Meu Querido Meio Irmão - Brutinha escrita por Juliana


Capítulo 77
Capítulo 77




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  Adentrei ao saguão e avistei Dinho e Ju no sofá, ambos segurando livros, cadernos e canetas. Sorri e aproximei-me deles, fazia um bom tempo que eu não falava com Dinho.
  — Olá – Sentei-me ao seu lado – O que estão fazendo?
  — Ele está me ensinando francês – Os olhos de Ju brilharam fazendo-me rir com sua animação.
  — Ah sim... E onde estão os outros? – Perguntei.
  — Não sei ao certo. fera, Bruno, Mel e Malu você já sabe. Gil deve estar estudando e Lia está dormindo – Ela riu baixo.
  — Dormindo? Hoje é sexta feira! – Impressionei-me.
  — Sim, Fatinha. Mas hoje à noite terá uma festa no galpão dos fundos da faculdade.
  — Nossa, tem festas toda a semana aqui? A diretoria deixa?
  — Quem disse que eles sabem? –Dinho gargalhou. 
  — Achei que Robert era ligado com essas coisas.
  — Realmente. Há um ano ele sempre ia nessas festas, e com certeza ainda deve saber todo o esquema. Por isso que todos estão tendo o mais absoluto cuidado com a discrição. Ah, e a regra número é exatamente não falar sobre isso, não é, Ju?– Ele sorriu irônico. 
  — Oops... 
  Gargalhamos.


  Depois de mais alguns minutos de conversa, avisto Bruno e Malu se aproximando de onde estávamos.
  — Por que vocês estão estudando em uma sexta feira? Estão andando de mais com a Fatinh... – Malu falou fazendo todos rirem, com exceção de mim, é claro, que estava rindo ironicamente.
  — Eu estou aprendendo francês – Ju falou novamente com os olhos brilhando cada vez mais.
  Após isso, ninguém mais falou nada. Quero dizer, Dinho ainda ensinava Ju e nós assistíamos à televisão. Pelo que vi na última vez em que havia consultado o relógio, passaram-se vinte minutos. Mel, Emily e mais duas meninas que pareciam a cópia exata desta última, adentraram ao saguão também. Emily falava rapidamente, gesticulando grosseiramente, enquanto as cópias assentiam. Mel sempre revirava os olhos, e a meu ver já estava ficando irritada. Elas passaram por perto de nós e eu senti o olhar cortante de Emily pairando sobre mim. Desta vez, tentei retribuir um olhar a altura, mas acho que não fui muito bem sucedida. 
  Mel deixou-a falando sozinha e sentou-se no mesmo sofá em que malu estava.
  — “Mel, como serão os nossos uniformes? Quero muito brilho, principalmente em mim!” – Ela imitava Emily enquanto gesticulava igual a ela. Nós rimos – E o pior ainda foi ela me falando sobre a experiência que ela teve com o professor de ciências exatas ano passado – Ela fez uma cara de nojo.
  — Como assim? – Ju perguntou.
  — Ela ia ficar em recuperação nessa matéria. O que arruinaria os planos dela de passar as férias em Malibu – Mel revirou os olhos.
  — E ela não ficou?
  — Não. Digamos que o professor... Passou um trabalhinho extra – Ela sorriu maliciosamente enquanto todos riam.
  — Por que todos estão rindo? Qual é a graça em trabalhinho extra? – Perguntei confusa, o que os fez rir mais ainda.

 Ju sussurrou no meu ouvido que o trabalho que ele havia dado para Emily era digamos que extraclasse. Minha expressão passou de confusa para horrorizada em poucos segundos, o que não os fizeram parar de rir. 
  — Que professor insolente... – Comentei. 
  — Minha ingênua – Ju me abraçou. 
  — Ah... Parem de rir de mim...

