Saint Seiya Memórias: História Oculta Do Santuário escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 60
Livro 2 :: Dualidade - Ato 17


Notas iniciais do capítulo

Nota importante. As falas de Saga ganharão uma formatação especial. Quando estiver em Itálico simples, serão falas do Saga, mas quando em Itálico Negrito, será a segunda voz. A ideia é causar, exatamente, certa confusão, a Dualidade proposta nesse ciclo. As falas do Camus tem erros propositais demodo a emular sotaque, como palvras com fonética R sendo bem acentuadas.



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Os olhares de cada um estavam focado um no outro esperando a primeira investida. Todos assistiam em silêncio. Dos poucos ainda que estavam a treinar na arena, abriram mais espaço e buscando lugar nas arquibancadas para assistir aquele curioso embate.

As chacotas de antes sobre o garoto de madeixas louras e pele alva com feições andróginas estavam suspensas, enquanto que os partidários do veterano e promissor Cavaleiro mostravam-se inicialmente receosos.

Guardas também assistiam curiosos, conversando entre si e fazendo contas com os dedos. Apostas silenciosas até mesmo entre os aspirantes. Alguns Cavaleiros assistiam dos pontos mais altos, sérios e observadores. Em poucos minutos, olhares curiosos se voltaram para arena que, há algum tempo, não apresentava um embate tão interessante como aquela.

Afrodite estava calmo, embora seus olhos azuis estivessem focados no rapaz à sua frente, inquieto com as mãos que estava a abrir e fechar incessantemente estalando os dedos e seus pés parecendo cavar o chão de areia batida. Quando Aison dobrou o joelho, Afrodite cerrou os olhos para perceber seu movimento seguir contra ele.

Tal como antes, seu braço visou atingi-lo no rosto, mas sendo golpes seguidos que exigiu maior destreza para esquivar-se e até mesmo usar o braço para bloquear alguns golpes. Girou o corpo buscando sair de seu campo de visão invés de somente recuar, mas o rapaz pareceu acompanhá-lo. O público que assistia, vibrou com a ação.

— Os golpes dele estão ganhando velocidade. — comentou Milo olhando aquilo. — Afrodite também está sendo ágil, mas sabe que não poderá ficar a se esquivar e bloquear somente.

— Ele precisa contra-atacar, mas parrrece hesitante ou esperrando por alguma coisa... — analisou Camus observando o movimento de ambos.

Num dado momento, Afrodite conseguiu segurar o braço de seu oponente e trazer para baixo puxando-o, de modo a derrubá-lo no chão e ganhar mais espaço. No entanto, o rapaz conseguiu dar o impulso necessário e saltar dando um mortal e avançar com rapidez contra ele, mirando mais uma vez em seu rosto.

No entanto, embora tivesse levando o braço para bloquear, viu seu punho desaparecer bem diante de seus olhos. "M-Mas... como foi que...", indagava-se quando o ouviu bem próximo.

— Perdeu alguma coisa? — disse Aison às suas costas e pronto para o golpe que o atingiria na costela, mas foi impedido pelo braço direito de Afrodite num rápido movimento. — Rápido, mas não o bastante! — e desapareceu novamente, surgindo novamente diante dele e conseguindo atingi-lo no rosto, levando-o ao chão.

O público ovacionou, alguns reagindo falsamente ao golpe com caretas enquanto outros pareciam desaprovar algo comentando com colegas próximos. Os Cavaleiros que assistiam mantinham-se neutros, outros usando aquele embate para pontuar algo aos seus aprendizes. Os guardas apenas sorriam, embora impressionados com a violência dos golpes que eram deferidos mesmo que para um suposto treino.

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— O anfiteatro parece animado hoje. — comentou Aiolos acompanhando Saga para fora do templo quando ouviu a ovação. — Já faz tempo que não ouvia algo assim.

— Não parecia tão animado assim quando cheguei. — comentou Saga ganhando a frente e piscando aturdido quando viu a arena com apenas dois aspirantes a lutar. — Seria aquele o garoto da qual estava sob tutela de Selene...?

— Sim, é ele! — confirmou o sagitariano vendo-o bloquear os golpes, mas não conseguindo esquivar-se do último que o levou ao chão. — Não achei que sua 'apresentação' fosse acontecer tão cedo.

— Vejamos, então, até onde Halfeti foi com ele. — desafiou Gêmeos cruzando os braços, ignorando o olhar de Aiolos sobre ele.

