmeo mais novo olhando à sua frente e não vendo nada senão o vazio.

A última lembrança que tinha era de ir ao encontro do irmão quando sentiu o gosto ferroso na boca, resultado do golpe que seu gêmeo havia deferido ao desvencilhar-se quando estava apenas a ajudá-lo.

No entanto, a entonação de como se dirigiu a ele em seguida que verdadeiramente o assustou — a sua postura imponente e autoritária, o olhar incisivo que foi capaz de imobilizar cada músculo de seu corpo até ser engolido por aquela luz que o fez mergulhar naquele plano dimensional.

Aquele lugar não deveria ser tão estranho para ele uma vez que Solon, antigo Cavaleiro de Gêmeos e mestre dele e de seu irmão, usava aquele plano como parte de seus treinamentos de modo que pudessem compreender os planos dimensionais.

Na primeira vez que ali estiveram, ficaram maravilhados com aquilo, pois era como ver o espaço se dobrar com apenas um movimento das mãos. Era como se as estrelas viessem ao seu encontro, podendo desconstruí-las e reconstruí-las, modelando-as como assim quisessem. Não havia limites, o corpo parecia ser parte daquele lugar, flutuar. No entanto, aquele mundo fantástico também era bizarro, com a beleza ocultando o perigo.

— A ‘Outra Dimensão’ não deve ser encarada como um parque de horizonte infinito. Embora tenham vista do horizonte, devem temer os limites. — advertiu Solon chamando a atenção dos garotos. — Um único passo são anos-luz que podem levá-los a se perder nos infinitos planos dimensionais invisíveis aos seus olhos. Cada plano guarda perigos das quais a morte é o melhor que poderão esperar.

— Então... podemos nos perder aqui? — indagou Saga curioso.

— Não somente se perder como ser retalhados por ela caso sigam um caminho não apropriado... proibidos para humanos como nós.

Os dois irmãos se entreolharam curiosos e confusos, e Solon percebeu isso, abrindo um pequeno sorriso. Afinal, não era a parte mais fácil daquela aula teórica. Tomou uma pequena pedra em mãos e ficou a brincar jogando-a para o alto.

— A Outra Dimensão, como disse, oferece inúmeros caminhos. Em outras palavras, esses caminhos permitem pular o espaço continuum...—  e uma pequena luz surgiu na palma de sua mão pouco depois de lançar a pedra no alto, mas quando a mesma caiu de volta, desapareceu, como engolido pela mão daquele homem. — ... e surgir em outro, atravessando barreiras e tomando ‘atalhos’. — e a pedra caiu na cabeça de Kanon que se mostrava o mais entediado. Aquilo foi o suficiente não apenas para ter sua atenção como olhar aquilo intrigado.

— Então, podemos viajar pelo tempo?! — indagou Saga entusiasmado com aquilo.

— Existem os caminhos do espaço continuum e do tempo continuum. — pontuou o mestre tomando a pedra novamente em mãos. — No entanto, esse último é o caminho proibido a nós, humanos, porque é um caminho que pertence apenas aos deuses e violá-los fará com que seja severamente punido no instante que cruzar essa linha tênue que separa esses mundos dimensionais. Como? — e a pedra em sua mão explodiu, tornando-se poeira levada ao vento. — Compreendem os riscos?

Os irmãos pareceram prender a respiração naquele instante. Solon tocou suas mãos da cabeça de ambos, curvando um pouco o corpo para melhor buscar os olhos daqueles dois.

— Exatamente por isso precisam aprender como caminhar na Outra Dimensão. Precisam entendê-la, tornar-se um com ela. Não saberão todos os caminhos, mas saberão quais devem ou não seguir pelas vibrações que emanam e das energias que consumirão de você. — e se afasta, abrindo uma fenda dimensional. — Tornem-se um. Poderão enlouquecer ou fazê-la apresentar-lhe a saída se assim conseguirem.

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“Uma saída... Preciso encontrar uma saída desse lugar”, pensava Kanon enquanto olhava para o horizonte infinito da dimensão, desanimado.

