Meu Querido Meio Irmão - Brutinha escrita por Juliana


Capítulo 80
Capítulo 80




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  — Ei, onde está Bruno? – Perguntei para um qualquer no saguão. Fatinha estava lá. Se ela ouvisse, ótimo.
  — Acho que no quarto dele – Falou um pouco embasbacado. Talvez não acreditando que estivesse falando comigo. Modéstia para quê? 
  — Ótimo. Sabe se está sozinho?
  — Como vou saber? – Isso é jeito de se falar com a rainha? Acho que não.
  — Inútil. Saia daqui, inseto.
  Revirei os olhos e o esperei sair. Só então, desfilei até o corredor dos dormitórios masculinos. Andando lentamente e não deixando de olhar rapidamente por algumas portas entreabertas. Da curiosidade pode ter morrido o gato, mas toda regra tem uma exceção para mim. 
  Bati na porta e depois de longos e intermináveis segundos, Bruno abriu. Dei um sorriso de pura malícia enquanto passava por ele e entrava em seu quarto. Sua expressão confusa estava cômica.
  — O que quer aqui? – Perguntou depois de um tempo. 
  — Para que tanta grosseria,Bruno querido? – Aproximei-me dele ficando a poucos segundos de sua face.
  — Porque eu conheço você. E isso já é um bom e grande motivo. 
  — O que foi? Preferia que aquela sem sal estivesse aqui no meu lugar? – Passei meus braços por seu pescoço, envolvendo-os, e aproximei meus lábios do seu ouvido – Eu e você sabemos que ela não pode lhe proporcionar tudo o que eu posso. Tudo o que você gosta e sempre gostou. E aliás, – Afastei-me dele para poder encarar a sua expressão ainda confusa – Eu aposto que ela é virgem – Ergui uma sobrancelha enquanto sua expressão mudava a cada segundo. Confuso, irritado, pensativo... E então começou a gargalhar.

 — Então foi para isso que você veio aqui, Emily? Sexo? Essa é o seu grande plano? – Gesticulou e parou de rir, voltando a ficar extremamente sério e se aproximando de mim, um pouco intimidador – Tudo isso para o quê? Você costumava ser mais má antigamente.
  — Ah, é? – Aproximei-me dele também, observando-o recuar dando passos para trás – Então você quer algo mais “malígno”? 
  — Eu não quero nada. Ou melhor, quero sim. Adoraria voltar para o meu sono, pode me dar licença, por favor?
  — Você sabe que existem maneiras melhor de se divertir.
  — Sei. E nenhuma delas inclui você – Abriu a porta e apontou para ela. Cruzei meus braços e fiquei parada no mesmo lugar. Ele revirou os olhos e fechou novamente a porta.
  — Você é um ótimo ator, quer palmas? Pois tenha – Bati uma palma da mão na outra enquanto fazia uma cara entediada – Um papel de namorado fiel? Resolveu inovar? Há quanto tempo você não faz sexo? Uma semana, por aí? Um recorde para você. Parabéns, campeão. 
  — Não devo nada a você.
  — Deve, sim! – Gritei e forcei algumas lágrimas. Nada como explorar um ponto fraco de vários homens – Por que você me odeia tanto? Até o verão passado você falava comigo normalmente, o que houve? Essa garota só pode ter feito uma lavagem cerebral em você.
  — Você sabe que até algum tempo atrás eu considerava você uma amiga. Agora, quem mudou foi você. Se tornou metida e maldosa. Ou sempre foi assim? 
  — Sempre fui assim e você sabe. Acontece que você estava apaixonado demais por mim para notar – Ergui as sobrancelhas. Ele deu uma risada estrondosa e um pouco irônica.
  — Claro, claro. Como quiser, Vossa Majestade. Agora posso dormir?
  — Como quiser, Vossa Majestade – Imitei-o enquanto revirava os olhos e encostei minha mão na maçaneta da porta.


  — Ótimo.
  — Ah, e só mais uma coisa... Você sabe que vai se arrepender de ter feito tudo isso.
  — Arrepender-me, não. Mas sei que você fará outra coisa. E eu sinceramente não ligo. 
  — Claro. Afinal, ela lhe ama, não é? – Dei um sorriso vitorioso e saí do quarto. Corrigindo, dormir no quarto de duas das melhores amigas da pessoa que você odeia é uma ótima vantagem. Perfeito!

