Meu Querido Meio Irmão - Brutinha escrita por Juliana


Capítulo 83
Capítulo 83




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 — Tudo... Isso. Como você disse, a Fatinha é muito sensível, frágil. E... Eu tenho medo de machucá-la. Mais do que eu já machuquei, é claro. Ela é diferente de mim. É inocente, meiga. Não vou mentir e dizer que não gostei de beijar aquela garota hoje. Aliás, qual era mesmo o nome dela? Mandy, Mellany, Miranda... Bem, não importa. Ela era como eu. E nós sabemos que não nos veremos amanhã, porque faz parte do relacionamento que nós costumamos levar com outras pessoas. Agora, com a Fatinha não é assim. Ela é mais do tipo relacionamento sólido, vive em um conto de fadas. E eu não sou um príncipe.
  — Vendo por esse lado, você tem razão. Mas, então, por que insiste em ficar no “quase”? Está apenas enganando ela...
  — Porque eu simplesmente não consigo terminar com ela. 
  — Isso é porque você sente algo forte por ela – Sorri.
  — Talvez seja, talvez não. Eu nunca conversei sobre sentimentos, pare de me manipular – Brincou e eu ri. 
  — Posso lhe falar o que eu acho? Eu acho que você sabe, sim, o que sente por ela. Mas tem medo de contar. Você acabou de dizer que não conversa sobre sentimentos. Isso deixa você receoso, sem saber como agir. Isso é tudo novo para você, eu entendo. Mas quando você decidir contar para ela que ama ela também, isso se você amar, saiba que pode ser tarde demais. 
  — Você virou psicóloga agora? – Ele riu.
  — Não, mas eu sou uma ótima amiga – Sorri. 
  — Ah, então tudo bem, senhora ótima amiga.
  — Isso aí. Com quem Fera está conversando? – Perguntei tentando olhar quem era a ruiva na sua frente. 
  — Naomi. 
  — Ah, sim! Ajudou muito, Bruno – Ironizei.
  — Uma garota que o persegue desde o colegial.

— Isso quer dizer que podemos presenciar uma garota o agarrando aqui? – Gargalhei.
  — Sim. Ou ele fugir correndo.
  — Você é mau. Está vendo seu amigo em uma situação difícil...
  — ... e engraçada.
  — Difícil e engraçada e nem vai ajudá-lo.
  — Ele também é seu amigo.
  — Não falo muito com ele – Falei e me virei para ver Fera. Ele estava com uma expressão muito engraçada, como se quisesse sair correndo. E sim, ele queria – Tudo bem, você tem que ajudá-lo... Coitado – Eu ri.
  — Vai você – Sorriu.
  — Não! Por que eu?
  — Porque você é uma ótima amiga, lembra? Vai lá.
  — ‘Tá – Semicerrei os olhos olhando na direção de Bruno, que riu, e me levantei indo em direção à Fera.

 — Oi – Sorri enquanto me aproximava dos dois.
  —... Com a Maria Luiza! – Ele falou rapidamente – É por isso que eu não posso sair com você, já estou saindo com a Malu, desculpe. – Disse enquanto eu fazia uma expressão confusa. Ele passou seus braços pelos meus ombros e apertou um deles, como se dissesse para eu continuar a fingir.
  — Ah... Eu entendo – Naomi abaixou a cabeça. Eu apenas sorri. Era obvio que eu não sabia o que dizer. Falem sério, eu não minto, sou direita! He.
  — E agora nós temos que ir – Ele falou apressadamente. 
  — Temos? – Perguntei confusa e ele apertou ainda mais o meu ombro – Ah, é! Temos! Tchau, Naomi! 
  — Tudo bem, também já vou... Tchau – Disse cabisbaixa e saiu com os braços cruzados. Fera me abraçou.
  — Meu Deus! Obrigado por ter salvado a minha vida, obrigado, obrigado, obrigado – Disse fazendo-me rir.
  — Coitada... Ela gosta de você, saiu triste daqui.
  — Mas eu não gosto dela – Ele revirou os olhos – E o que você estava fazendo exatamente no lugar em que eu precisava? – Franziu a testa, como se pensasse.
  — Eu estava conversando com Bruno. 
  — Com Bruno? Aqui? Nesse lugar vazio e escuro? Conversando? Aham – Abriu um sorriso irônico. 
  — Cala a boca! – Gargalhei – Era sobre Fatinha... Ela está mal, poxa!
  — Ela que é sensível demais. Não sabe aproveitar a vida.
  — Você fala isso só porque ela não quis beijar você, queridinho.
  — Não fale bobagem, eu estava bêbado.
  — Sei bem a sua fama...
  — Isso é bom, quer dizer que falam de mim – Ele sorriu – Agora eu vou voltar para festa. Tenho que honrar a minha “fama”, certo?
  — Certo, certo – Ri.
  — Tchau, salvadora! – Brincou.

