Saint Seiya Memórias: História Oculta Do Santuário escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 65
Livro 2 :: Dualidade - Ato 21


Notas iniciais do capítulo

As falas de Saga ganharão uma formatação especial. Quando estiver em Itálico simples, serão falas do Saga, mas quando em Itálico Negrito, será a segunda voz. A ideia é causar, exatamente, certa confusão, a Dualidade proposta nesse ciclo. As falas do Camus tem erros propositais de modo a emular sotaque, como palavras com fonética R sendo bem acentuadas.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/335604/chapter/65

 “Por que você fez isso comigo? POR QUÊ?!!"

A Prata arregalou os olhos e levantou-se bruscamente, assustada. A imagem de Saga diante dela na clareira onde sempre se encontravam com ele a chamando, estendendo a mão para sua direção, foi mergulhado numa intensa luz enquanto ouvia alguém gritar. Ela sentiu a sua pele queimar como meio a chamas e ser sufocada pelo vazio, despertando.

Estava em uma cama limpa de lençóis brancos e perfumada com flores de oliveira num quarto bem arejado já no templo central dedicado à deusa Athena. Havia chegado no fim daquela tarde, levada para tomar um demorado banho e trajando vestes brancas com bordados prata. Era noite e uma fina chuva caia sobre a cidade.

Jisty dormia tranquilamente na cama ao lado e nem mesmo pareceu assustar-se por ela se levantar. Mesmo porque, não havia gritado ou feito qualquer ação alarmante senão o movimento brusco e com uma sede excessiva. Serviu-se de água, mas ainda assustada com o pesadelo. “Ou será uma visão...?”, pensou ela intrigada.

Primeiro viu ser Saga, mas o grito era notoriamente de Kanon.

.

.

.

— Não me parece que dormiu muito bem. — comentou Jisty enquanto conferia as túnicas que deveriam usar para o cerimonial de purificação diante de um espelho.

— Mudança de ares. — mentiu Selene, ainda perturbada com o pesadelo ou o que quer que tenha sido aquilo. — Estão nos esperando. — disse para a Amazona de Serpentis quando percebeu duas Saintias esperando por elas e já encerrando aquele assunto que nem bem tinha começado.

Desde que deixaram o Santuário que as duas, outrora hostis uma a outra, se deram uma trégua. Haviam conversado a respeito em um momento em que ficaram a sós durante a viagem. Não podiam deixar que sua rivalidade pessoal atrapalhasse a missão na qual foram incumbidas. Contudo, Jisty deixou claro que aquilo duraria apenas até retornarem.

Ambas seguiram, lado a lado, mudas, atrás das Saintias. Enquanto ali, estavam liberadas do uso de suas máscaras que ficariam guardadas, juntamente com as urnas de suas armaduras. A única identificação sobre serem Amazonas de Athena era um halo simples na cabeça. Para aquelas que viriam se tornar as reais sacerdotisas, todas deveriam usar um véu preso ao halo, o que não era o caso das duas Prata.

Foram guiadas até a sala de banho, onde quatro acólitas já esperavam por elas, cada qual duas ajudavam as Amazonas a se despir. Uma criança, de não mais que seus 8 anos entrava na sala carregando um cesto coberto com tecido tão branco quanto suas vestes, sobre a cabeça, ajoelhando-se para que cada uma das sacerdotisas retirasse pequenas vasilhas de barro que emanava um suave perfume. Elas umedeceram as mãos e envolveu todo o corpo das duas Amazonas antes de pedirem que entrasse na banheira com água e pétalas de rosa, onde deveriam ter todo o corpo imerso.

A água era quente, mas bem agradável. Deveriam manter-se em silêncio enquanto seus corpos eram purificados de toda a corrupção do sangue maculado de suas batalhas. E de fato, Selene sentia seu corpo relaxar de tal forma que mesmo o tormento do pesadelo daquela noite parecia desaparecer, pouco a pouco.

Após o banho, vestiram novamente suas túnicas e seguiam para a sala onde outras sacerdotisas permaneciam parte do dia entre orações e meditações, com uma única refeição no fim do dia com salada e pão. Somente então se recolheriam para o descanso para seguirem novamente aquele mesmo ritual até a próxima lua, quando seria iniciado, de fato, o júbilo de Athena.

