Meu Querido Meio Irmão - Brutinha escrita por Juliana


Capítulo 97
Capítulo 97




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 — Onde ela está? – Bruno perguntou para Malu assim que chegou ao refeitório para o café da manhã. Não precisava citar o nome da fatinha, todos entendiam ao que o “ela” se referia.
   — No quarto descansando. Eu acho que ela passou a noite em claro, porque não quis acordar agora pouco – Ainda não soubera o desfecho da noite passada.
   — A noite em claro? – Ele desviou o olhar rapidamente para Ju, que somente assentiu receosa – Droga. Eu já volto – Saiu. No meio do caminho pegou alguma coisa para comer até chegar ao quarto dela. Passou a noite em claro... Chorando. Ele sabia disso. Tudo bem que Fatinha poderia estar exagerando, mas todos sabiam o quanto ela era sensível... Principalmente quando envolvia Bruno. Mas ela não estava exagerando. Não agora. Mais o que você faria se visse seu namorado se declarando pra pessoa que você mais odeia? Não que isso fosse verdade, mais ela não sabia
   O mesmo bateu levemente na porta do seu quarto, com medo de acordá-la bruscamente. Infelizmente, não o teve resultados, já que Fatinha parecia dormir profundamente. Ou simplesmente não queria acordar...
   — Lia! – Exclamou ao vê-la saindo do quarto ao lado. Devia estar com Mel – Me empresta a chave do seu quarto?
   — Claro, mas o que houve?
   — Nada não – Sorriu fraco como agradecimento e abriu a porta, logo a fechando. 
  Fatinha dormia tão ternamente – e de uma forma tão fofa e única –, que se não fosse os olhos inchados, Bruno nunca acreditaria que ela realmente havia chorado tanto. Ele suspirou. Sentia-se culpado, mas não sabia se agüentaria por muito tempo a quantidade de drama e culpa que Fatinha jogava contra ele sem nem ao menos pronunciar uma palavra sequer. 
   — Fatinha... – Ele sussurrou ao encostar seus dedos em seus braços, tentando acordá-la. Ela abriu os olhos calmamente, talvez achando que a voz de Bruno em seus ouvidos fosse alguma espécie de sonho. Não era. Ele soltou o ar pesadamente ao ver o medo nos olhos dela.

O que Bruno e ninguém sabiam era que antes de finalmente conseguir dormir, Fatinha prometeu a si mesma não ser mais tão sensível e dependente. Prometeu também que não se humilharia mais na frente dele e muito menos aceitasse tudo o que ele falasse apenas por medo de perdê-lo. Afinal, se ele realmente gostasse dela, eles conseguiriam resolver, certo? Começando a botar o plano em prática, ela decidiu não demonstrar-se frágil e, principalmente, tentar disfarçar a quase invencível vontade que tinha de agarrá-lo ali mesmo.
   — O que você quer? – Tentou falar rispidamente, demonstrando toda a sua raiva.
   — Conversar. – Bruno falou sem se abalar com o modo grosseiro dela.
   — Eu não tenho nada pra conversar com você – Deu de ombros e levantou-se da sua cama, indo para o banheiro escovar os dentes.
   — Pois eu acho que você tem – Seguiu-a.
   — Ah, eu tenho? – Falou depois de enxaguar sua boca – E é sobre o que exatamente? Sua linda noite com ela? – Ficou com remorso. Nunca mais pronunciaria o nome “Emily”. E era claro que ela estava se matando em pensamento por tratá-lo assim, mas se não o fizesse, era capaz de Bruno achar que qualquer coisa que ele fosse fazer sairia impune.
   — Fatinha... Por favor, me escuta. Você sabe que eu nunca trairia você.
   — Você disse que a amava e que sempre a amaria... Logo depois de eu ter visto vocês brincando e fazendo não sei o que. Ah, e ainda tem o abraço, o fato de que vocês já terem quase namorado, de que ela me odeia e é apaixonada por você.

— E era exatamente sobre isso que conversávamos! Eu falei para ela que a amava apenas no sentido de amizade, e não como você está pensando.
   — Aham. Sei – Ironizou. Bruno simplesmente não conseguia entender por que ela estava tão difícil naquele momento. Ela sempre fora tão compreensiva...
   — É claro que você sabe! Ou você acha o que? Que eu traí você?
   — Sinceramente? É. Eu acho, mesmo.
   — Fala sério, Fatinha! – Ele revirou os olhos – Quer dizer que abraçar alguém é sinônimo de traição?
   — Eu não estava falando do abraço... – Ela abaixou a cabeça. Bruno sentou-se na sua cama e colocou o seu travesseiro no seu colo, apoiando seus braços lá.
   — Então era do que? – Perguntou sem demonstrar irritação... O que não foi o caso de Fatinha, que soltou uma risada irônica.
   — Também não é pelo fato de que você praticamente se declarou para ela... – Depois de ouvir isso, Bruno bufou – Não. Me deixa continuar... É porque você sempre a perdoa! – Falou dando ênfase no “sempre” – Não importa o que ela faça, você vai que nem um cachorrinho para ela. Mesmo que isso afete diretamente a mim, você quer que eu a respeite. Fala a verdade, Bruno, você já me traiu com ela? – Falou a última frase fraquejando e sentando na cama de Ju, que era na frente da sua – Bruno, me responde!

