Meu Querido Meio Irmão - Brutinha escrita por Juliana


Capítulo 87
Capítulo 87




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/335451/chapter/87

  — Não sei, talvez porque eu pensei que assim eu conseguiria voltar a ser o que eu era antes. Mas isso não aconteceu. Eu só fiquei com a consciência mais e mais pesada. 
   — Antes?
   — É... Quando eu não estava apaixonado por você – Falou. Ele tinha uma profundidade que me fascinava, ele nunca fora assim.
   — Ah, então você quer dizer que ainda está? – Sorri e ergui as sobrancelhas. Ele riu.
   — Você acha que se eu não estivesse eu estaria aqui?
   — Não sei. E o que você está, de fato, fazendo aqui?
   — Pedindo desculpas – Ele gesticulou como se fosse óbvio.
   — E você acha que é assim? Bruno, só eu sei o quanto eu chorei e sofri. Que droga! Eu não quero que isso aconteça de novo, por que você não consegue ver? – Eu comecei a gritar novamente, e as lágrimas vieram à tona novamente. Eu balançava os meus braços violentamente, demonstrando toda a raiva e mágoa que eu tinha – Eu vi você ficando com outra garota... Que você provavelmente nem sabe o nome! Enquanto isso, eu tentava apenas respirar e seguir em frente. Mas, não, para isso você não liga. Se você fosse tão apaixonado por mim como diz ser, não estaria fazendo isso. Você nem ao menos sabe ao certo o que sente por mim, esqueceu? Não foi por isso que nós demos um tempo? Que você confundiu com um término permanente, já que na primeira oportunidade beijou outra – Levei minhas mãos até o meu rosto, escondendo-o. Eu não queria que Bruno visse o quanto eu estava abatida e sensível. Eu chorava alto, e não estava ligando para isso. 
   Então, eu senti dois braços me envolvendo como em um abraço. E logo eu estava chorando, literalmente, em seu ombro. Ainda com as minhas mãos separando minha cabeça do seu ombro. Eu estava ali, abraçada com quem eu sonhava todos os dias... Mas por que eu não me sentia melhor?

 Eu funguei e Bruno apertou o abraço, afagando meus cabelos. 
   — Me desculpe – Ele murmurou baixo, quase como um sussurro. O qual eu não teria escutado se meu rosto não estivesse tão perto do dele. O seu hálito quente perto do meu ouvido, fez com que eu me arrepiasse. Oh, meu Deus, há quanto tempo eu esperei por esse abraço, essas duas palavras?
   — Bruno, eu... Não sei – Mas eu não saí do abraço dele.
   — Eu preciso de você, Maria de Fatima – Ele afirmou. Soltei-me rapidamente e olhei surpresa e assustada. Isso está mesmo acontecendo? Ah, só para lembrar. Eu ainda o encarava, mas ele em momento algum fez uma expressão de que estava brincando. Ele simplesmente estava falando sério. 
   — Eu também preciso de você – O abracei novamente, voltando a chorar. Desta vez de alívio, de satisfação. Ele beijou o topo da minha cabeça, e encostou a sua testa nela. A sua respiração estava um pouco menos descompassada que a minha, mas isso é normal. Ele acabara de dizer que precisava de mim, e isso não é algo que eu esperava – O que nós vamos fazer?
   — Não sei. O que você quer fazer?
   — Bruno, eu não posso voltar com você enquanto eu me iludir. É melhor nós resolvemos isso depois de você descobrir, será melhor para nós dois...
   — Mas eu já sei – Murmurou.
   — Ah... É? E o que você... Sente?
   — Achei que não fosse mais preciso... Não está óbvio? – Falou e eu ri pelo nariz.
   — Mas eu quero ouvir você falar – Afundei minha cabeça ainda mais na curva do seu pescoço. Aproveitando, discretamente, todo o cheiro que eu conseguisse aspirar.

   — Eu amo você. Muito. De uma maneira que eu nunca achei que fosse acontecer comigo – Ele falou e meus olhos apenas se encheram mais de lágrimas. Eu o olhei e ele sorriu. Retribui o sorriso, já sentindo que algumas lágrimas desciam pelo meu rosto. Ele levou uma das mãos que seguravam a minha cintura até ali e as limpou com um dos dedos. Fechei os olhos.

   — Eu também amo você– Me aproximei do seu rosto e colei as nossas testas, ainda sem abrir os meus olhos. Então, senti seus lábios selarem os meus em um selinho demorado. Todo o meu organismo parecia explodir, como se estivesse em uma festa. Eu sentia como se estivesse tomando choques em cada veia, artéria ou nervo do meu corpo. Ele movia seus lábios, tomando totalmente o controle dos meus. O beijo ainda não tinha se aprofundado... Não era preciso. Só de eu estar novamente ali, com ele, já estava perfeito. 