 Teatro. A base de tudo. Aproveitei que meus olhos ainda estavam inchados de ter forçado o choro antes e forcei-o ainda mais. O saguão estava vazio, apenas fatinha estava no sofá, adormecida. Hora do Plano B. Ou lendo nas entrelinhas... O plano que é mais doloroso, mas você teve pena de realizá-lo primeiro.
  — Fatinha! – Corri aos berros até o sofá. Nessa altura o meu choro já estava muito real.
  — Hã? – Ela falou acordando.
  — Fatinha, por favor, me perdoe – Ajoelhei-me no chão e segurei-me para não rir da expressão assustada dela.
  — Como assim?
  — Eu julguei mal você, não devia ter lhe falado tudo aquilo. Você é uma boa pessoa, não merecia isso – Implorei.
  — Ah... É?
  — Sim, eu me arrependo... Muito!
  — Hm. Não estou acreditando muito.
  — Eu estou aqui, de joelhos, me humilhando por você... 
  — Tanto faz. Você tem o meu perdão, mas não vou esquecer.
  — Isso já me é o suficiente – Dei o meu melhor sorriso angelical e sentei-me ao seu lado.
  — O que lhe fez mudar de idéia em relação a mim? – Perguntou desconfiada.
  — Eu vi que estava agindo errado por um motivo tolo. E, agora que me libertei disso, acho melhor você se libertar também... Quem avisa amigo é – Sorri torto.
  — Do que você está falando?
  — Achei que eu deveria alertar você. Como disse antes, você é uma boa pessoa. Não merece o Bruno.
  — Do que você está falando? – Ela se ajeitou no sofá, ficando alerta.
  — Vou lhe contar a história desde o início. Bruno estava enganando nós duas ao mesmo tempo, Fatinha... Ele dizia que me amava, aposto que dizia o mesmo para você.

— Ele... Nunca disse que me amava – Abaixou a cabeça.
  — É? Mas deixe-me lhe explicar melhor. Ele e eu sempre tivemos um relacionamento aberto. Sempre, mesmo. Você sabe o que é um relacionamento aberto, não é? Um casal que está junto, mas ao mesmo tempo não. Tanto eu quanto ele poderíamos ficar com quem ou quando quiséssemos – Suspirei fingindo um olhar triste. Segurei-me para não rir da sua cara horrorizada.
  — Eu não posso acreditar.
  — Calma, eu ainda não terminei. E agora, que ele viu que eu representava perigo, ele terminou comigo, Fatinha. Da maneira mais cruel do mundo. Disse que cansou de mim. Ele não consegue ficar com a mesma por muito tempo, entenda! É melhor para você sair dessa. Acredite, se alguém tivesse me alertado disso no começo, como eu estou fazendo com você, eu acabava com tudo isso. Ele não merece você, é um fato.
  — Desculpe, mas eu ainda não acredito. Até alguns minutos atrás você me odiava.
  — Eu entendo. Não lhe culpo, mas se você quiser sofrer ainda mais...
  — Emily... Seja sincera, por favor. O que você acabou de me dizer é verdade?
  — É claro que é! Eu não mentiria desse jeito, não acha? 
  Ela assentiu e então eu pude ver algumas lágrimas jorrando dos seus olhos. Um pouco a contragosto abracei-a e murmurei um “vai ficar tudo bem”. Não ia, não. Enganar pessoas boas é tão fácil. Boazinhas acreditam em qualquer coisa. 
  E Fatinha é uma dessas. Eu achei que ia ser muito mais difícil, confesso que até achei sem graça. Suportar esse jeitinho enjoado de tão doce, e, ainda mais, suportar essas lágrimas molhando minha camiseta... Isso já é demais. Nenhum ator se prende a tanto. Mas meu trabalho foi cumprido. O espetáculo foi um sucesso.
  Ela realmente me considera uma amiga agora. Pena que é por pouco tempo.

— Eu preciso falar com Bruno – Ela se afastou limpando seus olhos vermelhos e inchados com as costas da mão.
  — Não! Não vá! Ele com certeza negará tudo. Agora você sabe como ele realmente é. Na verdade, sempre soube, não é? Ele nunca mudou,! Odeio que você seja tão ingênua... – Balancei minha cabeça com um olhar reconfortante. E o Oscar de melhor atriz vai para... Emily . Parabéns, Emily, você é um gênio. 
  — Eu tenho que esclarecer tudo isso – Levantou e saiu.
  Então, não pude conter o enorme sorriso de vitória que surgiu em meus lábios. A vingança é boa. É fria, mas é muito boa.
  Meninas boas vivem sonhando com um amor para toda vida, um príncipe encantado. Mal sabem elas, que neste instante elas estão com as meninas más. E estão se divertindo muito mais do que se fosse felizes para sempre ao lado delas. Oh, muito, muito mais.

