Saint Seiya Memórias: História Oculta Do Santuário escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 37
INTERLÚDIO :: Van Qüine


Notas iniciais do capítulo

O interlúdio de Quine fecha uma fase de sua micro-história, e onde abrirá novo leque de descobertas guardadas em Gêmeos. Acompanhem. Em breve um Gaiden do Quine. :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/335604/chapter/37

A manhã começava despertar no horizonte e nem mesmo os primeiros raios de sol foram capazes de fazer Qüine mover-se na cadeira onde tinha adormecido na noite anterior.

As pernas estavam apoiadas na cama e em seu colo estava um livro aberto e segurado por sua mão cruzado sobre a capa. A cabeça pendia para o lado e ele ressonava tranquilo. Reagiu somente quando alguém lhe tocou o ombro e o chamava, fazendo-o piscar aturdido e buscar se orientar.

— Desculpe, mas está na hora de banhá-la e trocar as ataduras. — disse uma serva de fala mansa que trazia algumas bandagens.

Qüine assentiu. Já conhecia aquela rotina da qual seguia nas últimas cinco semanas. Respondeu, ainda sonolento que já sairia enquanto a jovem arrumava a mesa onde trazia uma bacia de barro com água fresca e toalhas, outra menor com um unguento escuro. Uma segunda serva entrava com roupas limpas e apenas aguardavam que ele saísse. 

Qüine somente suspirou ao ver aquilo e lançou um olhar para a cama. Antares ainda estava acamada, dormindo profundamente, já menos pálida que na primeira semana quando os ferimentos abriam incessantemente.

Foi o primeiro susto do rapaz que foi tranquilizado por Kiki quando insistiu sobre levá-la a um hospital. Porém, como explicar a causa dos ferimentos e do envenenamento sendo controlado? Somente se tranquilizou quando as feridas começaram a cicatrizar, para seu alívio.

— Dormiu na cadeira de novo, Qüine? — comentou Kiki empilhando algumas urnas e se voltando para o ‘irmão’ ainda com o rosto inchado de sono.

Qüine deixava o quarto onde descansava Antares, esta sendo fechada pelas servas para a higiene da jovem. Parou alguns instantes e olhando em direção do quarto e soltando um longo suspiro, coçando o rosto e jogando o cabelo para trás, seguido de um alongamento nos braços para o alto e para o lado, assim como o pescoço levemente dolorido. Colocou o diário sobre uma das urnas e sentou-se sobre outra.

— Já comentei que as urnas não são bancos? — comentou o lemuriano apontando para a urna, mas Qüine apenas bocejou. Kiki apenas soltou um pesado suspiro percebendo que falava ao vento.  — Pedi que preparassem um desjejum pra você... — e cruzou os braços, olhando o irmão sem reação. — E então?

— Na mesma! — comentou Qüine desanimado. — Não reagiu, nem nada! Ao menos as feridas não arrebentam mais, o que já é bom. Aquilo estava me deixando louco! — e viu Kiki arquear o semblante como se concordasse com ele, seguido de um suspiro. — Não vai mesmo me contar o que diabos é aquilo, né?

— As ervas têm ajudado na recuperação dela e já não está tão abatida como nas primeiras semanas... — comentou Kiki ignorando àquela pergunta de Qüine, que somente fechou a cara resmungando mudo com aquele comportamento do ‘irmão’. — A ajuda de Klahan foi mais que bem-vinda no momento certo.

— Eu não me perguntei antes por estar preocupado com ela... Ainda estou, mas não como antes.  — comentava Qüine se voltando para o irmão. — Mas quem é ele? Nunca o vi por aqui.

— Cavaleiro de Virgem. — respondeu Kiki de imediato. — Ele fica muito em companhia de Athena ou na sexta Casa Zodiacal.

— Estranho... — comentou Qüine piscando aturdido e olhando um ponto qualquer no chão. — Não lembro de tê-lo visto quando atravessei Virgem ao chegar no templo do Patriarca.

— Como disse, ele alterna entre Virgem e o templo de Athena. Nem mesmo eu tenho tanto contato com ele. — e Kiki deu os ombros. — Parece ser uma característica dos Virginianos sempre serem solitários. Não era diferente com Shaka, segundo o mestre Mu.

