Saint Seiya Memórias: História Oculta Do Santuário escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 6
Livro 1 :: Como tudo começou - Ato 4


Notas iniciais do capítulo

Quatro anos se passaram desde quando se separou dos dois irmãos no pequeno vilarejo próximo à Ilha dos Curandeiros. Neste capítulos conheceremos mais sobre Selene, seus medos e receios, de sua superação e até mesmo do futuro que as estrelas estavam a revelar sobre os caminhos que seguiria dali em diante.



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Após quase duas semanas de nevasca e frio intenso, esta pareceu se despedir na última noite por conta de sua intensidade. Quando o sol despontou no horizonte, sem mais nuvens cinzentas cobrindo o céu, as montanhas da região estavam cobertas com um manto branco de neve e criando uma fantástica paisagem de contraste do céu em tons púrpuras e chegando azul, com poucas nuvens brancas acinzentadas dispersas. Seria um dia 'quente' quando comparado àqueles dias frios enquanto trancados na torre.

Era o início da primavera e o momento de sair e contemplar aquela bela manhã que somente Jamir parecia ser capaz de proporcionar. Era uma região calma e inóspita, longe dos pequenos vilarejos que apontavam muito distante, perdendo-se no horizonte com minúsculos pontos e alguns pequenos riscos que evidenciavam as chaminés acesas.

Alguns poucos se aventuravam por aquelas montanhas, sendo preciso um conhecimento nato da região que, ainda assim, poucos eram capazes de avançar tanto com tantas lendas e outras histórias — sobretudo onde seria a 'Tumba dos Cavaleiros', um precipício com estalagmites, precipitações rochosas que se elevam do chão compridas abaixo da longa ponte de pedra encoberta pelas brumas.

Para a jovem de cabelos cor de figo e olhos violetas, não havia qualquer mistério. Ela aprendera a conhecer bem aquele lugar e sabia se orientar bem mesmo com olhos vendados. Conhecia todas as direções bem melhor que uma bússola que era capaz de variar devido à alta pressão exercida pelas montanhas — uma razão a mais de impedir a viagem por aquele lugar e não cair direto ao precipício.

Dos quatro anos que vivia ali, apenas duas visitas aconteceram: uma de um homem trazendo uma pesada urna dourada nas costas com marcas em seu rosto da qual dizia ser 'medalha de suas batalhas', enquanto o segundo eram raras as aparições de um homem de vestes longas como seus cabelos claros que ela vira rapidamente numa noite antes de cair em sono profundo. Este ela conheceria como Shion.

Ao contrário naqueles últimos dias, sentiu um calor tomar conta do quarto, despertando com um sorrateiro raio de sol que atravessava a janela numa pequena fenda na cortina de couro colocado na janela para bloquear a nevasca dos últimos dias. Levantou-se empurrando o coberto com os pés e contemplou uma manhã limpa de vento e geada pela janela, sentindo-se tentada em descer e sair daquele velho castelo após dias, senão semanas presa ali.

Todos ainda dormiam enquanto ela vestia coturnos, o casaco com capuz e desceu as escadas. Ainda havia neve cobrindo a entrada daquela antiga propriedade que datava séculos. Era um pagode, um prédio em forma de torre sobrepostas com múltiplas beiradas divididos em 6 andares iguais. Era a única propriedade na ponta de um penhasco, permitindo avistar toda a paisagem e ver o nascer do sol naquele céu azul alaranjado após dias brancos a cinzentos.

Enquanto sentia cada parte de seu corpo se aquecer com aquele sol, a jovem se lembrava de quando chegou ali, vendo aquele prédio antigo sem qualquer atrativo aparente, mas que pouco a pouco se tornara sua casa e lamentava as poucas vezes que tinha de deixar e seguir para o ocidente em viagem com seu mestre.

Era uma morada dos lemurianos, um povo quase extinto com alguns poucos que perpetuaram após o desaparecimento do continente após um cataclismo. Aquela torre mesmo era o resquício daquele povo, um dos poucos existentes.

Naqueles quatro anos ali, aprendera seus hábitos e costumes, além de sua história e ter conhecimento que havia ligação com eles, fosse de sua mãe ou de seu pai que não tinha mais qualquer lembrança. Ela tinha o sangue lemuriano e talvez isso explicava do porquê sentir-se tão bem ali.

