Meu Querido Meio Irmão - Brutinha escrita por Juliana


Capítulo 81
Capítulo 81




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  Ainda com dificuldades para andar, respirar ou pensar, fui até o saguão. Emily estava lá. Rindo com uma de suas cópias. Oh, que meiga. Acho que chega de ser boazinha, não é?
  — Emily– A chamei friamente.
  — O que foi, amiguinha? – Ironizou andando e rebolando até mim.
  — Nada, só queria lhe dar um presente – Sorri com sarcasmo e enchi a palma da minha mão com a sua cara. Neste momento, o tapa que eu dei em seu rosto ecoava alto por todo o saguão. Não fora muito forte, mas muito estralado. O que os olhos vêem, o coração sente... Algumas adaptações fazem bem.
  — Sua... Vadia! – Gemeu enquanto colocava a mão sobre sua face vermelha. Apenas ri e saí, ainda cambaleando pelo fato de minha visão estar embaçada com minhas lágrimas. Entrei no meu quarto e lá estavam Gil, Dinho, Lia, Malu e Ju. Eles olharam para o meu rosto no mesmo momento que eu entrei. Segundos depois, vi uma Mel entrar no quarto também, um pouco afobada.
  — Não sei por que você fez isso, mas obrigada! Você realizou o meu sonho de bater na Emily – Me abraçou enquanto eu tentava esboçar um sorriso. Os outros ficaram ainda mais confusos.

— Você bateu na Emily? – Malu arregalou os olhos e eu assenti – Por quê? 
  — Ela... Ela... Eu... Bruno. – Tentei achar as palavras certas, mas assim que mencionei o nome dele, foi como se uma lâmina tivesse raspado meu coração. Minhas lágrimas se intensificaram e eu me joguei em uma das camas vazias, afundando minha cabeça no travesseiro. 
  — Fatinha, o que houve entre você, ela e Bruno? – Malu se sentou na beirada da cama em que eu estava deitada.
  — E-eu estava no sofá assistindo televisão – Parei e respirei fundo. Todos prestavam atenção no que eu dizia, todos com olhos receosos e penalizados – Emily chegou chorando e pedindo desculpas para mim...
  — E eu não acredito que você a perdoou – Ju lançou um olhar reprovador.
  — Ela tinha se ajoelhado! – Me defendi – Mas deixe-me continuar... – Contei toda a história para eles com todos os detalhes. Não sei por que, mas eles pareciam não acreditar no que estavam ouvindo. Estavam todos estáticos e assustados –... E então eu a vi no saguão. Eu estava tão irritada e perturbada que não resisti. Não sou de ferro, dei um tapa em sua cara. Sei que não foi com força, até porque eu não sou forte, mas espero que ainda sim tenha doído. 
  — Você está certa – Ju disse e todos olharam para ela, inclusive eu, com uma expressão confusa. Na minha visão, eu não era a certa da história.
  — Como assim?
  — Bruno não sabe o que sente por você. Você só se magoaria mais se continuasse com isso. Acredite, foi melhor assim. E se acaso ele descobrir que ama você, eu sei que vocês voltarão. Porque você o ama, e não será tarde demais. Nunca será.
  Sorri levemente. Fazia sentido. Senti como se um peso houvesse saído das minhas costas, eu não era a culpada, afinal.
  — E eu espero que assim seja – Sorri fraco com os olhos em puro brilho. Uma parte pelas lágrimas, que insistiam em descer, outra pela esperança que pulsava em minhas veias.

