Meu Querido Meio Irmão - Brutinha escrita por Juliana


Capítulo 79
Capítulo 79




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 — Mas e então, como foi o seu dia anterior? – Perguntou.
  — Foi horrível! – Falei manhosa e o abracei, impedindo-o de andar novamente. Ele riu pelo nariz.
  — Por que horrível? Aconteceu algo? – Preocupou-se.
  — Não, mas foi entediante – Reclamei enquanto ele se desprendia do abraço – Não estou brincando, Bruno... – Falei séria – Eu acho que não... Consigo mais viver sem você – Respirei fundo enquanto encarava os olhos receosos dele. Mas isto não me intimidou – Me desculpe, eu não queria pressionar você, mas isto ia acabar escapando de qualquer jeito. Eu am... – Fui interrompida por ele.
  — Fatinha, desculpe, mas tenho que ir. Eu estou atrasado com a lição, mais tarde nos falamos, tudo bem? Tchau – Falou rápido, deu um sorriso visivelmente forçado e saiu. É, ele saiu. Sem se despedir direito ou deixar-me terminar de falar. Bem feito, Maria de Fatima

  Eu andava pelo pátio rezando para não encontrar ninguém conhecido. Eu sabia que estava prestes a chorar e não queria que ninguém visse isso. 
  Então, o meu sentimento não era recíproco. E eu acabara de estragar tudo. Poxa! Que parte do “é o homem quem diz o ‘eu te amo’ primeiro” você ainda não entendeu? Está em todas as revistas adolescentes, Fatinha! 
  Cocei levemente os olhos e os senti molhados. Ótimo, lágrimas. Realmente, eu sou uma idiota. Ele não tinha a obrigação de me amar, não é mesmo? Eu apressei as coisas. Como um garoto pode saber o que sente em apenas uma semana? Apesar de que, bem, naquele dia da praia, eu quase tive a certeza de que ele sentia o mesmo por mim. Você é uma iludida, Fatinha, se conforma. 
  Acompanhei Mel com os olhos até ela chegar até mim.
  — Por que está aqui? E... Por que está chorando? – Deu um sorriso fraterno e encorajador.

 — Bruno... Ele não me ama – Suspirei.
  — É claro que ele não ama – Falou com sarcasmo.
  — Mel! Eu estou falando sério. Eu quase falei tudo o que eu sentia por ele.
  — E por que tem um “quase” nessa frase? O que lhe impediu?
  — Ele. Ele me impediu. Bruno me interrompeu e disse que estava atrasado com a lição – Revirei os olhos.
  — fatinha, entenda. Você quase disse um “eu te amo” para ele, para o Brunor!
  — Como assim?
  — É claro que ele agiria assim, ele nunca disse que amava uma garota. Às vezes você age como se não o conhecesse no passado.
  — Mas se ele realmente gostasse de mim do mesmo jeito que eu gosto dele... 
  — Ele ainda assim não falaria – Mel me interrompeu.
  — E por que não?
  — Ah, porque ele... Porque ele é o Bruno! – Gesticulou e falou como se fosse óbvio.
  — Eu sei, eu sei. Afinal, o que eu esperava? Que ele dissesse que me ama na primeira semana de namoro? – Suspirei e ela riu.
  — Pelo menos ele não trai você – Falou ainda rindo.
  — Pois é, pelo menos isso, não é? Quero dizer, que eu saiba... 
  — Pare! É claro que ele não lhe trai. Ele pode não dizer que ama você, mas todo garoto fica assustado em relação aos seus sentimentos. E olhe que eu sou uma expert em garotos – Piscou fazendo-me rir.
  — Expert? 
  — Claro! Não basta ser gostosa, tem que ter conhecimento também – Sorriu convencida fazendo-me rir mais ainda.
  — Obrigada.
  — Pelo o que?
  — Por me tirar desse mar de mesmice. 
  — Hã?
  — Me tirar da rotina, Mel. Por conseguir fazer-me rir quando eu pensei que choraria a semana inteira.
  — Ah sim! Semana inteira?
  — Claro. Você acha que bruno não vai ficar fugindo de mim depois dessa?
  — Você tem razão. Mas chega de ficar chorando pelos cantos, vamos lá para o saguão.

  Sentadas no sofá em frente à televisão, Mel e eu assistíamos algum programa tolo enquanto trocávamos algumas palavras. Avisto fera e Brunor vindo na nossa direção, um pouco distraídos. Meus olhos certamente se encheram de brilho e eu tentei respirar fundo, fechando os olhos por pouco segundos. Quando os abro, ele não está mais lá. Não, não foi uma miragem, disto eu estou certa. Fera ainda estava lá do mesmo jeito. 
  — Onde bruno foi? – Mel perguntou
  — Terminar a lição – Ele deu um sorriso visivelmente forçado.
  — Não, Fera– Suspirei – Ele já deu essa desculpa para mim antes, não precisa mentir – Sorri irônica e saí, indo até o meu próprio dormitório. Fofocar e comer chocolate a noite inteira parecia-me cada vez mais uma idéia melhor. Dane-se se teria aula cedo amanhã, ou se eu engordasse. É. Dane-se mesmo.