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Afrodite cuspiu sangue na areia, sentindo a queimação em seu rosto enquanto se levantava e pensava no que havia acontecido naquele rápido segundo.

“Ele estava diante de mim, em seguida atrás, depois novamente na frente... Não parecia uma ilusão...”, e virou o corpo para fitá-lo, percebendo sua expressão orgulhosa e arrogante. Estava notoriamente com ego inflado pela ovação. O sueco se levantou, limpando a areia colada em seu rosto suado e se colocando novamente de pé, com uma expressão blasé.

— Oh! Não vai chorar, né? — Aison provocou e alguns riram, fazendo-o rir também e umedecer os lábios. — Vamos lá! Perdeu sua confiança?

O jovem loiro caminhava para o lado, observador. Queria compreender o que aconteceu ali. Estava a bloquear e esquivar-se somente. Não podia ficar passivo diante daquilo. “Preciso saber como ele fez aquilo. Não era uma ilusão porque senti seu golpe, então...”. E o viu, novamente, tomar a iniciativa.

Os golpes eram tão rápidos quanto antes, e como aconteceu, Aison sumiu bem diante dos olhos de Afrodite num piscar de olhos. “Não desta vez!”, pensou ele se virando e bloqueando o golpe, vendo-o sumir e surgir ao seu lado, desta vez se esquivando. O belo garoto sorriu em conseguir prever suas investidas, mas logo surpreendeu-se novamente ao ver que ele não desapareceu, mas triplicou-se diante dele e com três golpes simultâneos — peito, costas e, novamente, o rosto, ainda que esse último fosse mero raspão. Mais uma vez o garoto foi ao chão.

“E-Ele... se tornou... três...? Ele pode se multiplicar...?!”, pensou o sueco fechando os punhos e se levantando, ouvindo novamente as chacotas sobre ele. Levantou discretamente o olhar escondido sobre as madeixas loiras e observando Aiolia olhá-lo preocupado.

“Mínimo do Cosmo...  Nada destrutivo...”, lembrava-se das palavras do colega com quem conversava há poucos minutos antes da luta começar voltando-se para seu oponente. “Somente para impulsionar sua velocidade ou defender-se...”, e sorriu.

Selene o observava de longe, percebendo uma leve mudança em sua postura quando o viu se levantar naquele momento. Embora ela mantivesse uma postura confiante, verdadeiramente estava preocupada com seu protegido. Por outro lado, ela o conhecera bem. “Sei do que é capaz, Dite...”, pensava, quando foi chamada atenção por Milo e com aquele ar interrogativo.

— Perguntei se não seria melhor parar isso. O Aison está... — comentava o grego.

— Subestimando o Afrodite. — disse Selene num tom calmo, fazendo Milo piscar aturdido. — Ele deveria parar de brincar e não se deixar levar pelas aparências, não acha?

Camus sorriu de canto, ainda que discreto, assustando até mesmo o amigo ao voltar-se para ele. O amigo, sempre tão sério, não parecia surpreso com os acontecimentos até ali e parecia aguardar por algo mais, o que fez seu amigo voltar sua atenção para a arena com mais atenção.

Afrodite levantou-se, fitando Aison com seus olhos azuis que brilhavam diferente naquele momento. Suas pupilas pareciam dilatar-se mantendo o veterano ao centro de seu campo visual. Mantinha o braço direito frente ao peito e o esquerdo esticado ao lado do corpo, assim como as pernas afastadas.

Quando o viu avançar destemidamente contra ele com seu punho em riste e com uma velocidade moderada, coube apenas esperar o momento exato para executar seu movimento.

O loiro jogou o corpo para o lado, elevando o braço frente ao peito e girando de modo a dar espaço para seu oponente que também virara rápido o corpo para um novo golpe. Afrodite o bloqueou e o empurrou para o lado num golpe vindo de baixo pra cima. Essa ação forçou o veterano conter seus golpes e bloquear as investidas, recuando alguns passos.

A luta de contenção de ambas as partes fez alguns se levantarem da arquibancada para melhor visualizar aqueles golpes e contragolpes acompanhado de esquivas. Os movimentos lembravam um balé pelos movimentos de pernas e a performance dos envolvidos meio à arena.

— Chega dessa dança! — disse Aison cerrando os dentes e avançando com mais impulso contra seu oponente, saltando para dar um giro no ar e golpeá-lo de cima.

