— Isso — Ele sorriu — Agora é melhor você dormir, não acha?
  — Ah, para de se preocupar comigo... — Resmunguei e depois ri pelo nariz.
  — Não. Agora vamos — Levantou-se e me puxou, mas não estava muito a fim de ir. Não me importava se iria ficar sonolenta ou cansada, desde que eu esteja com ele — Ah não. Você não vai fazer eu lhe carregar no colo, vai? 
  — Não precisa... — Sentei-me novamente e fazendo sinal para ele sentar ao meu lado. 
  — Fatinh, você tem noção que daqui a quatro horas você vai ter que acordar e encarar um monte de aulas entediantes? E tudo isso com os olhos abertos? 
  — Não vou precisar acordar se não dormir — Sorri aninhando minha cabeça em seu ombro — Eu estou totalmente disposta. Poderia ficar acordada por horas, se precisasse.
  — Aham. Sei — Ele riu e se acomodou no sofá, fazendo que minha cabeça caísse em seu peito, ficando mais confortável. Eu sei que disse que estava sem sono, mas com Bruno fazendo cafuné nos meus cabelos eu acho que não ajuda muito. 
  — Eu estou ficando com sono — Resmunguei novamente.
  Ele riu.
  — Eu sei. 
  E depois disso não escutei mais nada. Minhas pálpebras foram pesando e se fechando.

Acordei com o barulho de batidas na porta. Pensei em me levantar para abri-la, mas eu percebi que estava em movimento, e não deitada, como imaginava. Abri meus olhos rapidamente. 
  — Ah... — Resmunguei e depois ri. Eu estava no colo de Bruno, que me levava para meu quarto. Obviamente, eu teria pegado no sono no sofá. Ouvi suas risadas e Lia abrindo a porta — Acho que já posso ir a pé agora, não é? 
  — Você quem sabe — Ele disse e sorriu torto, fazendo-me quase desmaiar. Desci e me virei para ele. 
  — Muito obrigada — Sorri dando-lhe um selinho e depois sorri novamente — Boa noite. 
  — Boa noite — Ele saiu. Fechei a porta e encostei-me nela, tombando a cabeça para trás.
  — Que lindos —Lia falou romântica, como sempre.
  — Lindo é ele. Perfeito, argh — Disse de olhos fechados. Ela riu. 
  — Vão dormir — Ju reclamou embaixo de todos os cobertores. Revirei os olhos e fui fazer minha higiene noturna.

Acordei no outro dia e eu estava totalmente sonolenta e com uma aparência literalmente horrível. 
  — Ju, preciso de ajuda — Pedi saindo do banheiro e apontando para minhas olheiras escuras e enormes. Ela riu um pouco e se levantou, pegando seu estojo de maquiagem. Depois de alguns minutos eu já parecia totalmente descansada. Fisicamente, é claro, já que psicologicamente eu estava totalmente podre. 
  Prestei atenção na vestimenta das minhas companheiras de quarto. Lia estava com um short jeans, um cinto preto e uma blusa de moletom cinza. Linda. Ju com uma saia justa e totalmente curta, um salto enorme e uma camiseta soltinha. Linda. Eu estava com uma calça jeans normal, uma camiseta estilo t-shirt com estampa diferente e um all star. Feia. Não que minha roupa fosse feia, mas talvez para as pessoas de lá. Suspirei derrotada e puxei minha mochila que estava em cima da cama.
  — Vamos — Pedi seca enquanto Lia passava seu gloss e Ju terminava de por seu brinco. Esperei uns segundos e elas já estavam prontas. 
  Encontramos Mel e Malu no corredor e fomos até o refeitório para o café da manhã. 
  Mel estava com um vestidinho soltinho e curtíssimo, junto com uma rasteirinha. Malu estava com uma calça jeans, camiseta lisa e colete preto. Lindas também, é claro.

