Saint Seiya Memórias: História Oculta Do Santuário escrita por Katrinnae Aesgarius


Capítulo 23
Livro 1 :: Destino - Ato 11


Notas iniciais do capítulo

Nem sempre podemos explicar nossos medos e receios, mas embora nem sempre possam fazer sentidos, nada mais são que avisos para eventos futuros. E Selene sabia disso.



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— Foi uma grande irresponsabilidade sua, Selene. — dizia Arles olhando para a jovem à sua frente. Ela tinha a cabeça baixa, o rosto coberto por sua máscara nublado com seus cabelos, as mãos para trás e as pernas cruzadas, eretas, de pé diante dele, completamente muda. — Você sumiu por toda tarde. Por que não aguardou por mim, aqui em Áries?

Embora as palavras de Arles fossem incisivas, não estava a gritar. Falava com sua calma peculiar, mas com forte seriedade. Mu estava às costas, apenas observando. Já tinha levado a sua bronca por deixá-la sair, e ele estava a fitar Selene com aquele olhar de “Eu disse que não era para sair...”, mas se surpreendeu quando Arles o olhou por cima dos ombros repreendendo-o mais uma vez.

— Mu, nada de telepatia com ela. — repreendeu o mais velho que fez o garoto arregalar os olhos e assentiu, encolhendo-se um pouco. — Por que não esperou por mim, Selene? O que havia de tão urgente para que saísse e sumisse por toda a tarde?

Selene levantou a cabeça pensativa, mas logo se censurou por aquilo. Embora soubesse que o mestre jamais invadiria sua mente, não poderia se deixar pensar que saiu em busca de Saga, e somente depois pensou em suas alunas aspirantes a Amazonas, algo que lembrou somente quando viu Aelia vir em seu encontro.

— Não culpe o Mu, mestre. A culpa é somente minha. Ele tentou me impedir de sair, mas eu fui mais rápida. — disse Selene levantando a cabeça para o mestre Arles.  — Desculpe, não foi minha intenção preocupá-lo, mas... — fechava as mãos às costas, mexendo com a perna, denotando sua angústia e ansiedade. Por baixo da máscara estava a mordiscar os lábios pela escolha das palavras. — E-Eu precisava sair e...  Foram dez dias em Virgem! Contando os dias extras que passei aqui em Áries... eu simplesmente me assustei. Pensei que tinha sido apenas algumas horas.

Ela soltou um suspiro, trazendo os braços para frente. A ideia dos 10 dias que haviam transcorrido enquanto em Virgem, ainda a deixava atordoada. Explicou ainda sobre suas aprendizes no Campo das Amazonas e seu péssimo desempenho no processo seletivo, reforçado por Mu que as garotas estavam sob responsabilidade de Jisty, maioria estas formadas por estrangeiras — deixando subentendido dos problemas no Santuário com a xenofobia. Arles apenas ouvi, até então com os braços cruzados. Ouvia tudo e assentia, levando uma das mãos na altura do queixo.

— Eu queria conversar com você sobre como foi com Shaka nesse tempo. Conversei brevemente com ele quando passei por Virgem e esperava saber seus pontos sobre o treinamento com ele. — dizia Arles fitando Selene. — Afinal, o objetivo seria ajudá-la a controlar seu estado emocional e emotivo que estavam muito abalados com o que aconteceu.

— Sim, eu sei. — dizia ela com leveza na voz ao perceber o ar preocupado de Arles sobre ela. — E posso garantir que me sinto bem mais leve desde antes e Shaka me guiar nesses dez dias. Ele me ajudou a lidar com minha sensibilidade. Não tem por que se preocupar quanto a isso, mestre Arles.

Ele respirou aliviado, assentindo. Daria um voto de confiança à jovem. Porém, conhecendo e lendo bem nas estrelinhas, sabia que havia algo mais em suas palavras e quando voltou a Áries, mostrando-se ansiosa por outras razões e não sobre seu treinamento com o jovem de Virgem. Quando indagou sobre, Selene manteve o cuidado nas palavras.