Qüine se voltou ao Kiki, vendo-o dar às costas e continuar a contagem das urnas. Esperava os guardas virem apanhá-la como era dias determinados. Porém, o rapaz percebia que sempre que o antigo mestre era mencionado o Ariano ficava levemente emotivo, por mais que disfarçasse.

— Ainda sente muita falta dele, não é mesmo? — comentou Qüine olhando para o irmão, vendo-o baixar o braço com certa resistência e fechar o punho.

— Você me vê como um irmão mais velho, Qüine. — dizia Kiki se voltando de lado para ele. — Mas o mestre Mu era como... um pai pra mim. E-Eu... Eu o admirava demais, assisti toda sua dor pelo que aconteceu. Depois veio os conflitos de dentro do Santuário... Fora a batalha contra Poseidon e a Guerra Santa contra Hades... — e Kiki suspirou, com os olhos marejados. — Não era algo para qual eu estava... preparado. Eu tinha apenas sete anos!

Kiki não havia dito, mas deixou subentendido quando comentou os ‘conflitos no Santuário’ sobre a época de Saga como Grande Mestre e responsável pela morte de Shion, mestre de seu mestre Mu e de quem herdou Áries, além da queda de muitos dos Cavaleiros que antecederam a Guerra Santa contra Hades.

Ainda que tudo tenha sido resolvido e Athena o perdoado, era algo da qual não se podia apagar.

— Saga não foi culpado pelo que houve, Qüine. — dizia Kiki se aproximando. — Eu não posso dizer muito sobre isso porque o mestre Mu evitava comentar sobre, sei apenas quando Seiya, Shiryu, Hyoga, Shun e Ikki entraram pelas Doze Casas. Até então não tinha total ciência do que acontecia. Conversamos sobre isso, lembra?

Ainda em Jamir, Kiki por diversas vezes conversara com Qüine sobre aquilo. Não queria que ele chegasse ao Santuário e fosse surpreendido com aquelas histórias sobre seu pai e a ‘Era Tenebrosa’ que recaiu sobre o Santuário.

Houve toda uma preparação psicológica para que ele entendesse a gravidade do problema na época e que Saga não foi culpado por seus crimes, mas levados a ele. Não foi algo fácil, mas um exercício a longo prazo para que ele pudesse assimilar os reais fatos.

Percebendo seu silêncio, sentou-se na urna próximo a ele onde havia deixado o diário e tomando em mãos. Tocou sua capa com a ponta dos dedos, conseguindo a atenção do irmão mais novo.

— Sim, é injusto sim que tenha lembranças de Selene e você não, e o presentearia se pudesse. Porém... — ele devolve o diário ao irmão que o tomou com cuidado em mãos. — Ela deixou-lhe um presente inestimável nessas páginas.

— Cada vez que leio estas páginas, eu... e-eu me pergunto o que aconteceu. — dizia Qüine olhando o diário. — A maneira como ela fala do meu pai, do quanto ele era bom e admirado pelos aprendizes, respeitado pelos Cavaleiros e até mesmo em Rodório... Que apesar de sempre sério, cativava as pessoas à sua volta e sempre buscando ser justo em seus julgamentos. — ele suspira, sob o olhar conciliador de Kiki. — Ele foi contra dela partir para sua primeira missão, sabia? — e riu daquilo, buscando descontrair e enganar-se do que sentia, vendo o lemuriano dizer que não sabia. — Foi com... Ahn... Aiolos... — disse junto com Kiki que o ajudava a lembrá-lo do nome do Cavaleiro. — de Sagitário, de quem meu pai era amigo. Acho que ele teve ciúmes porque queria que ele tivesse a primeira missão com a minha mãe.

— Bem possível... — comentou Kiki esboçando um sorriso.

— E ela comenta que, na noite que antecede a viagem, conversaram sobre... nomes... filhos... Não entre eles, mas algo espontâneo, sabe... Inconscientemente eles... — os olhos de Qüine marejaram. — Por que, Kiki?

Qüine expressou surpresa, olhando para o diário em mãos. Voltou-se para o lemuriano piscando, sendo o suficiente para fazer Kiki sorrir em pegá-lo com tanta surpresa. Viu o futuro Geminiano desviar o olhar, coçar a cabeça, parecendo encontrar palavras para responder.

A expressão de surpresa do rapaz, piscando para o lemuriano, foi o suficiente para fazer Kiki sorrir em pegá-lo com tanta surpresa. Viu o futuro Geminiano desviar o olhar, coçar a cabeça, parecendo encontrar palavras para responder.