"SELENE!?", ouviu alguém chamá-la e se virou. Seus olhos violetas faiscaram e duas bolas de neves explodiram no ar quando visavam atingi-la parecendo tocar numa parede invisível. Ela cobriu o rosto para evitar que flocos de neve a atingissem. O capuz da manta de lã que vestia caiu, revelando os cabelos escuros cor de figo esvoaçarem, assim como a franja cobrir parte de seu rosto. Ainda que o sol ganhava o alto, o vento frio ainda era presente.

Ao contrário de estar assustada por aquele ataque, apenas esboçou um sorriso e buscando por aquele que tentara atingi-la. O que viu foi um garoto de pele alva e cabelos arroxeados na altura dos ombros e uma franja que se dividia em duas pequenas mechas para os lados, revelando dois sinais distintos um pouco acima entre os olhos. Ele também usava vestimentas de lã e aprontava mais duas bolas de neve.

— Revide pela última vez, Mu? — disse ela com um sorriso iluminando seu rosto e preparando as bolas de neve.

O pequeno fazia novos ataques e foi preciso esconder-se atrás de uma pedra gigante. Voltou atenção para suas mãos e a bola que fizera levitou e se dividiu em depois, depois em quatro e se dissiparam para atacá-lo.

"ENTÃO É ASSIM!?", e ela riu, levando as mãos à boca e percebendo algumas sombras sobre ela. Havia ao menos seis bolas acima dela que a atacaram desprevenida. Foi anunciada a última guerra de neve.

Os dois estavam distraídos o bastante para notarem que estavam sendo observados num dos andares da torre. Um homem de longos cabelos claros entre loiro e prata dançaram ao vento quando puxou o cachecol que cobria parte de seu rosto. Tinha um rosto jovem e expressão serena, assim como seus olhos esverdeados. Assistia a brincadeira dos dois e baixou a cabeça sorrindo.

O seu corpo, por um segundo, desapareceu teleportando-se para o pátio onde Selene e Mu brincavam. As bolas de neve que cruzavam o espaço perderam a velocidade até que ficaram congelados no ar, deixando os dois intrigados. A imagem daquele homem surgiu meio as bolas de neve, ainda paradas. Era um homem alto, aproximadamente 1,80m, bom porte físico.

— Mestre Arles? Ahn... — dizia Selene saindo por trás das pedras, assim como Mu. — Nós dois estávamos apenas...

Ela não terminou suas palavras porque assistiu ele levantar a mão interrompendo-a com um sorriso no rosto.

— Aproveitem a manhã de sol, mas cuidado para não se resfriarem, tudo bem? Ou terão de ser ver com Rhane. — comentou ele e girando sobre os calcanhares em direção ao castelo, mas não sem antes fazer as bolas de neve voltarem para seus donos e atingi-los de volta. Quando tentaram atacá-lo, estas se perderam quando ele desapareceu.

Rhane era uma jovem de cabelos curtos ruivos sempre presente no castelo, uma grande cozinheira e a quem Selene e Mu adoravam, principalmente por conta dos doces que criava — e naqueles dias haviam se empanturrado de biscoitos. E por mais que fosse boa, não poderia deixar de ralhar-lhes quando chegaram branco de neve e mandando-o se trocar antes que se resfriassem para se servirem de um chá quente.

Arles tomava alguns pergaminhos quando viu Mu cruzar seu caminho até Rhane, mas não viu Selene. 'Na oficina!', disse Mu. E, de fato, foi lá que a encontrou.

O térreo da torre era um aglomerado de urnas talhadas com símbolos que variavam de uma para outra. Algumas eram de prata, outras de bronze, todas enfileiradas formando um corredor que as separava em dois grupos. Aquelas à esquerda, sendo a maioria, estavam sem cor sem brilho, totalmente sem vida e quebradas com suas partes próximas às urnas ainda para serem restauradas. Algumas poucas estavam em sua forma simbólica —Águia, Cobra, etc.

A minoria estava à direita, com algumas já guardadas em suas urnas e outras poucas já brilhantes e lustrosas, parecendo realmente vivas com suas cores vibrantes. Havia uma, no entanto, que estava quase completa, restando apenas uma peça a ser restaurada. As suas peças estavam sobre uma lona, já bastante vistosa, com exceção do elmo que Arles viu nas mãos de Selene virando de um lado para o outro bastante pensativa enquanto estudava as fissuras e percebeu a aproximação de alguém.