— Mestre Arles, eu sei que disse que eu teria alguns treinamentos junto com Mu, pouco mais puxados do que fazíamos em Jamir, que agora também haverá treinamentos com Shaka... — Selene respirava fundo. — Mas eu queria ao menos continuar também o treinamento com as meninas no Campo das Amazonas. Não queria faltar com meu dever com elas.

Disse por fim, aguardando uma posição de Arles que se colocou pensativo sobre aquilo, olhando para Selene. Havia preocupação sobre como aquilo poderia mexer com seu estado, mas por outro lado, estava ciente da questão das Amazonas.

Não havia muitas delas sagradas, e as poucas que havia se encontravam, na maioria das vezes, fora do Santuário em missões ou cuidados daquelas em estágios mais elevados. Para as iniciantes, permitiu à Selene ajudar no básico, daquelas aquarteladas até o despertar do cosmo e em seus fundamentos básicos.

No Campo das Amazonas, não era permitido ingresso de homens, e as mulheres seguiam outra disciplina até o segundo estágio, quando compartilhavam treinamento com os homens.

— Combinamos assim: duas vezes na semana permitirei que ajude no treinamento das jovens aspirantes, outros dois dias em treinamento com Mu, aqui em Áries. Os seus deveres junto ao estudo das constelações em Star Hill serão mantida, uma vez na semana. — instruiu ele, contabilizando os dias na mão. — Com isso, você tem cinco dias comprometidos de sua semana. Outros dois dias serão para dedicar-se aos exercícios incumbidos por Shaka. Lembre-se que ele ficou de convocá-la e isso pode consumir outros dez dias ou mais, Selene.

Selene engoliu a seco com a possibilidade de passar semanas em exercícios na Sexta Casa Zodiacal, e o calendário que estava sendo imposto pelo mestre Arles não a deixaria com muito tempo, exceto no turno noturno quando não tivesse como vigilante no Campo das Amazonas. Ainda assim, aceitou o que foi estabelecido com aceno da cabeça.

— Sei que estou exigindo demais, mas muito em breve isso será cobrado em sua prova. — aquelas palavras tomaram Selene de surpresa, assim como também por Mu que sorriu para sua ‘irmã’ com a possibilidade de, finalmente, vir ser sagrada uma Amazona. — Portanto, quero maior dedicação de você a partir daqui. Não quero que os dois dias de seus exercícios recomendados por Shaka sejam ignorados. Entende o que digo? Descanse por hoje. Seu treinamento com Mu começa na tarde de amanhã.

Ela assentiu, mais uma vez, recebendo um beijo na testa pelo mestre Arles que a deixou em Áries e seguindo para subir o Monte Zodiacal com destino ao Templo do Patriarca. Trocou olhar com seu ‘irmão’ e riram juntos, quando chamados pelas servas para jantar.

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A noite avançava rápida naquela época do ano. Um vento frio cortava o Santuário, e em determinadas áreas os ventos pareciam cortar como navalhas, o que fez Selene vestir uma capa com capuz para que então seguisse para sua cabana, no Campo das Amazonas. Queria chegar antes da tempestade que anunciava.

Muitos relâmpagos cruzavam o céu. Poderia teleportar-se, seria bem mais ágil, mas faria isso dentro de um perímetro seguro, principalmente próximo ao Campo das Amazonas. Porém, antes disso, sentiu chocar com alguém, fazendo-a saltar para trás e remover o capuz sobre seu rosto, coberto pela máscara.

— Sinto muito! Não queria assustá-la. — disse Mephisto, que também havia recuado alguns passos até perceber quem é. — Ah sim, Selene, não é mesmo?

— Sim, e você é Mephisto, o aspirante a Cavaleiro de Cancer que chegou com Saga. — Selene olhou rapidamente onde estava antes de se voltar para ele. Estavam num espaço onde tinha somente dois caminhos: Rodório ou Campo das Amazonas. — Não deveria estar aqui. — e se arrependeu em dizer isso.