Se bem lembrava de uma das orientações de seu mestre, as dimensões poderiam ser uma linha reta onde poderiam caminhar sem chegar nunca a lugar algum — mergulhar num loop infinito — ou mergulhar num espaço distorcido, estes em constante transformação — o mais perigoso já que poderia levar aquele nesse espaço a dimensões proibidas ou fazê-lo se perder para todo sempre.

— Saga está controlando isso. — dizia Kanon para si mesmo olhando as linhas dimensionais mudarem a cada momento. — Não importa onde eu vá, ele está me impedindo de sair daqui. — e soca o vazio, esperando socar o chão onde estava ajoelhado. — DROGA!!

Kanon respirava pesado, enraivecido com aquilo. Pensava o que poderia fazer ou mesmo algo instruído por seu mestre que pudesse ajudá-lo naquela situação — como deixar ele e Saga naquele lugar até que se tornassem um naquele espaço dimensional e, por eles mesmos permitir que a saída lhes fosse concedida. No entanto...

— Há algo estranho aqui. — comentou ele franzindo o cenho e se levantando, observando as linhas dimensionais parecem distorcer uma das outras. — As dimensões parecem sobrepor uma à outra...— e olhou para os lados e para trás de si. — ... tornando-as mais... densas!

 Um arrepio percorreu sua pele, fazendo-o prestar mais atenção ao seu redor. Tudo parecia cada vez mais escuro, como se as estrelas estivessem sendo engolidas. Por breves momentos, parecia que algo o observava, que seria alvejado por algum “buraco negro dimensional” e desapareceria pela eternidade. E notou que o espaço ganhava fios mais intensos para um tom carmesim, emanando uma energia igualmente perturbadora.

 — Essa cosmo-energia é como... como aquela que Saga emanou... pouco antes de... — dizia, quando pressentiu algo.

Uma silhueta era desenhada naquele espaço dimensional. Tinha uma aura flamejante que soava como uma luz naquele universo escurecia a cada instante.

Aquilo o intrigou, levando-o a investigar com cautela e então percebeu que as ondas dimensionais pareciam mais estáveis que de há poucos instantes. Quem quer que fosse, estava ajudando Kanon a realmente mover-se e não caminhar num mesmo espaço como nas inúmeras tentativas anteriores.

No entanto, quando parecia se aproximar, a silhueta desaparecia e ressurgia segundos depois. Aquilo o confundiu por um momento. Seria algum truque de Saga brincando com ele ali?

— Não... Isso não é o Saga. Quem quer que seja, parece influenciar nesse lugar neutralizando a cosmo-energia vil que sentia tomar conta daqui. — concluiu o jovem olhando novamente à sua volta. — Quem mais poderia fazer algo assim? — questionava-se, ainda intrigado, buscando aproximar-se mesmo imaginando que seria em vão.

Num momento, percebeu aquela silhueta parar e voltar-se para onde ele estava, como se pudesse vê-lo ou mesmo senti-lo, fazendo o Geminiano engolir a seco e recuar alguns passos, principalmente quando à sua volta cintilou intensamente, fazendo-o reconhecer aquele poder.

— Selene...? — perguntou-se Kanon num misto de confusão e felicidade momentânea. — Selene!

O seu chamado pareceu se fazer ouvir, chamando a atenção da silhueta que se voltava para ele naquele momento.

“Ela precisa saber que sou eu. Precisa me tirar daqui!”, pensou ele num momento de desespero deixando seu cosmo emanar, ainda que sutilmente. Afinal, temia que se ascendesse demais pudesse provocar reações naquele lugar tão instável. Pensava que se emanasse o suficiente ela pudesse alcançá-lo já que tantas vezes treinaram juntos e ou pudesse usar sua habilidade de se transportar para abrir uma saída da ‘Outra Dimensão’.

“K... Kanon?!!”

Ao ouvir ela chamando-o, ainda que sua voz soasse distorcida ali, ele riu contidamente. A sua ideia desesperada parecia estar surtindo efeito. Agora, precisava apenas alcançá-la, tocá-la para que a saída fosse aberta. Havia hesitação por parte dela, o que era compreensível. Mesmo ele agiria igual.