— Não. Eu me recuso a responder isso.
   — Por quê? Está com medo de eu perceber que você estaria mentindo? – Gritou.
   — Não, Fatinha – Respondeu ainda calmo – Porque eu não acredito que você realmente me perguntou isso.
   — Achou que eu fosse abaixar a cabeça para o que você diz para sempre? – Deu um sorriso irônico. Oh, e ela nem sabia o quando essa frase o havia magoado...
   — É claro que não. Eu nunca quis um dia que você fizesse isso. 
   — Então por que você não responde a minha pergunta? – Falou com a voz fraca, como um sussurro.
   — Porque eu achei que você confiasse em mim.
   — Eu confio... – Novamente, sua voz saiu extremamente baixa, mas o suficiente para Bruno rir e negar com a cabeça.
   — Não confia. Se confiasse não insistiria tanto para eu responder uma pergunta a qual você já sabe a resposta.
   — Bruno.. – Tentou fazê-lo parar, mas aquilo saiu mais como se a mesma estivesse o chamando desesperadamente. Abaixou a cabeça e fez com que a sua máscara caísse completamente, começando a chorar alto.
   — Por favor, não chora... – Ele pediu, mas não se moveu. Não sabia se ia até lá e a abraçava, ou se ia embora. Fatinha estava imprevisível o que fazia com que Bruno ficasse confuso sobre como agir. O que ela queria que ele fizesse, afinal?
   — Tudo bem, – Falou secando as lágrimas e voltando a pose de durona extremamente forçada – você quase me enganou com essa história de confiança. Que feio, .. Querendo me fazer sentir culpada – Balançou a cabeça negativamente e Bruno revirou os olhos pela milésima vez.

 — Olha só, eu vou sair, você pensa bem no que está falando, reflete, depois eu volto e nós continuamos isso, tudo bem? – Tentou falar com o único fio de calma que pairava sobre seu corpo.
   — Isso! Vai embora, Bruno! Você sempre faz isso, não é? Sempre vai embora quando as coisas ficam difíceis para você.
   — É. Talvez eu vá embora, mesmo... – Falou sem pensar.
   — Aproveita e vai lá beijar a Emily, vai – Sorriu irônica – Não, melhor! Aproveita e vai logo para Nova Iorque! Era isso que você queria, não? Que eu deixasse você ir. Aqui está a minha permissão, Bruno. 
   — É isso que você quer? – Perguntou tentando esconder o quão ficara magoado com aquilo.
   — Não, não é isso. – Suspirou – Nunca foi isso e eu sei que eu vou me arrepender. Mas é o melhor agora. Eu acho...
   — Eu sabia que um dia você ia fazer isso... – Murmurou se virando e indo até a porta, a abrindo logo em seguida. Antes de sair totalmente, ainda conseguiu ouvir um sussurro dela:
   — Eu amo você, Bruno... – Fatinha se jogou na cama. Sabia que ele voltaria, então não desatou a chorar.
   “É claro que ele não ia, de fato, para Nova Iorque só por causa daquilo. Ele nunca deixaria os outros amigos aqui por causa de mim... Até parece que ele realmente faria a minha ‘vontade’.“ – Fatinha pensava – “Afinal, Bruno tinha uma vida aqui. Por que ele a abandonaria?”. Seria só esperar. Ele voltaria. E... Que droga! Por que ela havia o deixado encostar em seu travesseiro? Agora o seu cheio ficaria ali para sempre... Fazendo-a lembrar cada vez mais dele.

 — Eu não acredito que você fez isso! – Ju exclamou enquanto adentrava em seu quarto, avistando Fatinha sentada do mesmo jeito que estava há algumas horas, quando Brunoa deixou. Ela estava pensativa, nem havia escutado Ju.Apesar de seus pensamentos a iludirem, o seu coração sentia que ele não voltaria. Ao que tudo parecia apenas a sua mente acreditava que sim... 
   Ju ficou assustada ao ver a amiga ali, paralisada, como se estivesse em outra dimensão. Poderia até questionar se ela estava viva, mas seria uma pergunta inútil, já que nenhum corpo sem vida poderia liberar lágrimas... 
   — Oi – Respondeu depois de minutos. Ju levou um susto, afinal, Fatinha nem havia se mexido!
   — Você... Você está bem? – Perguntou um pouco receosa, tentando escolher as melhores falas.
   — Eu... Claro – Sorriu fraco finalmente trocando de posição e olhando para a sua amiga.
   — É sério? – Perguntou confusa.
   — Por que não seria? 
   — Não sei... Ontem você estava tão mal, e Bruno me contou que vocês... Você sabe... Terminaram... – Falou novamente tentando selecionar as palavras.
   — Ah, é... Mas eu estou bem. Eu sei que ele vai voltar – Sorriu mais uma vez e deitou-se, cantarolando alguma música desconhecida. Ju estremeceu.


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