 Já era noite e a festa estava praticamente transbordando de gente – que eu não conhecia, vale ressaltar. Ju e Gil estavam dançando juntos na pista, Fera havia sumido, Mel estava dançando também, envolta de três garotos e Malu, Dinho e Lia estavam no sofá se beijando. Bruno estava encostado em uma parede, com uma garrafa de bebida em uma das mãos e eu estava em sua frente. Emily passara com as suas duas cópias idênticas, ambas rebolando e com uma saia que mais parecia um cinto. Elas andavam com uma expressão superior e de vez em quando olhavam para uns garotos com uma cara cuja elas julgavam sedutora. Um desses meninos fora Bruno. Bufei e peguei a garrafa de sua mão, dando um gole um tanto quanto grande e devolvendo-a, enquanto ele ria.
  — Argh – Gemi colocando minha mão na garganta.
  — O que houve?
  — Esqueci que eu odeio bebidas alcoólicas – Fiz uma careta e ele riu pegando uma garrafa de água da mesa ao lado e me dando – Obrigada – Sorri antes de tomar o líquido da garrafinha, colocando-a de volta à mesa e o abraçando. Ele retribuiu o abraço envolvendo minhas costas com seus braços e roçando seus lábios macios em uma das minhas bochechas. Enquanto isso, eu tentava aspirar ao máximo do seu perfume no momento em que eu sabia que não cairia por causa de minhas pernas bambas, então apoiei mais ainda meus braços em seus ombros. Cair, definitivamente, não era um bom plano.

 Eu não sabia há quanto tempo Bruno e eu estávamos abraçados, ao certo. E eu, sinceramente, não me importava nem um pouco com isso. Apertei o abraço e virei meu rosto para encará-lo. Eram raros os momentos em que ele tinha um olhar doce, e eu sabia que precisava aproveitá-los ao máximo. 
  Tudo bem, chega de aproveitar os olhares, melhor aproveitar outra coisa agora. Uau, isso ficou tão Mel. Aproximei meu rosto do seu e rocei meus lábios nos dele, até que Bruno desceu sua mão de minhas costas para minha cintura e pediu a passagem rapidamente concedida para sua língua. Minhas mãos passeavam entre seu ombro e pescoço, enquanto eu tremia cada músculo do meu corpo. Eu, com certeza, deveria parar de ser tão dependente dele. Nunca fui muito pessimista, mas sabia que há qualquer momento ele poderia me decepcionar. Não que eu não confiasse nele, entretanto seu passado me deixava sempre com uma pulga atrás da orelha.
  Bruno mudara, isso era um fato. Mas, como Emily disse, o verdadeiro “eu” dele ainda existia, estava apenas adormecido.
  Enquanto esses pensamentos sondavam a minha cabeça, minhas pernas bambas e meu coração acelerado ainda eram vergonhosos perto da calma que ele tinha. Eu gostava disso, um beijo calmo. Porém não gostava do quando eu era maleável para ele. Como já disse, ele poderia fazer o que quisesse comigo. E eu não conseguia mudar.

 Eu já estava ficando sem ar, mas quem liga? Hm, parece que Bruno liga. Uma pena, eu não queria ter de cortar o beijo, mas também não queria morrer asfixiada. Cerrei-o com alguns selinhos não estalados, aproveitando para respirar melhor. Entretanto, os selinhos foram se aprofundando e agora nossos lábios já se moviam novamente. Eu gostava do carinho que ele fazia em minha cintura, e agradecia mentalmente por ele estar doce hoje. Cerrou novamente o beijo, desta vez para valer. E só então eu consegui ver e ouvir tudo a minha volta novamente. A música ainda tocava alta e as pessoas dançavam freneticamente como se fosse o último momento. Talvez nem passasse pela cabeça delas que algum inspetor, ou até mesmo Robert, poderia aparecer por aqui a qualquer hora.
  Bruno andou até a mesa em que estavam malu, Ju e Gil e sentou-se em uma cadeira vaga. Sentei-me na do seu lado, que por sinal era do lado de Malu também, e apoiei meus braços na extremidade da mesma. Então, uma garota totalmente ofegante entra no galpão e desliga o som, gritando no mais alto tom que conseguia:
  — Desculpem-me por eu estar acabando com a festa de vocês, mas saibam que Robert está vindo para cá. 
  E foi só ela falar isso para meu coração parar por um milésimo de segundo e depois voltar a bater rapidamente, porém não conseguindo pulsar sangue o suficiente. Não, tudo menos uma advertência na minha ficha. Olhei com desespero para Bruno e ele me fez um sinal para que eu ficasse calma. Na verdade, todos na mesa em que eu estava sentado estavam calmos, ao contrário do resto que esvaziava rapidamente o salão aos poucos.