Ao longo daqueles dias, nenhuma palavra foi trocada com Jisty. Nenhuma provocação ou mesmo olhar. Não sabia se eram os ritos de purificação que ajudava naquele processo, mas à Selene muito acalmou seu corpo e espírito livrando-a de pesadelos e qualquer visão que sempre era acometida no Santuário. Aquilo que viu na primeira noite não mais aconteceu nos dias que se seguiram. A verdade era que se sentia em paz ali.

“Talvez eu não devesse voltar ao Santuário...”, pensou, mas lembrava da promessa que fez ao Saga.

Naquela manhã, as túnicas deram lugar a um traje mais formal — um vestido branco com caimento nos ombros com uma lapa em bordado dourado e um gola sobreposto com caimento no ombro e tronco. O halo simples dera lugar à coroa de folhas de oliva que foi presenteada pela própria Alta-Sacerdotisa com breve agradecimento e explicando os seus deveres durante a Plintéria.

— A partir deste momento... — dizia a Matriarca enquanto as coroava. — ... são as Guardiãs desse templo onde descansa a estátua de Athena. Esse cerimonial é muito importante para fortalecer a barreira que protege todo o seu Santuário desde muito tempo.

A Alta-Sacerdotisa narrou sobre o grande templo em Atenas, destruído durante uma sangrenta batalha entre Athena e o Imperador dos Mares, Poseidon — a primeira Guerra Santa. Templos menores caíram ao longo da História, enquanto outros foram tomados pelo próprio homem até serem esquecidos ao longo do tempo. Muitos paládios de Athena foram espoliados, outros destruídos. Dos que foram salvos, foram guardados em pequenos templos mais próximos ao seu grande Santuário, garantindo a barreira que tornava invisível da ameaça humana e mantendo anônimo os seus Cavaleiros.

Devido aos eventos do passado, com a destruição do Grande templo, e hoje sendo um espaço visitado por turistas de todo o mundo, o cerimonial que abria os festejos para Athena com a Plintéria alternava entre os templos.

Embora Selene houvesse chegado ao santuário meio aos festejos, assistira apenas ao seu desfecho com a Panatenaia. Pela primeira vez visitava um dos misteriosos templos.

O templo, pequeno se comparado com aquele situado na Acrópole, datava de tempos antigos, pouco antes do Império Romano abandonar seus antigos deuses. Suas ruínas estavam situadas em um vilarejo que se formou ao redor, outrora composto por aqueles que se recusaram a se converter. E foi ali que conseguiram manter suas tradições vivas, ainda que muito tivesse mudado em seus ritos desde então.

Mesmo os séculos foram incapazes de destruir completamente aquelas fundações, agora restritas apenas a um fechado círculo formado exclusivamente por mulheres.

Agora, ambas as Amazonas de Prata, seriam aquelas a guardar o templo durante todo o ritual de purificação da deusa. Isso era algo até então restrito às sacerdotisas sob o zelo da Matriarca do templo com canções e orações mais belas que as duas guerreiras jamais poderiam. Aquela canção trazia uma plena paz de espírito.

Primeiro era a Alta-Sacerdotisa aproximando-se da imagem da deusa, abrindo os braços com as palmas das mãos viradas para cima. Baixava a cabeça, seguidamente o corpo, ajoelhando-se somente com a perna direita. Todas as sacerdotisas a seguiram depois, como uma onda — primeiro as mais velhas na primeira fila e depois todas as outras, uma fila por vez. As duas Pratas fizeram o mesmo.

 “Saúdo Athena,

Senhora plena de si”

As sacerdotisas elevam sua mão ao alto, saudando a deusa.

“Athína Prónoia, Alalkomenés, Aléa

Athína Prónoia, Alalkomenés, Aléa

Athína Prónoia, Alalkomenés, Aléa

E novamente elas se silenciam, baixando suas cabeças, mantendo os braços elevados. Nesse ínterim, meninas seguiam com seus misteriosos cestos sobre a cabeça, ajoelhando-se, uma por vez, bem próxima à Matriarca do templo que removia de uma tigela de barro com pétalas de oliveira, sendo estas jogadas na grande fonte de água presente naquela sala, jorrando uma água cristalina.

“Eu a clamo, deusa dos homens.

Curvo-me diante de vossa presença,

Ilumine essas suas humildes servas

Guie-nos através de sua sabedoria”

A Senhora do templo tocou as águas com as duas mãos, deixando-a escoar por entre seus dedos enquanto recitava a cada um dos versos e acompanhada por suas sacerdotisas que levantava os braços em coro.