— Ah sim, eu... me perdi! Estava treinando e acho que me empolguei um pouco, nada demais... — respondeu com um sorriso cínico no rosto.

Enquanto falava, Selene apenas o observava, mantendo a devida distância, baixando a cabeça sem perceber que isso chamou a atenção daquele homem que parou suas palavras. Levantou a cabeça movida pelos passos deles sobre o cascalho e folhas e percebeu parte de sua blusa aberta, e nem mesmo parecia sentir aquele vento frio que soprava.

— Agradeceria se não contasse a ninguém. — sussurrou ele bem próximo dela, ainda com aquele sorriso no rosto. — Eu já deveria ter me recolhido, mas... — aproxima-se um pouco mais de seu rosto — Ainda não me acostumei completamente. — e fala o pé do ouvido, passando por ela. Arrivederci! — disse ele acenando enquanto seguia pelo caminho.

Selene apenas o assistiu sumir e teleportou-se dali mesmo.

Quando surgiu em sua cabana, tratou logo de fechar a janela e as cortinas, e somente depois removendo o capuz e a sua máscara. Selene parecia ofegante com algo, lançando a capa longe sem destino. Correu até a lareira, acendendo-o com certa dificuldade pelas mãos trêmulas, mas conseguindo, buscando se aquecer de um frio que não parecia tão intenso como de quando atravessava aquele caminho.

A verdade, é que não havia realmente frio, mas algo que somente Selene parecia sentir vir daquele homem que a fazia estremecer, não de medo, mas de receio pelo cosmo fantasmagórico que ele emanava.

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— A sua cara está péssima! — disse Aelia sentando-se ao lado de Selene no anfiteatro. — O que foi? Foi sua noite de patrulha no campo?

— Antes fosse! Certamente teria sido uma noite muito melhor. — comentou Selene um tanto desanimada.

A verdade é que pouco dormira naquela noite, acordando a cada hora ainda perturbada com o cosmo fantasmagórico e espectral daquele italiano. A simples ideia de lembrar-se dele provocava arrepios, levando massagear os braços com suas mãos.

Sem conseguir dormir, lembrou do que Shaka havia recomendado e tentou se tranquilizar colocando-se em meditação frente à sua propriedade, embaixo de uma árvore de galhos que tinha seu tronco deitado pela má formação de quando cresceu, fazendo praticamente um Z deitado — e da qual usava muitas vezes para deitar e olhar as estrelas no céu nas noites mais quentes.

Foi a única ação que realmente a acalmou, mas também fez perder a noção do tempo. Quando abriu os olhos viu que já amanhecera e somente seguiu para o Santuário para receber as meninas para o treino. Estava a observá-las quando Aelia chegou, mas com os pensamentos longe dali.

— Nossa! Que bicho te mordeu...? — dizia quando ouviram alguém, um forte sotaque italiano ecoar longe. Logo passou próximo às duas acenando, olhando demoradamente para Selene antes de continuar seu caminho. — Uau! Não tem como negar que ele tem presença. Até as meninas pararam para olhá-lo... Selene? — Aelia se surpreendeu ao ver a amiga com a postura ereta, os músculos do braço estarem rígidos e suas mãos parecendo segurar fortemente o assento. das escadarias do anfitetaro. — O que foi? Está sentindo algo? Quer que eu chame algu...

— Não! — disse ela parecendo relaxar, soltando um longo suspiro e segurando no braço da amiga que acabara por se levantar, guiando-a para sentar-se novamente. — Está tudo bem. Eu... Eu somente... Foi apenas um mal-estar.

— Mal-estar? Assim, de repente? — Aelia não parecia entender o que Selene diria, apenas que a amiga pareceu certificar-se de algo, olhando na direção do italiano que já se encontrava distante.