Afrodite juntou os dois braços para fazer o bloqueio e jogando-o para baixo, recuando para trás tal como o próprio que sorria satisfeito com sua investida. Correu para o lado e então avançou novamente, mas surpreendera-se com a ação do garoto que fizera o mesmo, parecendo mergulhar contra ele girando no ar, esquivando-se dos golpes. Aquilo fez o público ficar boaquiaberto sem compreender o que o novato pretendia.

Apoiou-se com as mãos no chão dando uma cambalhota após atingi-lo com os pés e levantar-se com impulso e girando com os braços abertos numa velocidade incrível suficiente para deferir inúmeros ataques simultâneos, levando o veterano aspirante voar alguns metros ao chão.

Afrodite caíra com as pernas dobradas, colocando-se imediatamente em pé enquanto pequenos pontos brilhantes pareciam soltos no ar acompanhada da poeira do embate naquele último minuto.

"O q-que está acontecendo...?", questionou-se Aison em sentir o gosto ferroso vir à boca e cuspir sangue. "Há pouco ele era surpreendido pelos meus golpes e de repente...", e virou o corpo para o lado e impulsionando-o com os braços para cair de pé, numa distância segura. Entretanto, diferente das últimas vezes, foi o garoto quem tomou a iniciativa e avançando em golpes rápidos com ataques de frente. Ainda que conseguisse bloquear alguns dos golpes, sentia que havia algo errado.

"O que é isso? Esse perfume... Parece... de rosas!", dizia enquanto sentia as mãos do garoto ganharem cada vez mais aproximação junto ao seu rosto, ao mesmo tempo que sentia seus reflexos não acompanharem seu movimento e receber golpes que o impediam de esquivar-se, apenas recuar.

Num dado momento, percebeu-o levantar a perna direita e girar em sua direção, restando apenas um recuo rápido e deixando o golpe cair no vazio. Porém, por pouco pareceu perder o equilíbrio.

— O que está acontecendo com Aison? — indagou um de seus amigos.

— Ele parece confuso. Os seus reflexos estão comprometidos! — disse o outro.

— Ele tá usando o Cosmo! — disse o primeiro fechando os punhos e se levantando, bem próximo a um Cavaleiro de Prata que o lançou um olhar curioso. — Isso não deveria ser proibido?

— O garoto está usando dentro dos mesmos limites que seu amigo... o que, até o momento, não parecia ser um problema. — pontuou o Prateado, calando-o imediatamente. — Além do mais, não sou a autoridade máxima a assistir a isso. — e voltou seu olhar para mais à frente com vista para os dois Cavaleiros de Ouro que assistiam aquilo.

Saga e Aiolos mantinham-se observadores e não apresentavam qualquer intenção de impedir aquela disputa. Os dois Cavaleiros de Ouro, em suas indumentárias sagradas, mantinham-se atentos e estudavam a cada um que estava a se confrontar. Aiolia engoliu a seco quando percebeu a presença do irmão, temendo que fosse castigado ao fim de tudo aquilo.

Uma nova ovação partiu do público quando Aison tomou a iniciativa naquele turno, com sua aproximação acontecendo num piscar de olhos e desaparecendo antes mesmo de seu golpe. Afrodite agiu rápido em se abaixar ao perceber a sombra dele em suas costas e mergulhar para frente num mortal. Tentou o mesmo golpe com a perna no ar como antes, mas não somente foi bloqueado como tomado por ela para ser jogado no ar.

A ideia seria dele ser golpeado de baixo, mas Afrodite conseguiu buscar equilibrar-se e bloquear com a perna, ganhando impulso para saltar sobre o veterano. Ambos caíram de pé e voltaram-se um para o outro ao mesmo tempo que investiram em seus golpes. Tal como anteriormente, surgiram três Aison para deferir golpes simultâneos em Afrodite, mas percebeu pontos brilhantes bem próximo ao garoto antes de sua visão tornar-se turva.

"O quê? Meus olhos... E-Eu... Eu o perdi...?", desesperou-se Aison vendo seus golpes ganharem o vazio, percebendo tarde demais o garoto esquivando-se para ao seu lado, fazendo-o sentir novamente o perfume de rosas envolvendo-o. "Você... está fazendo isso...?!", perguntou-se, sentindo a garganta queimar.