Como sempre, acordei antes de todo mundo. Acho que toda essa insegurança e ansiedade realmente estão prejudicando o meu sono. Depois daquele incidente, não vi Bruno o resto do dia. Sempre assim, ele fugindo. E por que eu esperaria algo mais? O jeito é passar muita maquiagem para esconder as olheiras e o vermelho inchado dos meus olhos e nariz, de tanto chorar. Isso pode parecer um forçado drama – e talvez até seja – mas apenas a idéia de perdê-lo já me faz desabar. Imagina se isso acontecesse de verdade. 

Fui para o refeitório para tomar o desjejum e o avistei sentado em uma mesa sozinho, mexendo em seu prato com biscoitos. Parecia estar pensativo e eu posso adivinhar os seus sentimentos. Ah, eu posso. Antes de ele me ver – ele estava sentado de costas para a porta – tratei de andar silenciosamente até ele. Não, ele não fugiria de mim. Peguei uns biscoitos também e sentei-me na cadeira à sua frente.

— Olá – Sorri.
— Oi – Sorriu também. E, para quem antes estava hesitante em comer os biscoitos, agora ele pareceu estar com mais pressa. Por que será, não é mesmo? Suspirei. Vamos, pense em algo para falar.
— Como vai? – Essa foi péssima. Existem tantas maneiras de se puxar assunto...
— Bem, e você?
— Não. – Fui sincera. 
— Ah – Ele falou. 
— bruno, neste momento você deve perguntar o porquê de eu estar mau – Dei um sorriso sarcástico.
— Por que, se eu sei a resposta? – Ele murmurou lentamente e hesitante.
— Se sabe, então você... – Fui interrompida novamente por ele. Vai virar rotina, agora?

— Tenho prova na primeira aula e estudei pouco. Vou indo para dar tempo de eu estudar mais antes...
Dei uma risada totalmente forçada.
— Por que está fugindo de mim? 
— Eu não estou – Percebi sua expressão ficar triste.
— Tudo bem, pode ir. Boa sorte na prova – Abaixei minha cabeça e o ouvi levantar. Mesmo com a cabeça abaixada, pude vê-lo hesitar e virar seu corpo para mim novamente. Provavelmente deve ter visto minha face transmitindo tristeza e medo, mas não veio me socorrer. Deu mais uma meia volta e saiu do refeitório. Deixando-me a sós com os meus biscoitos. 

Você quer uma dica? Não se apaixone. Você fica totalmente vulnerável à pessoa amada e ela pode fazer o que quiser com você. Não que Bruno esteja fazendo isto de propósito, é claro. Dizem que tudo o que oferecemos, recebemos em dobro. Por que isso não se aplica no amor também? Boas ações, boas ações, boas ações. Já entendi. Mas eu não sou uma má pessoa, juro que não sou. Após todas as aulas – as quais eu não prestei atenção em nenhuma – voltei para o saguão. Sozinha, adormeci no sofá.

Narração: Emily



  Juro que não entendo. fatinha é tão sem graça... É um nada comparando a mim. Então, por que Bruno a escolheu? Isso não é nem um pouco justo. Não que eu seja uma invejosa, mas isso já está passando dos limites. Esse namoro, de fato, já deu o que falar. É como dizem... Não sei mandar alguém para o céu, mas o inferno está à apenas um pontapé. E qual seria o melhor momento para uma vadia acordar de sua tumba? Este, é claro. Chega dessa maldade fraca, provocá-la não está me beneficiando em nada. Mas provocá-lo pode ser uma boa idéia. Uma ótima idéia. 
Eu sei que ele ainda tem uma quedinha por mim desde que namoramos no colegial. Tudo bem que foi só por uma semana. Tudo bem que foi ele quem terminou comigo. Tudo bem que nunca mais ficamos depois disso. Tudo bem, tudo bem. Isso não prova nada.  
  Sim, Bruno e eu namoramos por gloriosos sete dias. Na verdade, seis e meio, se você for fazer as contas. No sábado à noite ele terminou comigo por uma mensagem de texto. Uma mensagem de texto! Depois disso, continuamos “amigos”. Mas a verdade é que eu sabia que ele nunca fora apaixonado por mim. Outra verdade é que eu não acredito na paixão. Sei que existem atrações e tensões sexuais, mas o amor? O amor não enche a sua barriga. É um sentimento masoquista. Somente tolas como Fatinha acreditam nele. 
  Afinal, já é notícia nesta escola que o namoro deles está frio. Não se sabe bem os motivos, mas fatinha poderia ser mais discreta e não chorar enlouquecida por aí. Ah, e dormir no mesmo quarto que duas de suas melhores amigas é uma ótima vantagem. Parece que não é apenas a Fatinha quem não sabe ser discreta... E quer hora mais perfeita que esta? Só basta um empurrãozinho para este relacionamento passar de frio para um gelo endurecido.

 Para os perdidos de plantão... Não, eu não sou má. Quer saber uma das grandes verdades da vida? Nela não existem mocinhos ou vilões, cada pessoa luta pelo o que quer – não importa o que esteja em jogo. Afinal, na guerra e no amor vale de tudo, não é mesmo? Não fui feita para sofrer. Nasci para a realeza e não para servir. Aquela garota tem que aprender que sou eu quem dito as regras por aqui. Pobre plebéia. Mal sabe ela que eu odeio jogos, mas odeio mais ainda perder.


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