   Mas não seria nada mal aprofundar. E me parece que ele pensou o mesmo, pois já estava contornando os meus lábios fechados com a sua língua. Os abri levemente, dando passagem para ela. Isso vai parecer clichê, mas eu sentia como se aquele fosse o nosso primeiro beijo. Cada canto da sua boca ao mesmo tempo em que era conhecido, era também totalmente novo. E eu adorava isso. A sensação que ele me causava, o que eu sentia quando estava ao seu lado... Eu tinha quase me esquecido do quanto eu ficava vulnerável a ele. Mas eu, sinceramente, adorei lembrar! Acariciei levemente os seus cabelos, enquanto ele subia e descia a mão pelas minhas costas. Aos poucos, ele foi levanto as suas mãos para novos lugares, mas eu não o impedia. Eu estava feliz demais para me preocupar com princípios, Bruno sabe se controlar. Ele desceu as mãos até a minha cintura e foi as descendo levemente, como se estivesse receoso. Interrompi-o cerrando o tão longo beijo e o abraçando novamente.

— Eu continuo querendo ir devagar a um relacionamento – Falei. Ele riu.
   — Claro. Você está com um vestido que não cobre nem a metade do seu corpo, e quer que eu me controle – Ironizou. Desta vez, eu quem ri. Eu já tinha me esquecido o fato de estar com um vestido extremamente curto e colado. Também tinha me esquecido totalmente do frio que fazia, não era mais importante.
  — Cala a boca – Brinquei e afundei mais ainda minha cabeça na curva do seu pescoço.
   — Já está tarde, logo vai amanhecer o dia. 
   — Eu sei... Mas eu não quero sair daqui.
   — Por quê? – Ele perguntou, ainda estávamos abraçados.
   — Porque assistir o nascer do sol na praia é romântico, e eu quero aproveitar os seus poucos momentos românticos – Falei e ele riu. 

   Nós estávamos sentados de frente para o mar, mas eu não estava interessada no nascer do sol. Desta vez, eu já estava mais aquecida, Bruno havia me emprestado o seu casaco e eu o apertava ao meu corpo cada vez mais para esquentá-lo. 
   — Doeu muito? – Perguntei.
   — O que? – Ele me olhou.
   — Dizer “eu te amo” para alguém.
   — Doeu – Ele falou com humor e eu dei um tapa leve em seu braço – Estou brincando.
   — E quando você percebeu que me amava? – Meus olhos brilharam ao fazer essa pergunta. Ele riu levemente.
   — Não sei ao certo. Acho que no momento que você saiu por aquela porta, eu já sabia. Eu só não queria admitir.
   — Você não foi atrás de mim – Murmurei olhando para baixo.
   — Eu pensei que você voltaria.

  Entrei no meu quarto e Ju, Malu e Lia estavam lá, ainda acordadas. Em meu rosto, além da expressão de cansaço por já ser seis horas, eu exibia o maior sorriso idiota do mundo. Meus olhos ainda brilhavam e chamuscavam, além de que minha respiração ainda pesava. Tudo isso por ouvir as três palavras mais importantes do mundo, vindo da pessoa mais importante para mim desse mundo. Sentei-me na mesma cama que Lia, ao seu lado.
   — Ainda acordada, meninas? – Perguntei sorrindo. Até a minha voz estava boba!
   — Conta, conta, conta, conta, conta – Lia pediu se jogando bruscamente em cima de mim. Gargalhei.
   — Como vocês sabiam? – Ri.
   — Primeiro que você está com a maior cara de babaca – Malu começou – E depois porque eu estava do lado de Taylor quando o contaram que tinham visto você indo chorando até a parte dos fundos do campus. 
   — Tanto faz, agora conta – Lia  pediu novamente.
   — Ele... Disse... Ele disse que me ama! – Falei e Lia gritou se jogando em cima de mim novamente.
   — Que fofos, que fofos, que fofos! O que mais ele disse? – Os olhos dela pareciam que estavam brilhando mais que os meus. Mas não estavam.
   — Falou que me amava muito, como nunca pensou que amaria alguém. Falou que apenas beijava outras garotas para tentar me esquecer... E elogiou o meu vestido – Eu ri. Olhei para Ju e ela estava de boca aberta.
   — Tem certeza que era o Bruno falando isso? – Ela brincou – Sabe, lá não devia ser muito claro... Será que você não se confundiu.
   — Eu teria percebido se não fosse ele.
   — Eu, sinceramente, estou passada – Ela riu – É a primeira vez, que eu saiba, que ele falou isso.
   — Pois é! – Comemorei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!