— Ele ganhou incrível agilidade nestes últimos turnos. — comentou Aiolos com admiração. — Os golpes de Aison perderam a força inicial. Seus reflexos estão lentos!

— Não apenas tornou-se ágil, mas também está entorpecendo Aison com algo. Os seus movimentos não são aleatórios, mas com objetivo claro de atordoá-lo com algo que muitos não estão percebendo. — pontuou Saga cerrando os olhos.

— Não existe qualquer jardim aqui para isso. — indicou o sagitariano.

— Ele não precisa disso. Ele é o próprio jardim! — afirmou o Geminiano sem tirar os olhos da arena.

Numa ação desesperada, Aison tentou um golpe com a perna, elevando-a para atingir Afrodite, mas ele fizera o mesmo ao recuar suficiente para elevar, também, sua perna e jogar a de seu oponente para baixo, somente então girar no ar para golpeá-lo duplamente com as pernas. Caiu com a perna dobrada e usou de impulso para rodar com os braços abertos e deferindo golpes simultâneos contra ele e suas duplicatas que desapareceram como névoas enquanto era lançado pela última vez ao chão.

Quando seu corpo caiu, um silêncio havia se instaurado no anfiteatro, mas seguidamente tomada por uma ovação no segundo seguinte. O loiro estava de pé na arena, os cabelos esvoaçando com o vento.

Os amigos de Aison correram ao seu encontro, percebendo o quanto o mesmo estava arfando e com cortes no rosto pelos golpes que levara. Não somente isso, tinha seu ego bem ferido naquele combate, fazendo-o olhar para o garoto enraivecido.

Afrodite, por outro lado, apresentava apenas algumas escoriações no rosto, apesar de um corte nos lábios que o fazia umedecer a todo momento com a língua.

As tentativas de golpes de seu oponente foram infrutíferas, com somente ele a receber os danos da qual inicialmente intencionava. Voltou-se para arquibancada e viu que ganhara uma torcida, o que o fez sorrir orgulhoso. Os pontos brilhantes ainda caiam, com ele tomando alguns na palma da mão e estas desaparecendo.

Aison nem bem escutava o que os amigos diziam, pois seus olhos estavam contra o garoto da qual julgava que o humilhou diante de todos.

"Quem ele pensa que é? Isso não vai acabar assim...", pensou ele empurrando os amigos e caminhando, cambaleante, ascendendo seu Cosmo. Estava pronto para deferir um golpe quando viu um par de asas douradas surgirem à sua frente, fazendo-o engolir a seco.

— JÁ BASTA! — exclamou Saga, silenciando o anfiteatro e ganhando a arena. — Isso já foi mais que o suficiente. Eu, Saga de Gêmeos, dou esse embate por encerrado! — e voltou-se para de Aison, às costas de Aiolos que recolhia as asas, este instruindo seus amigos a levarem-no para a Fonte de Athena.

Afrodite observava para o Geminiano com uma mescla de admiração pela presença e imponência do Cavaleiro de Ouro diante dele.

"Então, ele é o Saga...?!", e piscou, lembrando-se daquele nome dito por Selene. "A sua imponência supera ao do mestre Halfeti!", e engoliu a seco, recuando e assentindo a ordem dada. Quando percebeu, o Cavaleiro o fitava, com um sorriso de canto.

— Afrodite, não é mesmo? — perguntou o Cavaleiro e o garoto assentiu novamente. — Muito bom. Seja bem-vindo ao Santuário de Athena! — e puxou sua capa, deixando a arena juntamente com o público que saía dali extasiado.

O jovem aprendiz ainda parecia hipnotizado por algo, até ser despertado com a aproximação de Aiolia elogiando seus golpes e precisão de ataque, mas ele nem bem escutava. Seus olhos alternavam para tudo e todos naquele momento, mas principalmente sobre a figura do Cavaleiro de Ouro de Gêmeos que acompanhava Aiolos, o Cavaleiro de Sagitário. Outro olhar pelas proximidades, foi de encontro à Selene que o observava de longe, sinalizando um joinha pelo combate.

— Fantástico! O que pareceu uma mera dança para muitos que assistiam aqui, somente olhos mais auspiciosos foram capazes de perceber o que estava acontecendo. — comentou Milo empolgado. — Agora entendi o seu interesse comigo...

— Aqueles pontos brilhantes lembravam o pólen que as aves carregam na primaverrra. — pontuou Camus. — Aquilo retardou os movimentos e influenciou nos sentidos de Aison, debilitando seus reflexos.