 — Por que não estamos gritando e saindo correndo igual a todos? – Perguntei confusa fazendo-o rir. bruno deu um sinal para Ju indicando a saída e ela assentiu, como se já conhecesse o “plano”. Então, levantou-se e saiu do salão. Enquanto isso, a minha expressão de confusão só aumentava. Ele então apontou para sacada e ele,Gil, Malu e eu fomos até lá, pulando-a lentamente e saindo em frente a um gramado um pouco deserto.
  — Para qual direção ficam os dormitórios? – malu sussurrou e bruno apontou para o oeste – Obrigada – Então ela e Gil saíram andando devagar e calmamente enquanto eu permanecia estática e confusa.

— Pode me explicar o que está acontecendo? – O olhei assustada. Ele riu.
  — Calma, não estamos matando alguém, se é o que está pensando – Levantou os braços, sacudiu-os e logo os abaixou.
  — Pelo menos isso, não é? – Brinquei – Agora, por favor, me explique...
  — Fatinha – Começou –, era um fato de que Robert viria até o galpão. Fala sério, há alguns anos ele mesmo quem organizava essas festas. E Lia ouviu uma garota contando para ele sobre a tal festa que teria ali, então meio que “armamos um plano”, caso algo desse errado. 
  — Não era apenas mais fácil não ir à festa?
  — Era. Porém não a opção mais divertida. – Típico.
  — Mas, mesmo que todos fugissem, Robert não desconfiaria de entrar no galpão e ver tudo desarrumado?
  — Para onde você acha que Ju foi? – Ele sorriu cínico. 
  — Imagino. Apenas mais uma pergunta... Por que saímos pela sacada se ela estaria distraindo ele?
  — Eles poderiam estar por perto, por isso deixamos todos saírem primeiro e depois ela foi até ele. 
  — Pensaram em tudo, em? – Ri – Plano genial. Mas por que não fomos para o dormitório também?
  — Você disse que aquela ia ser a última pergunta... – Sorriu e então fiz o meu melhor olhar meigo – Tudo bem, eu respondo – Falou se rendendo e eu ri – É que eu queria levar você a outro lugar.
  — Onde? – Meus olhos brilharam em um misto de animação e surpresa.
  — Chega de perguntas... Apenas venha comigo – Guiou-me com a palma de uma de suas mãos em minhas costas. Andamos entre o jardim e passamos por um enorme portão um tanto quanto enferrujado. Eu estava curiosa, e com um pouco de medo. Já passavam das três horas da manhã e se não fossem a quantidade de estrelas no céu e a gigante lua cheia, estaríamos no escuro mais profundo.

 Atravessamos o portão e ele me levou até um local areado, pelo que conseguia ver. Eu ainda olhava para o chão, para não tropeçar. Toda vez que eu perguntava onde estávamos, ele me pedia para esperar. Então ele parou de andar. Comecei a ouvir um barulho de ondas quebrando e a sentir o cheiro de maresia. Estávamos em uma praia. Bom, isso era claro. Virei minha cabeça rapidamente para frente e só então vi o enorme mar negro a nossa frente. Apesar de estar pouco iluminado, eu ainda podia ver o reflexo da lua se formar perfeitamente nele. 
  — Que lindo... – Deixei escapar.
  — Pensei que fosse gostar – Sorriu.
  — Sério? Por quê?
  — Não sei... Você é toda... Meiguinha. E gosta de praias – Ele riu fazendo-me rir junto. 
  — É... – Suspirei e dei mais alguns passos a fim de me aproximar do mar. Olhei para os meus pés e tirei as minhas sandálias, que impediria que meus pés se molhassem. Chequei rapidamente o comprimento da minha saia e me senti mais aliviada por ter escolhido uma curta, assim não corria o perigo de molhá-la. Fiquei, então, estática na beira do mar, segurando os meus sapatos e sentindo a forte brisa bagunçar os meus cabelos. Olhei para trás e vi Bruno me observando. Sorri para ele e voltei a minha posição anterior. Mais alguns segundos e me virei novamente para ele, que estava sentado na areia, ainda me observando. Andei até ele com um sorriso nos lábios e me sentei ao seu lado.


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