Saint Seiya Memórias: História Oculta Do Santuário escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 5
Livro 1 :: Como tudo começou - Ato 3


Notas iniciais do capítulo

O vilarejo está em festa, mas esta será a mais escura noite para esses três que confrontarão assuntos inacabados que voltam para o acerto de contas.



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— UMA MENINA! O ‘MOLEQUE’ É UMA MENINA! — exclamava Kanon enquanto caminhavam de um lado para o outro. Saga apenas suspirava, um tanto entediado, sentado sobre uma pedra grande próximo à entrada da gruta. A todo instante olhava para a fenda e voltando-se para o irmão. — Como não percebemos isso antes?

— Isso explica o porquê de sempre se esconder quando íamos tomar banho. — lembrou Saga, e não apenas isso.

Lembrou-se alguns momentos quando Kanon o chamava de moleque e como mostrava não gostar daquilo fechando as mãos, pensando apenas se sentir ofendido pelo modo como o irmão falava quando, na verdade, se sentia ofendida por ser confundida com um garoto. Saga riu por aquilo até ouvir o irmão dizer algo que o chamou de volta à realidade.

— Saguete! Pronto, achamos um nome pra ela. Hahaha! Perfeito, assim paramos de chamar de moleque. — e ria daquilo, deixando o irmão injuriado.

— Saguete? Por favor, Kanon... — levava a mão ao rosto, maneando negativamente por aquilo do irmão que se justificava pelo fato da garota estar sempre grudada a ele. — Claro que ela fica mais perto de mim, só sabe falar com ela dessa maneira ríspida! Além do mais, ela ainda está assustada com o que aconteceu, é natural. Que implicância! Talvez quando chegar ao Santuário ajudem ela a falar.

— Se é que ela fala. Vai ver é mesmo muda. — dizia quando viu uma silhueta se aproximando e apontando em direção à gruta.

A garota saiu, mas não com as roupas de antes. Kanon conseguiu uma muda de roupa que era um vestido simples de manga. Saga pegou seu casaco na mochila e a vestiu. Ficara grande, mas melhor que o outro que usava. Ela tinha os cabelos escuros como figo e olhos amendoados violetas cobertos pela franja que caia sobre seu rosto de pele alva. Cansado de esperar, Kanon os chamava para voltar, pois não queria perder os soldados de vista.

De volta ao centro, o vilarejo estava iluminado, com grande movimento. Os dois irmãos, acompanhados de 'Saguete', chegaram à tempo de assistir a vestimenta do manto da deusa e ser aclamada com palmas antes de uma 'explosão' de pétalas de flores de oliveira.

Quatro Amazonas com máscaras e suas armaduras sagradas protegiam a estátua de Athena, e ali ficariam até o fim da festa na praça do vilarejo, com música e dança. A parte comercial com comes e bebes tradicionais ficava mais abaixo, onde também tinha grande movimento e aonde os dois irmãos e a garota se encontravam.

Os festejos envolviam todas as regiões locais, com as pequenas comunidades concentrando-se no vilarejo naqueles dias. Os dois irmãos, inclusive, reconheciam algumas pessoas das vilas pelas quais passaram e comentavam sobre isso e como seria quando chegassem ao Santuário entusiasmados. A garota mantinha-se acolhida ao Saga, com o capuz sobre seu rosto, mas não mais cobrindo-o tanto seu rosto como antes.

Ela observava tudo e, num dado momento, seus olhos se contraíram em ver algo que a assustou, puxando as vestimentas do Saga que abriu os braços e interrompendo o que falava com Kanon e a vendo apontar em direção de algo. Não avistaram qualquer coisa, e seguiram em direção ao porto onde veriam se conseguiam algo para comer.

Enquanto desciam, Saga percebeu que a garota ficara muito inquieta. Olhava aos arredores, mas não conseguia compreender o que a fez ficar tão assustada de repente. Percebendo o irmão ficando impaciente, pediu que seguisse na frente enquanto tentaria conversar com ela e saber o que estava acontecendo, mesmo sabendo que ela jamais se pronunciou desde que a encontraram. Agachando-se à sua frente, buscou pelos olhos dela, levantando sua cabeça pelo queixo e sorrindo para ela.

