Meu Querido Meio Irmão - Brutinha escrita por Juliana


Capítulo 78
Capítulo 78




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— Quem diria? A praia fica ainda mais bonita à noite – Suspirei. 
  — Ou talvez seja você quem a deixa assim – Ele falou fazendo-me sorrir e olhar para baixo, um pouco corada – O que? – Ele riu levemente – Não acredito que depois de tanto tempo, você ainda fica envergonhada quando eu elogio você. 
  — Ah, eu sou tímida – Gargalhei. 
  Ele apenas sorriu e olhou para o mar. Acompanhei seu olhar e apoiei minha cabeça em seu ombro, me sentindo em um filme romântico e clichê. 
  Eu adorava filmes românticos e clichês. 
  E eu finalmente estava vivendo um. Não que eu esperasse que Bruno fizesse coisas como estas todos os dias, mas, como sempre, eu gostava de aproveitar os seus momentos fofos. Perdi-me em meus pensamentos, lembrando de toda a nossa “história”. E então me lembrei de quando fomos para o Arizona. Bruno conhecia praticamente toda a minha família, e eu mal conhecia o seu pai, cujo morei junto por algumas semanas.
  — Brunor... – O chamei baixo.
  — Sim?
  — Você nunca me falou da sua família...
  Pude vê-lo sorrir e demorar um pouco para responder, como se estivesse pensando.
  — Bom, o que você gostaria de saber?
  — Não sei... Onde sua mãe mora agora?
  — Nova Iorque. Ela e minha irmã – Ele tinha uma irmã? – se mudaram para lá logo após a separação dos meus pais. Na verdade, eu fui junto, mas voltei quando soube que havia passado para universidade.
  — Eu não sabia que você tinha uma irmã...
  — Não?
  — Qual é o nome dela? – Sorri.
  — Makena. (n/a: não me batam pelo nome mas já tinha usado a Ju)
  — Ah... Eu quero conhecer ela um dia – Pedi ainda sorrindo.
  — Você vai...

Adentramos ao saguão, que já estava vazio por conta do horário. Eu ainda tinha um sorriso totalmente bobo e apaixonado em meus lábios. Não era para menos, eu o amava e estava convicta disto. Tudo bem, todos já sabiam... Mas e ele? Se soubesse, não custava eu o relembrar, não é? Não, não, não e não; uma voz alertou-me em minha cabeça. Talvez ele não sinta o mesmo por mim. Eu precisava saber disso o mais rápido possível, a qualquer hora escaparia de minha boca um “eu te amo” e... Bem, eu não sei qual seria a reação dele. Pensei em tentar e descobrir sozinha, mas eu poderia por tudo a perder. 
  Suspirei. Resolvi deixar tudo acontecer naturalmente, se escapasse aquelas três palavrinhas de minha boca, que escapem. 
  — Boa noite, fatinha – Ele falou assim que chegamos à parte em que ele iria para a direita e eu para a esquerda. Soltou o braço que estava envolvendo os meus ombros por causa do frio e deu um beijo em minha testa. Virei-me para ele e o abracei – Você tem que dormir agora, não é?
  — Você fala como se não tivesse que ir também – Ri.
  — Mas é você quem não é acostumada a ficar sem dormir – Falou sorrindo enquanto me soltava e me olhava de frente.
  — É, mas eu não sou uma criança – Dei a língua enquanto ele ria – Você se preocupa demais comigo.
  — Mas é claro que me preocupo.
  Sorri e o abracei novamente.
  — Você é incrível – Murmurei baixo e ele riu. Eu não queria largá-lo, mas realmente já estava ficando muito tarde. Logo iria amanhecer. 
  — Agora é sério, boa noite – Sorriu fraco, mas com um olhar duro. É sério, eu tenho que me lembrar de explorar mais esse Bruno meigo. 
  — Boa noite... – Dei-me por vencida enquanto ele virava e seguia o caminho do mesmo. Esperei ele sumir do meu campo de vista, suspirei e andei até o meu quarto. Eu estava exausta.

Sábado. Não há dia melhor. Principalmente quando se está em uma manhã de primavera e mais feliz do que nunca. Acordei sorrindo e vi que as meninas ainda estavam dormindo. Arrumei-me rapidamente e fui para o refeitório, lá estavam Mel, Dinho e Malu. Sentei-me com eles. 
  O passar do dia, infelizmente, não foi muito agitado. Bruno ainda estava treinando e não podíamos entrar lá. Tentei me distrair com qualquer coisa, mas não fora o suficiente... Eu sei que ele estava há uma pouca distância de mim, mas mesmo assim parecia infernal. Minha vida era uma verdadeira droga sem ele.
  O dia finalmente estava chegando ao fim, todos nós já havíamos jantado e Bruno e Fera ainda não tinham chegado do treino. E, se chegaram, estavam no quarto. Então, depois de alguns minutos ouvindo Dinho e Ju – ainda! – falando francês, Fera  aparece em meu campo de visão. Totalmente suado, com o cabelo encharcado e ofegante. 
  — Olá! – Lia foi a primeira a cumprimentá-lo, ainda sem tirar os olhos da revista que estava folheando.
  — Oi – Ele falou em um fio de voz, demonstrando total cansaço e fazendo-nos rir.
  — Parece que alguém está fora de forma... – Malu brincou.
  — Ah, claro. Tentem vocês ficar o dia inteiro correndo para lá e para cá atrás de uma bola que nem é redonda – Revirou os olhos.
  — Tudo bem, tanto faz como você está... Onde Bruno foi? – Meus olhos brilhavam.
  — Primeiro; muito obrigado pela sua preocupação com o meu estado físico. Segundo; ele parou para conversar com uns conhecidos ali. 
  — Ah... – Abaixei a minha cabeça. Poxa! Eu fiquei o dia todo morrendo de saudades, e na primeira oportunidade que eu tenho de vê-lo, ele vai falar com uns conhecidos? Que consideração...