 Ao contrário do que pensei, a semana passou assustadoramente rápido. Sem Bruno, tive que me preocupar mais os estudos e simplesmente afundei minha cabeça nos livros. Literalmente! Hoje era sábado à noite e eu provavelmente era a única garota que não iria. Se eu tenho motivos? Sim, dois. O primeiro é que eu estou gostando muito do livro que eu estou lendo, não o trocaria por festa alguma. O segundo – e mais convincente – é que eu não gostaria de ver Bruno beijando outra garota. 
  Desde que nós terminamos, eu tento não chegar perto dele. Não que eu o ignorasse... Se ele viesse falar comigo sobre algum assunto avulso, eu o responderia normalmente. O problema é que ele não veio falar comigo. Quando eu chego, ele sai. E eu até diria que quando ele chega, eu saio também, mas ele simplesmente não chega. Ele está me evitando e isto já está claro até para a menor das formigas existentes naquela Universidade. 
  Provavelmente ele já me esqueceu. Provavelmente ele ficou com alguma garota na festa de ontem, que eu não fui. E mais provavelmente ainda, ninguém quis me contar. Eu estava sozinha no meu quarto já fazia mais de uma hora, e eu conseguia ouvir perfeitamente a música que tocava na festa. 
  E então, eu ouço a porta se abrir bruscamente, e por um momento eu achei que era um assalto. Não, era apenas Ju.
  — Fatinha,Fatinha,Fatinha, ! – Ela repetiu meu nome gritando e correndo até mim. Seus olhos brilhavam em pura felicidade.
  — O que houve? – Me assustei.
  — Gil, Gil, Gil! – Começou a bater palmas histericamente.
  — Você está legal?
  — Ele me pediu em namoro! – Gritou como se fosse óbvio, ainda batendo palmas.
  — Que bom, Ju! Felicidades a vocês – Dei um sorriso fraco. Acredite, foi o máximo que eu consegui. Eu queria estar tão animada quanto ela, mas eu simplesmente não conseguia.

— Nossa, que depressiva, Fatinha! – Revirou os olhos – Eu acabo de falar que Gil me pediu em namoro e é assim que você reage? Toda desanimada – Fez biquinho e depois riu.
  — Desculpe. Mas eu não consigo ficar mais animada que isso.
  — Entendo, está desculpada.
  — Mas por que você está aqui ao invés de ir curtir o seu namorado?
  — Ah, eu queria contar essa notícia para você. E... Obrigá-la a ir à festa.
  — Ah, não.
  — Vamos, Fatinha – Falou manhosa – Estão todos lá... 
  — Só se você me falar com sinceridade uma coisa.
  — Sim?
  — Bruno está ficando com alguma garota lá? Seja sincera, eu vou descobrir isso mais cedo ou mais tarde.
  — Bem... 
  — Ju
  — Tudo bem, tudo bem! Eu juro que não sei, o perdi de vista no começo da festa. É sério!
  — Então ele deve estar com outra. Então ele já me esqueceu. Então eu não vou.
  — Então eu vou ficar aqui com você.
  — Então eu não privar sua felicidade. Você começou um namoro agora, divirta-se. Alguém aqui tem que ser feliz hoje, não é?
  — Você pode ser feliz se quiser.
  — Eu não quero ser feliz sem Bruno.
  — Uma pena. Naquela festa está cheio de meninos bonitos...
  — Não acredito que você reparou nisso enquanto Gil lhe pedia em namoro! – Gargalhei.
  — Ah... Foram os meus instintos – Ela riu.
  — Tudo bem, agora pode ir se divertir. Eu vou ficar bem, prometo.
  — Ai, ai. Eu vou, mas qualquer coisa me ligue!
  — Pode deixar.