Contudo, quando estava para tocar em sua mão, era como se a conexão tivesse sido quebrada e a silhueta se transformou em inúmeras estrelas que se espalharam pela dimensão enquanto a mesma se dobrava diante dele. Aquilo o aterrorizou, sendo preciso saltar para atrás antes que um buraco negro o engolisse por inteiro e se fechando diante dele.

Num rápido segundo, teve certeza ter visto duas orbes vermelhas como fogo, num misto de ódio e prazer, observando seu desespero.


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Saga parou no corredor, nervoso com o que havia feito. Queria colocar a culpa na voz que o assombrava, contudo não tinha certeza. Muito das palavras que saíram de sua boca uma vez já estiveram em sua cabeça.

Realmente achava que o irmão deveria se colocar em seu lugar, como um foragido do Santuário. Que ele deveria se entregar para que o mais velho pudesse dar um jeito de poupar sua vida, embora não soubesse exatamente o que ele poderia fazer ali. Poderia livrá-lo da execução ou da prisão, mas não saberia ao certo que destino Kanon poderia tomar depois daquilo.

O Cavaleiro riu desconcertado ao lembrar de ter dito para o irmão servi-lo. Kanon? Servir alguém? Conhecia o irmão mais novo bem o bastante para saber que ele nunca seguiria ordens. E isso já seria um problema enorme que o caçula teria se tivesse sido escolhido pela Armadura de Ouro.

Sim, Saga foi a melhor escolha entre os dois, precisava reconhecer, ainda que o irmão sempre buscasse culpar alguém de seu fracasso.

Seus passos foram interrompidos quando sentiu um cosmo emanar em seu templo, acompanhado de um brilho flamejante um tanto incomum, deixando-o intrigado e alerta. Porém, quando ouviu alguém chamar pelo irmão, reconheceu imediatamente a voz e a encontrou pouco mais adiante, frente um ponto de luz que pretendia tocar.

Os olhos de Saga cintilaram num vermelho intenso, pulsando um Cosmo que fez a luz que resplandecia no templo desaparecer. Foi uma ação de alguns segundos que o deixou momentaneamente atordoado.

— Selene...? — ele chamou a Prateada aturdida e vendo-a virar-se em sua direção. — Eu... Eu não a esperava aqui.

— Eu... — dizia ela, alternando para o Geminiano e para onde estava quase a interagir com o ponto de luz, sem entender o que havia acontecido ali. — Eu fui liberada do meu dever e... — e voltou-se definitivamente para ele, removendo sua máscara. — ...vim encontrá-lo após escoltar o Grande Mestre. Acreditei que retornaria a Gêmeos, pelo menos...

“Eu disse que tinha visitas...", a voz ecoou na mente do Cavaleiro, irritando-o quase de imediato.

— Entendo... — dizia ele se aproximando, olhando à sua volta. Estava silencioso, com apenas suas vozes ecoando naquele grande salão. — No entanto, você me parece... incomodada. Aconteceu alguma coisa?

— N... Não. Nada! — disse ela, ainda confusa. — Achei apenas que tinha ouvido a voz de Kanon... — comentou, voltando-se para Saga enquanto mordiscava os lábios. — ... ou sentido a presença dele...

Aquilo incomodou momentaneamente o Geminiano que engoliu a seco. Ela não estava errada naquela percepção. Enquanto o mais velho descia as Casas Zodiacais, percebeu alterações vindas em Gêmeos, fazendo a Voz que ecoava em sua cabeça surpreende-se com aquela energia tão peculiar.

Quem quer que estivesse na Terceira Casa, com aquele poder, poderia abrir uma saída para o gêmeo mais novo. Aquilo fez Saga adiantar-se, pois ele temia pela reação ou mesmo estado do irmão naquele espaço distorcido que mesmo ele não sabia ser capaz de fazer.

— Saga...? — chamou Selene já bem próxima dele, tocando em seu rosto, despertando-o do transe. — Está tudo bem?

— Ah! Sim...! — ele respondeu e forçou-se a sorrir. — Apenas pensando no que disse sobre ter a impressão de ter ouvido Kanon. De certo pensou ser ele quando eu a chamei, mas parecia tão distraída...

— Pode ser, mas... — e olhava para onde anteriormente buscou interagir com o ponto luminoso. — ... tive a impressão de...

