Meu Querido Meio Irmão - Brutinha escrita por Juliana


Capítulo 94
Capítulo 94




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Antes disso, Fatinha batia constantemente na porta do seu próprio quarto. Havia esquecido as chaves, e as esperanças de que teria alguém ali dentro estavam sendo despedaçadas. Depois de mais alguns segundos, a porta é aberta rapidamente por Ju, que estava com as suas roupas um pouco amassadas e estava com os lábios vermelhos. Tentou sorrir para disfarçar a frustração de ter sido interrompida. Mas logo o desfez ao perceber que Fatinha estava com os olhos molhados.
   — O que vocês estavam fazendo? – Fatinha perguntou assustada, principalmente por ver que Gil também estava no quarto. Ele a olhou com uma expressão demonstrando que era óbvio – Tudo bem, não precisa responder.
   — Na verdade, eu é que pergunto: o que você estava fazendo? Por que está quase chorando?
   — Nada demais, Gil – Falou e sentou-se em sua cama. Pela sua expressão, Fatinha pode compreender o “eu conheço você e sei que não é nada demais, fala logo” – Quero dizer... Eu acho que não é nada demais – Murmurou.
   — Não querendo me meter, mas já me metendo... Se fosse nada demais, você não estaria chorando – Ju suspirou o ar pesado.
   — Eu não estou chorando! – Revirou os olhos e passou as mãos pelos seus olhos, assustando-se ao notar que eles estavam molhados – Ah, não! Eu estou chorando! – Reclamou rindo fraco.
   — O que houve? – Gil parecia preocupado. Afinal, Fatinha era importante para ele. Não pelo fato de terem namorado, mas porque eles eram amigos desde sempre. Melhores amigos, na verdade. Foi Gil quem secou a primeira lágrima dela por algum garoto. Foi ele quem a amparou quando seus pais se separaram. Assim como fatinha também sempre esteve lá para ele em todos os momentos. 
   Foram feitos um para o outro, mas por ironia do destino não foi por fatinh quem Gil se apaixonou de verdade, e também não é em Gil que ela pensa a toda hora. Ao contrário, ela pensava no primo dele... Bruno. Sim, aquele por quem ela está chorando agora.

— Eu não sei o que houve, tá legal? Não tenho certeza...
   — Como assim,?
   — Eu briguei com o Bruno, Ju. – Falou e abaixou sua cabeça logo em seguida.
   — O que ele fez? – Gil perguntou ríspido. Ela respirou fundo e contou a história de uma forma resumida, mas o que foi suficiente para deixar os dois ouvintes irritados – Desgraçado.
   — Não, calma, Gil... – Ju tentava entender tudo. Sabia que garotas quando estavam magoadas distorciam um pouco a história, então resolveu esperar a versão de Bruno para poder tomar uma conclusão: socá-lo até a morte, ou simplesmente dar um jeito de eles voltarem – Por que você não vai falar com ele? 
   — Para que? Ver ele dando em cima de outra garota? Passo.
   — Você sabe que ele nunca faria isso!
   — Aham. Ele nunca deve ter feito isso com nenhuma garota, não é? – Fatinha deu uma risada irônica.
   — Ah... Eu quis dizer que ele nunca faria isso com você! – Ju corrigiu.
   — Eu não vou falar com ele! Sem chances!
   — A Ju está certa, fatinh. Vocês estavam irritados e falaram sem pensar. Agora, que você já está mais lúcida, e ele com certeza também já está, eu acho que é uma boa hora para você ir lá.
   — Isso se ele já não estiver bêbado, não é?
   —Fatinha!
   — Tá, tá! Eu vou! – Revirou os olhos – Mas vocês não acham que se ele estivesse arrependido, ele já não teria vindo falar comigo?
   — Bruno é orgulhoso, você sabe – Ash falou.
   — Ou ele pode estar no meio caminho agora, não é mesmo? – Gil brincou. Já estava calmo novamente.
   — Ah, deve estar, Gil – Fatinha riu brincando também e saindo do quarto. É... Devia estar, Gil.

Fatinha andava pelos extensos corredores enquanto pensava no que dizer. Afinal, nas poucas vezes em que brigavam, era ele quem ia atrás dela. Estava ansiosa e ao mesmo tempo pedia para que o corredor não acabasse nunca. Ela não fazia a mínima idéia do que fazer quando visse ele. Pensou em voltar para o quarto, mas Gil e Ju com certeza a repreenderiam. Injustiça. 
   Então, começou a ouvir algumas vozes e uma pessoa chorando ao fundo. Seria mais um casal brigando? Talvez a noite não estivesse sendo a melhor para outras pessoas também. Tentou ignorar o que eles diziam, não queria bisbilhotar ninguém e pretendia passar direto pelo saguão. Assim, não ficaria abalada vendo outra garota chorar. 
   Chegando mais perto, conseguiu reconhecer duas pessoas sentadas no sofá. Não via direito o rosto das pessoas, mas conseguia ver o garoto tentando acalmar a menina, inutilmente. Andando mais um pouco, pode ouvir uma voz grave e que ela reconheceria em qualquer dizer:
   — ..., mas você sabe que eu vou sempre amar você – Ele disse e os dois se abraçaram. Oh, não. Bruno não podia estar falando sério. Sempre amaria Emily? Isso não fazia o menor sentido! – Você está melhor? – Perguntou a ela. A garota apenas assentiu e levantou-se, saindo do saguão. 
   fatinha estava estática, apenas observando a cena. Parecia estar em outra dimensão, apenas com os olhos para aquele saguão. Ah, como ela queria que seus olhos estivessem em outro lugar também... Abriu e fechou a boca várias vezes, pensando se realmente deveria falar algo naquela hora. Percebeu uma lágrima caindo de seus olhos e sentiu-a fazer um trajeto lento e silencioso pelo seu rosto, morrendo em seu queixo.