— Vamos sair! Vocês vão ficar nesse quarto o dia inteiro? Hoje é sábado! As pessoas saem em um sábado! – Falei para fatinha,Lia e Ju

  — Está frio – Ju resmungou se aconchegando embaixo da sua coberta.

  — Vocês parecem três velhinhas – Revirei os olhos.

  — Não, espera, Malu. Aonde você quer ir?

  — Não sei... Em qualquer lugar? Vamos dar uma volta!

  — Ah... – Lia também resmungou e deitou-se na sua cama – Eu estou cansada. Ontem à noite teve festa, fui dormir tarde.

  — Mas também! O que você e o Dinho ficaram fazendo, em, danadinha? – Brinquei.

  — Não é? Depois de um tempo vocês sumiram da festa! – Ju gargalhou.

  — Calem a boca! – Lia envergonhou-se. Ela já estava ficando corada e sem jeito.

  — Ai meu Deus. Quer saber? Eu vou andar sozinha. Se algum maníaco me agarrar, sintam-se extremamente culpadas por isso. Passar bem – Falei séria e elas riram.

  — Tchau, Malu – Fatinha falou baixo de onde estava deitada.

  — Olha, até que enfim você falou alguma coisa, em? Achei que já tinha dormido – Ri e saí do quarto. 

  Eu, de fato, não sabia aonde ir. Resolvi dar uma volta pelo pátio, ou qualquer coisa do tipo. Lá não estava muito cheio, talvez todos estivessem cansados. Claro! Ficam furnicando até altas horas, tem mais é que estarem indispostos mesmo. Só eu que sou santa. Eu e Fatinha, mas ela é santa demais.

 Sentei-me em um banco e observei o pouco movimento à minha frente. Havia grupinhos de pessoas conversando animadamente, outros conversando como pessoas normais... E ainda tinham aqueles que aproveitavam o ambiente calmo para estudar. É. Em um sábado, vai entender. Aconcheguei-me melhor no banco, cruzando as pernas como “índio” e fechando os olhos. Talvez assim eu conseguisse inspirar melhor. Ultimamente eu ando me sentindo estranha. Não diferente, mas solitária. O que de fato me revoltara na noite anterior fora que todos já estavam no rumo do seu final feliz, menos eu. Isso pode parecer meio clichê, mas eu me sinto insegura em relação ao amor. Nunca tive uma relação sólida de verdade, por isso entendi perfeitamente quando Bruno não quis contar se sentia ou não algo por Fatinh. 
  Acho que eu me identifico com esses californianos que só pensam em se divertir. A vida é curta, chorar por alguém não vai lhe trazer essa pessoa de volta. Não que isso tenha sido uma indireta para alguma amiga minha... Tudo bem, foi sim. Não vou mentir que nunca sofri por amor. Já sofri, sim, e muito. Mas foi com esse sofrimento que eu pude crescer em estado psicológico. Eu havia me entregado de corpo e alma para o amor. Na verdade, apenas de alma – por favor, acredite, eu sou virgem. E, no fim, eu apenas me decepcionei. Eu idealizei uma pessoa que não existia. Para quê? Chorar, chorar e chorar. Foi nessa época que eu consegui levantar a cabeça e prometer a mim mesma que nunca mais ficaria mal por algum garoto. Quer saber uma verdade? Eles não merecem. E também foi nessa época, momento em que eu fiquei tão triste, que eu jurei nunca mais ser uma pessoa melancólica. Desde então eu sigo alegre, sempre de bom humor. Tenho uma meta que é levar a alegria e o alto astral para as outras pessoas. Alegria essa que foi tirada bruscamente de mim antigamente. Mas ninguém sabe disso. Ninguém além de Fatinha, é claro, que foi praticamente o meu porto seguro quando isso aconteceu.

  Fatinha, para mim, é a forma viva de um anjo. . Não digo isso porque ela é minha amiga, mas ela realmente me ajudou quando mais precisei. E sei que também já a ajudei muitas vezes. É muito irônico que uma pessoa como ela fique com outra pessoa como Bruno. E é mais estranho o fato de ela estar mudando ele. Ou quase mudando... Não sei, o futuro é um mistério. 