— Como disse... — dizia Selene quebrando seu silêncio e após sinalizar para o garoto ainda na arena. — Subestimaram-no por um rostinho bonito. Esquecem que por mais bela que seja uma rosa...

— Jamais devem se esquecer de seus espinhos. — completou Camus sob o olhar intrigado de Milo que o fitou. — Afrodite, não é mesmo?

Selene apenas se voltou para ele assentindo, dando às costas para a arena e descendo pelo outro caminho, deixando avisado sobre sua jarra de azeite.

— E você ainda quer uma luta com ele, Milo? — desafiou Camus arqueando o semblante.

— Agora, mais que nunca! — respondeu se voltando para o amigo francês. —Veremos se somos assim, tão compatíveis. — disse de modo desafiador, enquanto este apenas meneou negativamente, revirando os olhos.

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Os passos pesados e metálicos ecoavam no grande salão. Saga de Gêmeos estava, agora, diante do Grande Mestre quando dobrou sua perna e ajoelhou-se em sinal de respeito pela autoridade que representava o Patriarca. Este o recebeu de bom grado, sempre em companhia de seu assistente, Arles, que apenas o observava.

— Grande Mestre, venho reportar sobre os preparativos para a Panatenaia como me foi encomendado, garantindo a segurança do evento para os próximos dias com todos os pontos de segurança vistoriados e reforçados como pediu. — notificou o Geminiano mantendo a cabeça baixa, apesar de senti-la latejando levemente.

— Muito bem. Espero que o torneio nos revele novos outros Cavaleiros para que nem você ou Aiolos fiquem tão sobrecarregado. — disse o Grande Mestre, sinalizando para que ele se levantasse. — Creio eu que muitos já tenham sido escolhidos por suas constelações, mas mesmo elas pedem uma prova disso.

— Sim, e um destes assisti há pouco com meus próprios olhos, ainda que não esteja tão certo. — comentava Saga cautelosamente. — A sua chegada aqui não foi mero acaso, mas assumir um manto que já lhe foi passado.

Arles franziu o cenho para aquilo, alternando do Cavaleiro de Gêmeos para Shion que assentiu. Sabia de quem ele estava a falar e sentiu a fagulha do Cosmo que emanou da arena naquela tarde. Chegou a pensar se envolver, mas aqueles dois Cavaleiros interferiram no momento exato antes que uma tragédia acontecesse no ânimo que se exaltava naquele momento.

— Sim, vejo o mesmo, Saga de Gêmeos. No entanto, não é o único e por isso, você e Aiolos de Sagitário serão incumbidos da provação de outros para sabermos o quão dignos serão para, também, vestirem o manto de Cavaleiros de outrora. — e pausou suas palavras, fitando o Geminiano. — Posso contar com você?

Saga assentiu, curvando moderadamente o corpo para frente e levando a mão direita ao peito.

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— Sei que as sacerdotisas são extremamente sensitivas, muito menos duvido de suas percepções, mas não vi nada que evidenciasse algo sobre ele. — comentou Shion a caminho de seus aposentos para com Arles, ambos sozinhos no corredor.

— Também não percebi qualquer mudança em seu comportamento ou postura... O que acha que fez a Alta-Sacerdotisa ter essa impressão? — indagou Arles com as mãos para trás, fitando um Shion preocupado.

— Eu não sei, mas ela não me diria isso com mera desconfiança. — e o Grande Mestre parou seus passos diante da porta de seus aposentos. — De todo modo, devemos ficar atentos. Não seria a primeira vez que um inimigo buscaria nos atingir de dentro pra fora. Ainda estamos vulneráveis. Mesmo que o aviso venha da Alta-Sacerdotisa, espero que ela esteja enganada, mas não posso ignorar o fato de que sua visita tenha sido unicamente para isso.


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Saga retornou para a Casa de Gêmeos com a tarde a se despedir. Parou próximo a uma mureta e vendo o que podia do Santuário. Após os eventos daquele mesmo dia, o anfiteatro tinha apenas alguns poucos aspirantes a conversar nas arquibancadas antes de se retirarem para o descanso definitivo.

Guardas circulavam pela área enquanto Cavaleiros de Prata e Bronze faziam a patrulha em outros espaços. Quanto a ele, já se retiraria para seu descanso. Chegou a olhar para um monte próximo, mas apenas lamentou. "Quem sabe amanhã?", pensou ele entrando em seu templo.

