Meu Querido Meio Irmão - Brutinha escrita por Juliana


Capítulo 88
Capítulo 88




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   Sábado. Há quanto tempo eu não pronunciava essa palavra com animação? Faz pelo menos três sábados que eles eram sinônimos de estudos. Ou de dormir. Mas, agora, finalmente toda a minha tristeza, angústia ou até mesmo tédio, se foi. Eu acordara muito tarde, isso era um fato. O meu café da manhã foi praticamente o meu almoço, isso era outro fato. Eu ainda não tinha visto Bruno neste dia, mas depois eu soube que ele estava jogando futebol com Fera e Gil. Menos mal, ele não estava com uma garota. Oh, meu Deus, é tão bom poder sentir ciúmes dele de novo sem que me chamem de louca! 
   — Maria – Me chamaram. Eu estava no saguão com Malu, mas só por ser chamada assim eu já sabia de quem se tratava.
   — O que você quer, Emily?
   — Fiquei sabendo que você e Bruno voltaram... – Ela falou tentando ser indiferente.
   — Voltamos. 
   — Bem... Boa sorte – Deu um sorriso forçado. Não que fosse falso, mas neste momento eu percebi o quanto difícil estava sendo para ela estar ali. Ela, então, gostava mesmo de Bruno.
   — Obrigada – Murmurei com um semi-sorriso. Ela apenas assentiu e saiu – O que foi isso? – Perguntei para Malu. Ela suspirou e virou-se para mim.
   — Tudo bem. Mas eu não te contei nada, ok? – Perguntou e eu confirmei com a cabeça – E também não mate Bruno por isso! 
   — Fala logo...
   — Eles voltaram a ser amigos – Ela falou calmamente e eu fiz uma expressão horrorizada.
   — O que? Desde quando?
   — Semana passada. Eu os vi conversando e perguntei o que estava acontecendo. Ele disse que ela havia pedido desculpas e ele havia aceitado. Mas, não fique brava, ela não tentou mais nada com ele, eu juro.
   — Não estou brava. Eu confio nele... – Falei tentando parecer segura.

  — Bruno! – Exclamei quando o vi chegando ao saguão. Ele sorriu. 

   — Já volto, vou tomar banho – Riu enquanto passava as mãos pelo seu cabelo molhado, provavelmente por causa do suor. 

   — Ele é muito lindo, não é? – Falei para Malu quando vi que ele já tinha entrado no quarto. Meus olhos brilhavam da forma mais babaca possível e é claro que eu tinha falado aquilo sem pensar. 

   — É, sim – Falou rindo do meu estado. Eu a fuzilei com o olhar –... Mas eu prefiro o Fera é claro! – Corrigiu e eu gargalhei.

   — Eu sei. 

   — Acho que já vou indo, não quero atrapalhar o casal.

   — Mas ele está no banho.

   — Eu sei. Entretanto, se ele já está aqui, quer dizer que Fera também já saiu do campo. Então, me desculpe, mas eu estou indo – Falou. Eu ri.

   — Tudo bem.