— Selene, está tudo bem? — perguntou Arles. Ele a observava ainda distante, vendo-a baixar o olhar enquanto mantinha o elmo em mãos. Ele se aproximou calmamente levando as mãos para dentro das vestes de mangas largas avisando que Rhane já havia postado a mesa. Ele sabia o que a incomodava e sorriu. —  Pensando na partida para o Santuário?

— Sim, estava... — suspirava, voltando-se para ele que respondeu de imediato que seria no outro dia.

Ela assentiu, ainda segurando o elmo e lembrando quando ele falava que partiriam na primavera. Seria sua partida definitiva, não mais uma passagem. Mu já era bem mais presente, mas desta vez também seria para ficar e ambos visavam sagrar-se cavaleiros de Athena.

— Embora tenha dito tantas vezes, não será uma visita breve. Sentirei falta daqui. Nunca me senti tão... em casa. — respondeu ela com ar saudosista.

— Imagino que esteja assustada, mas sabia que esse dia chegaria. — dizia ele fitando Selene de maneira serena e olhar compreensivo, colocando as mãos sobre seus ombros. — Aqui em Jamir foi um bom lugar para se conhecer, Selene. Aqui não havia a pressão que existe no Santuário e se sentiria mais à vontade de controlar sua habilidade sensorial da qual tinha tanto medo por não compreender e temer machucar os outros. Agora não. Está bem segura delas, não é mesmo?

Selene sorriu, fechando os olhos por breves instantes como se pudesse lembrar de cada detalhe daqueles últimos quatro anos e da paciência de Arles com ela.

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Ela havia despertado seu cosmo antes mesmo de chegar ali, e suas habilidades sensoriais telecinéticas eram demasiadamente fortes, fazendo com que perdesse frequentemente o controle e se isolasse temendo ferir qualquer um que aproximasse dela. Semanas após recuperar-se dos ferimentos e da febre que a acometeu com as ervas recolhidas na Ilha dos Curandeiros, o próximo passo de Arles seria de convencê-la que era capaz de ajudá-la com suas habilidades assim como Shion o ajudou um dia.

A verdade é que ele vira grande potencial naquela jovem quando percebeu de onde ela poderia ter caído direto para a morte com aquele rio de águas violentas, mas ela certamente havia se teleportado para aquelas pedras onde a encontrou porque sentiu um forte cosmo nas proximidades e isso que a fez encontrá-la. Ela aceitou após assistir Arles demonstrar sua habilidade, levando-a acreditar que ela também seria capaz.

Liberar seu cosmo foi algo que exigiu paciência, e Arles mostrou-se não somente paciente como compreensivo. As primeiras demonstrações foram facilmente contidas com invisíveis escudos ou mesmo teleporte de Arles de modo a esquivar-se das rajadas que 'explodiam' das mãos da garota.

Contudo, num momento a explosão fora suficientemente forte para destruir o escudo e arremessar Arles a metros de distância deixando-o desacordado. O choque e o medo de tê-lo matado a fez fugir até o mais próximo vilarejo que se encontrava a quilômetros distante de Jamir.

Ao despertar e avisado da fuga da jovem, Arles preocupou-se e saiu em sua procura, temendo que pudesse cair na Tumba dos Cavaleiros.

Havia ainda os labirintos e gargantas rochosas que levava muitos a se perderam naquela região inóspita que era Jamir. Ele a encontraria pouco antes da chegada ao vilarejo encolhida num beco, tremendo de frio e medo que não conteve as lágrimas ao vê-lo vivo. Arles percebeu que seus músculos estavam contraídos de tensão, certamente do medo de provocar o mesmo que fizera a ele.

— E-eu... Eu não queria ferir você... Eu não... não quero ferir ninguém! — dizia entre soluções e o rosto sujo lavado pelas lágrimas que insistiam cair. — Eu nunca quis ferir ninguém... EU NÃO QUERO MAIS MATAR NINGUÉM!