— O que foi, Qüine? Estava ou não narrando as memórias de sua mãe para ela? — comentou Kiki cruzando os braços.

— Não acho que alguém que cresceu descendo o sarrafo em alguém fosse apreciar Branca de Neve, Cinderelas ou outras histórias de princesas Disney. — comentou Qüine injuriado e levemente corado. — Sim, estava. Vai que ela reagia rindo, sei lá!

— Hum... não sei... Já experimentou ler alguma dessas histórias de princesas Disney pra ela? — questionou Kiki, olhando para o ‘irmão’ com um ar jocoso. — Ela costuma gostar quando eu trago algumas coisas de fora pra ela...

— Ah, sei lá! Ela nunca foi gentil comigo! Por que eu tentaria? — o rapaz perguntou.

— Já tentou ser gentil com ela antes? — Kiki rebateu, lançando um olhar de esguelha.

Qüine se volta para o irmão estranhando aquilo, mas havia sentido. Não havia tentado, e respondeu um ‘Não’ vacilante que fez o Kiki rir daquilo, se levantando da urna e dando uma tapa na cabeça do irmão mandando ele fazer seu desjejum.

O rapaz reclamou daquela repreensão, mas dizendo que tentaria achar alguma fábula para ela. Antes, porém, subiria a Gêmeos onde pegaria uma muda de roupa e se banharia. Com a rotatividade em Áries, não queria arriscar de alguém vê-lo nu, e isso se tornou uma rotina naquelas semanas.

— Ela gosta de fábulas. Principalmente Fábulas, de Esopo. — Disse Kiki, com um ar mais tranquilo, embora fosse mais uma faxada que uma realidade. — A segunda história favorita dela são contos mitológicos.

Qüine parou seus passos por alguns instantes. Lembrava de sua mãe adotiva ler Fábulas de Esopo, e sendo professora de línguas, sempre chegava com um novo livro para que ele pudesse afinar sua leitura e seu vocabulário, mandando-o escrever aquelas que não conhecia e saber seus significados. Aquilo soou nostálgico, ao mesmo tempo que o fez perceber algo muito singular.

— Sabe o que é mais curioso nisso tudo, Kiki? — Qüine comentou, detendo seus passos e virando de volta para o ‘irmão’, vendo-o balançar a cabeça — Todos nós perdemos nossos pais de alguma forma, deixados à própria sorte. Não seria um desígnio dos deuses?

— Não exatamente, Qüine. — Kiki comentou e coçou a cabeça por um instante. — O correto seria afirmar que quase todos somos órfãos, ou que somos órfãos de um lado da família. — Ele explicou tomando cuidado com as palavras. — Por exemplo, eu nunca conheci os meus pais, enquanto você teve uma família composta por pai e mãe adotivos... mas teve. Mas, a Antares... tem parentes vivos.

— Antares... tem uma família?! — O rapaz questionou perplexo. — E-e onde ela está?!

— Mora em algum lugar de Rodório. Uma família pequena, até onde sei. — disse o lemuriano.

— Mas... se ela tem família viva, então o que ela está fazendo aqui, Kiki? — Qüine se viu perguntando aquilo. Não lhe fazia sentido algum alguém com parentes vivos estar naquele ambiente tão hostil que era o Santuário. — Ou... será que ela... fugiu de casa?

— Não, ela não fugiu. — suspirou Kiki com aquilo. — Ela foi descoberta e trazida para cá, pelo Grande Mestre. Detalhes sobre sua vida antes disso não me dizem respeito.

Qüine estava esperançoso que aquela pergunta pudesse fazer o irmão falar de seu treinamento misterioso, mas caiu por terra com aquela resposta, frustrando-o completamente. A sua careta denunciou sua intenção, e Kiki apenas virou os olhos.

— Se você quiser saber qualquer coisa sobre a vida dela... — falava Kiki mantendo os olhos fixos sobre o Geminiano. — Pergunte... à... ela! — e arqueou o semblante. — Entendeu o quer que eu desenhe?

— E-Eu... Eu vou subir. — e Qüine deu meia volta. — Grato pela sugestão, tá? — e acenou um ‘Ok!’ enquanto seguia para a saída de Áries para Touro.