“Seus caminhos são sutis

(E nós a aceitamos)

Tuas palavras são claras

(E nós a ouvimos)

Seu dever é com a justiça

(Sejamos sua lança)”

Outra criança entrou na sala, carregando um novo cesto. Neste foi retirado outra tigela com óleos aromáticos que fez seu perfume tomar todo o ambiente. Pequenas gotas eram depositadas na fonte, fazendo as águas reagirem e brilhar como o próprio Cosmo do qual as Amazonas reconheciam bem. Era uma energia pura e gentil.

Novamente a Matriarca se ajoelhou, sendo ela a baixar sua cabeça e juntando as mãos em forma de prece, bem próxima ao peito. As sacerdotisas recolhiam seus véus que traziam sobre os ombros e cobriam suas cabeças, baixando-as em seguida em sinal de humildade e servidão.

“Oh, Athena! Ajoelhamos diante de ti.

Banhe-nos com seu poder e boa vontade

Ilumine-nos com sua justiça

Teu poder, à vossa vontade”

A Alta Sacerdotisa silenciou-se, deixando as sacerdotisas ovacionarem enquanto cada uma seguia até uma pira, próximo da fonte, deixando uma flor de oliveira em oferta à deusa, seguindo em círculos de modo que as consagradas sacerdotisas tomassem o contorno da fonte.

“Athína Etra!

E, assim, a prece era encerrada com a Matriarca tomando lugar ao lado da estátua de Athena, enquanto seu manto era removido, delicadamente, enquanto duas outras sacerdotisas a acompanhava — uma para recolher a peça removida e outra para cobrir o corpo da deusa com uma peça de linho pura.

E que assim seja!”

A Sacerdotisa Berenike sorriu, assentindo para as jovens tomadas pela emoção do rito, algo que ela também não poderia negar a comoção. No entanto, naquele momento, aquele sentimento dera lugar a outro: surpresa.

Ao voltar-se para as Guardiãs de Prata convidadas pelo Santuário, Jisty mantinha-se ainda vigilante, acompanhando com encanto todo o rito que havia acontecido. Selene mantinha-se igualmente admirada.

“Aqueles olhos... O seu brilho...”, pensava a Alta Sacerdotisa olhando para Selene. “Seus olhos são como o céu ao pôr-do-sol, como o Crepúsculo dos deuses!”, admirou-se.


───────.∰.───────

Saga respirava forte, com uma das mãos ainda erguidas em direção à parede. Cada vez que o ar deixava seus pulmões era como se tivesse levado uma forte pancada no peito. O corpo tremia enquanto a mente fervilhava sempre que pensava a respeito do que tinha acontecido naquele dia.

Teria mesmo feito aquilo? Foi de sua boca que aquelas palavras duras e cruéis saíram? Teria sido o seu cosmo que teria lançado contra seu gêmeo.

— K-Kanon!!! — A percepção o atingiu novamente, como um soco na cara.

Ele tinha atirado o próprio irmão mais novo nos confins dimensionais e lá ficaria vagando sem destino caso não conseguisse se orientar. Aquilo fez o Geminiano se desesperar. Ele precisava tirá-lo de lá, antes que se perdesse para todo o sempre.

“Por que está tão preocupado com ele? Isso só mostra o quanto ele é fraco já que não é capaz de nem mesmo encontrar uma saída de uma técnica da qual ele deveria dominar, não acha? Além do mais, é uma ameaça a menos a você”

— Não importa! E-eu não deveria ter feito aquilo! — Saga retrucou, balançando a cabeça. — Ele é meu irmão! Eu deveria protegê-lo!

“Proteger aquele que quer te destruir...?”

— MEU IRMÃO NÃO QUER ME DESTRUIR!!! — Gritou o Geminiano, esmurrando uma coluna.

— Saga...? — alguém o chamou, aproximando-se a passos lentos pelo templo.

O Cavaleiro de Ouro logo se virou, com ar apreensivo. A última coisa que precisava era que alguém o visse discutindo com aquela voz insistentemente incômoda em sua cabeça. Precisava dar um jeito naquilo, sabia bem disso, do contrário, teria sérios problemas. Se aquilo chegasse aos ouvidos do Grande Mestre, ele poderia ser destituído de sua veste sagrada. Seria uma vergonha sem tamanho.