— Sim, e não é a primeira vez. Aquele homem... Ele emana algo tão... tão... ruim! — desabafou Selene com receio, mas também como se livrasse de um fardo. Aelia, por outro, mostrou-se surpresa indagando um 'Como assim?' — E-Eu não sei! Não sei explicar como ou o porquê. Apenas que não gosto dele, que ele me deixa... perturbada, entende? Não sei explicar. Eu sinto... Sinto algo muito ruim vindo dele, um cosmo perturbador, estranho... maligno.

Aelia engoliu a seco, olhando para onde o italiano havia seguido e de volta para a amiga, vendo-a respirar ofegante por baixo da máscara. Buscou tranquilizá-la, mas Selene dizia que logo ficaria bem, que apenas precisava de um tempo. Não comentaria com ela sobre o encontro que teve com o italiano na noite passada e dele ser a razão de sua noite mal dormida, mas a última coisa que esperava era reencontrá-lo naquela manhã.

— Uau! Mas, ele te fez alguma coisa? — Indagou Aelia curiosa, mas Selene respondeu que não balançando a cabeça. — Então, não entendo.

Como explicar que ela era capaz de sentir aquilo das pessoas? Nem mesmo sentia isso emanar tão forte de Jisty, mas daquele homem, era fora do comum.

— Nem eu, Aelia. — Selene volta olhar as aprendizes, se levantando e caminhando alguns passos à frente. — Pode cuidar das meninas? Acho que... Preciso ver o mestre. — e se retirou, ganhando o corredor que havia nas arquibancadas do anfiteatro e subindo para alcançar o pátio que levava as Doze Casas. Talvez o mestre Arles pudesse orientá-la sobre aquilo.

Em sua pressa, nem percebeu a sombra por trás da pilastra.

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Selene seguiu pelo pátio até à entrada do Monte Zodiacal, mais exatamente onde ficava o templo bibliotecário onde seu mestre passava grande parte de seu tempo. Esperava encontrá-lo entre as seções, mas foi surpreendida apenas pela sombra de alguém surgindo às suas costas e se deparando com Aiolos.

Estava sem sua armadura dourada, mas apenas com trajes especiais, uma túnica azul-marinho com um colarinho alto com bordados dourados. Carregava alguns livros e outros papéis com eles.

— Procurando mestre Arles? Saiu há alguns instantes, e ouvi dizer que teria uma reunião com Grande Mestre. — comentou ele com discreto sorriso no rosto e colocando os livros organizadamente sobre a mesa. — Se eu puder ajudá-la, Selene.

— Na verdade não, Aiolos. — comentou ela olhando alguns dos livros. — Era algo que eu precisava conversar com ele, mas acho que posso esperar. Sabe se ele demora?

— Não sei dizer. Ele levou alguns livros e outros documentos. Geralmente tende a demorar, passar uma manhã inteira e seguindo pela tarde. — respondeu com calma, acabando de empilhar os livros e separando. — Mas posso entregar o recado assim que vê-lo.

— Não, tudo bem... Ainda assim, agradeço. Obrigada. — Selene respirou fundo, vendo o que ele fazia. Tinha conhecimento que Saga e ele tinham sido nomeados pelo mestre como assessores, ficando responsáveis por alguns trabalhos burocráticos e de pesquisa e não queria atrapalhá-lo, já se despedindo quando se lembrou de algo. — Ah, e o Aiolia. Está tudo bem? Não fugiu mais, espero.

Aiolos riu daquilo. A última vez que se encontraram foi por Aiolia ir parar no Campo das Amazonas, sendo trazido por Selene, e pouco antes dela ser acometida por um mal súbito.

— Está sim. Eu o deixei com algumas lições... e espero que não o pegue fugindo para o lado das Amazonas ou terei que contar outras histórias para ele. — disse o cavaleiro rindo daquilo, e Selene cruzou os braços.

— Então é você criando as histórias que assustam o pequeno Aiolia? — Aiolos riu ainda mais. — Bom saber disso... — e riu daquilo.