— Senhor Saga, o jantar estará pronto logo e seu banho já está preparado. Algo mais que deseja? — indagou uma das servas do templo de modo solícito.

— Apenas leve a refeição ao meu quarto e podem descansar. — comentou ele chegando ao centro da Casa e removendo a armadura, vendo-a montar-se em sua forma original, que representa a sua constelação. Olhou-a brevemente e seguiu para seus aposentos particulares.

O quarto estava vazio, a janela aberta deixando o quarto arejado, a cama arrumada e o perfume da água de banho tomando conta do ambiente. Removeu as vestes sem pudores, servindo-se de vinho que sempre era reservado em seu quarto. Infelizmente adiaria aquele encontro com o amigo por hoje, embora tivesse passado por Sagitário e não o havia encontrado.

Encheu mais uma vez sua taça e seguiu para a sala de banho, descendo os degraus até a água. Bebericou mais de seu vinho antes de deixar a taça na borda e esticar os braços fortes e musculosos e estufando o peitoral malhado para, então, relaxar.

Jogou a cabeça para trás, abrindo um discreto sorriso pelo silêncio que havia. A Voz estava calada, embora sua mente ainda fervilhasse por aqueles últimos dias de tormento, fomentando dúvidas e alimentando-o com intrigas que estavam a enraivecê-lo, deixando-o cada dia mais ansioso para seu retorno.

"Ela me ama. Eu a amo. Não há por que desconfiar dela", ele repetia. No entanto, a imagem que presenciou, apenas o fez ouvir o riso contido e malicioso ecoar distante em sua mente.

As suas insinuações sobre Selene e encontrá-la nos braços do amigo ainda o incomodava. Fora frio com ela, deixou suas emoções falarem mais alto.

"Ela estava inquieta, nervosa com algo (...) Seja lá o que aconteceu, ela ainda está preocupada com você (...) ela vinha duas... até três vezes ao dia saber alguma notícia sua", disse Aiolos, e o Geminiano praguejou por duvidar dela naquele único instante.

Demorara apenas alguns minutos a mais, entre um gole de vinho e mergulhos na água para aliviar a tensão e esfriar a cabeça depois daquele dia. Tomou a toalha para enxugar os cabelos, notando alguns fios prateado até ouvir o barulho da porta. Era a serva com seu jantar como ele havia pedido, juntamente com vestes limpas. Saga apenas amarrou a toalha na cintura e seguiu de volta ao quarto, surpreendendo-se com quem o esperava ali, saindo de onde estava escondida.

— Saga...! E-Eu... Eu precisava vir aqui, mesmo sabendo o quão arriscado era, mas... — dizia Selene removendo a máscara, fitando-o. — Precisava ter certeza de que estava tudo bem com você.

Saga a fitava, percebendo seus olhos lilases levemente embargados, o tremor em sua voz. Ela saltara da janela, encoberta já pela sombra da noite que tomava o Santuário, escondendo-se da serva que havia entrado no quarto e saindo somente quando esteva certa de que estariam a sós ali.

"Como ela pode ser tão linda sob a luz do crepúsculo...?", pensou ele, puxando-a para junto dele e tomando sua boca sem qualquer hesitação, sedento. Ela corresponde de maneira apaixonada, deixando a máscara ir ao chão.

— O que aconteceu...? — murmurou a jovem, fitando-o, tocando em seu rosto e seguindo para seus cabelos molhados. — Eu passei aqui... porque senti algo...

— Não foi nada...! — e ele tomou novamente sua boca, impedindo-a de falar, descendo com suas mãos pela lateral de seu corpo e seguindo para suas costas na altura lombar e descendo. — Não foi nada! — e buscou os olhos dela. — Lamento que não a avisei... E sobre hoje mais cedo... — sua voz era rouca.

Foi Selene agora quem tomou sua boca, abraçando-o forte, sentindo seu perfume. Percebeu quando ele a tomou pelas pernas, fazendo-a cruzar as pernas sobre seu corpo quando a prensou contra a parede.

A toalha que estava presa em sua cintura, soltou-se, mas ficara presa por conta dos dois corpos. O Geminiano tocou em seu rosto, com os dedos sobre seus lábios antes de tomá-los mais uma vez, num beijo lascivo e cheio de desejo compartilhado por ambos.