 — Oi! – Bruno falou antes de me dar um selinho e se sentar ao meu lado.
   — Ah, oi! – Meus olhos brilhavam novamente. Ele riu com a minha empolgação e eu o abracei, apoiando minha cabeça em seu peito – Seu coração... Está batendo rápido – Observei ainda sem olhá-lo.
   — Eu sei. Ele está assim desde ontem à noite – Falou e eu me virei para encará-lo. Abri o maior sorriso do mundo e me aproximei para beijá-lo. 
   Era incrível como a cada beijo eu me sentia mais arrepiada. Era para ser ao contrário, não era? Mas eu me sentia mais desacostumada a cada segundo. E quer saber de uma coisa? Eu adorava essa sensação. Cada corrente elétrica que passava pelo meu corpo ao sentir sua mão firme em minha cintura, cada pelo que se eriçava ao sentir o toque da sua língua na minha, ou até mesmo o alívio que eu sentia ao estar nos braços dele. Eu me sentia segura lá, isso era perceptível. 
   Quanto mais Bruno se demonstrava imprevisível, mais eu me sentia presa a ele, da maneira mais louca e pacífica do mundo. E saber que ele sentia o mesmo por mim, era a melhor sensação do mundo. Não, uma das melhores. Estar totalmente rendida a ele... Essa sim era a melhor. Mesmo meus pulmões estarem ardendo em busca de ar, eu não me importava. A sincronia das nossas línguas era perfeita demais para ser quebrada. 
   Entretanto, viver também era bom, não é? Ele afastou um pouco seu rosto do meu, levando meu lábio inferior junto aos seus dentes, mordendo levemente, e logo voltou a me beijar, fazendo a pausa somente para respirar. Agradeci mentalmente por ele ter feito isso e concentrei os meus instintos somente no beijo, enquanto meus pensamentos estavam à mil.

  — Fatinha? – Bruno me chamou depois de alguns segundos de silêncio.
   — Sim? 
   — Quem era aquele cara que você estava conversando ontem? – Perguntou e eu ri.
   — Eu não sei o nome dele... Mas por quê? Você ficou com ciúmes? – Ri novamente.
   — Hm... Fiquei – Falou sério.
   — Isso é bom – Sorri e o abracei. Ele riu pelo nariz.
   — É? – Ele disse ainda com a cara fechada.
   — Sim. Quer dizer que você se preocupava comigo – Apertei o abraço – E você com ciúmes é mais fofo do que eu xingando todas as garotas que você ficou nesse meio tempo – Falei e ele riu – Quem era a garota que você ficou ontem? – Perguntei olhando nos olhos dele. Ele pareceu franzir a testa, como se estivesse pensando – Você não sabe, não é? – Ri.
   — Ah, claro que sei! Mellany... Mellody... Melly... Tudo bem, eu não lembro o nome dela – Falou. Sorri e me inclinei para beijá-lo, em um selinho demorado. Sorri novamente ao me afastar dele. 
   — Sabe... Ontem, quando eu vi você e essa Mellany, Mellody ou Melly, foi... Bem difícil.
   — Difícil como?
   — Não sei, eu me senti estranha. Foi como se você preferisse estar cada dia com uma, do que todos comigo – Encarei-o e ele riu leve.
   — Eu não acredito que você pensou essa mentira – Passou seus braços pelo meu pescoço e me puxou até ele, dando-me um beijo forte na minha bochecha e me fazendo dar um sorriso largo. Eu não disse? Imprevisível. Sempre e sempre.

  — Sabe... Isso tudo é muito estranho. Você é popular. E eu? Provavelmente sou vista como nerd. Tem como ser mais clichê? – Sorri fraco.
   — Eu não me importo com tudo isso – Ele deu de ombros.
   — Não, nem eu, só que... A Emily... – Comecei, mas fui interrompida.
   — Não tem o que se preocupar. Eu amo você e ela não pode mudar isso – Falou e eu sorri enquanto apoiava minha cabeça em seu ombro. Ele começou a e brincar com o meu cabelo com uma das suas mãos.
   — Eu também te amo. E acho que isso já ficou bem claro – Ri – Mas eu quase morri sem você.
   — Eu sei que eu demorei.
   — Demorou, mesmo – Sorri fraco.
   — Me desculpe – Falou ainda enrolando a ponta dos meus cabelos – Mas você deveria saber que não importa o quanto eu demore, eu sempre voltarei para você – Ai meu Deus. Olhei para cima e meus olhos encontraram os dele, o que me fez alargar ainda mais o meu sorriso.
   — Eu vou até anotar essa frase para a próxima vez que nós brigarmos – Brinquei e ele riu.
   — Como quiser – Ele disse. Quando percebi, minha mão e a dele estavam entrelaçadas. Encarei aquilo surpresa, já que era a primeira vez que nós estávamos de mãos dadas, e ainda mais sem nenhum dos dois perceber. O seu polegar começou a acariciar esta mão, mas ele pareceu não ver isso, pois estava concentrado enrolando a ponta dos meus cabelos com a outra. Sorri me aconchegando ainda mais no seu ombro. A vida é ótima.