— Sou inocente! — disse levantando as mãos. — Mas acho que aumentei um pouquinho mais.

Os dois riram juntos, e Selene se despediu, por fim. Não mais iria atrapalhá-lo, embora Aiolos afirmasse que não o fazia. Aproveitaria para retornar ao anfiteatro onde poderia acabar de ajudar no treinamento das meninas uma vez que o mestre Arles não se encontrava presente. Não desistiria de conversar com ele sobre aqueles pressentimentos, aquela sensação agonizante quando junto de Mephisto.

Olhou novamente para o Monte Zodiacal, em direção ao templo do Patriarca que ela localizava pela estátua de Athena e suspirou. Haveria de aguardar.

— Distraída... — ouviu aquela voz bem familiar e se virando para fitá-lo. — Está tudo bem?

Era Saga, com sua indumentária dourada. Por mais que estivesse acostumada vê-lo assim não se poderia ignorar a sua forte presença e imponência naquela armadura. Acabava sempre por admirar-se por alguns momentos para contemplá-lo antes de voltar ao presente.

— Ahn, não exatamente. Achei que o mestre Arles estivesse cá no templo em seus estudos... — disse ela enquanto alguns soldados passavam próximo. — Mas Aiolos disse que o mestre estava em reunião, então decidi regressar ao anfiteatro.

— Falar com mestre Arles... Entendo. — comentou ele um pouco sério, sendo notado por Selene que percebeu aquilo e já pensava em perguntá-lo algo, mas Saga foi mais rápido. — Podemos nos encontrar no início da tarde? Você sabe...

— Claro. Aconteceu alguma coisa...? — indagou ela preocupada.

— Não aqui. Apenas esteja lá, ok? — disse ele forçando um sorriso e passando por ela. Não poderiam denotar qualquer afeto ali tão à vista de todos e Selene entendia isso, mas algo a deixou ligeiramente preocupada.

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Selene foi a primeira chegar no local combinado, buscando por Saga que não tardou a chegar com um semblante pesado. Isso a fez a olhá-lo intrigada após trocarem um beijo um tanto frio naquele momento. Viu-o sentar-se na grande pedra que havia ali e parecendo pensativo no que queria falar, e antes que ela pudesse quebrar aqueles breves minutos de silêncio, ele falou.

— Selene, você confia em mim, não é? — indagou Saga a fitando com aqueles brilhantes olhos verdes, tomando-a de surpresa, mas que não impediu de responder um convicto 'Sim' à sua pergunta. — Você me contaria se estivesse acontecendo algo, não é mesmo? Qualquer coisa!

— Por que está falando isso? — questionou Selene fitando-o, simplesmente sem entender. — Saga, aonde quer chegar com...

— Eu quero saber o que está acontecendo? Quero saber se alguém tentou algo contra você, não sei. Qualquer coisa. — indagou ele ainda mais incisivo, sem desviar os olhos dela.

— Nada que eu não possa resolver. A Jisty e eu temos uma rixa, mas é algo nosso... — dizia Selene pensando rápido. A única coisa que a importunava de fato era a agora Amazona de Prata, da qual Saga já conhecia bem. — Não entendo o porquê está me perguntando isso...

— Mephisto fez algo contra você? — perguntou Saga de imediato, cortando-a de falar e percebendo que havia surpresa em sua expressão. — Selene, o que aconteceu entre você e o Mephisto?

— Por que está me perguntando isso? — disse surpresa por aquilo, sem nem saber o que exatamente responder. Aliás, o que poderia dizer?

— Eu ouvi o que falava com sua amiga Aelia no anfiteatro hoje de manhã... Não foi intencional, muito menos estava espionando você, nada disso! — tentou se explicar para evitar qualquer exaltação ou protesto dela ao notá-la piscar para ele com um 'O quê?'. — Eu ouvi o que disse sobre ele deixá-la perturbada e quero saber o porquê.