 Ju, por incrível que pareça não se demonstrou muito triste com Mel, estavam conversando normalmente. 
  Adentramos ao refeitório e os meninos já estavam lá. Eles riam e conversavam animadamente. Sorri automaticamente ao ver Bruno. Era estranho, mas a mesa deles era a do centro. Estranho porque eu ainda não me acostumara com essa idéia de ser amiga dos populares. 
   Lia foi correndo ao encontro de Dinho, sentando-se ao seu lado e o abraçando. Os dois trocaram alguns olhares e depois um selinho. Mel foi direto para o lado de Gil, que estranhou essa proximidade pós-sexo. Afinal, ela era conhecida por pegar e largar.
  — Retiro o que disse. Eu não vou conseguir — Ju falou respirando fundo. Lancei um olhar encorajador para ela. A esfomeada da Malu já estava na fila da comida, então sobrei apenas eu para ajudá-la. 
  — Você não quer ficar aqui?
  — Quero! Eu preciso. Acontece que Mel agir desse jeito com Gil não estavam nos meus planos.
  — Imagino. Bom, é melhor irmos. — Puxei sua mão delicadamente e fomos em direção da mesa.

 Passado o café da manhã, Malu e eu estávamos sentadas no jardim e conversando. 
  — Ju e Lia sumiram.
  — A Lia está com o Dinho, isso é obvio — Ri — Já a Ju... 
  — Acho que voltou para o quarto. Ou está com Mel, não sei. 
  Gil e Bruno estavam se aproximando, por isso descartei a possibilidade de ela estar com um deles. 
  — Oi — bruno sorriu dando-me um selinho e sentando junto a nós na grama. Logo, Gil sentou-se também. 
  — Olá! Ju, Mel, Lia, Dinho e Fera sumiram, só para avisar — Malu disse. 
  — Sei onde todos estão —Gil sorriu orgulhoso fazendo-nos rir — Lia e Dinhok estão no saguão vendo televisão. Fera e Mel ainda estão no refeitório, aqueles esfomeados. Mas a Ju eu não sei muito bem, mas acho que a vi voltando para o quarto. 
  — Deve ter ido terminar de se arrumar.
  — Como assim dois estão vendo TV, outros dois comendo e a outra se arrumando? Eles não vão para a aula? — Assustei-me. 
  — Vão — Bruno riu — Mas como ainda falta um tempinho... 
  — Entendi. 
  — Eu não — Malu fez a cara mais confusa do mundo. 
  — Isso é porque você não estava prestando atenção, não é? — Perguntei seguindo o seu olhar e parando em dois garotos que estavam sentados no banco logo a frente.
  — Talvez... — Ela disse.

Estava indo com Bruno para dentro da ala de aulas da Universidade. Eu não estava tão nervosa por ser o meu primeiro dia, ele estava comigo. Mas as coisas complicaram um pouco quando todos começaram a olhar para o menino totalmente perfeito ao meu lado, que conversava animadamente comigo. Senti que estava corando lentamente, mesmo que eu não estivesse olhando para todas as pessoas em volta, só para ele.
  — Por que você está vermelha? — Bruno perguntou parando de falar sobre como Dinho não deixou ninguém dormir, de tanto que roncava. 
  — Por que está todo mundo olhando para mim? — Respondi com outra pergunta. Ele apenas riu e seguiu andando normalmente. Já devia estar acostumado, é claro. 
  De repente Bruno me puxou delicadamente para a esquerda, indicando-me que ali começava o corredor que continha os armários. Como você quem o escolhia – por ordem de chegada –, escolhi um ao seu lado. Enquanto eu guardava todo o meu material dentro dele, vejo Malu andando rapidamente e totalmente tímida. Ri pelo nariz. 
  — Oi. Quero voltar para o colegial — Ela disse séria fazendo-me rir mais ainda — Não estou brincando! Odiei a faculdade, eu me sinto uma criança...
  — Se sente uma criança por estar na faculdade? — Bruno perguntou.
  — Não. Sinto-me uma criança por estar na primeira fase da faculdade. 
  Ele riu.