Por estar no fim do dia, a Amazona não mais trajava as vestes reforçadas de treino, embora mantivesse as bandagens nos pulsos por força do costume, assim como nas pernas cobertas pelas meias longas. Usava apenas o cinto de couro que era removido por Saga e deixando mais solto o vestido lilás que caía até pouco acima do joelho, suspensa pelo Geminiano que, um toque, a fez estremecer enquanto sentia-o beijar em seu pescoço.

"Talvez seja bom deixar claro que ela já é a mulher de alguém... Mostrar para ela o quanto você se importa e o quanto sentiu sua falta..."

Houve uma breve hesitação por parte dele ao ouvi-lo novamente, embora Selene não percebesse no primeiro instante. A reação de Saga foi, naquele momento, segurar mais firme as pernas da mulher. “Sim... minha!”, pensou ele, tomando a boca da Prateada, quase a sufocando com aquele longo beijo. “Minha... e somente minha...!”, completou mentalmente como em resposta àquela voz.

“Sim... e ela pertence a apenas um... Ao mais forte... Ao melhor... Ao único...”

Ele sorriu com aquilo, sentindo-se ainda mais excitado, trazendo-a para junto dele e levando-a até sua cama, onde a deitou. Ficou a contemplá-la enquanto a toalha seguia ao chão, deixando-o livre... diferente dela.  Porém, a própria desprendia a alça de seu vestido enquanto as mãos dele seguiam por baixo de sua roupa, removendo a única peça que os separava daquele ato, sem tirar seus olhos verdes dos lilases da mulher que o ansiava.

“Tome-a... Mostre-a que pertence apenas a você. Que nenhum outro será capaz de tê-la... Que nunca mais ousará deitar os olhos sobre outro homem que não você. Tome-a e ensine a ela o caminho pelo qual deve seguir ao seu lado...”

Saga assentiu, discretamente, sem tirar os olhos da mulher que respirava pesado tamanha sua excitação pelo seu toque, fechando os olhos como se isso pudesse segurar o gemido que queria soltar.

Colocou-se entre suas pernas e a tomou para si em um beijo, após remover aquele seu vestido e jogá-lo num canto qualquer do quarto. O contato entre seus corpos o fez se arrepiar tamanho desejo. O calor era intenso e apenas aumentavam, como se estivessem para pegar fogo. 

“Ela é sua... está entregue... Ususfrua e deleite-se. Sacie-se. Ela lhe deve isso depois daquele atrevimento de estar nos braços de outro homem. Quem ela ousa achar que você é, para tal ousadia?”

As mãos do Geminiano percorriam a pele suave da jovem, tocando suas curvas, enchendo as mãos e apertando-a contra si. O Geminiano deixou a boca e a língua deslizar pela carne da Amazona, provando seu sabor. Sentiu-a arquear o corpo, ela fitá-lo buscando dizer qualquer coisa, mas sufocada por aquele momento.

— Eu te amo... — disse ele, tocando em seu rosto, vendo-a sorrir. — Minha... e somente minha! — e a beijou no pescoço, deixando um brilho vermelho cintilar em seus olhos.

A serva já se retirava quando percebeu um brilho vir do salão principal. Sabia que a armadura ficava exposta quando o cavaleiro se retirava para seu descanso, mas movida pela curiosidade, aproximou-se o bastante para vê-la brilhar como que em chamas, provocada pelo Cosmo da mesma. Aquilo a intimidou, fazendo-a deixar o salão e pensando em chamar o cavaleiro quando percebeu o brilho reduzir. No entanto, não intencionava voltar, mas retirar-se para seus aposentos.

No elmo da armadura, uma das faces mantinha-se imutável, mas a outra parecia ter seu semblante transformado com um olhar como que cerrado e cenho franzido, muito que sutilmente, enquanto a sombra de um sorriso desenhava-se nos lábios.


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Notas finais do capítulo

As lutas do Afrdoite eu usei o jogo «Soldier's Soul» como referência. No anime e mangá ele tem uma luta engessada demais com uso de rosas, e como sendo um treino (sic), ele não podia usar suas principais habilidades de Cosmo, mas as técnicas de luta, o tradicional 'mano-a-mano'. Espero que tenha conseguido fazer todos visualizarem, pois ficava a observar e repetir as cenas de luta a todo momento. Podem encontrar facilmente no Youtube os vídeos de jogos. :)

E será que os leitores se questionaram nessa parte final do capítulo?
No aguardo! ;***



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