Mephisto tinha um olhar de estranhamento para ele. O fitou por entre as pilastras como se buscasse por algo ou alguém, não encontrando ninguém exceto o Geminiano que se mostrava perturbado com algo.

— Está tudo bem com você? — indagava arqueando o semblante. — Se quiser, volto depois, mas... — e forçou um sorriso. — ... Tu tem estado um tanto disperso esses dias e vim saber o que está acontecendo, se precisa de alguma coisa... Tem a ver com a aproximação dos torneios?

— Ah... sim, sim, eu estou bem, só... um pouco cansado. — O mais velho assentiu, o que não era de todo uma mentira. Levou os dedos aos olhos verdes, apertando-os suavemente. — É um período desgastante, física e mentalmente, em especial por causa da expectativa que gera. — E tentou rir para disfarçar.

— Os aspirantes também têm se mostrado tensos, isso é perceptível quando os observamos na arena do anfiteatro... — Mephisto riu, recostando-se numa pilastra. — É perceptível o medo deles.

O Cavaleiro ouviu aquilo com pesar. Virou-se para que o recém-chegado não visse o desgosto em seu olhar. Ele estava certo, muitos dos aprendizes estavam inseguros. O período de testes e torneios tinha uma reputação de intimidar qualquer um que nunca tivesse passado por eles. E quem os assistia pela primeira vez sempre terminava com uma impressão de que teria muito chão para ser percorrido até estarem aptos a competirem.

Não era fácil. Mesmo ele e o irmão ficaram acuados quando viram as primeiras lutas, mas aquilo os fez praticar com afinco. Queriam ser tão incríveis e capazes tanto quanto aqueles que viram nas arenas, exibindo seu poder, e principalmente, queriam ouvir a voz orgulhosa de seu mestre parabenizando-os por seus resultados.

Um sonho que se desgastou naqueles anos. Percebia agora ser apenas o anseio de um jovem completamente inexperiente. Com o tempo, viu a realidade com seus próprios olhos e ela não lhe parecia tão promissora assim.

— E de pensar que isso será o exército de Athena...? Patético! — comentou o mais velho de costas para o outro.

Mephisto o olhou de soslaio, franzindo o cenho com o tom incisivo do Geminiano naquele momento quando parecia tão nervoso há poucos instantes.

Do pouco que conhecia aquele homem, esperava que suas palavras fossem mais... positivas, ou mais propensas ao discurso de apoiar os menos experientes. Teria se enganado tanto assim a respeito dele ou por um acaso algo teria acontecido com o Cavaleiro e ele não estava sabendo?

Ainda a algum tempo, podia jurar tê-lo escutado falar com alguém, algo sobre um irmão, sobre protegê-lo ou algo assim. Contudo, não ter visto, nem sentido, qualquer sinal da presença de qualquer pessoa ali, no recinto, deixou o italiano ressabiado. Mesmo o grego a sua frente lhe pareceu ter ficado surpreso com sua aparição.

Baixou o olhar e sorriu de canto, caminhando alguns passos próximo. Aquele homem a sua frente estava escondendo algo, e Mephisto estava ficando cada vez mais curioso em descobrir o que era.

— Bom, são jovens idealistas que somente querem somar forças para fazer valer a justiça pregada pela deusa Athena. — comentou dando de ombros, mas seu cinismo era notável e debochado. Palavras ditas como se declamasse um discurso ensaiado. — Sabe tanto quanto eu do quão sonhadores são.

— Então é isso que se resumirá o exército de Athena? Um bando de idealistas sonhando com uma justiça com percepções fracas e vazias? — Saga riu contidamente. — Perecerão antes mesmo de chegar aos campos de batalhas.

— Bom... Esperamos que não. — Mephisto falou, embora não houvesse qualquer sinceridade em sua voz.

— Ninguém quer servir num exército de fracassados. — e o Geminiano se virou para fitar o aspirante que trouxera da Itália. Tinha um semblante pesado e olhar profundo, quase hipnótico que fazia Mephisto mergulhar. — Meros fantoches de cordas, com um espírito de batalha vazio...— e riu novamente, brincando com a língua sobre os lábios. — Talvez precisem de mais... pulso! — O Cavaleiro murmurou, pouco se importando se seria escutado. — Um... choque de realidade...