  Foi pensando nisso que sou pega de surpresa com Fera correndo e sentando-se ao meu lado, ainda ofegante.

  — Está fora de forma, em? Nem deve ter andado muito e já está aí morrendo – Perguntei rindo e ele deu uma risada irônica.

— Andado muito? – Ele respirou com dificuldade – Eu praticamente corri esse campus inteiro.
  — Algum tipo de dieta?
  — Não, algum tipo de fuga.
  — Naomi.
  — Exato. Ela não acreditou no que eu disse antes.
  — Se ferrou – Gargalhei e recebi um leve tapa no braço e um olhar que me repreendia.
  — Então você se ferrou comigo.
  — Ah, para. Você já me obrigou a mentir e ainda quer levar essa história à diante? Mate essa Naomi logo! – Revoltei-me – Não, espera. Não a mate, não a mate. Não quero ser presa como mandante de um crime.
  — Malu, às vezes eu sinto que você não ouve o que diz. 
  — O que quer dizer com isso?
  — Nada. Argh, ela está vindo.
  — E agora? 
  — Não me mate por isso – Ele me avisou.
  — Pelo o qu... – Fui interrompida bruscamente por lábios macios selando os meus. Tentei impedi-lo, mas ele era mais forte que eu. 
 Fera beijava bem. Ah, é claro que beijava, ele faz isso direto. Abri meus olhos discretamente e pude ver Naomi virando as costas e saindo com a cabeça baixa. Separei os meus lábios dos deles rapidamente.
  — Legal, legal, acho que já chega – Falei um pouco sem jeito. Droga, por que eu estou sentindo as minhas bochechas queimarem? Ah, não. Eu estava corando! Odeio a minha sensibilidade. Ele riu.
  — Eu sei que você não queria que eu parasse – Ele falou com um sorriso convencido nos lábios. Lábios que há pouco tempo estavam encostados nos meus. Isso foi estranho.
  — Como você é presunçoso! Você praticamente me agarrou no meio do pátio e eu é quem não queria que parasse?
  — Você sabe que eu fui obrigado a fazer isso.
  — Ou talvez você mentiu sobre isso – Dei um sorriso vencedor e levantei-me do banco, andando rapidamente até o saguão. Encontrei Bruno sentado no sofá, jogando algum tipo de videogame. Parei em sua frente, impedindo-o de ver a televisão.
  — Ah... Posso ajudar,?
  — Pode – Falei um pouco em pânico – Pausa essa merda que a coisa é séria.

— O que houve com a Fatinha? – Ele falou rapidamente e eu fiz uma expressão confusa, mas logo mudei para a de contentamento.
  — Você se preocupa com ela – Sorri.
  — Fala o que aconteceu.
  — Não é sobre Fatinha, é sobre... Bem, Fera.
  — O que ele fez? 
  — Ele me... Me... Me...
  — Fala, Malu!
  — Ele me beijou! – Falei afundando minha cabeça em uma almofada para impedir que Bruno visse meu rosto vermelho e quente de vergonha. Pude ouvir as suas gargalhadas ainda sim.
  — Era isso? Fera beija dez garotas por dia, isso é comum – Ele falou aparentemente sem pensar.
  — Nossa, Bruno! Muito obrigada, me sinto bem melhor! – Revirei os olhos e ele murmurou um “me desculpe” – Mas me deixe falar o que aconteceu. Ele me disse que Naomi não tinha acreditado que nós estávamos saindo, então quando ela apareceu, ele praticamente me agarrou no meio do pátio!

— Eu ainda não entendi o porquê de toda essa revolta.
  — Como você não entende? A Fatinha! Ela vai me matar quando souber! Ela tem um desprezo enorme por ele, e me falou várias vezes para não me envolver com ele. Eu aposto que ela vai ficar brava comigo...
  — Ela não ficaria brava por causa disso.
  — Nunca se sabe!
  — É melhor você ir falar com ela...
  — Não, agora não. Ela está frágil e qualquer coisa pode deixá-la pior – Falei.
  — Será melhor que ela descobrir por outras pessoas, como Fera ou a própria Naomi.
  — Odeio quando os outros têm razão.
  — Mas eu tenho sempre – Ele brincou.
  — Ah, cala a boca! – Gargalhei.


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