Meu Querido Meio Irmão - Brutinha escrita por Juliana


Capítulo 84
Capítulo 84




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 — Acorda, Fatinha! – Gritei ao entrar no seu quarto e me deparar com ela embaixo de quarenta cobertas. Ela estava sozinha no quarto até eu chegar.

 Fatinha murmurou alguma coisa que eu sinceramente não entendi e virou-se para o lado da parede.

  — O que houve? – Perguntou.

  — Tenho que falar com você.

  — Fale.

  — Seria ótimo se eu pudesse olhar no seu rosto. Com os seus olhos abertos, de preferência.

  — Desculpe – Falou e sentou-se na cama – Então, o que aconteceu?

  — Isso vai parecer banal, esquece... 

  — Já me acordou, agora fala, né – Sorriu fraco.

  — Não é nada demais.

  — Fale...

  — Tudo bem. Eu só vou lhe contar isso porque não quero que você saiba por outras pessoas, mas saiba que o que aconteceu não tem importância. Eu nem ia contar para ninguém, mas fiquei tão confusa que a primeira pessoa confiável que eu achasse no saguão eu contaria. Bem, eu contei para Bruno e ele me disse que você não ficaria brava com o que aconteceu. E é melhor que não fique mesmo.

  — Espera aí, você falou com quem?

  — Bruno.

  — Argh – Ela falou deitando novamente e cobrindo seu rosto com a coberta.

  — Já vi que você está em um dia bom – Ironizei – Agora se levante de novo que essa não é a pior parte.

  — Tudo bem.

  — Você mantém a sua opinião ruim sobre Fera?

  — Mas é claro! – Falou como se fosse óbvio. Ela podia colaborar, não é?

  — Então você não vai gostar do que aconteceu.

— Fale, eu estou ficando curiosa demais – Riu levemente.

  — Bem... Há alguns minutos eu e Fera nos... Beijamos – Abri um sorriso forçado e ela começou a rir.

  — Estou falando sério, Malu, conte logo o que aconteceu.

  — Eu também estou falando sério, Fatinha – Olhei-a firme e ela parou de rir, arregalando os olhos.

  — O que? E por quê?

  — Na verdade, ele me beijou. Mas, acalme-se, foi porque ontem na festa ele teve que fingir que saía comigo para afastar uma garota que corre atrás dele.

  — E você o ajudou?

  — Sim...

  — Não acredito! Quantas vezes eu lhe falei para não se aproximar dele? – Ela levantou da cama, ficando na minha frente.

  — Ah, agora você manda na minha vida? – Perguntei sem pensar. Ela suspirou e balançou a cabeça negativamente.

  — Não. Mas eu não quero ver você mal, do mesmo jeito que eu estou agora.

  — Por que eu ficaria mal? Fatinha, ele não me beijou porque quis! Isso tudo é fingimento. Fin-gi-men-to!

  — Malu.. Você faz o que quiser da sua vida. Depois, só não diga que eu não avisei.

  — Por que toda essa tempestade em copo d’água, Fatinha? Você não acha que está exagerando? – Elevei o meu tom de voz.

  — Me desculpe por querer ver você feliz – Revirou os olhos.

  — Eu sei me cuidar!

  — Tanto sabe que foi se aproximar justo da pessoa mais mesquinha daqui. Ele me magoou, Malu, que tipo de amiga é você?

  — Ah, agora eu não posso ser amiga de uma pessoa só por que ela foi um pouco rude com você?

  — Você fala como se nunca tivesse me impedido de falar com alguém que você não gostava.

  — É. Eu realmente fiz isso. Mas foi há anos atrás, fatinha! 

  — Há anos atrás... Antes de você mudar desse jeito.

 — Eu mudei? Por quê? Fatinha, eu não sei você sabe, mas Bruno já magoou inúmeras garotas. Já pensou se cada uma delas pedisse para você não falar com ele?
  — Nenhuma dessas é a minha melhor amiga.
  — Quer saber? Você fala tanto que Fera magoou você, mas você não percebe que Bruno lhe magoou muito mais. E sabe por que você não percebe? Você está totalmente cega com esse amor que não vai levar você a lugar nenhum! Isso é hipocrisia da sua parte, não querer que eu fale com Fera, sendo que você sonha com Bruno dias e noites, e agora está aí, jogada e chorando. Por que não percebe quem realmente está machucando você? – Soltei rapidamente as palavras sem pensar. Só percebi o estrago delas quando analisei a expressão incrédula de fatinha. Notei que ela estava assustada e prestes a chorar. Eu me odeio.
  — É... – Ela soltou com um fio de voz – Eu sei quem realmente está me machucando agora. E uma dessas pessoas é você – Uma lágrima caiu de seus olhos.
  — Fatinh, eu não quis dizer isso, por favor... – Falei com os olhos já molhados também. 
  — Tanto faz... – Ela falou baixo e abriu a porta, como se pedisse para eu sair. 
  — Tudo bem – Falei cabisbaixa e saí porta a fora. Fui para o saguão e lá ainda estava Bruno, jogando o seu videogame – Você é um péssimo conselheiro – Falei e sentei-me ao seu lado.
  — O que houve?
  — Me descontrolei e acabei magoando-a.
  — Ah – Ele murmurou e voltou a jogar o seu videogame.
  — Nossa, quanta preocupação – Ironizei.
  — Não... É que Fatinha se magoa muito fácil, logo vocês já estão se falando de novo.
  — Bruno... Você sabe por que ela está frágil... Não sabe? – Perguntei olhando-o.
  — Sei – Ele murmurou fingindo indiferença.