— Selene, meu amor... — Saga puxou o rosto dela novamente para ele, buscando seus olhos. — Está cansada! Percorrer de um vilarejo a outros, da Acrópole até o Santuário... — e acariciava seu rosto com a ponta dos dedos. — ... O que deve ter visto são os fogos que... Olha! Continuam iluminar o céu nesta noite. Isso me lembra quando chegamos aqui. Era a Panatenaia!

— Sim...! — ela sorriu, voltando-se para a entrada. — Eu me lembrei disso no momento que vi os primeiros rojões. Parece que foi tanto tempo!

— Sim, e há um tempo perdido nessas semanas que quero recuperar agora... — e a tomou nos braços, beijando-a intensamente. — Não parava de pensar em você...

“Que jogada inteligente...”, ecoou a voz novamente acompanhada com um cinismo e riso de escárnio. “O que fez foi apenas culpar-se pelo irmão ao mesmo tempo que assumia que era o melhor a ser feito para colocá-lo em seu devido lugar. Não tem pelo que se envergonhar”

Saga mantinha Selene junto ao seu corpo, apesar de ainda trajar a Armadura de Ouro. Ela falava sobre quando chegaram ali, e embora ele quisesse focar em suas palavras, apenas estava cada vez mais imerso nas provocações da Voz.

“Aproveite o restante da noite... Tome-a em seus braços. Possua a mulher que está aqui apenas para servi-lo e esqueça-o!”

Saga tomou Selene em seus braços, empregando o mínimo de seu Cosmo para que a armadura deixasse seu corpo e se mantivesse vigilante no templo em sua forma remota, caminhando seguidamente para os aposentos particulares.

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A madrugada estava alta e os fogos vindos de Rodório já havia cessado, mergulhando ainda mais o templo às sombras. Levantou-se deixando outra parte a dormir exausta, após um momento tão intenso. Queria permanecer ali, observando-a adormecida, planejando o futuro e como iria usufrui-lo, mas alguns assuntos precisavam ser resolvidos antes.

Caminhou a passos calmos pelo corredor até o grande salão do terceiro templo despreocupado até mesmo com sua nudez. Levantou a mão frente ao corpo e abriu os braços como se buscasse dissipar algo, criando um feixe de luz carmesim como um fio de sangue.

Kanon, este ainda na ‘outra dimensão’, percebia a silhueta novamente ganhar forma. Porém, diferente de antes que assistiu outro caminhar a esmo, este seguia exatamente em sua direção como se soubesse onde exatamente onde ele estava. Juntamente com aquela imagem estava aquela presença ameaçadora como daqueles olhos fulgurantes.

— Espero que esteja aproveitando sua estadia no espaço entre as dimensões. — A voz de saga ressoou com tamanho desprezo que o mais novo duvidou do que tinha acabado de ouvir.

— POR QUE ESTÁ FAZENDO ISSO?!!— esbravejou Kanon enquanto assistia aquela silhueta ganhar cada vez mais forma, sendo possível ver apenas um desenho de um sorriso. — Quem diabos é você? Não acredito que esteja fazendo isso comigo... seu irmão!!

— Por quê? Ora, a pergunta é tão óbvia... Porque eu posso! Estou em meu direito de fazê-lo, já que você, aos olhos de todos, não é mais que um desertor...

— E todo aquele discurso para me entregar porque seria o correto...?— o mais novo cuspiu aquelas palavras, percebendo as linhas dimensionais novamente se distorcendo e como se surgissem da silhueta do irmão, como se ele desse origem aquilo. — Que não se esqueça que só está aonde chegou...— dizia enquanto fitava-o incisivamente. — ... graças à Selene que interferiu em nossa luta! Sem sua intromissão, poderia ser eu o Cavaleiro e não você.

Saga riu de um jeito que o irmão nunca viu antes. Um riso baixo, que logo preenchia aquele espaço vazio e mutável.

— Tem mesmo certeza disso, meu ingênuo irmãozinho? Não seria você quem deveria agradecer a ela? Você realmente achou que poderia me vencer em algum momento? — O mais velho questionou com escárnio em sua voz grave. — Não tinha percebido o quão carente você era... Kanon.