 

A Casa de Touro ainda estava vazia, tendo apenas sua armadura exposta e guardando o segundo templo. Assim como tantas outras vezes, Qüine fez uma reverência respeitosa à armadura dourada, pedindo sua permissão para seguir mesmo que soubesse não ter nenhuma resposta direta. Kiki falara do gigante Aldebaran e do quanto era divertido e ao mesmo tempo acanhado ao receber uma singela flor.

Gêmeos não era diferente. Não havia servos como nos templos de Áries e Cancer, e também de Virgem como soubera há pouco, para zelar pelo lugar.

Apenas nas últimas semanas, por às vezes dormir no terceiro templo e praticamente obrigar Kiki a descansar, algumas servas alternavam-se em manter uma limpeza melhor do lugar além do básico que estava restrito ao centro do templo por ser passagem até o Templo do Patriarca e da deusa.

E tal como em Touro, a armadura de Gêmeos imperava no centro do templo. A indumentaria anteriormente pertencida ao seu pai, imponente. Qüine sempre se demorava a contemplar a indumentária dourada, com seus olhos se demorando principalmente nas feições do elmo.

Era um misto de admiração e medo, não pelas expressões em si, mas pelo ímpeto que o consumia de tocá-la e vasculhar suas memórias, mas sabia o quanto aquilo era imoral, e isso que o fazia hesitar.

— Como gostaria de ver... ainda que por alguns instantes... como foi em batalha. — comentava Qüine olhando a armadura, vendo seu reflexo borrada na mesma. — Queria ver quem foi Saga de Gêmeos, o cavaleiro de Ouro guardião do terceiro templo zodiacal.

E não aquele que matou o Patriarca e tornou-se o Grande Mestre dos Cavaleiros que conspirou contra Athena levando tantos Prata à morte. Ao ouvir aquilo pela primeira vez provocou seu primeiro desentendimento com o lemuriano. Porém, por que ele inventaria tudo aquilo? Não foi sua mãe a voltar para ajudar seu pai?

Não foi a história de seu pai que queria ouvir, mas era uma verdade da qual Kiki o preparava para quando, um dia, chegasse ao Santuário.

“É melhor que saiba a verdade por mim, seu irmão, àquela deturpada de desconhecidos”, comentou Kiki na ocasião, e após receber o diário, percebia as duas facetas de seu pai, tal como a máscara em seu elmo.

Por fim, recolheu a mão que percebeu bem próxima da armadura e se levantou, dando às costas para a armadura e seguindo em direção aos aposentos internos subindo pela escadaria em mármore e corrimão com fios dourados.

No entanto, talvez pela luz da manhã que entrava pela abóbada presente em todos os templos, jamais havia percebido algo naquela escadaria por estar escondido atrás de grandes pilastras que pareciam encobrir uma passagem secreta: uma segunda escadaria, mas com seu caminho obstruído por ruínas do pavimento superior e destruída por algo a mais. Até mesmo duas estátuas, com uma delas sem a cabeça. A única mantida inteira, com algumas rachaduras, tinha manchas no rosto, na altura dos olhos, como se fossem lágrimas.

Pelas escadarias não ficar tão centralizada, facilitava a ocultação daquele outro lado e permitindo passar despercebido. Mesmo para ele que estava a frequentar mais o templo jamais desconfiou daquele outro lado, atiçando sua curiosidade. Porém, não havia passagem, e saltar dali poderia fazer ruir o resto da estrutura.

Buscou um ponto que seria mais firme e teleportou-se, quase caindo se não precisasse um pequeno salto até o nível igual ao corredor que levava aos aposentos onde estava no lado norte, bem iluminado, enquanto aquele era entregue à penumbra.

O jovem Geminiano seguiu por aquele corredor, igualmente adornado como do outro lado, mas, com tempo, deixado ali no esquecimento. Eram teias de aranhas e muita poeira acumulada a ponto de ele deixar marcas no chão tal qual como na neve.

Perguntou-se sobre o que teria sido aquele lugar, se seria antigos aposentos de servos... ou de um segundo Cavaleiro. Aquilo fez Qüine cessar seus passos e olhar para trás, onde havias as duas estátuas. Eram como dois querubins, como na entrada de Gêmeos.

 “Dois Cavaleiros...?”, questionou-se Qüine ao voltar-se para o corredor e buscando onde poderia ser um segundo aposento, e não demorou encontrar uma porta. Apoiou-se na mesma e segurando na maçaneta da porta que outrora foi dourada, e agora era apenas um ferro corroído pelo tempo.