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 — Para, Gil– Gritei gargalhando e me contorcendo deitada na grama úmida. Era uma segunda feira e só um doente ficaria triste ao lado do raio de sol. Sim, lê-se: Gil.
   — Eu nem encostei em você! – Ele riu.
   — Não, imagina! Você sabe que eu sou sensível a cócegas.
   — Você só é fresca – Brincou e eu dei de língua.
   — Eu não acredito que você disse isso! – Dei um tapa em seu braço.
   — Ouch. Você não deveria bater em alguém que é mais forte que você.
   — Ah, sim. Como se você fosse me bater agora mesmo – Sorri cinicamente e ele sorriu.
   — Feminista.
   — Machista. E eu sou mais forte que você, sim! – Falei e ele deu uma risada irônica. Prendi o riso e aproveitei que ele estava deitado e sentei em seu peito. Ele tossiu.
   —Fatinha, eu não sei se você sabe, mas eu amo respirar – Disse com a voz falhada. Gargalhei.
   — Só saio porque sou sua amiga – Levantei-me. Então senti algo puxando as minhas pernas e fazendo-me cair deitada levemente. Logo,Gil deitou-se em cima de mim. Eu ri, mas logo senti uma falta de ar.
   — Gil! 
   — O que foi? Não está confortável para você? Para mim está.
   — Fala sério, você faz isso comigo há quase dez anos.
   — Eu sei, e você nunca consegue sair – Ele gargalhou.
   — Isso é porque eu sou uma menina delicada – Falei rindo e ainda tentando respirar – E meninas delicadas precisam de ar para sobreviver – Depois disso, ele rolou e se deitou ao meu lado.
   — Eu falei que você era fresca.
   — Um dia eu devia matar você. O que acha?
   — Não... Você não conseguiria. Você me ama.
   — Realmente. Você é um carma – Falei e ele riu.


   O dia já estava quase anoitecendo. Gil e eu ainda estávamos brincando e deitados na grama. 
   — Chega, cansei. Você está me desviando dos estudos. Eu não estudei à tarde por sua culpa – Dei de língua e ele riu.
   — Eu aposto que a sua média é A em todas as matérias. Para que estudar mais?
   — Porque eu posso chegar em um A+, Gil.
   — Você se preocupa muito com os estudos... Tem que relaxar mais.
   — Mas eu gosto de estudar!
   — O que? Nunca mais repita isso, mocinha! – Brincou e pulou em cima de mim.
   — Sabe, isso tinha mais graça quando você não era tão pesado – Falei com a voz abafada e ele riu, saindo de cima de mim. Então, nós dois vimos uma garota parada na nossa frente. Mais morena que nunca e com uma expressão nada boa, Ju estava estática.
   — Oi, Ju! – Gil falou animado. E apenas sorri um pouco receosa.
   — Oi, Fatinha. Oi,Gil. Quando terminarem de “brincar” – Ela fez aspas com os dedos nesta última palavra – me chamem. Tchau – Sorriu irônica e saiu.
   — Juliana! – Gil tentou gritar, mas ela ignorou – O que deu nela? – Perguntou confuso.
   — Não sei... Entretanto, acho que tenho uma idéia. Vem, vamos para o saguão comigo. Mas eu quero falar com ela sozinha, será melhor.
   — Se você acha que é melhor... Mas o que houve?
   — Ai, Gil, para de ser tapado – Dei um tapa no seu braço e ri. Ele se levantou e me puxou para cima.


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