Bruno entrou no saguão e arregalou os olhos. Estava de costas para a pessoa que provavelmente estava sentada no sofá e chorando freneticamente. Não, ela não podia estar ali. Pensou em encontrá-la no quarto, no máximo no banheiro, mas não no meio da sala. Virou-se lentamente e ficou ainda mais surpreso ao ver que não era Fatinha que estava ali.
   — Emily? – Perguntou um pouco assustado. A garota apenas levantou um pouco a cabeça, o mirando e voltando a chorar ainda mais alto – O que houve? – Tentou novamente. Ela tentava falar, mas cada vez que começava, um soluço a atrapalhava. Bruno se sentou ao seu lado e tentou acalmá-la, o que só fez com que a garota chorasse ainda mais. O que estava acontecendo, afinal?
   — Eu sinto muito... – Falou finalmente, fungando no final.
   — Pelo que?
   — Eu sei... Que você e a Fatinha brigaram por minha causa...
   — Ah, não se preocupe com isso. Nós brigamos, mas logo já estamos bem de novo. Não foi só sua culpa.
   — Eu não tinha terminado. Eu quis dizer que eu me sinto mal com isso. Mas me sinto mais mal ainda em saber que daqui a alguns minutos você vai lá falar com ela, vocês vão se beijar e tudo vai estar bem de novo. Sabe, eu não sei o que está acontecendo comigo. Eu tinha um “plano”. Era para eu dar um jeito da Fatinha vir aqui agora e nisso eu agarrar você, ela ver e enfim, você sabe... – Emily falou como se isso fosse normal e revirou os olhos. Bruno riu fraco com isso.
   — E por que você faria isso? – Tentou ser o mais compreensivo possível.

— Não sei – Murmurou – Mas eu não consegui fazer isso. Eu acho que estou começando a aceitar a idéia de que vocês se amam e nessa história quem sobra sou eu.
   — Ah, Emily... Para com isso. Você tem 18 anos e a vida toda pela frente.
   — Antigamente era tudo tão mais fácil, não era? – Os dois sorriram fraco – Mel e eu éramos amigas... Ela, você, Fera e eu vivíamos grudados. Você se lembra o que sua madrasta dizia? Que nós dois nos ainda nos casávamos... – Suspirou e deu uma risada leve e sem humor – E eu acreditava... O que ninguém não sabia era que a filha dela quem ocuparia o seu coração – Murmurou olhando para o nada. Não queria ver como Bruno estaria reagindo naquele exato momento. 
   — Sabe que eu nunca entendi porque você e Mel brigaram? – Questionou tentando ignorar a última parte do comentário dela – Vocês faziam tudo juntas, pareciam irmãs. E, de um dia para o outro, nem se falavam mais. Até hoje é assim. Quando falam é só para brigar.
   — Vamos ser sinceros, Bruno. Nós duas mudamos. Na verdade, nós quatro. Infelizmente, eu segui outro rumo. Mas eu queria que as coisas fossem diferentes agora. Eu sei que eu ainda falo com você e Fera, mas não é como antigamente. E eu sinto falta da amizade de vocês três... Porque às vezes eu me sinto tão sozinha – Abaixou a cabeça e voltou a chorar.
   — Não... Você sabe que a Mel sente a sua falta! Ela se faz de durona, mas dá para ver que vocês se brigam porque são duas orgulhosas – Revirou os olhos – Eu e Fera também sentimos... Mas você sabe que eu sempre vou amar você – Sorriu e a abraçou. Emily ainda chorava feito uma criança e com essa última frase só aumentou mais o ritmo das lágrimas – Fera e Mel também – Ele sussurrou – Você está melhor? – Perguntou. Ela apenas se desprendeu dele e assentiu, já sorrindo um pouco.

  Sinceramente, ela não estava. Mas ficava feliz em saber que poderia ter Bruno pelo menos como amigo depois de tudo. Ficava mais feliz ainda em ver que ele ainda se preocupava com ela como antigamente. Murmurou um “obrigada” e saiu do saguão. Parece que realmente Emily mudou.
   Bruno respirou fundo e apoiou sua cabeça na palma da sua mão, enquanto seu cotovelo estava apoiado em sua perna. Ouviu alguém além dele respirar por ali, mas deduziu que alguém estivesse nos quartos, fazendo algo que ele não queria pensar. Bom, não naquele momento. Ainda tinha que se entender com Fatinh.
   Levantou-se e virou-se para o corredor. Encontrando a mesma ali, estática. Chorando. De novo.
   — Fatinha... – Tentou falar algo. De fato, ele não sabia o porquê das lágrimas dela. Será que ainda não haviam cessado desde aquele momento?
   — Não fala nada, Bruno – Ela disse com raiva – Você ama tanto a Emily, não é? Vai atrás dela, então – Gritou e tentou sair dali o mais rápido possível, indo direto para o quarto.
   — O que? – Perguntou inutilmente. Não estava entendendo nada. Então, como uma luz, a idéia de que Fatinha só tivesse escutado a última parte do seu diálogo com Emily passou pela sua cabeça. Merda.


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