 —Malu! – Fera me chamou enquanto eu estava andando no corredor e indo para minha sala de aula.
  — Fale.
  — Naomi está vindo – Ele escondeu sua cabeça em meu ombro e eu revirei os olhos.
  — Fera, já chega. Você não acha que já está na hora de você enfrentar o seu problema sem mentir? Vá lá e fale com ela, resolva do jeito que quiser, só pare de me meter nisso.
  — Por que essa mudança de atitude repentina? Fala sério, você está amando fingir estar saindo comigo – Ele sorriu com malícia.
  — Mais modéstia. Nem todas as garotas daqui têm esse desejo por você. 
  — Mas você tem – Falou e eu ri ironicamente.
  — Ah, tenho? Quem disse?
  — Eu disse. 
  — Procure um médico – Disse fechando o meu armário e guardando um livro na minha mochila. 
  — Tudo bem, depois nós discutimos sobre a minha sanidade, ela está logo ali. 
  — E daí? Eu disse que não vou mais fingir nada.
  — Eu não disse nada sobre você ter que me beijar agora, mas já que você insiste... – Ele falou e se inclinou para me beijar, porém eu coloquei a mão sobre o seu peito, impedindo-o de se aproximar mais. 
  — Pare com isso,. Parece um desesperado – Gargalhei e comecei a andar, sendo seguida por ele.
  — Desesperado? Por você? – Ele riu ironicamente – Faz-me rir, Maria Luiza.
  — Se não está, então por que insiste em me beijar o tempo todo? – Sorri triunfante e entrei em outro corredor, deixando-o para trás.

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— Fatinha está no saguão – Ju me falou quando estávamos almoçando no refeitório.
  — Ela não vem almoçar? – Gil perguntou.
  — Disse que não estava com fome – Respondeu.
  — Você sabe se ela está sozinha? – Perguntei.
  — Que eu saiba está sozinha, por quê? 
  — Tenho que falar com ela.
  — Imagino o assunto – Sorriu fraco. Apenas assenti, peguei um suco e fui ao seu encontro. Eu precisava urgentemente falar com ela. Eu sei que a magoei, mas não fora de propósito. E, ela também me magoou. Entrei no saguão e ela estava na sala, assistindo televisão. Não tinha absolutamente ninguém lá, além de nós, todos provavelmente estavam almoçando.
  — Oi... – Falei baixo, porém alto o bastante para ela ouvir. Mas não respondeu. Continuou a prestar atenção na televisão, fingindo que eu não existia – Você vai me ignorar?
  — O que você quer? – Ela perguntou. Não em um tom seco, ela apenas fingia indiferença. Observação: Fatinha é uma péssima mentirosa.
  — Falar com você. 
  — Não quero. Você mesma disse para eu deixar para lá quem me faz mal.
  — Então eu lhe faço mal? – Perguntei com a voz já trêmula. Ela ainda tinha a sua máscara de indiferença.
  — Faz. 
  — Fatinh, você sabe que eu não queria lhe dizer aquilo! Eu estava estressada, mas você não acha que eu teria sido uma amiga pior se eu não tivesse lhe contando a verdade? Bem, claro que eu contaria com palavras mais amenas se eu soubesse que você ficaria assim...
  — Não estou brava por você ter ficado com Fera. Eu não mando na sua vida, lembra? Estou chateada pela maneira que você falou comigo. E pela sua falta de motivos de ter falado assim.
  — Mas eu estava estressada! Quer saber? Eu nunca devia ter contado para você. Afinal, não foi algo importante! Eu nem senti nada!

— É assim que começa. Com algo sem importância, depois você vai ver como terminará.
  — Fera beija várias garotas por dia. Eu fui um nada, Fatinha! Foi como Bruno disse, ele...
  — Espera aí – Ela me interrompeu – Bruno? Pelo jeito você está bem amiguinha dele, não é?
  — Ah, não! Ciúmes agora, não.
  — Não é ciúme. Eu não ligo para o Bruno. Não mais.
  — Não, claro que não! Você só está aí toda frágil, mas não é nada de mais, não é? – Ironizei.
  — Você tem certeza que veio aqui para nós fazermos as pazes? Pois não parece.
  — Poxa, Fatinha, você sabe que eu me irrito facilmente.
  — Eu não estou te dando razões para ficar irritada! – Ela falou alto e então sua máscara caiu, revelando todas as lágrimas ainda existentes em seus olhos – Você falando isso só comprova o fato de eu achar que você mudou. Nós nunca brigamos, Malu, você sempre conseguiu controlar esse estresse. E agora não consegue por quê?
  — Não tenho culpa, você é frágil demais. Bruno estava certo – Levantei enxugando algumas lágrimas e saindo.


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