— Eu disse que podia confiar em mim, não disse? — ele a viu acenar positivamente. — Então, o que houve? Por que ficou assim? — a garota suspirou, abria a boca e intencionava falar e Saga sorriu esperando por aquilo, mas o que viu foi apenas a expressão de horror em seus olhos, assim como assistiu naquela noite e parado num ponto às costas de Saga. Ele então, virou os olhos e se levantou, colocando-se como escudo dela.  — Você?

— Que coincidência o encontrar aqui. Não imagina o quanto eu os procurei nos últimos dias. Tenho contas a acertar após o que fizeram comigo! — dizia apontando para o olho machucado e usando um tapa-olho.

Era o mesmo garoto com quem brigaram naquela noite, e com ele estavam seus quatro amigos, todos com arranhões no rosto e nos braços. Traziam com eles soco-inglês e alguns com correntes que adornavam suas calças. A garota se encolhia atrás do Saga assustada. Agora ele entendia tudo. Foram eles que ela viu na praça.

— E você, garotinha, ainda temos contas a acertar. Ainda nos deve dinheiro, sua pilantrinha!

O que assistiram foi um sorriso do Saga para com eles, acompanhado de um olhar confiante.

— Vieram para apanhar novamente? Pensei que uma surra já teria sido suficiente. Por que não dão meia volta e saiam daqui se não quiserem apanhar mais.

Aquelas palavras enfureceram os garotos que avançaram com tudo em direção do Saga que pediu para a garota recuar e abrir espaço para ele. Dois garotos avançaram contra ele primeiro, um deles com a corrente que ele segurou no alto e rodou, apoiando-se em seu ombro para que pudesse golpear o segundo, somente depois acertá-lo com uma cotovelada nas costas. Neste ínterim, um terceiro avançou de maneira covarde, mas não esperava ser golpeado com um chute por Kanon que saltou sobre o irmão que o viu correr pelo canto dos olhos e se agachar no momento preciso para seu salto.

— Vejam isso. Estava realmente precisando de ação e já realmente irritado com a monotonia nos últimos dias. — disse ele vendo Saga ficar ao seu lado enquanto estalava os dedos das mãos. Trocaram olhares e ficaram em posição de luta, com ambos chamando os outros três para a briga.

Os três realmente avançaram. Kanon ficou com outros dois, esquivando-se dos socos consecutivos de um deles até segurar seu punho e socá-lo a ponto de fazê-lo cuspir sangue após uma girada que o levou ao chão. O outro avançou, mas surpreendeu quando agachou e lhe deu uma rasteira, levando Kanon ao chão. Precisou ser rápido e se mover para o lado para não ser golpeado com a perna que trazia uma lâmina na ponta do coturno. "Covarde!", gritou Kanon que deu um salto se levantando do chão e puxando-o pela calça e arremessando-o a metros de distância.

Saga pressentiu algo de seu irmão, mas estava ocupado brigando com aquele com tapa-olho. Este, aproveitando-se da distração, buscou golpeá-lo, mas sentiu o corpo paralisar e os punhos fechados pararem próximo ao rosto de Saga que piscou aturdido. A garota o olhava incisivamente, chorando nervosa. Saga pegou o garoto pela gola e o socou, jogando na direção dos outros dois que surrou antes, com uma força moderada e para fora da ponte. Voltou-se para o irmão muito sério.

— Está louco, Kanon? Você poderia tê-los matado! — disse apontando para os garotos que gemiam de dor.

— Larga de ser idiota, Saga! Não está vendo que eles querem nos matar?  — retrucava Kanon olhando para o irmão.

Os dois iniciavam uma discussão, esquecendo-se momentaneamente do grupo de meninos que se levantava e prontos para ir embora, menos dois: aquele de tapa-olhos e um outro que tomava as correntes em mãos. A garota olhava os dois irmãos discutindo e percebeu que não se atentavam aos dois garotos que avançavam em direção deles.

"CUIDADO!", gritou ela, assustando os dois que se entreolharam e depois para ela que apontava às suas costas.

