Fatinha olhou o conteúdo da caixa e sorriu. Era um ursinho de tamanho mediano e fofura absurda. Era bem a cara dela, mesmo. Pegou-o e o abraçou. Tinha o cheiro dele... Dele! Um sorriso rasgou em sua face e ela apertou ainda mais o ursinho contra seu corpo, sentindo aquele cheiro que ela tanto sentia falta. Depois, voltou a observá-lo. Entre todo pelo branco tinha uma palavra.Aquela palavra significava tanto para ela que não conseguiu conter: seus olhos ficaram cheios d’água e o sorriso que já não cabia mais em seu rosto, aumentou. “Saudades”. Bruno sentia a sua falta! 
   Olhou novamente para a caixa e viu um envelope branco. Com as suas mão trêmulas e sem força, levou-as até o fundo e pegou-o. Respirou fundo e abriu, começando a lê-lo com dificuldade, já que as lágrimas já inundavam seu rosto.

   Oi, Fatinha.
   Eu, primeiramente, gostaria de dizer que desejo a você um ótimo aniversário. Que você seja muito feliz, porque eu sempre vou torcer para isso. Você merece todas as coisas boas desse mundo, mesmo que não acredite. 
   Eu  queria me desculpar por não responder nenhuma das suas ligações, emails, mensagens e por não ligar para você no dia do seu aniversário. Eu sou um fraco, admito. Eu não tive coragem, não suportaria ver que você já estava bem, longe de mim, enquanto eu sofria aqui junto com a minha solidão.. Mas, para ser sincero, eu não suportaria mais ainda ouvir que você estava mal, sofrendo. Eu sei, isso é um pouco contraditório, mas me desculpe.

 Mas eu estou feliz que você está superando tudo. Eu, de alguma forma, também estou. Não sou hipócrita o suficiente para dizer que não continuo sofrendo,e nem hipócrita o suficiente pra dizer não fiquei com ninguém nesse ano. Eu preferia que você soubesse isso de mim, do que de qualquer pessoa. Você sabe, eu sempre fui sincero ao extremo, desculpe. Mas também não sou nenhum hipócrita para dizer que eu não penso em você e que não sinto sua falta. Eu sinto, e muito. Você se lembra quando eu disse que uma parte de mim sempre amaria você? Então. Alguns dias essa parte grita alto, outras ela não faz tanto barulho... Mas mesmo assim eu a escuto soando bem alto.  
   Feliz aniversário, novamente. 
   Um beijo, 
   Bruno.  

   Fatinha terminou de ler a carta e voltou a chorar,. Ele sentia a sua falta, ele ainda a amava! Tudo bem que ela não ficou feliz ao saber que ele havia ficado com outras garotas, mas quem ligava? Ela, naquela momento, não. 
   Malu saiu do banheiro e encontrou a amiga abraçada ao novo ursinho de pelúcia e a carta nas mãos, enquanto chorava baixinho. Sentou-se ao seu lado na cama e abraçou, passando alguns minutos, enquanto sentia Fatinha se acalmando aos poucos.
   — Você tem que me explicar essa história do Bruno ficar com outras garotas, Malu! – Falou com a voz falhada e ouviu Malu rir um pouco. Seria uma longa noite... Pelo menos ela já tinha recebido todas as visitas pelo seu aniversário. Agora era só ela e Malu.

 — E quando você vai para NY?. 
   — E o que você quer dizer com eu ir para NY?    
   — Ué, Fatinha... Eu pensei que como a temporada de testes para estágios está chegando, você fosse querer tentar... – Falou totalmente sugestiva.
   — Eu tinha esquecido disso! – Falou esperançosa – Você acha que se eu conseguir, Bruno volta comigo? – Seus olhos brilhavam.
   — Eu tenho certeza! Talvez ele demore um pouco, porque ele enfiou na cabeça que vocês namorarem é algo errado, já que vocês são meio-irmãos, mas depois ele com certeza muda de idéia! – Sorriu.

 Passaram-se algumas semanas desde o ocorrido. 
   Feitas as inscrições para o teste de estágio, Fatinha estudava dia e noite. Todos sabiam que ela iria passar, mas ela não se contentava com isso. Tinha que ter certeza. Afinal, o futuro dela estava naquele teste. 
   Ju,Gil,Lia,Dinho e Mel estavam um pouco desanimados. Por que todos tinham que ir para NY? Bruno, Fera, Malu e agora Fatinha? Isso era injusto.
   Mas eles entendiam.
  
   — Alô? – Fatinh respondeu assim que atendeu o telefone.
   — Filha! Como estão os estudos? 
   — Normais – Riu.
   — Espero que não esteja exagerando, estudando doze horas por dia. Você sempre faz isso...
   — Ai, mãe, que mentira! Eram apenas dez...
   — Ah, sendo assim tudo bem, né? – Ironizou brincando – Mas, como eu sei que você vai passar, eu já andei olhando uns apartamentos lá em NY...
   — Sério? – Os olhos de Fatinha brilharam.
   — Sim, eu ainda estou olhando, mas parece que não tem muitos disponíveis... Então, eu estava pensando: por que você não fica na casa de Bruno por umas semanas e quando chegar lá não procura um apartamento para você?
   — O que? – Gritou sem querer.
   — Eu sei, eu sei. Você ainda gosta dele, mas ele continua sendo seu meio irmão, não é? Você não pode deixar que o passado de vocês interfira no seu futuro.
   — Eu vou pensar, mãe. Prometo.
   — Isso, pense e me ligue.