— E não vai, eu prometo! Venha comigo. Não estou bravo com você. Venha, vamos voltar. Rhane preparou aqueles biscoitos que você gosta. — disse Arles abrindo um sorriso e estendendo a mão a garota que hesitou, mas o abraçou forte e puderam voltar. Mu, um pequeno garoto que sempre assistia aos seus treinos, recebia a garota animado e servindo-a mais e mais de biscoitos e leite, sempre brincando com sua telecinese.

Seja pelas brincadeiras com Mu ou mesmo aprendendo a oficina da restauração das armaduras  sagradas dos cavaleiros acompanhados de conhecimentos sobre os lemurianos e o Santuário de Athena, aos poucos Selene foi se adaptando ao modo de vida do lugar, ficando mais à vontade e deixando os medos e receios para trás — exceto quando era de usar suas habilidades que, aos poucos, controlava inconscientemente com ações rotineiras junto as armaduras.

Ao longo daquele primeiro ano teve conhecimento da origem daquelas armaduras e que estas havia sido encomendada pela própria deusa Athena inspirada nas 88 constelações — 48 do Hemisfério Sul que deu origem às armaduras de Bronze, 24 do Hemisfério Norte para as de Prata e 12 da abóboda celeste que correspondias as armaduras de ouro. Algumas destas constelações se extinguiram e outras nasceram ao longo dos séculos de outras já existentes como a Argo Navis que deu origem às constelações de Carina, Popa, Vela e Bússola.

Quando menos percebeu, Selene treinava algumas de suas habilidades com Mu, o que a ajudou ser mais segura e também precisa. O teleporte foi aos poucos sendo controlados através de jogos e piques com o garoto, permitindo que controlasse onde ir e vir, assim como a velocidade em caso de alturas — o que confirmou as suspeitas de Arles quanto ao que a salvara de cair naquele rio.

Contudo, o que começou como uma brincadeira aos poucos ganhava maior seriedade conforme crescia e amadurecia seu consciente, fazendo das brincadeiras treinamentos mais sérios, sempre em companhia do jovem Mu que a ajudava sempre que fosse preciso.

Tão como assimilava as técnicas passadas por Arles também era capaz de desenvolver outras como ser capaz de ocultar seu cosmo ou 'teleportá-lo' para algum outro ponto, sendo preciso manter-se concentrada e em meditação focada no ponto que gostaria. Isso exigiu bem mais da jovem, mas tornara-se algo criado por ela que a fez não somente se orgulhar como incentivou a aprimorar mais suas habilidades.

Um deles seria seu teleporte que era inicialmente defensivo, permitindo esquivar-se e fugir de ataques teleportando-se dentro de um determinado raio, exigindo um conhecimento da região. Quanto a isso, Selene mostrou-se ainda mais perspicaz, pois sabia orientar-se bem em qualquer lugar mesmo com olhos vendados. Era capaz de distinguir com precisão as direções, permitindo não se perder entre aquelas montanhas ou cair no precipício da ponte de pedra ao fugir de Jamir. Selene era um mapa, uma bússola humana.

O seu primeiro ano foi de conhecimento e a perda de medos e receios de uma vida que haviam sido deixados para trás. Nos anos seguintes foi de amadurecimento e superação com suas habilidades e técnicas que aprendeu não somente a controlar como usufruir disso desenvolvendo novos artifícios.

Aos poucos seus sentidos aguçavam, sobretudo da intuição e percepção, o chamado Sexto sentido e isso foi que mais chamou a atenção de Arles, sobretudo com a leitura das estrelas. Ele a ensinou sobre as constelações, mas não as revelações.

Quando relatado isso a Shion em uma de suas viagens ao Santuário, ficou estabelecido que estava preparada para iniciar seu treinamento no Santuário de Athena uma vez que tinha despertado e controlado seu cosmo, sendo preciso partir para outro nível. A viagem aconteceria na próxima primavera... E esse dia havia chegado.

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— Sim, eu sei que partiria para o Santuário na primavera, mas... — suspira, voltando-se para Arles que continuava a fitá-la com serenidade — Acha mesmo que estou preparada? Quero dizer, e se eu...

— Ninguém jamais está preparado para qualquer algo, Selene. Essa prova dependerá de você. Não poderá ficar aqui em Jamir por toda a vida, mas um dia terá de explorar esse mundo e conhecer se é realmente capaz, se está realmente segura. Não será aqui que terá as respostas. — dizia tocando em seus ombros e vendo um sorriso no rosto da jovem.