Selene estava sem reação. Abria a boca para falar qualquer coisa, mas nada saía. Como havia dito a Aelia, nem ela sabia explicar a razão daquilo, apenas que não gostava dele por sentir-se mal em sua presença. Como explicar isso ao Saga de modo que ele pudesse entender? Tentava encontrar meios de explicar as sensações que tinha diante da presença dele, mas não sabia como poderia descrever aquilo e sua tentativa era ainda mais frustrante.

— E-Eu não sei, Saga. — e ela o viu cerrar os olhos para ela. — Eu não sei explicar. Foi como dizia à Aelia, eu... eu apenas... apenas me sinto mal na presença dele.

— Selene, ao que me lembro, foi ele que a levou para Áries quando a encontrou caída naquele dia. Quero saber se ele tentou algo contra você, apenas isso. — Saga estava incisivo em suas palavras, enquanto Selene umedecia os lábios e os mordiscava nervosa. — Sim ou não?

O que Selene sabia era que ele a levou inconsciente para Áries, junto de Mu e alguns guardas que o acompanharam. O próprio amigo afirmou que até mesmo usava sua máscara na ocasião, o que fez entender que ele respeitou sua privacidade, mas desde que o conheceu que sentiu algo ruim vindo daquele homem, e embora tentasse explicar isso a Saga, não o culpava por não compreender aquela sensação da qual somente ela parecia sentir.

— Selene, ao acaso estava querendo levar isso ao mestre Arles? — disse Saga tentando assimilar tudo aquilo que ouviu ela falar, tropeçando nas palavras na busca de tentar explicar aquilo. — Diz que não sabe o porquê de sentir essa... coisa... dele. Sabe o quanto isso pode influenciar na sagração do Mephisto? Chegou a pensar nisso?

Ela apenas ficou a fitá-lo, engolindo a seco. Desviou momentaneamente os olhos de Saga e cruzando os braços. Não sabia o que exatamente responder, mas havia algo que poderia falar sobre.

— E se soubesse de algo que há algo ruim, Saga. Não é uma simples antipatia. Fala como se tivesse apenas... uma birra, e não é isso. Eu realmente sinto algo vindo dele. — dizia tentando explanar, mas sabia que não tinha sucesso, principalmente quando o viu se levantar.

— Nem mesmo você sabe explicar, Selene, e poderia comprometê-lo tanto quanto fez a Kanon há alguns meses por um simples... Por algo que acreditou que pudesse acontecer. — comentou Saga com certo receio, fazendo Selene se virar para ele e menear negativamente. — Eu não queria dizer isso, mas está interferindo como na última vez.

— Não é a mesma coisa, Saga. — dizia tentando se defender, descruzando os braços. — Eu realmente vi acontecer, eu li nas estrelas da constelação de Gêmeos. Eu te expliquei isso!

— E agora também viu na constelação de Cancer? — respondeu Saga de imediato, fazendo Selene se calar, piscar aturdida e negar que nada tinha visto em Cancer, embora ainda tentasse argumentar qualquer algo. — Exatamente isso que estou falando, Selene. Ao menos antes tinha embasamento para alguma coisa, buscou justificar o que fez... não agora. Está agindo por mera...

— Besteira minha. — disse ela completando a frase, sem perceber a expressão de Saga que a olhou surpreso. Somente depois ela se deu conta no que disse. Ao acaso ele teria pensado exatamente naquilo e achando que ela leu sua mente? — Saga, eu não fiz isso...

— Tome a decisão que quiser, Selene. Só esteja ciente que está cometendo o mesmo erro de outrora, e desta vez, como bem disse... — disse contrariado. — ... por uma besteira sua, mas que vai prejudicar outros por mera impressão e não interpretação.

As palavras de Saga foram duras, embora fosse perceptível seu pesar, principalmente em perceber o olhar pedido de Selene quando foi deixada ali, sozinha.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo...
Uma surpresa! Não darei pistas dos acontecimentos.



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