Porém, a mão que Qüine apoiava na porta para empurrá-la ele percebeu haver alguma inscrição, fazendo-o limpar com a mão e soprar para tirar a poeira nas valas da ranhura. Havia algo escrito, mas estava impossível ler, levando-o a usar a manga da blusa para ajudar a limpar e descobrir o que tinha ali.

Estava em grego antigo, o que o fez levar tempo para compreender aquelas palavras. Apesar de dificultoso, conseguiu compreender um nome que o deixou surpreso: Castor. “Um dos gêmeos mitológicos...?”, perguntou-se e vendo a porta se abrir. Um convite?

Quine deu um passo a frente, empurrando cuidadosamente a porta que rangeu e encontrando dificuldade de ser aberta por ser fechada e carcomida pelo tempo. Encontrou um aposento igualmente amplo aquele do lado norte tão bem conservado. Ali, no entanto, reinava apenas a destruição e o abandono não de alguns anos, mas de séculos.

Camadas de poeira era presentes nos móveis fragilizados pelo tempo e que deveriam datar da Antiguidade por suas características tão minuciosamente trabalhadas. Havia uma mesa com algumas garrafas quebradas, assim como uma bacia de barro trabalhada que deveria ser uma fruteira outrora. Onde um dia foi uma cama agora era um amontoado de madeira que serviu de ninhos da qual havia alguns ovos quebrados e secos. Isso sem contar os dejetos de morcegos que deveriam pernoitar ali.

“Por que esse lugar me parece tão familiar...?”, pensava Qüine enquanto olhava tudo aquilo, levemente incomodado. Por fim, após remexer em alguns objetos, estava decidido a deixar aquele lugar quando empurrou a cadeira e a mesma acabou batendo contra a parede e fazendo ecoar um som metálico, e ao olhar, percebeu um brilho vir da parede onde tinha um volume mais discreto quando comparado a todo restante. Não parecia umidade, mas algo incrustrado na parede.

O rapaz agachou-se e descascou um pouco com a unha, até quebrar o pé da cadeira que empurrara para usar como ferramenta para abrir aquela parede, percebendo se tratar de uma caixa e tentar puxá-la, temendo quebrá-la ou danificá-la. Por fim, conseguiu tê-la em mãos, sendo levemente pesada.

Era uma caixa metalizada em bronze, ornamentada com ramo de flores em toda sua estrutura. Não mais apresentava o brilho de outrora, um possível dourado como poderia ver em alguns lugares, e na tampa havia uma estrela com uma joia vermelha intensa da qual ele limpou, devolvendo seu brilho apesar das ranhuras. Não havia tranca, permitindo abrir sem qualquer dificuldade, mas com extremo cuidado.

Em seu interior, algo estava embrulhado em um pano de seda puído e sem cor, mas que deveria ter sido tão vermelho quanto a joia que adornava a caixa. Ela protegia um rolo de pergaminho envolto de um estojo amadeirado. Qüine já havia visto algo parecido no museu, filmes e livros, mas jamais teve um em mãos como aquele.

Sentou-se no chão e recostou na parede, abrindo com cuidado aquilo e percebendo o pergaminho em ótimo estado, feito de pele animal como ouvira falar. Pousou a caixa em seu colo e abriu o rolo, revelando um grego arcaico.

Por crescer na Alemanha, Qüine conhecia o alemão e o bávaro por viver em Munique, e quando em Jamir aprendeu a língua de Lemúria e o grego, tanto o moderno quanto o antigo. Ainda assim teve dificuldade de entender o que estava escrito por conta da letra tão pequena.

Quando finalmente entendeu, Qüine pareceu não acreditar naquilo que tinha em mãos. Leu uma, duas, três vezes até assimilar aquele pequeno testamento.

 “Essas são as minhas últimas palavras, antes de partir para meu exílio.
Eu, Pollux, filho da Rainha Leda e do Rei Tíndaro, gêmeo de Castor,
Herdeiro ao Trono de Esparta. Marido sem esposa, um pai sem seu filho.
Espero que entendam a razão de minha partida em tempos tão difíceis”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nos próximos capítulos:
Novo ciclo, e mais sombrio, terá início. Mais um personagem entra na trama fechando o elenco dessas memórias.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Saint Seiya Memórias: História Oculta Do Santuário" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.