E, mais uma semana havia passado. Sem Brunor. Agora ele já trocava algumas palavras comigo, como um “oi” ou “bom dia”, e já fica no mesmo lugar que eu. Um avanço. E acredite quando digo que a maior aproximação que tive dele foi quando ele se sentou no mesmo sofá que eu. Eu em uma ponta... Ele na outra. 
  Hoje era sexta feira e as provas já tinham acabado. Como, infelizmente, Los Angeles é a cidade que nunca dorme, hoje teria festa. E, bem, eu não teria uma desculpa para não ir. A não ser a de que não queria nenhuma proximidade com Bruno e depois me decepcionar, já que nunca passará mais disso. Mas eu nunca diria isso. O jeito seria ir. Ah, e ir preparada para ver ele com outra pessoa ao invés de mim. E ainda fui eu quem terminou o nosso namoro. Aliás, nem terminamos. Fui bem clara quando disse que daríamos um tempo até ele descobrir o que sente por mim. E, pelo jeito, ele não sente nada. 
  Isso é tão injusto. Por que o amor platônico existe? Segundo Platão, amor platônico é aquele que não passa do mundo dos sonhos, da imaginação. Você idealiza uma pessoa perfeita, mas você não pode tocá-la. E esse é melhor e mais puro amor do mundo, já que você nunca se decepciona. Não concordo. Dói do mesmo jeito. E, talvez, até doa mais. Pois quando o amor é do mundo real, quer dizer que você passou bons momentos com a pessoa amada. E, quando é do mundo imaginário... Você nem ao menos consegue imaginar como seria se realmente acontecesse. Ou melhor, você imagina, mas no fundo sabe que isso nunca aconteceria. Hm... Acho que isso também é se decepcionar, não é? Desculpe, mas eu realmente acho que você está errado, Platão. Infelizmente.
  Outro motivo para eu não querer ir à festa são as lembranças. Da época em que Brunoficava apenas comigo. Falando “época” até parece que foi há séculos atrás. E, no meu mundo imaginário, realmente foi. Cada segundo parece uma eternidade, e eles cada vez mais custam a passar.

 Ah, e também porque eu não sei mais como me vestir em festas... Ju me disse que iria com calça jeans e jaqueta, pois fazia um frio leve de outono. Talvez eu vá assim também. Afinal, para quem eu vou me arrumar se a única pessoa que eu tanto desejo nem quer saber de mim? É, eu definitivamente não vou à festa.

Narração: Malu.

  Fatinha não quis ir à festa desta noite. Eu realmente não a entendo. Ela está solteira, tem mais é que sair para se divertir! Assim como Bruno está fazendo com outra garota ali no canto... Isso me deixa totalmente frustrada! Enquanto a Fatinha fica deprimida no quarto, Bruno segue a vida normalmente, por que ela não consegue também? Ah, é. Ela o ama. Por isso que eu digo que o amor não vale à pena. Qual é graça de sentir algo que só vai lhe machucar? Muito melhor pode ser livre. E, pelo jeito, poucas pessoas do meu ciclo social concordam comigo.
  — Parece até que todos estão fazendo um complô! – Pensei alto demais e tapei minha boca em seguida. Por sorte, apenas Ju e Gil estavam próximos a mim para ouvir.
  — Do que você está falando, maluca? – Ju riu.
  — Ah... Eu estava comigo... Era uma vez, muitos californianos que viviam saindo à noite e iam para festas um tanto quanto obscenas. Em um belo dia, todos resolvem se apaixonar, acreditar no amor, namorar e blábláblá. 
  — Hã? – Os dois perguntaram e eu revirei os olhos. Por que às vezes eu sinto como se ninguém me entendesse?
  — Eu estou falando de todos vocês! Dinho, Lia, bruno e você, Ju. Ah, e de você também Gil, mas você não é californiano, então não entra na conta. Enfim. De repente, todos vocês começam a namorar. Tudo fica lindo, um mar de rosas. Parece coisa de ficção. O que falta agora? Mel e Fera namorarem?
  Eles riram.
  — Fera até tudo bem, mas... Mel? Impossível – Gil gargalhou.
  — Todos também pensavam isso de Bruno – Ju falou.
  — Ele não está mais namorando.
  — Está, sim. Eles só deram um tempo, esqueceram? – Ela falou confusa.
  — Ah, claro. Então Fatinha tem agora um belo par de chifres – Apontei para onde Bruno estava.
  — Desgraçado – Ela murmurou entre os dentes.

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