Kanon fechava o punho ao mesmo tempo que cerrava os dentes mediante àquelas palavras tão ácidas vinda de Saga. Estava realmente ele duvidando do quão capaz ele era para derrotá-lo?

— Que tal tirarmos a prova disso... agora... aqui... ‘irmãozinho’?— desafiou ele com uma respiração pesada enquanto trazia o punho fechado para frente do corpo, concentrando seu Cosmo.

— Você não mudou nada, Kanon... sempre prepotente, se achando o mais forte...— O outro falou, sorrindo de canto. — Venha então. Farei com que engula suas palavras, junto com seu orgulho de cão vira-latas, porque é exatamente isso o que você é.

“NÃO!”, gritou no subconsciente de Saga. “Não, Kanon! N... Não... Não faça isso...!”, desesperou-se ao perceber o irmão concentrando mais e mais Cosmo e percebendo o que ele intencionava fazer, deixando-o preocupado... e excitado.

Kanon concentrou a cosmo-energia, resultado da concentração de poder que conseguiu atrair daquela dimensão para junto dele, e deferindo uma ‘explosão galáctica’ em direção ao vulto à sua frente.

Saga apenas aguardou, estendendo a mão como se intencionasse bloqueá-lo somente, fazendo o gêmeo mais novo sorrir vitorioso pela tolice e ingenuidade de uma façanha impossível.

“O que ele acha que vai fazer? Bloquear um golpe expansivo como a Explosão Galáctica? Idiot...”, pensava, quando seus olhos se arregalaram em perplexidade no que assistia.

O Dourado de Gêmeos fechou a mão, deixando apenas um indicador apontando em direção do irmão, e quando o golpe se aproximou, este foi engolido por uma fenda ‘riscada’ no vazio e tragando todo o poder explosivo, desaparecendo completamente.

O gêmeo mais novo olhou aquilo perplexo, percebendo um clarão às suas costas da qual nem mesmo teve tempo para pensar em qualquer algo a fazer. Sentiu a queimação do golpe que o atingiu e jogando-o quase aos pés do irmão que estava metros adiante.

— Compreenda, Kanon... — dizia Saga com um tom desdenhoso. — Eu nem mesmo precisei fazer muito para conter esse golpe tão fraco.— e sorriu, vendo-o tentar se levantar, vendo suas vestes já rasgadas e remendadas agora levemente queimadas. — Era com esse poder que pensou ser capaz de me derrotar? Hunf! Que deplorável... até mesmo pra você.

— Sa... Saga...— murmurou o mais novo esticando o braço buscando alcançá-lo, mas segurando o vazio.

— Você me dá pena! — disse o Geminiano mais velho sem hesitação, pisando sobre as mãos do irmão e fazendo-o sentir aquilo, vendo-o gemer. — Talvez ainda não tenha aprendido onde é seu lugar, e aqui é um bom lugar para repensar nessa sua medíocre, e agora, fracassada vida! — e deu as costas, deixando sua silhueta esmaecer.

Kanon buscava se levantar, mas sentia todo o corpo dolorido, fazendo-o apenas gemer de dor sem ser capaz de dizer qualquer coisa. No entanto, com muito esforço, levantou a cabeça, os olhos lacrimejando.

— Por quê...?

— Já é hora de entender que existem aqueles para liderar e aqueles para serem liderados, Kanon. — respondeu Saga de costas, mas voltando para olhá-lo por cima dos ombros. — E você, não vejo onde ainda poderia servir a este mundo. No entanto, quem sabe há algo da qual possa me servir algum dia? Até lá, você aqui não será qualquer ameaça aos meus planos. —e sua imagem desapareceu transformando-se em estrelas.

Kanon baixou a cabeça, socando o vazio e gritando o mais alto que poderia, não pela dor que recebera do seu próprio golpe, mas por aquela que dilacerava em seu peito.

 


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Notas finais do capítulo

Dualidade tá chegando ao fim. Ao fechar esse ciclo - possivelmente na próxima tríade - entraremos na fase mais obscura que encerrará #Memórias. Portanto, aguardem!!



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