Narração: Fatinha

  — Você é um imprestável! – Gritei antes de entrar no quarto de Bruno. Eu parecia estar descontrolada, e eu realmente estava. Minha visão estava um pouco embaçada por causa das lágrimas, mas eu não ligava. 
  — Sou? – Ele falou confuso.
  — Não se faça de desentendido, por favor. Será melhor para nós dois.
  — Do que você está falando?
  — Pare! – Gritei – Que droga! Chega de mentiras, Bruno, chega! Eu preciso da verdade agora, nem que por um minuto. 
  — Respire e fale algo com sentido, por favor?
  — Emily. Por que você não falou antes? – Tentei falar mais baixo, ainda com dificuldades para respirar. Ele revirou os olhos.
  — O que ela lhe falou? 
  — Vocês dois em um relacionamento aberto... Quem diria, em? Agora eu entendo porque você sempre ficava preocupado quando eu chegava perto dela.
  — Que relacionamento aberto? – Ele se aproximou de mim com uma expressão confusa.
  — Eu quem sou uma idiota – Ignorei sua pergunta – Até alguns minutos atrás eu não entendia o motivo de você ter se afastado de mim bruscamente. Achei que você estava confuso, dei um tempo a você. Para quê? Por que você fez isso? Até parece que não sabia o que eu sentia por você... – Falei a última frase em um fio de voz. Respirei fundo várias vezes para tentar me acalmar. 
  — Eu ainda não sei o que ela lhe falou, – À medida que ele se aproximava de mim, eu recuava. Infelizmente, a parede impediu-me de manter uma distância maior dele. O que foi suficiente para ele me alcançar e apoiar um de seus braços na mesma parede em que eu estava encostada, impedindo-me de sair – E também não sei o porquê de você ter acreditado em uma palavra dela. — Não sabe? – Eu falava baixo, ainda tentando ter força o suficiente para fazer o certo. Aquela proximidade não estava me adiantando – Então me diga qual o motivo de por tanto tempo você ficar hesitante quando me via perto de Emily?
  — Acho que isso já está claro. Eu tinha medo exatamente disso – Ele deu um passo para trás e virou as costas, afastando-se de mim.
  — Disso o que? – Perguntei desencostando da parede.
  — Eu sabia que você preferiria acreditar nela, isso prova que você não confia em mim, não estou certo?
  — Ah... – Arregalei os olhos. Maldita patricinha mentirosa – Você sabe que isso não é verdade – As lágrimas vieram à tona de novo.
  — Não, imagina – Ironizou – Se você acreditasse em mim... Ou melhor, se você tivesse pensado antes de vir chorando aqui, você com certeza viria que toda essa história que ela inventou é ridícula. Mas não, Fatinha. Você preferiu acreditar em uma garota que odeia você. 
  Sentei-me em uma das camas e apoiei meus cotovelos nas minhas pernas e minha cabeça em minhas mãos. Talvez isso impedisse que ele me visse chorar ainda mais. Uma novidade? Eu sendo estupidamente idiota. Não acredito que realmente fiz isso. Acabei de acabar o que já estava quase acabado. Por mim, é claro. 
  — Mas... – Virei minha cabeça para cima. Meus olhos, meu rosto e até algumas partes do meu cabelo já estavam encharcados. Eu sentia meus olhos inchados e doloridos, minha garganta queimava no que parecia ser uma brasa, minha cabeça martelava. E meu coração... Se não estivesse minúsculo de tão apertado, eu poderia dizer que ele já havia se despedaçado por completo. Tudo isso por quê? Simples. Eu acabara com a coisa mais importante para mim no momento.
  Ele sentou em outra cama, ficando de frente para mim. Respirou fundo e falou com os olhos fixos nos meus:
  — Eu juro que nunca mais falei com a Emily desde que comecei a namorar você. Agora... Você acredita se quiser – Levantou.  — Eu acredito. Já estou me matando por pensamento, não me mate desse jeito também.
  Ele riu levemente. 
  — Bruno, eu estou falando sério. Tudo bem, eu errei. Mas isto não justifica o fato de você ainda não saber o que sente por mim. Ou se sabe, não quer me falar.
  — Realmente, eu não sei. Por que você não consegue entender que ainda é cedo? Estamos juntos há um pouco mais de uma semana! Como você quer que eu saiba?
  — Se você sentisse o mesmo que eu, com certeza você saberia... – Murmurei com a cabeça baixa.
  — Discordo – Ele falou rapidamente e eu apenas assenti. 
  — Tudo bem. Eu vou deixar você pensar, não vou lhe incomodar mais com isso. Tchau, Bruno
  — Como assim?
  — Eu quero dizer que é melhor nós darmos um tempo – Falei depois de respirar fundo e sentir minhas pernas fraquejarem. Saí do quarto com a sensação de não ter feito a coisa certa. E é claro que não era. Mas era o melhor para mim, seria melhor assim. Bruno estava confuso em relação aos seus sentimentos e não seria eu quem o empacaria. Apesar de eu ter errado em uma grande parcela, ele também me magoara.

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