Ju veio até mim. Sentou-se no meu colo. 
       — E você, Bruno, vai ficar parado aí? — Disse passando seu dedo nos meus lábios, fazendo o contorno deles. 
       Respirei fundo. 
       — Vou, hoje eu estou um pouco com dor de cabeça — Menti. Ouvi Fera rir. 
       — E por causa dessa dorzinha você vai perder a noite? Não, não, Bruno. Vem comigo — Ela sorriu. 
       Ju levou-me até a pista de dança. Ela estava diferente. Sempre se jogara em cima de mim, mas hoje ela estava tão provocativa... Não de um jeito atirada, mas sim... Sedutora. Essa era a palavra. Ju dançava me provocando, e rindo ao mesmo tempo. 
       Encostou seu corpo no meu e ficou olhando nos meus olhos. E apenas a olhava, mas logo voltei a mim e a desencostei de mim. 
       — Ju, eu...
       Não tive tempo de falar nada. Ela começou a rir. 
       — Bruno, você tem horas? — Disse sorridente, como sempre. 
       A pergunta me pegou de surpresa.
       — Tenho... Deixe-me ver. São exatamente 23h e Quarenta e cinco minutos — Sorri aliviado por já ter ficado quase duas horas cumprindo minha promessa.
       — Obrigada.
       — Imagina. Vamos lá pegar alguma bebida. 
       Ela sorriu.

  Duas e meia da manhã, e eu mal havia encostado em uma garota. Mesmo Mel e Ju estando sempre em cima, eu consegui o improvável: resisti. 
       Resolvi ir embora às três horas. Há anos eu não ia tão cedo para casa. E ainda tive que deixar Ju em casa! Acho que foi esse foi o pior momento da noite. Quero dizer... Se eu estivesse em condições seria o melhor, não é? 
       Cheguei em casa três e meia. Entrei no quarto da Fatinha do jeito de sempre, para contar que havia vencido. Ela já havia dormido. Olhando assim, ela até que tinha um jeito de anjo... Mas só dormindo mesmo!  

NARRADO NOVAMENTE POR FATINHA

     Acordei cedo demais. Não era nem Sete horas ainda. Resolvi ficar pensando um pouco.
     Eu já estava aqui há mais ou menos quinze dias... E tantas coisas já tinham acontecido. Pensei no meu pai. E em como ele devia estar se sentindo sozinho lá no Arizona. Resolvi ligar para ele... Nem pensei em que horas seria lá. 
     — Alô... Pai?
     — Filha! Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?
     — Está pai, não aconteceu nada!
     — Então por que está ligando a essa hora? — Pude ouvir algumas risadas.
     — Eu só estava com saudades... Quando o senhor vem me visitar?
     — Acho meio difícil eu ir... E você quando vem nos visitar? Malu liga todos os dias perguntando por você!
     Malu era minha melhor amiga do Arizona, nos falávamos toda a semana por telefone. Como eu sentia falta dela...
     — Não sei, pai! Mas eu quero muito ir visitar vocês antes de começar as aulas. Começa daqui a 14 dias. Vou ver de ir no próximo final de semana. 
     — Que bom, filha! Vou aguardar, então. Qualquer coisa me ligue. Beijo, te amo.
     — Amo você, pai!