— Eles não suportariam a realidade, Saga. Nós dois sabemos disso. — comentou o outro mais sério, fitando-o diretamente nos olhos. — Eles não sabem o que é o desespero. Como eu mesmo disse, agarram-se em sonhos... vazios, foram essas suas palavras. — e apontou para o Geminiano. — Quando mergulhamos no desespero é que verdadeiramente mostramos quem realmente somos. — e sorriu de maneira maliciosa, fazendo-o coçar o queixo. — Na arena, não há preocupação senão medirem forças um contra o outro, diferente do campo de batalha onde um milionésimo de segundo ditará quem vive e quem morre, e é quando você precisa agir.

— E pode me dizer se suas ações fazem jus ao conceito de justiça, Mephisto? — instigou Saga aproximando-se dele, quase sussurrando, mantendo seu olhar fixo ao dele. — Esse ‘desespero’ do qual diz, pode sobrepor sua razão, não?

O italiano o fitava. Abriu a boca para dizer algo mais, mas era calado diante daquela presença que o silenciava, hesitando-o a replicar aquelas palavras.

— A justiça de Athena sobre os homens é baseada no perdão, na transformação dos humanos mediante às circunstâncias. Mas, o que você pode me dizer sobre isso? — continuou o Dourado, caminhando em volta do outro, parado e com olhar perdido. — O que você fez, pode ser chamado de justiça?

— Onde está querendo chegar, Saga? — indagou Mephisto acompanhando sua voz e ficando de frente com o Geminiano, encarando-o. Aquele jogo de palavras já começava a incomodá-lo. — Qual é desse seu joguinho?

— Não há jogo algum. Apenas estamos discutindo o conceito de justiça que é muito variável. — e o Cavaleiro balançou a cabeça como quem não queria dizer nada por nada, deixando o italiano ainda mais intrigado. — Os deuses têm seu conceito de justiça, o que muitas vezes vai contra aquilo que realmente deveria ser. Veja esses jovens... — e esticou o braço para direção da saída do templo, como se apresentasse a própria arena. — Você citou que o desespero muda as pessoas, mas aqui, não há nada ser temido para que realmente façam o que deve ser necessário. O medo que sentem é pelo banal, por um orgulho ferido, um total vazio...— e voltou a fitá-lo de lado. — Diferente de você que fez aquilo que precisou ser feito num momento de dor e aflição... ou de desespero, se assim preferir.

— Então você... — Mephisto o fitou com uma expressão de assombro e surpresa, engolindo a seco. — Quando foi que você...

— Ah, isso não tem relevância agora. Aliás, tem seu mérito. — pontuou Saga. — Fez o que precisava ser feito e não se deve ter misericórdia. Assim é o campo de batalha. Um momento de hesitação define a vida ou a morte de um companheiro e é isso que esses aspirantes precisam entender.

— “A depender do caminho escolhido...” — recitava Mephisto com um olhar no vazio. — “Não há caminho pela qual voltar senão aceitar o destino que tomou em mãos”. — e fitou Saga enquanto olhava as mãos levemente trêmulas, tendo vislumbres das mesmas banhadas em sangue. — “O desespero inibe a razão, cegando-nos para a verdade...”, ele me disse.

— E você fez valer a justiça entregando-o ao julgamento de seus pecados. Não deveria culpar-se disso. — comentou Saga. — Você esperou por uma intervenção divina, e hoje está aqui, pronto para se tornar o próprio interventor. — e sorriu novamente, tocando em seu ombro e passando por ele. — Deveria orgulhar-se disso e deixar que vejam a ‘máscara da morte’, vestida pelo executor da verdadeira justiça.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então... O que acharam deste capítulo mitológico? XD

Busquei trazer mais sobre os festejos de Athena - Júbilo de Athena - com os tradicionais festejos que datam na Antiguidade: Plynteria e Skiraphora (Escirafória). Apesar de ter lido sobre os ritos, houve adicionais meu sobre aquilo que a nossa protagonista estará assistindo para complementar a cena, para seguidamente seguir de volta ao Santuário para os torneios dos Cavaleiros que fazem parte do festival dedicado à deusa.
Isso é algo que busquei somar ao universo da série - manter os festivais tradicionais para uma comunidade anacrônica que o Santuário e vilarejos próximo à ela. Espero realmente que gostem. :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Saint Seiya Memórias: História Oculta Do Santuário" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.