Sentiram seus corpos serem separados, sendo jogados para o lado por uma força invisível, sendo amortecidos na corda da ponte. Foi tempo suficiente de que as correntes que o atingiriam passassem por eles. O garoto assistiu aquilo assustado, pois tinha certeza que viu o corpo deles levitar alguns centímetros do chão. Porém, por ter se aproximado o bastante, a garota percebeu que o golpe acabaria sendo para ela e apenas cruzou os braços frente ao rosto.

As correntes pareceram bater numa parede invisível, impedindo de ser ferida, recuando apenas alguns passos. Kanon foi tomado por uma fúria momentânea e deixou seu cosmo ascender mais uma vez, desta vez mais forte que antes.

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No vilarejo.

— Sentiu isso? — disse um homem ao amigo que o acompanhava no vilarejo e assentiu também um tanto assustado com aquilo. Buscou algo à sua volta. Cerrou os olhos e apontou em direção da ponte.  — Esse cosmo é muito forte! — disse largando o que comia e apanhando a urna que trazia consigo, juntamente seu amigo e descendo pelas ruas do vilarejo.

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— KANON, NÃO! — exclamou Saga correndo até o irmão após vê-lo cruzar o braço no alto e pronto para deferir um golpe no tapa-olho. Percebendo que não chegaria a tempo, a garota esticou o braço e seus olhos faiscaram naquele momento.

Kanon não percebeu uma barreira ser criada segundos antes de deferir seu golpe acompanhado de uma rajada de luz e chocando-se contra algo, sendo refletido num segundo depois. Os garotos, assustados com o que viram fugiram. O golpe lançou os dois irmãos longe, assim como aquele que tentou atacá-los com as correntes, fazendo-o chocar-se contra a garota que, por seu corpo pequeno e sem força para apoiar-se nas cordas como os outros, escorregou na tentativa em vão de se segurar. Saga ainda tentou alcançá-la a tempo, mas escapou entre seus dedos e a vendo mergulhar no escuro metros abaixo na correnteza do rio.

Já estava amanhecendo quando Saga e Kanon acompanhavam as margens do rio a procurando. Ao ouvir seu irmão chamar, Saga correu acreditando que a tivesse encontrado, mas o viu apenas com seu casaco rasgado em mãos e tomando hesitante em suas mãos. Kanon se lamentava quando viu duas figuras próximas a eles, um homem que Saga reconheceria um deles por ter se chocado na praça no dia anterior, ambos carregando uma urna nas costas.

— Gostaria de nos acompanhar, garotos? Estamos voltando ao Santuário de Athena.

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— Onde a encontrou? — dizia um homem com vestimentas longas branca levando sua mão à testa da garota que estava deitada numa cama e coberta até o pescoço. Ainda tremia muito, mas a febre parecia ter diminuído.

Era noite e o casebre era iluminado por uma lareira acesa. Outro homem mexia na lenha. Tinha os cabelos longos presos, usando também vestimentas longas, mas bem diferentes do primeiro: eram roupas largas como feitas manualmente, com manto cruzando seu corpo e uma espécie de túnica caindo sobre o corpo, calças compridas, tudo em cores sóbrias do bege ao marrom e amarelo pastel.

— Eu a encontrei próxima ao rio. Foi como se tivesse sido guiado até lá e a vi agarrada a um tronco de árvore. Cuidei das feridas graças às ervas que trouxe comigo da Ilha dos Curandeiros para levar de volta. Sorte que trouxe bem mais do que realmente preciso. — disse se levantando e enfiando as mãos por dentro do casaco, olhando a garota. — Vou levá-la para Jamir. Viu os sinais?

— Sim, eu vi. Sutis. Se é o que está pensando, talvez seja realmente o certo. — sorriu ele alternando do homem para a criança. — Preciso voltar ao Santuário. Sinto um grande potencial dela e acredito que vá ajudá-la, Arles.

— Sim, eu vou. Tenho um forte pressentimento para com ela, Shion.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo...
O primeiro ciclo dessa história estará se fechando, mas com ponte para o segundo momento. Será um 'Interlúdio', digamos assim, para os próximos acontecimentos. Será que os tr~es voltarão a se reunir? Quanto tempo se passou desde então? Aguardem e não deixem de favoritar, comentar e indicar para seus amigos.



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