Respirei fundo e tentei prestar atenção no que os outros estavam falando. Totalmente sem sucesso. Eu sei que eu não deveria ser assim, tão ciumenta e possessiva, mas... Não sei... Talvez eu tenha medo de perdê-lo. Que talvez, o que. Eu, de fato, tenho esse medo.
  Argh, e alguém, pelo amor de Deus, pode pedir para Ju e Dinho pararem de falar em francês?


  Eu já estava morrendo de sono. Resolvi desistir de esperar Bruno e ir dormir. Talvez, enquanto eu sonhava, podia me encontrar com ele.
  — Vou dormir. Boa noite, gente.
  — Espere – Lia disse – Também estou exausta. Vou com você. Assenti e a esperei. Quando já estávamos no corredor, ela voltou a falar: – Não fique assim por Brunor. Ele teve um dia cheio, não o culpe.
  — O... O que? Como você sabe que eu estou assim por causa dele? – A olhei um pouco assustada.
  — É o meu dever de amiga, não acha? – Riu – Mas é sério, você sabe que ele ama você.
  — Ama?
  — Claro! Todos nós já percebemos o quanto ele mudou por você, ele se tornou uma pessoa melhor. Você já disse para ele que o ama, Fatinha?
  — Não... Eu tenho medo. 
  — Medo de quê?
  — De ele não sentir o mesmo. Dizem que é sempre o garoto quem tem que dizer antes, não é? Então. E se ele ainda não me disse, quer dizer que ele não sente isso. Afinal, estamos a apenas seis dias juntos. 
  — Você nunca saberá se não tentar – Ela sorriu e abriu a porta do quarto. Depois disso, o assunto morreu. E, mesmo quando eu já estava deitada em minha cama, as palavras dela ecoavam em minha mente. Seja o que Deus quiser, vou seguir o conselho dela. Dane-se a minha insegurança.

 Finalmente, o dia amanheceu. Nunca gostei muito de domingos, mas este me parecia um lindo dia. Apesar de não ter visto Bruno ontem, e de o meu dia ter sido de um total tédio, eu sabia que hoje poderia ser diferente. Eu já sentia alguns míseros raios de sol batendo em meu rosto. Não que a janela estivesse aberta, mas alguns feixes de luz escapavam por entre as frestas. Isso foi o bastante para eu saber que já havia amanhecido e que eu poderia me levantar normalmente, como se não estivesse ansiosa. Na verdade, eu não deveria estar. O que eu faria de mais hoje, afinal? Ver uma pessoa cujo não a vejo há um dia? Não me parece muito adulto... Mas, quem liga para isso quando se é a pessoa mais feliz do mundo? E quando se tem a chance de se tornar ainda mais feliz? 
  Confesso que me arrumei mais do que o costume neste dia. Com muito cuidado para não acordar as outras, é claro. Até porque, hoje é domingo, e os adolescentes costumam dormir até de tarde. Enfim. Eu não estava muito exagerada, mas gostei do meu reflexo no espelho. Quando terminei, Ju entreabriu os olhos, resmungando alguma coisa que não entendi e depois voltou a dormir. Ri baixinho e abri lentamente a porta, ainda com o cuidado de não acordá-las.
  Passei no saguão apenas para confirmar que Bruno não estava lá. É claro que não estaria. Ele teve um dia cheio, deve estar dormindo ainda. Por fim, ter acordado cedo de tão ansiosa não serviria para nada. Apesar de eu saber que não conseguiria dormir, é claro. 
  Bem, com toda a certeza do mundo eu o amava. Era a única explicação para o meu comportamento. 
  No refeitório, Dinho estava sentado na mesma mesa de Fera. Ir ou não ir? Vou. Nada pode estragar o meu humor radiante, e eles dormiam no mesmo quarto que ele... Talvez soubessem se ele ainda estivesse dormindo.

 Já estava quase na hora do almoço e eu tinha me distraído conversando com Gil. Ele, com certeza, era o único que conseguiria me acalmar. Mesmo não sabendo o motivo da minha ansiedade. 
  Estávamos andando pelo pátio, até que de longe eu avisto Bruno. Um sorriso automático brotou nos meus lábios assim que meu olhar cruzou com o dele. Ele também sorriu. Isso era um bom sinal, certo?
  Despedi-me de Gil e andei rapidamente até onde Bruno estava – na frente do refeitório. Provavelmente levantara há pouco tempo. 
  — Oi! – Sorri e abracei-o com força. Talvez pelo fato de que eu não o largava, ele estranhou.
  — O que houve? – Riu levemente enquanto eu o soltava lentamente.
  — Estava com saudades – Eu ainda sorria.
  — Ah, sim! – Riu mais uma vez – E algum motivo especial de toda essa saudade repentina? – Brincou. 
  — Não exatamente... – Suspirei. Nunca achei que seria tão difícil expor os meus sentimentos. Por que eu não conseguia me lembrar de pelo menos um dos mil discursos que eu havia decorado na noite anterior? E poxa! Nem para ele perguntar o porquê dessa minha resposta! Ele apenas sorriu e continuou andando. Virou para trás, e disse:
  — Você não vem? – Sorriu torto. 
  — Claro – Corri até ele.


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