Era paciente e cordial sempre. Jamais Selene o viu aborrecido mesmo quando ela e Mu uma vez zonearam toda aquela sala misturando as peças das armaduras que demoraram dias para separar.

— O Mu também concentrará seu treinamento no Santuário a partir de agora sob a supervisão de Shion enquanto você estará sob minha responsabilidade. Nada vai mudar, apenas o local de treinamento, treinará com outras jovens com os mesmos medos e receios que tem.

A garota nada disse, apenas baixara a cabeça. Por mais que tivessem conversado sobre aquilo durante os últimos meses, a idéia de partir a incomodava e Arles percebeu isso. Ainda havia certo receio por parte dela expresso em seus olhos violetas tão brilhantes que, por vezes, Arles tinha impressão de estar enxergando o universo.

— O que realmente a assusta, Selene? Os sinais têm sido claros e em breve Athena estará mais uma vez conosco para uma nova Guerra Santa. Alguns anseiam por isso, outros a temem. Não ficaria bravo contigo, eu a compreenderia perfeitamente. Porém, creio que há outro algo que a perturba.

Os olhos da garota se fecharam por breves instantes acompanhado de um suspiro. Segurou mais forte o elmo que trazia em mãos e se voltou para Arles. Ela hesitou, engolindo a seco. O que ela menos queria era decepcioná-lo. Não conheceu seus pais, e ali havia encontrado o que poderia ser o mais próximo de família e ele era como um irmão mais velho — era assim que ela o via.

— Não é nada demais. Apenas que tudo vai se transformar, não será como aqui em Jamir. Os treinamentos serão mais puxados e... — estremeceu. — E por mais que não seja a mesma de quando cheguei aqui, temo que possa...

Ele a fitou, abrindo um sorriso. Ela esperou uma repreensão ou mesmo um olhar de decepção, mas mais uma vez se surpreenderia com ele.

— Julgaria confiante demais se não receasse por isso, Selene. Por mais que tenha se superado, ainda existe a hesitação e no Santuário visamos exatamente isso. Enquanto estiver aqui... — dizia abrindo os braços apresentando a sala. — ... jamais saberá se realmente é capaz de controlar suas emoções que refletem em suas habilidades. Uma razão a mais de seguir para o Santuário. Conhecerá muitos outros como você, com medos e receios. Acha que com Mu não foi assim?

Ela piscou aturdida. Jamais pensou daquela maneira. Demorou alguns segundos para assimilar aquilo e sorriu mais tranquila, pouco mais confiante. Viu ele fazer menção de tomar o elmo, a última parte a ser reparada da armadura e se levantou, pedindo que ela deixasse tudo arrumado e fosse comer algo que a esperavam.

Ela entregou o que tinha em mãos e o abraçou pouco antes de deixá-lo sozinho com aquele elmo dourado em mãos e olhando-o com certa curiosidade. A pequena parecia compenetrada naquelas faces que adornava cada lado do elmo dourado, com uma delas com uma rachadura que marcava uma das faces de cima abaixo.

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Após a ceia da noite, todos se recolheram, mas Selene demorou adormecer devido ao misto de ansiedade e insegurança pela nova transformação que teria. Como não conseguia relaxar pra dormir, ficou sentada no parapeito olhando o dia raiar, mais uma vez sendo banhada pelo calor do sol. Estava tão distraída que não viu nem sentiu Mu se aproximar dela, somente quando ele se pronunciou. Ele percebeu o semblante sério da amiga que olhava o céu já claro, parecendo bem compenetrada.

— Não dormiu? Vamos partir logo.

— Mu, já teve a sensação de que tudo pode se transformar? — aquelas palavras fizeram Mu olhá-la de modo confuso, franzindo o cenho buscando entender aquelas palavras. Antes que pudesse perguntar qualquer algo, ela continuou sem desviar os olhos para o céu. — Muitas coisas virão, Mu. Muitas coisas virão... Tudo está para se transformar.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo fecho o primeiro Ciclo dessas memórias. Selene segue para o Santuário e, após tantos anos, reencontrará os dois irmãos. O que o destino reservou para eles?



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